A GUERRA FICA MUITO CARA


Todos os dias ouvimos relatos da guerra da Rússia contra a Ucrânia e ficamos a conhecer a destruição perpetrada nos edifícios das diversas povoações e a quantidade de mortes das pessoas que não quiseram abandoná-los, ao contrário do que fizeram milhões de ucranianos. Quando a guerra terminar é enormíssima a despesa para a recuperação de toda esta destruição.
No entanto, como facilmente se pode concluir, a despesa não se esgota com a reconstrução dos edifícios e a reconstituição das vidas dos habitantes que tudo abandonaram para fugir à morte e salvar a sua família. Lembrei-me, a propósito, de algo que li, a esse respeito, num livro que relata “Histórias Desconhecidas da II Guerra Mundial”.
O esforço de guerra não acabou com o fim do conflito. Os americanos envolveram-se numa operação de resgate dos seus compatriotas mortos nos cinco continentes. As Unidades de Registo de Túmulos trabalharam no sentido de confirmar a identidade de 250 mil americanos sepultados em 450 cemitérios espalhados por 86 países da Europa e Mediterrâneo. Na Europa conseguiram a identificação de mais de 14 mil soldados mortos supostamente em aviões caídos atrás das linhas inimigas e de outros mortos em hospitais-prisões da Alemanha. Estenderam as suas buscas a terras tão distantes como o Círculo Polar Ártico, a Cidade do Cabo, os Açores e o Irão. Depois de nove meses de pesquisa através da Alemanha, conseguiram encontrar 6200 corpos nos campos de batalha e mais 1000 em túmulos espalhados pela Alemanha e República Checa e ainda 300 nos Países Baixos. As pesquisas prolongaram-se por mais três anos e assim encontraram mais corpos isolados em campos, florestas, hortas e caves.
Em 1947, dois anos depois de ter terminado a guerra, as famílias dos 270 mil americanos que tinham sido identificados e enterrados temporariamente na Europa receberam a possibilidade de repatriarem o corpo dos seus entes queridos, o que foi aceite por mais de 60% das mesmas. O custo médio da repatriação de cada um ascenderia a 564,50 dólares. Em julho do mesmo ano começaram as exumações. A sepultura era aberta à mão e os restos eram pulverizados com um composto químico de embalsamamento. O corpo era embrulhado numa manta e depositado numa almofada num caixão de metal com o interior revestido em cetim. As dezenas de milhares de corpos foram transladados para os Estados Unidos em 20 navios, o primeiro dos quais chegou a Nova York em 27 de outubro de 1947.
Embora o preço mais importante seja o que se paga em vidas humanas, o valor económico despendido vai mais além. A derrota do Eixo importou para os americanos em 296 mil milhões de dólares, que corresponderiam a mais de 4 biliões em 2015. No século XXI ainda continua a gerar custos. Dos 16 112 566 soldados que tomaram parte no conflito, 1 milhão deles ainda estavam vivos em 2014. Um em cada cinco recebe uma pensão devido a deficiências sofridas, além das ajudas financeiras recebidas pelas viúvas e órfãos. As despesas tenderão a diminuir com o tempo, à medida que forem morrendo, prevendo-se que em 2024 já só sobrevivam menos de 100 mil, em 2036 menos de 400 e que a última pensão seja paga por volta de 2040.