lendas, historietas e vivências

A ESTAÇÃO DOS CAMINHOS DE FERRO DE MANGUALDE
Muito havia a dizer deste local onde memórias nasceram desde há décadas e foram sendo ultrapassadas ou apagadas porque, daqueles que viveram os factos e conheceriam os lugares já poucos restam. Como nasceram estes verdadeiros documentos e mais uma infinidade de tantos outros que já se perderam no tempo e só voltarão ao conhecimento se entretanto alguém lhes manteve a vida através das palavras. É pois provável que só as pessoas de provecta idade ainda se possam dar ao prazer de deixar para o futuro a menção de alguns mais significativos. É com o passar dos anos, décadas, séculos ou milénios que tudo o foi e é criado pelo homem, se perdurar, ficará a fazer parte da História dos Povos. Para que tal aconteça é preciso que a palavra e se possível a imagem se tornem espólio do tempo que vai passando.
Então muito do espólio que desde o nascimento da Estação se foi erguendo neste local como imperativo exigido pela funcionalidade plena, já foi desaparecendo – o pavilhão do cais aonde se procedia à entrada e ao despacho de encomendas de maior volume trazidas ou levadas pelos comboios de mercadorias já há anos desapareceu por via da reformulação de todo o espaço e o acesso à entretanto aberta da Av. Conde D.Henrique. Foi a construção desta via muito necessária, sem dúvida, à fluidez do transito a partir de Mangualde para todo o território da beira Serra. Mas foi esta via a principal causa da degradação presente da nossa querida e memorável “estrada de paralelos”. Já não a escrevo com maiúsculas porque pertence a um passado tão esquecido ou desconhecido das autoridades autárquicas que prevejo que venha a ser abastardada. No entanto não devia. Pela década de 80 alguns moradores do bairro da Estação propuseram ao Executivo da época que esta estrada fosse restaurada mantendo-lhe as características, mas eliminando algumas das curvas mais fechadas e que o piso fosse corrigido onde houvesse mais afundamentos. “ Que não, porque era uma estrada turística (!?) “ Textual…Não se percebeu muito bem este conceito, porque… enfim… Agora o que nos parece é que este DOCUMENTO, ainda vivo, da história de Mangualde já tem os dias contados, tal como outros que deviam ser tratados com inteligência e cuidado.
No entanto as casinhas “caixas de sapatos” que a começam a adornar são já um mau agoiro. O futuro o dirá e já não vale a pena alimentarmos desgostos…