Javalis – uma praga à solta e sem controlo!


Nos últimos anos têm aumentado as queixas em relação à proliferação dos javalis em território nacional. Em 2019, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) falava em indícios de “um aumento da densidade” da população desta espécie, como o aumento das queixas, dos avistamentos e das ocorrências também em acidentes rodoviários. Já este ano, os javalis têm causado bastantes prejuízos nas campanhas agrícolas.
Mas até que ponto o crescimento da população de javalis em Portugal é uma ameaça real para os agricultores e a segurança de quem anda na estrada? E como se pode controlar a sua população e evitar, entre outros problemas, acidentes rodoviários e ataques a pessoas?
A população de javalis está em constante crescimento. Para travar este aumento, a caça ao javali foi autorizada pelo ICNF, inicialmente até 31 de Maio, através de esperas diurnas ou noturnas, com ou sem recurso a luz artificial, dentro ou fora do período de Lua Cheia. Mais recentemente, o ICNF alargou o prazo, entre 1 de Julho e 30 de Setembro, e autorizou a realização de batidas com cães em culturas agrícolas afetadas pelos javalis.
As medidas adicionais do ICNF, diz João Carvalho, secretário-geral da Associação Nacional de Proprietários Rurais – Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC), que também é caçador, apenas atenuam o problema. “A realização de esperas faz com que o crescimento não seja exponencial, mas não reduz a população, apenas evita que cresça de forma abrupta. O que resolve o problema são outras formas de caça, como as montarias, onde se  abate um número superior de animais e se consegue ter um impacto sobre a população”, defende.
Uma coisa é certa, os javalis não têm predadores naturais (tirando o lobo e o lince ibérico) e os agricultores estão cansados e desesperados com tanto javali a destruir as culturas. Quem tem na terra o sustento, exige mais ação de quem tem responsabilidades sobretudo das associações de caçadores e das juntas de freguesia. Ainda os fogos florestais não começaram (felizmente!) e já os estragos são tremendos.
João Fonte, agricultor que vive em Teivas, aldeia de São João de Lourosa, desiludido com a situação, conta que os prejuízos provocados pelos javalis aumentam ano após ano e não se vê solução para o problema.
Um problema também sentido nas regiões fronteiriças pois também se encontra sem resposta o pedido de harmonização do calendário das batidas ao javali em Portugal e em Espanha. Só para terem uma ideia os espanhóis começam a matar javalis em agosto, enquanto do lado de cá da fronteira, só em outubro. Ora, quando os javalis se sentem perseguidos lá, instalam-se do lado de cá, pois não precisam de passaporte, e vice-versa.
Tendo em vista a resolução deste problema, o ICNF promoveu um Plano Estratégico e de Ação do Javali em Portugal  que assentou em três principais objetivos: o conhecimento do universo da população; a descrição da condição física dos animais; e a avaliação do habitat e dos fatores que podem aumentar ou diminuir o impacto e dimensão dos prejuízos causados pela espécie.
Esperemos que sejam tomadas medidas rápidas para que seja possível evitar que mais agricultores desistam de semear os seus campos agravando outros problemas.