CLAREZA DO PENSAMENTO

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Quando um pequeno gesto vale muito mais que uma prenda “de marca”
Apesar de ainda faltar algum tempo para o dia de Natal, com certeza que já terão sido “inundados” de publicidade, pelos mais diversos meios (televisão, rádio, jornais, revistas, internet, panfletos na caixa do correio, ...), com promoções, ofertas e novidades “imperdíveis” sobre vestuário, calçado, brinquedos, mobiliário, acessórios de moda, etc..
Mas será isto o verdadeiro espírito de Natal? O Natal “das prendas”, o Natal do consumismo desenfreado? Naturalmente que dar algo a alguém é positivo, não apenas para quem recebe a prenda, mas também pode ser gratificante para quem a dá. Se de facto existe espírito natalício no acto de dar prendas, onde está o espírito natalício quando vamos às compras e, no intuito de sermos os primeiros a aproveitar as promoções, passamos por cima de tudo e de todos para comprarmos os tão famigerados artigos antes que esgotem. Temos espírito de dádiva e de partilha para dar prendas àqueles que nos são próximos, mas “esquecemo-nos” desse espírito de dádiva e de partilha quando queremos aproveitar as tão desejadas promoções antes dos outros!
Também é muito habitual durante a quadra natalícia darem-se prendas (sobretudo vestuário e calçado) “de marca”, isto é, de uma marca conhecida. Quantas vezes já não ouvimos dizer quando alguém nos oferece uma prenda: vê lá que é da marca “X”! Apesar de reconhecer que certos artigos ditos “de marca” apresentam uma qualidade superior, o que é facto é que em grande parte das vezes se oferecem artigos “de marca” porque são caros, não sendo acessíveis à carteira de qualquer um e, como tal, há um pouco a ideia de que um artigo oferecido de uma marca conhecida vale muito mais que um artigo oferecido de uma marca desconhecida. Como é costume dizer-se, “o que conta é a intenção” e não o valor monetário da prenda.
O espírito natalício não se mede pelas prendas materiais que nós oferecemos e muito menos se mede pelo valor monetário dessas prendas. Um simples gesto, uma ação, uma palavra de conforto, uma palavra de motivação, um abraço, um simples desenho que uma criança nos oferece, uma conversa que alguém tem connosco num momento menos bom da nossa vida, desde que sejam verdadeiramente sentidos (e não sejam apenas atos de circunstância, para manter as aparências) valem muito mais do que qualquer prenda “de marca”.
Como diz o poeta, o “Natal pode ser quando o Homem quiser”. Se alguém que leve esta máxima à risca se põe a oferecer prendas “de marca” todos os dias, com certeza que rapidamente irá à falência! Contudo, se pusermos em prática um verdadeiro espírito natalício, baseado em simples gestos e em ações verdadeiras, é perfeitamente possível cumprir o que o poeta nos diz. Pois bem, que este Natal seja um Natal de menos prendas “de marca” e de mais gestos simples e fraternos, até porque estes últimos, ao contrário das prendas “de marca”, são de borla e tudo!Tornar-se assinante para continuar a ler...