SANFONINAS

dr. jose
24 horas em SO
De vez em quando, uma reportagem: impressionantes imagens de macas em corredores, gemidos em fundo, promessas de revisão dos procedimentos, rostos de familiares em aflição…
Confesso que me é impossível garantir se tudo isso se refere a situações extremas ou recorrentes em SO, o Serviço de Observação dos estabelecimentos hospitalares. Não garanto. Posso garantir, porém, depois de ter estado vinte e quatro horas em SO no Hospital de Cascais, que a minha opinião mudou por completo:
1º) Vi o que era por dentro um SO;
2º) Senti ao vivo o que era um verdadeiro trabalho de equipa.
E lembrei-me de algo bem diferente a que há tempos assistira:
- Olhe, desculpe lá! Ficou uma toalha suja na casa-de-banho.
- Está bem, vou já pegar!... Ah! Essa é das auxiliares!
Abrira a porta, vira que era uma toalha de banho fora do sítio, mas… não era das suas funções retirá-la! Era função das auxiliares!...
Exactamente o contrário eu tive ocasião de sentir no SO: um perfeito trabalho de equipa, concretizado a cada momento, de boa cara, com competência e, até, amiúde, a necessária pitada de humor.
Compreende-se: o doente chega ali – com ou sem diagnóstico rigoroso – e o que é imprescindível é a monitorização permanente, a atenção constante de todos: médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem a auxiliares de limpeza. Todos! E o exigente cuidado na higiene? Disseram-me que já havia um estudo: por cada doente, diariamente, em média, nove pares de luvas! Eu acho que será até mais, porque a cada instante eu via pegar num para o usar numa tarefa e… zás! – contentor com ele! E o constante esvaziar dos contentores?
Fiquei, pois, mui agradavelmente surpreendido: ainda há quem saiba tratar os outros como pessoas!
E sem dúvida o que descrevi será o clima normal em todos os hospitais do País!
Parabéns!