CONSULTÓRIO

dr. raul
QUEIMADURAS
Falámos há poucas semanas do sol e dos seus perigos, nomeadamente das queimaduras solares… Hoje vamos falar de outras queimaduras que são acidentes bastante frequentes (água a ferver, prato a sair do forno, churrasco, golpe de sol…). Felizmente a maioria das queimaduras são de extensão e gravidade mínimas e, felizmente também, que as graves e muito extensas são muito raras. Mas, quaisquer que sejam as circunstâncias é preciso saber reagir, saber quais os bons gestos de urgência e os que se devem evitar, segundo o tipo de queimadura.
Distinguem-se três tipos de queimaduras:
A queimadura de primeiro grau - tipo golpe de sol ligeiro ou contacto com um líquido quente: a pele fica vermelha, dolorosa e ligeiramente inchada.
A queimadura de segundo grau: além de ficar vermelha e dolorosa, aparecem bolhas (vesículas) na pele, indicando que a epiderme está destruída.
A queimadura de terceiro grau: a pele fica negra ou acinzentada e fica com um aspecto cartonado. Há destruição da pele em profundidade.
A chama do fogo não é a única fonte de queimadura: o sol, o metal muito quente (forno, tacho ou panela…), as brasas (churrasco, lareira…), os líquidos quentes, o vapor, são bem conhecidos como causadores de queimaduras, por vezes muito graves. Mas também alguns produtos químicos, como os ácidos, as radiações ou a corrente eléctrica.
Para além do tipo de queimadura, a gravidade depende, também, da zona queimada (face, olhos, pregas do cotovelo e joelho…) e da extensão.
A intensidade da dor não está necessariamente ligada à gravidade da queimadura. Por exemplo, as queimaduras do primeiro e do segundo grau são bastante mais dolorosas que as do terceiro grau; isto porque a pele, ao estar destruída em profundidade, não veicula mais mensagens dolorosas.
Primeiro gesto de urgência: arrefeça imediatamente a queimadura passando-a por água fria durante um mínimo de 5 minutos, mesmo 10 minutos, de acordo com o grau e a extensão da queimadura. Adapte a pressão e a temperatura da água em função do que é suportável. Porque é que se deve arrefecer a zona queimada? Para atenuar a dor, mas também para impedir o prosseguimento da queimadura, porque mesmo depois de ter eliminado a causa da queimadura (chama, vapor, produto químico…), a pele pode continuar a auto-consumir-se durante um certo tempo. A água fria permite interromper a combustão e parar a propagação aos tecidos vizinhos.
Em caso de queimadura através da roupa não deve retirar a mesma. Pode retirar a roupa cortando-a (com uma tesoura, por exemplo) à volta da zona colada, mas nunca tente descolar o tecido.
Retire as jóias (anéis, relógio…) antes que a pele comece a inchar.
Segundo a gravidade da queimadura: consulte um médico ou contacte imediatamente o 112, explicando o que se passa. Enquanto aguarda a chegada do socorro, mantenha a ferida sob água fria.
Em caso de queimadura superficial de 1.º grau: após ter longamente arrefecido a zona queimada aplique um creme hidratante especial para queimaduras (creme Biafine). Massaje bem a fim de fazer penetrar o creme e, se necessário, recobrir a zona afectada com uma compressa esterilizada.
Em caso de queimadura de 2.º grau: após uma longa passagem por água fresca, desinfectar a ferida com um anti-séptico (sem álcool!) e depois aplicar o creme hidratante tipo “biafine” ou “bépanthène”. Se não puder aplicar o creme directamente sobre a pele, faça-o sobre uma compressa esterilizada que coloca depois sobre a pele queimada. Não fure as bolhas (elas contêm líquido que atenua a dor e protege da infecção).
Em caso de queimadura de 3.º grau: chame imediatamente as urgências.
E-mail: amaralmarques@gmail.com