Segunda demissão no Governo devido a licenciaturas falsas

Nuno Félix, chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto, demitiu-se depois de mais uma polémica com licenciaturas não terminadas.
De acordo com notícia do “Observador”, Nuno Félix tinha no currículo duas licenciatura (uma em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e outra em Direito na Autónoma de Lisboa), mas não completou nenhuma delas.
Ainda segundo o mesmo jornal, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, tinha conhecimento da situação, que já tinha levado à demissão de João Wengorovius Meneses, o anterior secretário de Estado da Juventude e Desporto, por não concordar com a manutenção em funções do seu chefe de gabinete.
Segundo o Observador, Nuno Félix declarou, “para efeitos de despacho de nomeação”, que tinha uma licenciatura em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e outra em Direito, pela Universidade Autónoma, tendo ambas as instituições desmentido que o chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto as tenha concluído.
Nuno Félix garante que nunca afirmou ser licenciado, mas apenas “frequência do ensino superior”.
A situação, que já era do conhecimento entre os membros do gabinete, provocava grande desconforto, ainda para mais por Félix ter direito a que um motorista oficial o fosse buscar e levar todos os dias a São Martinho do Porto, fazendo cerca de 400 km diários, uma informação confirmada por João Wengorovius Meneses.
Na última terça-feira, Rui Roque, adjunto do gabinete do primeiro-ministro António Costa, demitiu-se depois de se saber que não tinha uma licenciatura, apesar de ela constar no despacho da nomeação.
Ministro afirma que só soube da situação agora
“O ministro da Educação foi hoje informado da decisão do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, que aceitou o pedido de demissão do seu chefe do gabinete, na sequência da incorreção detetada no despacho de nomeação assinado pelo ex-secretário de Estado, e da qual teve agora conhecimento”, declarou o Ministério da Educação, em resposta enviada à agência Lusa.
Na mesma resposta, o ministério tutelado por Tiago Brandão Rodrigues acrescenta que “o atual despacho de nomeação de Nuno Miguel de Aguiar Félix, publicado em Diário da República, tem a informação correta de frequência do ensino superior”.
Isto porque, no primeiro despacho, de fevereiro, assinado ainda pelo anterior secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses, a nota curricular que consta da nomeação refere como formação académica as duas licenciaturas referidas, mas depois da demissão de Wengorovius Meneses e a sua substituição por João Paulo Rebelo, foi publicado novo despacho de nomeação, de junho, na qual apenas se referia a frequência das duas licenciaturas.
Isso mesmo foi confirmado ao Observador pelas duas universidades, sendo que a Universidade Nova de Lisboa precisou que o Nuno Félix apenas frequentou o curso de Ciências da Comunicação durante um ano letivo: 2008-2009.
Na resposta enviada à Lusa, a tutela afirma que o ministro apenas teve conhecimento da situação agora, mas o Observador adianta que as incorreções no despacho seriam há meses comentadas nos gabinetes do ministério e terão sido uma das razões para a demissão de Wengorovius Meneses.
In JN