Arquivo mensal: Julho 2020

Concelhia de Nelas do PSD

AS (MÁS) CONTAS DE BORGES DA SILVA
Borges da Silva, qual Rei Sol, confirmou, mais uma vez, que para ele os restantes membros do executivo nada valem e nada fazem, ao afirmar que as contas de 2019, apresentadas em assembleia municipal são só dele. Uma falta de respeito (aceite) para com esse elementos. A não ser que esteja a ilibá-los de mais um ano de contas de saldo negativo, falta de investimento, aumento da divida, ridículas taxas de execução das grandes opções do plano, provando que de bom gestor e boas contas Borges da Silva não tem nada. O relatório de gestão e contas de 2019 demonstra que foi mais um ano de muitos incumprimentos, nomeadamente nas freguesias, onde continuam, por fazer as obras necessárias para que o Concelho cresça de forma equitativa. Não se compreende como os Presidentes de Junta votam favoravelmente um documento que revela que nada continua a ser feito nas suas freguesias. Os Presidentes de Junta, que andam de chapéu na mão perante Borges da Silva, devem uma justificação aos seus Fregueses. Também o PS que (de baixinho) crítica a gestão de Borges da Silva, votou favoravelmente. Borges da Silva agradeceu com um ternurento ´´ Foi com o Partido Socialista unido em torno do seu Presidente de Câmara ´´ As (más) contas de Borges da Silva revelam que 2019 foi mais um ano de prioridades e decisões financeiras muito discutíveis que agravam o estado económico do concelho. Em 6 anos, Borges da Silva, de acordo com os orçamentos apresentados, gastou cerca de 107 milhões de euros e aumentou a divida contratada da autarquia em mais 1 milhão de euros. Não satisfeito, prepara-se para contrair novos empréstimos, comprometendo assim as receitas da autarquia dos próximos 20 anos e levando, seguramente, a Câmara e o concelho de Nelas, á destruição financeira, com todas as implicações que daí advêm. Foram gastos mais de 48 mil euros por dia nestes 6 anos sem que se veja onde foi investido esse dinheiro. Os investimentos realizados neste período foram quase sempre com apoio maioritário de fundos comunitários, da administração central, e dos empréstimos contraídos. O que o PSD e os seus Autarcas tem vindo a expressar é agora ainda mais evidente. Está a suceder uma degradação significativa das contas do Município nos últimos anos, conforme podemos constatar nos documentos anexos.
Julho 2020
A Comissão Politica Concelhia de Nelas

CHEQUE DENTISTA – 2019/2020

Data de validade – outubro de 2020
Crianças e Jovens em Idade Escolar
A doenças orais e as cáries dentárias, são um problema de saúde que afetam grande parte da população, nomeadamente a população jovem em idade escolar, o que requer uma intervenção adequada e atempada tendo em vista a prevenção e o tratamento precoce destes problemas.
De acordo com o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO), da Direção Geral da Saúde, todas as crianças e jovens que frequentam as nossas escolas, têm intervenção prioritária de saúde oral aos 7, 10 e 13 anos de idade. Desta forma, TODOS os alunos matriculados no Agrupamento de Escolas de Mangualde, nascidos em 2006, 2009 e 2012, ou seja, que até 31 de dezembro de 2019 completaram as idades referidas, têm direto a um cheque dentista, que foi entregue na escola, neste ano letivo - 2019/2020.
Todos os cheques foram emitidos e entregues atempadamente e muitos deles já foram utilizados. No entanto, gostaria de lembrar que o prazo de validade/utilização dos mesmos termina no final do mês de outubro de 2020. Após a data de validade, registada nos cheques dentista, não é possível a sua utilização, nem a emissão de outro para substituir o primeiro.
É importante referir que todas as crianças e jovens devem utilizar o cheque, mesmo que achem que “não precisam” de ir ao dentista, porque o programa para além dos tratamentos curativos, também contempla as intervenções de prevenção, ou seja, de proteção dos dentes. Só os alunos que utilizarem e concluírem tratamento poderão, se for necessário, ter acesso aos “cheques intermédios”.
A não utilização do cheque dentista dos 13 anos implica não só a perda do cheque intermédio, mas também a perda do cheque dentista dos 15 anos e dos 18 anos. Ou seja, um/a jovem que não utilize o cheque dos 13 anos, não voltará a ter cheque dentista, em idade escolar.
A marcação da consulta é da responsabilidade dos pais/encarregados de educação, que deverão dirigir-se ao consultório de um médico dentista à sua escolha, dentro ou fora do concelho, desde que este tenha aderido ao PNPSO.
Face ao exposto, julgo importante aconselhar e informar do seguinte:
- Certifique-se que recebeu o cheque dentista a que o seu filho/educando tem direito e que já o usou;
- Se não usou, verifique o prazo de validade inscrito no cheque e utilize-o dentro do prazo – marque consulta prévia no dentista;
- Se necessitar de uma 2ª via, poderá solicitá-la no Centro de Saúde, na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) ou na sua Unidade de Saúde (dentro do prazo de validade dos cheques);
- A emissão de cheques dentista intermédios (a pedir, se necessário) não poderá ser efetuada, se não forem usados os cheques dentista emitidos anteriormente;
- O cheque dentista dos 15 /16 anos não poderá ser emitido se não for usado o dos 13 anos;
- O cheque dentista dos 18 anos não poderá ser emitido se não for usado o dos 15/16 anos.
Se tiver dúvidas ou necessitar de algum esclarecimento adicional, poderá dirigir-se ao Centro de Saúde/UCC e solicitar informação.
A atual situação de pandemia não pode, nem deve ser um impedimento para a utilização destes cheques, uma vez que nos consultórios dos dentistas também estão implementadas medidas de segurança, de modo a evitar a transmissão do vírus.
Os problemas de saúde oral, que influenciam negativamente a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, requerem cuidados básicos de saúde e são vulneráveis a estratégias de intervenção conhecidas e comprovadas cientificamente. A emissão de cheques dentista nestas faixas etárias é uma excelente estratégia de intervenção que não deve ser desperdiçada.
O PNPSO prevê a emissão de cheques dentista até aos 18 anos. A intervenção médico-dentária feita no âmbito destes cheques é completamente gratuita para o utente.
Para além destas intervenções é fundamental que todas as pessoas, e neste caso as crianças e jovens, adquiram hábitos de escovagem dos dentes diariamente, o mais cedo possível, e que os mantenham pela vida fora.
Madalena Fátima
(Enfermeira – UCC Mangualde)

MANGUALDE ATRAI associação dos transportes 

ASSINATURA DE PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO COM ANTRAM
Foi assinado na tarde do passado dia 8 de julho, no Salão Nobre, um protocolo de cooperação entre o Município de Mangualde e a ANTRAM - Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias. Para o efeito estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal de Mangualde, Elísio Oliveira, o Presidente Nacional da ANTRAM, Pedro Polónio, e o Presidente da ANTRAM-Centro, Renato Neves.
“No concelho de Mangualde localizam-se cerca de 50 empresas e empresários dedicados ao transporte de mercadorias, nacionais e internacionais, sendo o nosso maior empregador com mais de 1500 trabalhadores com a categoria de motorista de pesados de mercadorias”, destaca Elísio Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Mangualde. Trata-se assim, de um protocolo de cooperação, no âmbito das suas atribuições, que “pretende apoiar empresas na sua atividade, desenvolvendo a oportunidade de criar valor nesta fileira de referência, podendo funcionar, assim, como uma centralidade num sector de grande dimensão, numa região muito alargada”, contextualiza ainda o Presidente.
O referido protocolo de cooperação confere a cedência de espaços municipais, nomeadamente no edifício do Ex-Colégio, para uso da ANTRAM, onde também já foi instalada a Associação Empresarial de Mangualde. Este espaço será utilizado para efeitos de formação do sector, reuniões de trabalho, workshops, etc.
A nível nacional, a ANTRAM tem cerca de 2.000 associados e representa um nível de emprego superior a 50.000 trabalhadores. De registar ainda que este sector é o segundo maior empregador na região Dão-Lafões, logo a seguir à Construção Civil.

Abrunhosa-a-Velha

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É uma Freguesia do Concelho de Mangualde da qual fazem parte as povoações de Abrunhosa-a-Velha, Vila Mendo de Tavares e Gouveia-Gare, com um total aproximado de 880 habitantes. É servida pelo Caminho-de-ferro, através do apeadeiro de Abrunhosa-a-Velha e da Estação de Gouveia.
Possui uma magnífica vista sobre a Serra da Estrela e tem ao fundo o rio Mondego que muito lhe fertiliza os campos.
A cerca de 2 Km da Povoação, encontra-se a ermida da Nossa Senhora dos Verdes, que todos os anos, sete semanas após o Domingo de Páscoa, quando se realiza a festa anual traz aquele local muitos fieis devotos.
Tem Pelourinho classificado como imóvel de interesse público, através do Decreto-lei n.º 23122 de 11/10/1933, e na casa que se presume tenha servido de habitação do Juiz encontra-se uma Janela Manuelina ou Quinhentista. Em Abrunhosa-a-Velha, pode ainda visitar-se o Solar da Cerca, a Antiga Câmara e cadeia (hoje sede de Junta de Freguesia),
Abrunhosa-a-Velha ainda deve ao distinto Professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, Dr. Costa Sacadura, além de vários melhoramentos, a construção ao cimo da aldeia, duma Casa de Repouso situada no Casal de S. Sebastião, Hoje Hotel Mira Serra, recentemente recuperado.
Em Vila Mendo de Tavares, o Solar dos Sá e Melo e a capela de S. Domingos estilo Rococó, são monumentos a visitar.
A freguesia tem como Atividades Económicas a Agricultura e Construção civil e destacam-se as seguintes Festas e Romarias: Nossa Senhora dos Verdes (Segunda-feira de Pentecostes (atualmente realiza-se ao Domingo)); Santa Cecília (22 de novembro); S. Domingos (1.º domingo de agosto); Voto de Santa Cruz (3 de maio). Mostra gastronómica (Início de Agosto) Festa de Verão (Mês de Agosto) Semana Cultural (Mês de Agosto)
A nível de Património, encontramos nesta freguesia a Igreja Paroquial; a Ermida de Nossa Senhora dos Verdes; a Capela de S. Domingos; o Pelourinho e Solar dos Sá e Melos;
Além de todo o património existente, devem ainda ser destacadas as várias coletividades Associação Humanitária Cultural e Recreativa de Abrunhosa-a-Velha; Rancho de Carnaval; Grupo Dramático Cultural e Recreativo; Estrela Mondego Futebol Clube; Veteranos do Estrela Mondego Futebol Clube; Marcha e Grupo Desportivo de Vila Mendo de Tavares, bem como, a Infraestruturas que existem na freguesia, como o Posto de Correios; a Escola Primária; 2 Campos de Futebol de 11; 2 Polidesportivos; Parque Infantil; Piscinas Públicas; Forno Comunitário; Cantinho dos Poetas; cantinho dos artistas; Varandas paisagísticas; Monumento aos combatentes Beirões; Bombeiros Voluntários de Mangualde - Secção de Abrunhosa-a-Velha; Posto de Turismo de Abrunhosa-a-Velha; Biblioteca; Espaço Internet; Hotel Rural Mira Serra; Posto de Medicamentos; IPSS - Centro Social Paroquial de Abrunhosa-a-Velha

Elaborado por: Isaura Amaral

LISTA INDEPENDENTE Freguesia de Espinho

Mangualde
“O MELHOR PARA A NOSSA TERRA”
A política é uma missão nobre. Que dignifica a ação pública e a Democracia. Que cria e abre perspectivas para ajudar a construir uma nova esperança.
A minha recandidatura consubstancia-se nos princípios mais sagrados da política nobre. Move-me o serviço público desinteressado e a minha consciência íntegra. Com esta recandidatura reitero a minha total disponibilidade para continuar ao serviço da freguesia que orgulhosamente defendo e dignifico em todas as circunstâncias tal como tem sido meu apanágio. Tenho-o feito sempre na perspetiva de progresso e coesão local como um contributo fundamental no desenvolvimento harmonioso da nossa terra, e bem-estar das pessoas da nossa freguesia que tão abnegadamente sirvo.
A vida ensinou-me que, para alcançarmos o sucesso, temos que trabalhar arduamente. Temos de ser determinados, pacientes e persistentes. Os mais fortes são os que são capazes de aprender com os outros, os que não temem o debate e o confronto de ideias, que são capazes de tomar as decisões. E, por isso, asseguro que não hesitarei face a dificuldades nem desistirei face às adversidades. Consciente do meu valor enquanto autarca continuo determinado e convicto de que poderei continuar a demonstrar o meu dinamismo no combate por uma freguesia mais equilibrada e desenvolvida sendo certo que muitas pequenas obras, refletem a grande obra da freguesia. A minha atuação nos últimos dois mandatos pautou-se por uma busca contínua de propostas eficazes, uma gestão rigorosa dos bens, e a valorização das pessoas que são os maiores valores a defender.
Consciente do enorme desafio que me espera e das dificuldades que se colocam ao exercício deste cargo, tenho em mim a mesma motivação, confiança, determinação e força do primeiro dia que fui instituído como Presidente da Junta. Serei um defensor intransigente dos interesses da população, representando-a e gerindo a freguesia sempre com o maior respeito por todos, independentemente das dissonâncias ou divergências que possam surgir.
Sempre afirmei que o meu partido é a freguesia, e é nesse sentido que reafirmo a minha independência. Uma freguesia da liberdade, tolerância, da memória e da cidadania.
Livre e independente esta é uma candidatura da razão e da emoção. O meu projeto político respeitará a ética, integridade e verdade. Assumo o compromisso mais virtuoso que um cidadão pode manifestar perante as suas gentes. Faço-o com humildade e altruísmo. Porque amo a minha terra.

Um forte abraço.
António José Correia Pina Baptista Monteiro

“Águas da Região de Viseu”

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Realizou-se na barragem de Fagilde, na sua margem esquerda, a pertencente ao Concelho de Mangualde, no dia dois do corrente mês, pelas 16 horas, um reunião intermunicipal, entre os presidentes dos municípios de Mangualde, Viseu, Nelas, Penalva do Castelo e Satão, com o objetivo publico de dar a conhecer a criação de uma empresa intermunicipal, denominada “Águas da Região de Viseu”.
A citada reunião foi aberta pelo seu anfitrião, Elisio Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Mangualde que, de uma forma simples e pragmática, esclareceu os presentes de que a organização da citada empresa intermunicipal, surgiu da necessidade de superar situações difíceis como as que já foram vividas, no concelho de Mangualde. Nesse sentido, e não esquecendo as carências que foram sempre sentidas pela ausência de água, recordou na sua intervenção de que o caudal da atual barragem, o qual está no seu ponto médio, já esteve no ponto zero. Lembrou imagens dramáticas de mangueiras do Bombeiros a verter desesperadamente alguma água. Segundo ele, essa situação “tem que nos servir de lição e factor mobilizador.” Salientou que a questão da água tinha que ter uma resposta porque se a seguir a esse Verão houvesse um Inverno fraco e a seguir um Verão forte, constataríamos, assim, com base numa simulação, a situação dramática a que esta população ficava sujeita. Politicamente era absolutamente inaceitável se os cinco líderes municipais, ao longo desses anos, mais tarde ou mais cedo, não chegassem a um acordo. As populações não podiam perceber e jamais podiam perdoar da parte que lhes toca. Por esse motivo, informou de que foram lutando, conversando para chegarem a um acordo. Este, na sua perspetiva, é o que resulta de um processo ao longo de vários anos. Saudou, por esse motivo, todos os presidentes de Câmara, sem exceção, que ao longo desses anos nele se empenharam. Pela sua natureza houve dificuldades naturais. Elísio Oliveira salientou que há processos mais fáceis de negociar e há outros mais difíceis. Na sua opinião, este era, naturalmente, um processo difícil. Adiantou mesmo, a título de exemplo, de que nas últimas quatro reuniões realizadas, no final, em cada reunião, terminavam com a perceção de que a reunião seguinte ia ser rápida e conclusiva. Contudo, isso não acontecia, porque surgiam outras dificuldades. Referiu, no entanto, que a diferença no processo foi a persistência, a resiliência de, em nome da importância do tema, os autarcas envolvidos não desistirem. Na sua comunicação, focalizou o carater intermunicipal da organização que estava a ser apresentada, pois, não tinha sentido que cada município fizesse a sua “barragenzinha”. No seguimento do referido, referiu que há investimentos que tem que ter escala, que tem que ter dimensão, para existir um posicionamento no mercado, que apresente a empresa com mais força, perante os empreiteiros para fazer uma nova barragem, perante a banca para obter financiamento, e perante o estado e os ministérios envolvidos, em termos da população integrada. O Presidente da Câmara de Mangualde manifestou a ideia de que a captação, o tratamento, e a distribuição da água, em alta, terão uma resposta no contexto das alterações climáticas que vivemos, pois, tornou-se um desígnio regional. Dessa forma, para o autarca de Mangualde um desígnio regional, que “estamos a cumprir neste quadro de união. Cinco municípios uma barragem; cinco municípios uma resposta; cinco municípios uma região, com uma resposta dada para o desenvolvimento e, sobretudo, com sustentabilidade.” Concluiu com estas palavras.
A seguir interveio o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. Almeida Henriques.
Este, de uma forma muito aberta, fez um relato exaustivo da situação consumada, com a organização da empresa e do processo que lhe foi anterior e que o consolidou. Dessa forma, iniciou a sua intervenção frisando que aquele era um momento importante, por isso agradecia a todos os colegas presentes. Endereçou o seu cumprimento inicial para “o meu caro colega Elisio Oliveira, que é o nosso anfitrião, num paisagem que não podia ser a mais indicada, porque estamos na Barragem de Fagilde de costas para Vila Corsa. Um dos sítios mais bonitos diria do nosso distrito, da nossa região e do nosso país”. Agradeceu, assim, antes de começar a sua intervenção ao seu colega de Mangualde pelo facto de ser o anfitrião da reunião. Cumprimentou, a seguir, os restantes Presidentes de Câmaras presentes: Borges da Silva, Presidente da Câmara Municipal de Nelas; o Francisco Carvalho, Presidente da Câmara Municipal de Penalva do Castelo; Paulo Santos, Presidente da Câmara Municipal do Satão.
Recordou, em contexto histórico, de que 1964 sinalizava o início do estudo prévio da barragem existente em Fagilde. Constitui-se, segundo este edil camarário, como a fonte de abastecimento dos três concelhos aqui presentes (Viseu, Mangualde e Nelas). Almeida Henriques sublinhou que, na atualidade, o processo de construção da empresa de Águas da Região de Viseu registou espirito de envolvimento e colaboração de todo os presidentes, mas também, de outros que já não estão presentes. Ao nível dos Presidentes camarários, como nos elementos das próprias equipas técnicas das diferentes Câmaras. Elísio Oliveira foi um elo de ligação na plataforma, que permitiu que os vários concelhos se entendessem na questão da água, pois, não fazia sentido a existência de um só sistema para cada um dos municípios. Neste processo, o primeiro passo foi a transformação do SMAS em Águas de Viseu, com o objetivo de vir a abrir o capital aos outros municipios. Depois, o percurso a oito com a presença, também de Vila Nova de Paiva, Vouzela e S. Pedro do Sul. Este não foi possível, porque o entendimento não se consumou, surgindo, assim, um novo entendimento a cinco. Segundo ele, em 29 de Junho apertaram a mão à distância em reunião virtual, porque chegaram a um acordo, a celebrar em 2 de Julho com uma apresentação pública. Acrescentou que, num universo de 150 mil habitantes, que constitui a população dos cinco concelhos, têm uma taxa de cobertura que evoluiu bastante, muito mesmo. Do ano de 2012 até hoje situa-se nos 84%, o que é uma taxa bastante interessante. Na sua intervenção, deu conhecimento de que é verdade que esta barragem necessita de intervenções. Essa necessidade é óbvia, necessita, segundo estudos feitos pela APA, de uma nova barragem. Obriga, assim, ao aumento da sua capacidade bruta de armazenagem. A carência de água, segundo ele, não faz sentido num território como o citado, que é servido por tão bons rios. Hoje, seguramente, as coisas irão melhorar. Por outro lado, a capacidade de água tratada é insuficiente nos cinco municípios, porque as perdas ainda são muito elevadas. Elas situam-se no conjunto das médias nos municípios, na casa dos 34,8%. Há, aludiu, necessidade de fazer esforços para realizar um investimento que doutra maneira não seria possível de fazer. Realçou, entretanto, que cada um dos munícipes manterá a sua autonomia. Aquilo que será uma competência de um munícipe não será posta em causa. Por conseguinte, cada um dos munícipes ficará com a competência que a lei lhe permite, o regulamento, a fixação do preço da água e, por aí fora. Esta empresa irá fazer o que está no seu objeto, que é: a captação, o tratamento de água para consumo humano, a adoção, a reserva e o fornecimento aos munícipes. O papel desta nova empresa termina no reservatório. Isto, do reservatório para lá, a competência já é de cada um dos munícipes. Até à armazenem nos reservatórios é da competência desta empresa. Foi avançado um capital social líquido de 4 milhões e meio de euros. Quatro milhões em ativos. Foram trazidos para esta empresa os ativos existentes e meio milhão de euros de capital. A sua repartição, segundo Almeida Henriques, também foi definida entre os municípios, expressando-se com percentagens na ordem de: 66%-Viseu; 14%-Mangualde; 9%-Nelas; 6%-Satão; Restante-Penalva do Castelo. Desde logo, sentiram a preocupação de encontrar um modelo de gestão que garantisse à partida o envolvimento de todos os munícipes. O desejável é que, durante o processo longo que têm pela frente, haja a possibilidade de alteração dos protagonistas. Hoje, estão uns, amanhã poderão estar outros. Salvaguardando a posição desta empresa, as suas decisões serão tomadas por uma dupla maioria: que 80% do capital seja favorável e que pelo menos três dos cinco munícipes envolvidos estejam de acordo. Esta situação, garante à partida uma boa plataforma de entendimento para o futuro. Na continuidade da sua intervenção, Almeida Henriques disse que estavam a falar de um investimento de 73 milhões de euros. Parte-se de um pressuposto de que o estado central assumirá, do ponto de vista de apoios, seja na construção da barragem, seja do ponto de vista de acesso a fundos comunitários, de 19, 8 milhões de euros. Esses serão os pontos de partida e implicará que esta empresa terá que assumir compromissos do ponto de vista do financiamento na casa dos 20 milhões de euros durante este primeiro momento. Do ponto de vista do seu funcionamento, ela funcionará com uma assembleia geral, com cinco pessoas; um presidente de administração com três, porque a lei não permitirá outra situação. Foi criado, contudo, um conselho de delegantes que no fundo vai ser a entidade onde tudo vai ser concertado. Ficou acordado que a presidência desta empresa seria do município de Viseu e que seria alocada a esta empresa, com a sua autonomia, o s colaboradores das várias áreas das autarquias. No sentido da promoção da água, pois, o objetivo desta empresa será produzir água para estes municípios. No entanto, no futuro, segundo o Presidente da Câmara de Viseu, poderão vir a ter outros municípios à volta. Esta é a realidade, em termos práticos, do ponto de vista dos estudos que foram feitos e, por isso, a opção por este percurso, sem o envolvimento das Águas de Portugal, é o que poderia ter sido feito. De acordo com as contas que efectuadas, será conseguida uma tarifa média intermunicipal, que será o valor em que esta empresa irá vender a água nos vários municípios, o qual será na ordem dos 0,51 cêntimos o metro cubico. O que posiciona, desde logo, o custo de produção de água cerca a de 0,30 cêntimos abaixo de um dos melhores preços conhecidos noutras empresas existentes, a nível intermunicipal. Almeida Henriques, a concluir, sublinhou que as alterações climáticas vieram para ficar e, por isso, tiveram que fazer alguma coisa, nesse sentido. Encontrar, assim, uma solução para um problema regional e nacional. A empresa intermunicipal constituída terá uma gestão autónoma especializada. Será profissionalizada a sua gestão. O acordo, não é imediato, pois, terá que ser levado às reuniões de câmara para a sua aprovação. Depois, segue-se a ERSA, a entidade reguladora que irá analisar o processo e eventualmente dar sugestões, que serão posteriormente integradas. Será depois aprovada em reunião de câmara e será conduzida para a Assembleia municipal. Sendo assim, estarão em condições de promover a constituição da empresa , para depois ser sujeita a um visto final do Tribunal de Contas. No fim, entrará em funcionamento. De acordo com o cronograma apresentado pelos consultores, poder-se-á ter esta empresa a funcionar no primeiros trimestre do ano que vêm, 2021. A partir daí, continuar-se-á a ter negociações com o governo. Há investimentos em cada um dos munícipes e a expetativa geral é que o governo central venha a financiar a nova barragem de Fagilde. Está também previsto um investimento numa conduta ao Balsemão. Será uma conduta resiliente e no seu percurso abastecerá já de um dos nossos munícipes. Estarão previstos nos munícipes investimentos nos reservatórios e também em condutas que os servirão. Estarão, assim, previstos diversos investimentos que terão como objetivo viabilizar todo o processo inscrito na produção da água.
A seguir, os outros presidentes da câmara procederam a intervenções, as quais se situaram no papel dos seus municípios na organização e funcionamento da empresa intermunicipal apresentada no acordo firmado.
Os órgãos de comunicação presentes colocaram várias questões, das quais destacamos a seguinte: A questão a colocar prende-se com a nova barragem de Fagilde, qual é o investimento, qual é o projeto? Estamos na atual barragem, a nova barragem vais ser onde?
Respondeu Almeida Almeida Henriques, que disse que para a nova barragem já há três estudos feitos. A sua propriedade não é da empresa intermunicipal, dos munícipes, mas, sim, do estado central. O sistema de Fagilde é dos cinco municípios, mas a barragem, em si, é do estado central. Sabemos que esta barragem, a actual, de acordo com o seu período de vida, terá mais sete , oito anos. Enfim, essas avaliações vão-se fazendo no dia-a-dia, às vezes, o tempo vai-se prolongando, mas é extremamente necessário que a médio prazo ela seja substituída. O investimento que está previsto é um bocadinho mais abaixo deste, mais a jusante e a estimativa que está feita é a das águas de Portugal. É uma estimativa, segundo a qual, a nova barragem de Fagilde custará 10 milhões de euros.
Entretanto, acrescentou que está a ser assumido um compromisso publico, pois, já há uma reunião de câmara que decorrerá amanhã, que é a do Satão. Há três instrumentos jurídicos: o Estudo de viabilidade financeira; o contrato de gestão delegada efetuada com cada um dos nosso munícipes e também o pacto social da empresa. Esses três instrumentos serão apresentados nos respetivos executivos e haverá uma deliberação, que cada um deles irá tomar, na próxima semana. A propósito da Câmara de Viseu, a reunião camarária será na próxima quinta-feira (dia 9), à qual será levado este assunto. Feita a aprovação, todo este dossier que foi preparado irá ser enviado para a ERSA, a entidade reguladora das águas. Essa entidade tem depois um prazo, que serão trinta dias uteis, para responder ao pedido de parecer sobre a constituição desta empresa intermunicipal. Depois do parecer emitido pela ERSA, serão incorporadas ou não as sugestões que ela venha a propor. Depois de serem incorporadas , voltar-se-á às reuniões de câmara e às reuniões de Assembleia Municipal para aprovação. Esta tornará as câmaras habilitadas para a constituição formal de uma empresa. Para a constituição formal de uma empresa, esta tem que se sujeitar a um visto prévio do Tribunal de Contas. Este também terá trinta dias uteis para se pronunciar. Almeida Henriques disse que acreditava que esses trinta dias uteis seriam cumpridos. Só depois do visto do Tribunal de Contas é que estarão em condições de iniciar, digamos, formalmente a empresa. Esta ficará constituída pós a reunião da câmara. A entrada de funcionamento da empresa, faz sentido que só ocorra depois de que, efectivamente, todas as circunstâncias estejam verificadas. Os ativos passaram para a empresa, o capital social terá que ser realizado pelos cinco munícipes. A partir de agora será desenvolvido todo o trabalho pelas cinco entidades municipais.
O Dr. Almeida Henriques a finalizar disse que estiveram na presença de uma toalha de bordados de Tibaldinho, uma preciosidade regional e nacional.
A seguir, o Dr. Elísio Oliveira encerrou a sessão, agradeceu a presença de todos os que estavam naquele local, acrescentando que o tema apresentado será desenvolvido nos diferentes municípios. Entretanto, convidou os presentes para um Dão de honra, produto da região, para assinalar o fim desta reunião. Agradeceu com um : “Muito obrigado a todos.”

AGORA É A NOSSA VEZ DE COMEMORAR O 3.° ANIVERSÁRIO DO PROJETO DOU MAIS TEMPO À VIDA 2017/2020

O grupo de voluntariado da Liga Portuguesa Contra o Cancro de Mangualde, para o ano de 2020 tinha um vasto programa com artistas nacionais.  Devido à pandemia Covis19 que se abateu sobre todo o Mundo, e por orientação da Direção Geral de Saúde tivemos de cancelar todas as atividades previstas para a Cidade de Mangualde em prol da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
Mas como somos persistentes e como não podemos parar, sem aglomeração sem  ajuntamentos e cumprindo as regras impostas pela DGS, vamos celebrar o 3.° Aniversário do projeto Dou Mais Tempo à Vida “2017/2020”. Em 2017 este grande projeto da Liga Portuguesa Contra o Cancro, envolveu 22 equipas de todo o concelho de Mangualde e juntou cerca de 360 voluntários. Durante três meses levamos a palavra Cancro a todo o Concelho com várias ações de sensibilização, várias caminhadas e outros desportos, jantares, almoços, ouve de tudo um pouco. 
Este ano estamos a vender t-shirts e temos umas rifas a vender com 5 bons prémios. 
1.° Prémio - Uma tela pintada à mão 1,40×70
2.° Prémio produto Queijaria Vale da Estrela. 
3.° Prémio Cabaz alimentar, Joia da Beira.
4.° Prémio jarra pintada à  mão, Câmara Municipal de Mangualde. 
5.° Prémio uma t-shirt Liga Portuguesa Contra o Cancro. 
Quero pedir a todos os interessados que colaborem com o grupo de voluntariado pois estão a ajudar pessoas com doenças oncológicas através da LPCC.
Informar que quem tiver ou quem comprar a t-shirt da LPCC, pode fazer a sua caminhada tirar uma foto e enviar para manuelmarques67@gmail.com ou WhatsApp 918705261
Todos aqueles que quiserem fazer parte do nosso mural de fotografias ao fazerem as publicações das vossas fotos no facebook utilizem a hashtag #DouMaisTempoAVidaMangualde2020, para que possamos fazer um vídeo ou mural com todas as fotos das gentes de Mangualde a publicar nas redes sociais e na página da Liga Portuguesa Contra o Cancro. 
Sorteio das rifas no dia 1 de agosto pelas 21.00h na sala da Liga. 
Também agradeço em nome dos voluntários e da Liga Portuguesa Contra o Cancro a todas as firmas e particulares que nos ajudaram neste pequeno grande evento. 

ANO LETIVO 2020/2021 JÁ TEm DATAS

GOVERNO APRESENTOU TAMBÉM MEDIDAS PARA O REGRESSO ÀS AULAS
De acordo com informação do Ministro da Educação, o próximo ano letivo deverá começar entre os dias 14 e 17 de Setembro.
No anúncio feito pelo Ministro da educação, foi sublinhada a importância de reforçar as aprendizagens dos alunos. O número de aulas foi alargado foram preparados três cenários: presencial, misto e não presencial, «sendo que a regra é o presencial». O regime misto funcionará «única e simplesmente em situação contingencial».
Todos os alunos vão regressar às escolas, o ano lectivo vai ser mais longo, com as pausas na Páscoa e no Natal a serem menores. Todos os alunos e professores devem usar máscara obrigatória, cumprindo uma distância de 1,5 metros nas salas de aula.

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MANUAIS ESCOLARES 2020/2021
No dia 16 de junho de 2020 foi publicado o Despacho nº 6352/2020 com as alterações de procedimentos relacionados com os manuais gratuitos, nomeadamente nos prazos no que concerne ao carregamento de dados nas plataformas e ao circuito de reutilização.
Segundo o Despacho nº 6352/2020 da Secretaria Geral da Educação, as datas de início de emissão de vouchers para o próximo ano letivo são as seguintes:
3 de agosto:
- para os alunos de todos os anos de escolaridade de continuidade
(2º, 3º, 4º, 6º, 8º, 9º, 11º, 12º anos)

13 de agosto:
- para os alunos dos restantes anos de escolaridade (1º, 5º, 7º e 10º anos)

PROTOCOLO ENTRE MunICÍPIO DE MANGUALDE E ALTICE PORTUGAL COBERTURA DE FIBRA ÓTICA NO CONCELHO ULTRAPASSARÁ OS 95%

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Decorreu na manhã do passado dia 2 de julho, a cerimónia de assinatura de protocolo entre a Câmara Municipal de Mangualde e a Altice Portugal, no Salão Nobre do Município. A cerimónia contou com a presença de Elísio Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Mangualde e Luís Alveirinho, Chief Technology Officer da Altice Portugal.
Com a assinatura deste protocolo reforçou-se o investimento da Altice Portugal em infraestruturação de fibra ótica, assim como de redes com a Câmara Municipal de Mangualde. Estima-se que, no prazo de 6 meses, a cobertura de fibra ótica no concelho de Mangualde ultrapasse os 95%.
Elísio Oliveira destacou que “este investimento em redes de comunicação de nova geração e a oferta de serviços baseados em redes de banda larga são cruciais para o desenvolvimento da economia local, para o aumento da competitividade do território e para a fixação de pessoas. Reforçam-se os fatores de atratividade do investimento e dão-se melhores condições para as atividades industriais, mas também o turismo rural pode-se projetar muito em termos digitais, ou projetos agrícolas com tecnologia incorporada que precisam de controlo remoto, ou para o desenvolvimento do teletrabalho que requer boas condições de comunicação. Também as famílias, tantas vezes dispersas, reforçam assim a sua conetividade.”

A PRODUÇÃO DE MIRTILOS NO CONCELHO DE MANGUALDE

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A produção de frutos vermelhos, particularmente o Mirtilo tem vindo a crescer substancialmente no concelho de Mangualde.
Para conhecermos e darmos a conhecer aos nossos leitores como se desenvolve a produção destes pequenos frutos, que nesta época do ano criam muitos postos de trabalho, falámos com Rui Costa, Presidente da COAPE, cooperativa que detém a fileira do Mirtilo no concelho e é já uma referencia no estrangeiro.
RENASCIMENTO - COAPE, Cooperativa Agro-Pecuária dos Agricultores de Mangualde. Como é que se constituiu e desenvolveu em Mangualde?
RUI COSTA - A COAPE vem no seguimento da antiga cooperativa dos olivicultores de Mangualde, que foi assim que se chamou inicialmente e, também da posterior fusão que os grémios da lavoura tiveram com as cooperativas, em 1978. Nesse ano, é constituída a COAPE e em 1979 a cooperativa dos olivicultores entra nela como uma secção. O grémio da lavoura entra igualmente como outra secção. Seriam posteriormente a secções da COAPE, como a secção de compra e venda. A secção de olivicultores da COAPE ainda existe, no ponto de vista estatutário, mas é uma secção muito pouco ativa, tem poucos associados já ligados à secção e enfim não há grandes expectativas de que possamos vir a reabilitar, para já. Mas é assim que surge a COAPE em 1978.

RENASCIMENTO - Quais são as suas principais atividades? Desapareceu praticamente a olivicultura, mas vão surgindo outras?
RUI COSTA - Entretanto, em 1978 é constituída a COAPE com duas secções, a secção de compra e venda que era o antigo grémio da lavoura e a secção de olivicultores, foi assim durante muitos anos, até que eu e a minha equipa entramos nesta cooperativa, no ano de 2010. A partir daí nós constituímos uma cooperativa multi setorial, com a criação de novas secções, nomeadamente a secção dos pequenos frutos que é a Mberrys, a secção centro de inovação e desenvolvimento que é a CIDECA e também, agora, recentemente, a secção de OPleite para a recolha e produção de leite de ovelha de raça bordaleira. Portanto, criamos estas 4 novas secções com as quais estamos a trabalhar intensamente. Conseguimos catapultar esta cooperativa para uma dimensão nacional e internacional, através da Mberrys, mas, igualmente, da formação. Nesta dimensão, somos uma entidade certificada no âmbito dos cursos do setor primário, aplicador de fitofármaco, manobrador de maquinas agrícolas, produção integrada, em todas as áreas ao setor.

RENASCIMENTO - Fez referência à intervenção da COAPE nos Mberrys, que é a produção do Mirtilo. Como é que a COAPE realiza essa intervenção ?
RUI COSTA - Esta fileira vem no seguimento daquilo que foi um trabalho de prospeção e investigação por parte, em 2012/13 , da direção da nossa cooperativa. Fizemos várias incursões ao estrangeiro no sentido de perceber o que é que era isto da produção dos pequenos frutos, pois, conhecíamos, aqui, a realidade de Sever do Vouga, bem próximo de nós. A aqual tinha uma fileira que era bastante interessante, da qual as pessoas falavam muito bem. Entretanto, a nossa primeira preocupação foi a da questão do escoamento, como é que poderiamos escoar uma produção que apontávamos para a proximidade das mil toneladas ano. Conseguimos faze-lo através de um protocolo com uma entidade que está situada no sul de Espanha, a Euroberrys. Esta garantia-nos todo o escoamento da produção. A partir daí, promovemos e desenvolvemos a fileira, a qual foi sustentada no antigo programa do PRODER, do quadro comunitário. Captamos imensos jovens, sobretudo jovens agricultores, os quais fizeram as suas candidaturas para a instalação dos seus projetos e exploração dos mirtilos.

RENASCIMENTO - Onde é que a COAPE possui, no concelho de Mangualde, os terrenos para a sua produção?
RUI COSTA - A COAPE é o elo de ligação dos seus produtores. Nós, a COAPE, efetivamente, não tem nenhuma exploração direta de Mirtilos. Todos os campos de Mirtilos pertencem a jovens agricultores e a projetos, entretanto a COAPE já adquiriu algumas explorações de jovens que foram abandonando, as quais, hoje, são propriedade dela. Os ativos dessas explorações já são propriedade da COAPE.

RENASCIMENTO - Quais são as espécies de cultivares de Mirtilo que utilizam na produção de Mirtilo?
RUI COSTA - Nós tivemos a preocupação de acautelar alguns problemas que pudessem vir a surgir posteriormente, nomeadamente a questão da mão de obra que é um fator fundamental para o sucesso da fileira, então, com base no knowhow dos nossos parceiros foi-nos sugerido que os nossos campos fossem todos montados para termos três variedade, as precoces, as intermédias e as tardias. Este processo permite-nos que a produção não se fixe toda num tempo estreito, num período muito estreito de tempo, e, portanto, consegue-se levar a produção dos finais do mês de maio até finais do mês de setembro. Dividimos o campo em precoces, intermédias e tardias. Assim, surgem, em primeiro lugar, as precoces, com variedades de Duke Legacy, Draper, Blue Crop. Todas elas são variedades precoces, que significa que são as primeiras a ter fruta madura. Depois seguem-se as intermédias, que são a Ozarkblue, Liberty, Chandler e Brigita. Finalmente, as tardias que são a Centrablue, Aurora, Lastcol, Ochoclok, quer dizer há uma panóplia de variedades.

RENASCIMENTO - Os rendimentos são os mesmos, ou variam de cultivare para cultivare?
RUI COSTA - Varia muito. O mercado paga a fruta à semana. É tipo de uma bolsa que existe na europa e que estabelece o preço de mercado. Por isso, nós vamos tendo conhecimento do preço que se vende à semana. Sabemos que há períodos em que a fruta é muito mais bem paga do que outros e portanto tivemos o cuidado de distribuir a produção por todo este período.

RENASCIMENTO - Porquê?
RUI COSTA - Porque a cadeia comercial exige fruta todo o ano. Não exige fruta só uma ou duas semanas, portanto, o que eles querem é ter fruta todo o ano e quanto mais fruta tiverem melhor.

RENASCIMENTO - Em referência ao que está a dizer, captamos que a produtividade do Mirtilo está de acordo com o tipo de terreno e de temperatura, mas, sempre, com o objetivo de o manter durante um período alargado de tempo? É verdadeira esta conclusão?
RUI COSTA - Certo, sim! Mas estes cultivares são tudo Mirtilos do norte, chamam-se Highbush, significa que são tudo plantas que têm que ter no mínimo 700 horas/800 horas de frio. Isso significa que no período anterior tem que se desenvolver com 700 horas de temperaturas abaixo dos 7 graus. Essas plantas, aqui, dão-se muito bem. Nós temos essas temperaturas. Temo-las de dezembro até fevereiro. Há muitas noites em que há temperaturas abaixo de 2o, 3o, 4o e, portanto, cumprimos essa exigência e temos, também, um terreno correto para isso com PH muito estável nos valores de 5.5, o que é o ideal para a produção desta fileira. Mais: o fundamental é ter água, porque é uma planta que consome muita água.

RENASCIMENTO - Qual é a quantidade de água?
RUI COSTA - Estamos a falar num pico de 4 litro de água por planta/dia.

RENASCIMENTO - A produção das referidas plantas têm aumentado de ano para ano ou está estacionária?
RUI COSTA - Sempre a aumentar, todos os anos. De ano para ano estamos a aumentar, felizmente. Estamos a aumentar quer em número de cooperantes quer em quantidade de volume de produção por ano, o que é bom para a fileira, porque ganhamos aqui alguma escala. Esta traz-nos alguns benefícios nos termos da redução de custos. Essa é a lógica, trabalharmos em escala, em cooperativa, de forma a podermos baixar custos de produção, porque aí é que está o nosso ganho.

RENASCIMENTO - Em que quantidades de produção podemos falar?
RUI COSTA - Podemos falar em média, 10/12 toneladas por Ha.

RENASCIMENTO - E quantos hectares é que têm?
RUI COSTA - Nós temos aproximadamente perto de 100 hectares.

RENASCIMENTO - Já é entusiasmante a produção?
RUI COSTA - Já! Já é muito bom. A nível nacional, temos grande destaque, grande relevo na produção de Mirtilo. A nível internacional, não. Conhecemos agricultores, que só eles têm a área toda, a que atrás citei, de produção de Mirtilos. Esta situação verifica-se em Espanha e Polónia.

RENASCIMENTO - A produção estendeu-se nos últimos anos no concelho de Mangualde a outros produtores?
RUI COSTA - Sim.

RENASCIMENTO - São muitos os produtores de Mirtilo?
RUI COSTA - São. São muitos de facto.

RENASCIMENTO - Desenvolve uma boa relação, enquanto Presidente da direção da COAPE, com os produtores de Mirtilo? As coisas estão a funcionar bem?
RUI COSTA - Falamos de jovens agricultores, os quais apresentam os seus projetos, e têm o apoio da COAPE. Esta mantém a liderança associativa ou cooperativa como lhe queiramos chamar. Essa relação tem boa eficácia, está bem no terreno.

RENASCIMENTO - Não há conflitos, não há desinteresses?
RUI COSTA - Vamos lá ver. Nós estamos num patamar de exigência, no ponto de vista da produção desta fileira, muito elevado.

RENASCIMENTO - O que é quer dizer?
RUI COSTA - Muitas das vezes, os conflitos que surgem têm muito a ver com algum amadorismo que muitos dos nossos produtores têm. Eu, nomeadamente, sou também produtor de Mirtilos, mas, no meu ponto de vista, considero-me amador. Às vezes, sinto que tinha que me dedicar com mais intensidade e com mais profissionalismo à exploração de Mirtilos. Esta auto-perceção que eu vivo, acontece com todos ou quase todos os nossos cooperantes. Temos muito bons produtores, já muito profissionalizados , e os que têm isto como um hobby de vida, dedicando-se a tempo inteiro à produção. A maioria é uma segunda atividade. Portanto, daí é que surgem os conflitos, nomeadamente , com o ponto de vista de exigência, das certificações, da qualidade da fruta. Com todos esses requisitos, mas que, em relação aos quais, vamos, ano após ano, melhorando. Ultrapassamos, assim, as nossas próprias dificuldades. Trabalhamos, sempre, juntos. Reunimos, várias vezes, com todos os produtores, para identificarmos e sentirmos as nossas dificuldades, de forma a desenvolvermos estratégias comuns para as ultrapassarmos.

RENASCIMENTO - Tem havido muitas desistências?
RUI COSTA - Não. As desistências que tem havido é exatamente por consequência daquilo que acabei de lhe dizer, pois, muitos deles não conseguem acompanhar o ritmo dos outros, ao nível da aplicação e das exigências de certificação . Dos planos de fertirega, de todo este trabalho que está associado à produção. Ao não acompanharem, dizem: “...não aguento, prefiro sair” Perceba-se, para estarem connosco têm que trabalhar com determinado caderno de encargos, para ter qualidade, para ter sucesso, tem que ser assim. Doutra forma, vale mais não estarem connosco e procurarem outras respostas, que há aí “fora”, para escoarem a sua fruta.

RENASCIMENTO - É nessa, ou através dela, atitude que vocês estabelecem a vossa relação com os produtores de Mirtilo?
RUI COSTA - É. É nessa atitude.

RENASCIMENTO - Podemos afirmar de acordo com o que nos está a partilhar connosco que há muitos produtores de mirtilo em Mangualde?
RUI COSTA - Sim, podemos afirmar. Há muitos produtores de Mirtilo, no concelho de Mangualde.

RENASCIMENTO - A COAPE teve alguma influência nesse processo?
RUI COSTA - Teve toda a influência, aliás, a fileira foi lançada por nós, COAPE, e, felizmente, que o fizemos. Entretanto, já apareceram muito mais organizações, ligadas ao Mirtilo.

RENASCIMENTO - No concelho de Mangualde?
RUI COSTA - Sim, sim, no concelho de Mangualde e que tiveram como génese a COAPE. A COAPE esteve na génese de todo este impulso, o da região centro.

RENASCIMENTO - Há competitividade com essas organizações e/ou há, também, uma relação de convívio?
RUI COSTA - Não, há uma boa relação entre a COAPE e os outros colegas, os ligados ao setor do escoamento do Mirtilo. Não, não há conflitos nenhuns, até pelo contrário, sempre que precisamos uns dos outros, estamos disponíveis para resolver problemas. Nos quais, às vezes, há dificuldades de escoamento, por um motivo ou por outro. Contudo, há, sempre, uma abertura entre todos.

RENASCIMENTO - Em relação à exportação do produto, a maioria é exportada?
RUI COSTA - O produto é 100% exportado.

RENASCIMENTO - Como é que vocês fazem a seleção do produto? Qual foi a estrutura que criaram para desenvolverem esse processo?
RUI COSTA - Numa fase inicial, tínhamos uma estrutura amadora. No entanto, felizmente, o território de Mangualde tem, outra grande cooperativa, que é a cooperativa agrícola de Mangualde, mais conhecida por estação fruteira de Mangualde ali na zona de Moimenta de Maceira Dão. No sentido das boas relações que temos com todas as cooperativas do nosso território, que aqui sublinho, criamos um protocolo com a cooperativa agrícola de Mangualde, para podermos usufruir das suas infraestruturas, para localizar lá o nosso centro de processamento.

RENASCIMENTO - O que é constitui o centro de processamento?
RUI COSTA - É o local onde os nossos produtores entregam a fruta colhida. Agora, durante todos estes dias, desde a ultima semana de maio, temos todos os dias os produtores a entregar fruta na cooperativa agrícola de Mangualde, no nosso centro de processamento.

RENASCIMENTO - Como é que se organizou esta situação?
RUI COSTA - Nós protocolamos com eles, com a cooperativa agrícola de Mangualde, disponibilizaram-nos 4 câmaras de frio e nós trabalhamos nessas 4 câmaras de frio o nosso centro de processamento durante 3 meses, 3 meses e meio. Achei por bem fazê-lo, porque entendo que devemos partilhar as sinergias, que temos, uns com os outros, e não andarmos aqui a alavancar novas estruturas, novos investimentos no território, sabendo que existem boas condições de trabalho. Por isso, tivemos que chegar só a um entendimento, que foi o que aconteceu. Estabelecemos um entendimento com a cooperativa da maçã, com a utilização de um dos seus edifícios, onde trabalhamos o nosso processamento, o do Mirtilo. Portanto, a primeira fase é a fase da colheita em campo, no qual os produtores têm que reunir os seus colhedores de fruto. Aí é dada uma formação, a todos, no sentido de saberem quais são a regras e de que forma e em que condições se pode colher a fruta. A partir daí, o produtor, sempre que recolhe a fruta, imediatamente trá-la para as câmaras de frio. Ao entrar nas câmaras de frio, a fruta é colocada numa máquina processadora. É um investimento nosso, que realizamos, recentemente, com custos na ordem dos 400 mil euros. É uma máquina que faz seleção do fruto, através de dois sorter’s, um faz com base na cor. Se não estiver azul, significa que o Mirtilo não está madura. O outro seleciona com base na dureza do fruto. Faz essa escolha, a pesagem, o embalamento no formato que o cliente quer. Ora, nós processamos, embalamos, colocamos o rótulo do cliente final, se vai para o Reino Unido , para França, ou se vai para a Holanda. No final, paletizamos. E às segundas, quartas e sextas vêm sempre os camiões carregar as paletes de fruta, que levam para o destino final.

RENASCIMENTO - Essa estrutura, constitui uma unidade de seleção de produto?
RUI COSTA - Sim, seleção, armazenamento, paletização.

RENASCIMENTO - Há todo um conjunto de pessoas que dão apoio a todo esse processo, com a participação de técnicos especializados?
RUI COSTA - Sim, temos duas engenheiras agrónomas a trabalhar diariamente na secção dos Mirtilos, durante todo o ano.

RENASCIMENTO - E do resultado desse trabalho, surge algum feedback dos produtores?
RUI COSTA - Eu considero que o feedback que recebemos é muito positivo, porque se não fosse assim não tínhamos gente a querer entrar todos os anos para a nossa fileira. Temos, cada ano que passa, mais candidatos a quererem nela entrar. Essa atitude, segue-se ao feedback muito positivo que temos e que é do conhecimento comunitário. Recebemos o melhor feedback que poderíamos ter. O facto de termos muito pouca gente a abandonar a nossa fileira, é muito importante. Nunca tivemos ninguém a abandona-la porque achasse que a COAPE trabalha mal. Não, saíram porque não conseguem acompanhar o ritmo da COAPE.

RENASCIMENTO - Podemos falar de uma cooperativa de produtores de Mirtilos?
RUI COSTA - Não, não, porque a grande massa de associados, não está na Mberrys, está na secção de compra e venda. A secção de compra e venda tem 4900 associados.

RENASCIMENTO - O que é a Mberrys?
RUI COSTA - A Mberrys é a fileira só dos Mirtilos. A COAPE está dividida em secções. Pode ser cooperante só numa secção. Pode ser só produtor de Mirtilos, então só está ligado a esta secção. Por esse motivo, não está ligado aos produtores de leite, não está ligado a secção e compra e venda e não está ligado à secção de formação profissional.

RENASCIMENTO - E os produtores de Mirtilos estão ligados a que secção?
RUI COSTA - Mberrys, pequenos frutos.

RENASCIMENTO - Então, não é uma cooperativa é uma secção da COAPE?
RUI COSTA - É. É uma secção da COAPE.

RENASCIMENTO - E tem futuro essa secção, pode vir a ter futuro?
RUI COSTA - Sim, eu acho que sim, a Mberrys tem muito futuro. Estamos a falar dum fruto que ainda não é comum na mesa dos portugueses, ou no mercado do sul da europa. Os portugueses, italianos, espanhóis, ainda não têm o hábito de comer Mirtilos todos os dias, ao contrário daquilo que os países do norte da Europa, do Canadá, dos Estados Unidos, fazem. Estes consomem diariamente Mirtilos há muitos anos. Nós é um produto, em que a procura aumenta de ano para ano, mas também a oferta aumenta de ano para ano. Há muitos países a produzirem Mirtilos. Aqui, os nossos vizinhos espanhóis, italianos, polacos, estão a investir muito na produção de Mirtilos . Constituem, assim, os nossos grande concorrentes.

RENASCIMENTO - Será que isso tem a ver também com a temperatura e tipo de solo desses países?
RUI COSTA - Tem a ver com a janela de oportunidade. Constatamos que o mercados dos pequenos produtos está instalado em termos de planeta. Temos uma produção no hemisfério sul, que vai de dezembro, janeiro, fevereiro, a qual, nessa altura, produz e fornece todo o mundo. Depois, temos o mercado do norte de África/Marrocos, e o sul de Portugal e sul de Espanha que também entram nesta etapa, influenciados pelo clima, pois, conseguem ter produções, logo, no início de março. Nesse mês, já temos o Algarve, a Costa Vicentina e o Alentejo a produzir Mirtilio. A seguir, a partir de junho entram os países da Europa. O norte de Portugal, o norte de Espanha, a Polónia e a França. Todos os países que estão mais a norte tem as produções nesta janela de oportunidades. Nós temos aqui um fator positivo, o de conseguimos levar a fruta até finais de setembro, princípios de outubro, o que já não acontece com a Polónia, que tem temperaturas muito baixas e, portanto, já não consegue ter essa produção nessa época. Nessa opção , nós, ainda, conseguimos manter a produção de Mirtilo. Constitui-se, assim, como um fator determinante no preço, porque nessa altura do ano não há muito Mirtilo

RENASCIMENTO- Portugal está a competir , a nível da Europa, com que países?
RUI COSTA - Com a Espanha, com a Polónia e também, a Itália.

RENASCIMENTO - Pode dizer-nos alguma coisa sobre o Mirtilo português? Os cultivares podem ser os mesmos? O produto final é o mesmo, verdadeiramente, do que é produzido, por exemplo, numa Polónia?
RUI COSTA - Vamos ver, depende das variedades. Nós trabalhamos com um grupo que é o maior player mundial de Mirtilos, que é a SAT hortifrut. Uma entidade chilena que domina o mercado do Mirtilo. Não é da framboesa, é só do Mirtilo. Tem variedades próprias do grupo. Nós sabemos, no caso SAT hortifrute e da Driscoll`s, outro grande player nos frutos vermelhos, produzem as próprias variedades, têm o royalti da variedade.

RENASCIMENTO - Essas empresas são chilenas?
RUI COSTA - Uma é do Chile, a SAT hortifrut, a outra, a Driscoll`s, é americana, e, portanto, são os grandes players mundiais na área dos berryes. Eles têm berryes todos os dias do ano. Há uma altura em que somos nós, Portugal, que estamos a alimentar essa industria. Somos nós que estamos a produzir e eles é que estão a vender. E há-de haver uma altura que é Marrocos, outra altura que é o Brasil. Outra há-de ser a Argentina, o México, o Perú. Eles têm várias explorações, por todo o Mundo. Muitas das explorações são próprias deles. Portugal é aqui um nicho, em que eles nos acolheram. E sendo uma cooperativa com pequenas áreas, mas muitos produtores. Em contraste, eles são poucos produtores com grandes áreas. Todos com quintas de 200, 300, 1000, 1500 hectares. Nós estivemos, nos Estados Unidos da América do Norte, numa quinta, com 1500 hectares, situada na Califórnia. Tem temperaturas idênticas às nossas. Tem lá a Universidade Orgon, a qual tem uma maiores especialistas do mundo de Mirtilos, que é a Drª. Bernardine. Nós tivemos o privilégio de termos a sua presença no Sétimo Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo, que se realizou em Mangualde.

RENASCIMENTO - Esse encontro realizou-se em Mangualde. Em que data é que aconteceu?
RUI COSTA - Foi há dois ou três anos atrás. Foi no complexo paroquial, foi qualquer coisa de extraordinário, estava a sala completamente a abarrotar.

RENASCIMENTO - Com esse evento, constata-se, hoje, alguma melhoria na vossa própria capacidade de resposta, de mobilização de liderança?
RUI COSTA - Sem dúvida. Repare que nós no patamar em que nos situamos, hoje, temos a facilidade de falar com os melhores especialistas do mundo de Mirtilos. Nós quando temos problemas e os queremos resolver temos a felicidade de ter essas portas abertas, seja no EUA, seja no Chile, seja em Espanha, seja em Itália. Trabalhamos com eles, para percebermos as dinâmicas da evolução do Mirtilo, nos seus diversos sectores, desde a sua produção até à comercialização.

RENASCIMENTO - A evolução do Mirtilo no concelho de Mangualde deve-se a essencialmente a que os fator ou factores?
RUI COSTA - Dois grandes fatores. O primeiro, foi o grande impulso da COAPE, ao lidwerar um projeto inovador na região. O segundo, muito grande, foi o facto dos projetos do Mirtilo serem financiados pelo PRODER.

RENASCIMENTO - Não tem, também, a ver com a própria capacidade de adaptação ambiental do próprio Mirtilo?
RUI COSTA - Sim, também tem. Nós temos outras culturas que, igualmente se dão aqui lindamente, mas que ainda não deram o impulso verdadeiro de implementação e afirmação.

RENASCIMENTO - O debate do Mirtilo é muito interessante?
RUI COSTA - Sim, é muito interessante. Eu diria que é uma fileira que vai crescer muito, vai-se profissionalizar. Os que ficarem como produtores, vão-se profissionalizar, vão aumentar as suas áreas de exploração. Uma grande parte vão desistir, vão ficar apenas como amadores. Este é o caminho que tem que ser feito. temos que levar isto muito a sério, porque o mercado é muito exigente. É muito negativo para nós, quando trabalhamos para exportação, mandamos 10 paletes de Mirtilo para França e depois serem devolvidas, porque não têm qualidade. Ninguém quer isso e, portanto, temos que ser muito rigorosos, muito exigentes. As pessoas têm que perceber isso. Nós trabalhamos num modo de cooperativa, em que se divide os custos e as receitas. Tudo é partilhado com os produtores. Se andarem, aqui, três ou quatro a estragarem, todos serão penalizados por esses mesmos três ou quatro. Portanto, essa situação, funciona um bocado como pressão sobre as pessoas, de forma a serem mais exigentes com e no seu trabalho e não estragarem o dos outros, com os seu desleixo. Toda a gente, de acordo com um padrão tipo de acção-pensamento “tem que sentir que tem que trabalhar”, porque o produto é resultado da participação nele de toda a gente. Por isso, há que rentabilizar os custos da rentabilidade interativa, ou mais propriamente, a cooperativa. Há essa lógica, que na base é de cooperação. Assim, nós não pagamos à semana, nós pagamos à média da campanha, porque sabemos que há semanas que o Mirtilo tem o preço muito baixo, mas há semanas em que o Mirtilo tem o preço muito alto, portanto, se nós fossemos pagar à semana havia semanas que ninguém queria, perdia dinheiro.