Arquivo mensal: Novembro 2020

Mangualde aderiu ao “Projeto Adélia”: Plano Local para a Promoção dos Direitos das Crianças e Jovens


Parceiros da Rede Social ouvidos em reunião da CPCJ de Mangualde no Salão Nobre da Câmara Municipal.
Decorreu, no passado dia 6 de novembro, uma reunião de trabalho promovida pela CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens) de Mangualde, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Mangualde, para auscultação de parceiros da Rede Social, no âmbito da elaboração do Plano Local para a Promoção dos Direitos das Crianças e Jovens, inserido na adesão desta Comissão ao “Projeto Adélia”, Projeto de Parentalidade Positiva promovido pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens.
Esta reunião visou a auscultação dos parceiros presentes sobre as suas perceções e os problemas que afetam as crianças e jovens do Concelho, mas também sobre possíveis estratégias a serem implementadas no sentido de combater/atenuar estas problemáticas, tendo como objetivo último a promoção dos direitos e a igualdade de oportunidades, na prossecução do superior interesse da criança/jovem.

Mangualde e a modernização da Linha da Beira Alta


A Linha da Beira Alta, que passa pela Cidade de Mangualde, é a principal ligação ferroviária à Europa.
Faz parte da Rede Transeuropeia de Transportes, integrando o Corredor Ferroviário de Mercadorias n.º 4.
Esta importante linha de Caminho de Ferro, inaugurada em 1882, há 142 anos, liga a Estação da Pampilhosa, na linha do Norte (Lisboa / Porto) e Vilar Formoso, estação fronteira com a Espanha, numa extensão de 202 Kms. É um linha de via única, alguns troços duplicados, de bitola Ibérica e últimamente electificada. Ao longo da linha tem 12 túneis e várias pontes e a sua construção beneficiou uma Região de forte densidade populacional, um grande número de indústrias, fiação e tecelagem, mercadorias agrícolas, gado e vinho.
Mangualde deve o seu incremento ao caminho de ferro e ao escoamento para o País e para a Europa dos lanifícios reunidos nos seus armazéns, que praticamente desapareceram.
Diminuiu bastante nos nossos dias o movimento de combóios nesta importante linha, mas em 1996 era de 30 comboios de passageiros e mercadorias por dia.
Passam nesta linha e com paragem obrigatória na Estação de Mangualde , os dois comboios mais importantes do País, o “Velhinho” “Sud Express”, que liga Lisboa a Paris e o “Lusitânea Express”, ligando Lisboa a Madrid.
Após promessas, ainda não cumpridas, de recuperação da “Ferrovia”, que representa o futuro na mobilidade, foi anunciado o projecto prioritário que visa reforçar a ligação do Norte e do Centro de Portugal com a Europa por Caminho de Ferro, utilizando a Linha da Beira Alta. O objectivo é viabilizar um transporte ferroviário de mercadorias eficiente, potenciando o aumento da competividade da economia nacional.
Todo este programa e as respectivas empreitadas de modernização têm uma taxa de confinamente de 85% através dos Programas Europeus.
Uma grande oportunidade que não se pode perder.
Este vasto Programa inclui a criação de uma ligação directa entre a Linha do Norte e a Linha da Beira Alta, na Estação da Pampilhosa.
Troço Pampilhosa / Santa Comba Dão ( 34Kms)- 80 milhões de Euros. Santa Comba Dão / Mangualde (40 Kms) - 112,2 milhões de Euros.
Alterações nas Estações de Mortágua, Gouveia e Fornos de Algodres para cruzamento de comboios com 750 metros de comprimento. Entre Mangualde e Celorico da Beira (34 Kms), modernização do troço ferroviário, com requalificação integral - (103 milhões de Euros).
Está prevista a supressão da passagem de Moimenta / Alcafache e construído um desnivelamento.
Com todos estes investimentos na melhoria da Linha da Beira Alta, pretende-se potenciar o transporte ferroviário nas ligações inter-regionais e Espanha.
O Concelho de Mangualde tem o que outros gostariam de ter, mas não têm. Por isso os responsáveis políticos, os futuros, já que breve vamos ter eleições autárquicas, devem ponderar como se vão posicionar perante este novo panorama.
Mangualde, desde há muito que pode e deve ser, uma plataforma logística, da Região já que dispõe de infra-estuturas especiais para o poder ser.
Para isso precisa de ter à frente dos seus destinos pessoas determinadas, com visão estratégica, verdadeiro espírito de empreendedor.

União de Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta cria plataforma digital de comunicação com os cidadãos


A Junta da União das Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta criou uma plataforma digital, disponível no seu site, separador “Balcão Virtual” que vem permitir que, à distância de um clique, os cidadãos possam interagir com os serviços da Junta de Freguesia.
Segundo esclareceu Marco Almeida, presidente da Junta de Freguesia, problemas como, limpeza de espaços públicos; manutenção de caminhos; falhas na iluminação pública; solicitação de Apoio Social; requisição dos serviços da Oficina Social Domiciliária, reportar ocorrências, solicitar reuniões; apresentar sugestões e requerer diversos documentos, poderão ser realizados na plataforma.
A vantagem da ferramenta é evitar deslocações por parte dos cidadãos aos serviços da Junta de Freguesia, além de permitir uma maior eficiência e agilidade na resposta e acompanhamento das situações.
Para os cidadãos que não possuam recursos digitais estão disponíveis as linhas telefónicas habituais, assim como o atendimento presencial.

MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE ACESSO ÀS UNIDADES DE SAÚDE EM MANGUALDE


Foram melhoradas as condições de acesso e espera às duas USF’s de Mangualde: USF Terras de Azurara e USF Mangualde .
Pelo Municipio de Mangualde, foram instaladas tendas nos respetivos acessos para melhor comodidade dos utentes durante o período de espera e de acesso aos serviços.
A situação em que os utentes eram “obrigados” a permanecer enquanto esperavam a chegada da sua vez de atendimento, na rua à mercê das condições climatéricas que se fizessem sentir (frio ou calor), vinha à muito a ser reclamada.
Na USF Terras de Azurara as tendas foram providenciadas pelo Municipio de Mangualde e no caso da USF Mangualde foram instaladas duas tendas disponibilizadas pela Cruz de Malta, a quem o Municipio de Mangualde agradece este espirito de colaboração.

EDITORIAL Nº 786 – 1/11/2020

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As próximas eleições autárquicas
Estamos a um ano das próximas eleições autárquicas.
O que significa que são quase depois de amanhã. O tempo passa veloz e a realidade não tira férias.
Todos nós gostariamos de ver Mangualde numa perspectiva de grande futuro e por isso dou grande valor às próximas eleições, que já mexem e estão à porta.
Ninguém poderá adivinhar o futuro, mas seguindo o raciocínio do escritor Evelyn Wang – “ as únicas certezas que possuimos são as do passado”. E o passado não foi brilhante!...
Todos nós sonhamos! Mas, o sonho faz parte da vida, já o dizia Fernando Pessoa nos seus poemas: -” O Homem sonha e a obra nasce”.
E, é exactamente neste ponto que eu criei grandes espectativas para o Concelho de Mangualde.
Esta nossa Cidade de Mangualde, foi sempre um local estratégico, um centro de distribuição dos tecidos fabricados na Região da Serra da Estela, que fica ao lado, criando grandes armazéns de lanifícios, que hoje estão extintos, ou em via de extinção, de onde eram distribuídos para Portugal e para o mundo. E, o Caminho de Ferro, que passa na cidade, não era estranho a esta distribuição.
Sejamos lúcidos, verdadeiros e concluamos que deste passado brilhante já quase nada resta.
Por isso, o Concelho tem que procurar novas formas de progressão. Servida pela Auto- Estrada A25, que em boa hora substituiu a velhinha e sinuosa Estrada N.º 16 e mais recentemente o IP5, Mangualde está ligada ao País e ao Mundo, o que não acontece com outras cidades, que gostariam de ter, mas não têm esta grande oportunidade.
Mangualde é ainda servida por uma linha de Caminho de Ferro, internacional, onde passam os dois comboios mais importantes do País, o Sud Express que liga Lisboa a Paris e o Lusitânia Expresso que liga Lisboa a Madrid e com paragem obrigatória em Mangualde.
Situa-se em Mangualde a segunda maior empresa de montagem de automóveis, a PSA- Citroen-Peugeot, cuja importância está relacionada com o desenvolvimento da Cidade e da Região.
Mangualde pertence ao reduzido número de cidades, no mundo, que produziu dois automóveis míticos- “o 2CV” e o “ Boca de Sapo”.
Sempre pensei que Mangualde seria uma importante plataforma, ou como agora se diz, um significativo “ Porto Seco” da Região. Tem todas as condições para o ser.
Tomei conhecimento, há dias, que a cidade da Guarda, aproveitando a A25, a A23, a Linha da Beira Alta e a da Beira Baixa e a poucos quilómetros da principal fronteira portuguesa, Vilar Formoso, vai criar uma “plataforma”, ou “ Porto Seco”, para escoar as mercadorias da região. Feliz ideia! É assim que se muda o Interior do País.
Os grandes líderes, os “Homens Grandes”, que ficam na História, são aqueles que conseguem fazer obras difíceis, quase a raiar o impossível, mas estruturais e de futuro.
Não podemos acreditar nos que prometem facilidades, num mundo tão difícil, nos que falam o “politicamente correto”, mas depois, já eleitos, esquecem tudo e todos os que o apoiaram.
A política não pode servir para promoções pessoais, ou de amigos. Não pode basear-se numa suposta democracia que se tem por iluminada, mas muitas vezes ao serviço de objectivos centralistas e pessoais, fruto de conluios, normalmente adversos dos interesses dos cidadãos.
Devemos escolher sempre os melhores, os mais bem preparados, os mais sérios, capazes de cumprirem as promessas que fazem.
A minha curiosidade vai para as propostas dos futuros candidatos à Câmara Municipal de Mangualde.
O que pensam e propõem os futuros candidatos? Os futuros candidatos devem pensar,duas, ou mais vezes nas suas propostas.
Vamos aguardar para ver?...

TÚMULOS DE VIVOS OU QUEM ACODE AOS IDOSOS DA CLASSE MÉDIA?

Humberto Pinho da Silva
A pandemia, que veio da China, abalou o mundo, espalhando: terror e medo, nos povos.
Serviu, porém, para alertar a sociedade, para a situação alarmante de idosos, que vivem, em: lares, asilos e casas de repouso.
Desde longa data venho avisando as condições dramáticas, em que vivem muitos dos nossos maiores, nessas casas sombria, chamadas de: lares.
Grande parte deles, não passam de “ armazéns”, onde os velhos (que só dão trabalho e despesas “,) são depositados, esperando, pacientemente, a chegada da Morte: longe de amigos e da sociedade; e muitos, longe, também, da terra onde nasceram…
A coletividade, em regra, preocupa-se com os jovens; dizem: (e com razão,) serem o futuro…
Quando era moço, também, afirmavam: “que éramos o futuro…” Somos sempre o futuro…. Mas, nunca o presente…
Constrói-se, adapta-se: antigos quartéis, seminários, e até conventos, para acolher estudantes – e bem, – e até quartos de hotéis (em Portugal). E os idosos? o que se faz por eles ?
É inconcebível, que os lares se transformem – neste tempo de pandemia, – em “câmaras de morte “ ou de doença, para as “ nossas queridas “ avozinhas.
Compreendo, que os pais e netos, precisem de ganhar a vida… e, por vezes, os “velhotes “, são também, estorvos para diversões… O asilo é a solução…
O que é o lar? Uma enfermaria? Sim: deveria ser; mas não é. É edifício onde os idosos dormem, em quartos coletivos, sem privacidade. Passam os dias de mantinha sobre os joelhos, a ver (a dormir?) TV; e noites, a meditar na triste sina da longa vida; ou a dormir, à força de medicamentos…
Claro que há residências, que a troco de boas mensalidades e jóia elevada, ficam, os utentes, bem instalados; mas, pode o simples trabalhador, entrar nesses “paraísos”?
Fala-se em subir o salário mínimo (em Portugal) – é uma necessidade, – pois mal dá para viver. Mas, os aposentados?
A classe média (os reformados) ainda antigamente, conseguiam hospedar-se em modestos lares; mas tão esmagada está, que não faltará muito, chegarem todos ao salário mínimo…Esperemos que os responsáveis pela mass-media e a classe politica, abordem o aflitivo e vergonhoso problema, desses “ armazéns”, clandestinos ou não… que existem em muitos países.
Deus proteja os idosos (os “cruelmente descartáveis”, como chama – e bem, - o Papa Francisco, na encíclica “ Frateli Tutti”) para que os governantes, deste mundo, não legalizem a eutanásia, ou simplesmente os leve, para a montanha, para morrerem, como narra a revelha lenda ou história moralista…

REFLEXÕES

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Património cultural 10
Citânia da Raposeira
Quando da estruturação de campanhas de escavações arqueológicas parte-se do princípio que terão de ser encaradas como um trabalho de mérito sob ponto de vista cultural e científico e desenvolver-se num clima de boa cooperação entre os elementos directivos entre si e “trabalhadores” sejam jovens voluntários, sejam contratados . Este relacionamento cordial ajuda a superar os esforços tanto físicos como mentais. No entanto, ao longo dos dias por diversas razões, esse equilíbrio pode sofrer desvios . Entre os jovens podem surgir atritos de vária ordem que exigem compreensão e diálogo permanente tocando por vezes os horizontes da diversão tornando o ambiente mais leve e desanuviado. Em muitos momentos foi precisa uma certa diplomacia para manter o ambiente saudável. Poderiam ser desde quinze a vinte jovens que para lá do trabalho extenuante precisavam de expandir a exaltação da sua adolescência e juventude. “ Numa bela manhã no arranque dos trabalhos vi a alguns metros na orla da escavação um rapazinho muito novo, talvez doze, treze anos, de pé, a olhar para o que se fazia. Achei graça e perguntei-lhe se vinha fazer uma visita tão cedo e se gostava do que via… que sim, eu gosto, mas não sei o que é. Certo. Logo que interrompamos o trabalho eu irei explicar. E assim foi. No entanto não era só isto. Ele também queria trabalhar. Expliquei-lhe que só a partir dos dezassete anos poderia ser inscrito. Oh!! Mas eu gostava de fazer alguma coisa… Tudo bem. Podes varrer, juntar terra, coisas leves… afinal ele queria fazer tudo – picar terra dura, juntar com enxada, carregar carros com uma pá… ele não queria brincar com vassouras. O que parecia um simples entretenimento era afinal trabalho sério e no fim da semana teve direito ao dinheiro da semanada que todos recebiam.” Há inúmeros momentos que mereciam ser contados por serem insólitos outros anedóticos…Os dias iam-se sucedendo com descobertas aliciantes – ora eram secções de alicerces da casa que de repente desapareciam - por terem sido arrancadas pedras ao longo dos trabalhos agrícolas ou para plantação de árvores - para voltarem a encontrar-se mais à frente, num outro quadrado escavado. Digamos em trabalhos desta natureza as surpresas são permanentes por isso a necessidade de se estar bem preparado para não cometer erros que poderão anular as bases de um estudo sério e verdadeiro. E assim com as campanhas que se foram desenvolvendo ao longo da década de 80 conseguimos deixar à vista uma verdadeira rede de muros que iam determinando diversos espaços de uma “habitação” de origem romana…

Outubro 2020

OS PORTUGUESES PELO MUNDO

juiz
A partir do século XV, sob o impulso do Infante D. Henrique, os portugueses lançaram-se na tarefa dos descobrimentos e, através de todos os oceanos, alcançaram todos os continentes. Segundo as palavras de Luís de Camões, em Os Lusíadas: “e, se mais mundo houvera, lá chegara”. Porém, foi de tal ordem a vastidão das terras descobertas que se tornou impossível manter o domínio das que abrangiam “toda a costa oriental da África, de Sofala ao cabo Guardafui, e se estendia pelo golfo pérsico e litoral indiano até Malaca e às ilhas de Samatra, Java, Bornéu e Malucas”. “O grande Império Português tendia a desmoronar-se”. No que toca à índia, os holandeses e os Ingleses apoderaram-se de várias das nossas possessões, de modo que “no fim do século XVII, pouco mais restava a Portugal no continente indiano do que os territórios de Goa, Damão e Diu”. Por fim, em 18 de Dezembro de 1961, o exército indiano invadiu e ocupou todos estes territórios.
Quando, há alguns anos, visitei Goa, verifiquei que ainda havia pessoas que falavam a língua portuguesa e mantinham certos costumes e tradições de Portugal. Por iniciativa de um Amigo residente em Lisboa, que todos os anos no Verão visitava Goa, porque o pai dele ali havia trabalhado, foi-nos oferecido um jantar (a mim e à minha mulher), no qual participaram várias pessoas goesas, entre as quais os dois únicos Juízes portugueses que se mantiveram em Goa. Nesse jantar tivemos o prazer de ouvir cantar o fado (em português, claro).
Há dias tive a oportunidade de ler a história de algumas tribos da América e da Ásia que ainda falam crioulo, baseado na língua portuguesa. Eram referidas, como exemplo, os casos da Birmânia, do Senegal, da Malásia, do Ceilão, da Indonésia e do Korlai (na Índia).
Na impossibilidade de fazer referência a todas elas, por falta de espaço, vou apenas mencionar este último caso.
Korlai é uma aldeia que fica perto das ruínas da antiga fortaleza de Chaul, construída pelos portugueses em 1534. Chaul, situada a 60 Kms a Sul de Bombaim, foi uma das cidades estrategicamente mais importantes do Império Português do Oriente. Em 1546, durante o 2º cerco de Diu, foi notório o empenho com que os seus habitantes ofereceram os seus bens e até as joias das mulheres com a finalidade de cobrir as despesas da luta. Chaul manteve-se sob o domínio português até 1729, altura em que, apesar da heroica resistência dos portugueses, foi conquistada por Marata.
O português Korlai é uma língua crioula baseada no português falado por cerca de 1000 cristãos, numa área isolada, ao redor da aldeia, no distrito de Raigad, do estado de Maharashtra, na Índia. Fica situada na foz do rio Kundalika, defronte da antiga cidade de Chaul, conquistada pelos portugueses.