Arquivo da Categoria: Editoriais

EDITORIAL Nº 695 – 1/11/2016

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Caro Leitor,
Não se pode contrapor a natureza do Homem e, especificamente, a natureza de cada indíviduo. Temos todos vontades próprias, qualidades inegáveis e defeitos persistentes, inquebráveis, que nos acompanham sempre dada a força do hábito; Vão traçando o nosso carácter.
Recordo-me que há uns anos, a comunicação social foi às ruas de Lisboa para reportar como era passado o Natal dos sem-abrigo. Nessa ocasião, um deles foi reconhecido pelos seus familiares. Seguiu-se um reencontro familiar capaz de comover as pedras da calçada. A família deu-lhe então abrigo e acolheram-no em casa. Imagino que tenha sido uma celebração única. Deram-lhe os bens de primeira necessidade e condições suficientes para possibilitar a sua reintegração na sociedade. No entanto, apesar de finalmente ter as condições e oportunidade de o fazer, este homem voltou para as ruas. O espaço público era a sua casa porque não queria abdicar dos laços de amizade que criara com outros; viver sem celeiro, porque os passarinhos também o fazem e todos os dias vivem.
Situações como esta, relembra-nos forçosamente da nossa condição privilegiada num Mundo que, sendo de todos, é diferente para todos. Relembra-nos que existem muitas pessoas numa condição sem ter escolha, e muitas pessoas que tendo escolha se mantêm numa condição.
Quando confrontados com outras realidades, não podemos também deixar de nos admirar com a importância desnecessária que damos a insignificâncias. Devemos agendar tempo para admirar o que temos e agradecer as oportunidades e sortes que tivemos. Devemos encarar a vida como um copo meio cheio e não meio vazio porque há pessoas que só têm um copo vazio.

Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 694 – 15/10/2016

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Caro Leitor,
Portugal, depois do Europeu, encontra-se mais uma vez associado às capas de jornais internacionais, e desta vez pela noemação de um político de carreira e católico, o Engenheiro António Guterres.
Portugal foi ao longo da história o berço de muitos homens de renome a nível internacional. Até em 1276, tivemos o primeiro Papa português, João XXI, a ocupar a cadeira de Pedro durante apenas oito meses, porque um teto desabou sobre ele. Ainda hoje a sua morte é envolta em mistério, uma vez que morreu só. Fomos desde sempre escola de grandes batalhadores e até de conquistadores de além-mundo, mas acima de tudo, de grandes Homens e grandes heróis.
Em semelhança a Durão Barroso, nomeado em 2004 Presidente da Comissão Europeia, segue também António Guterres para um dos cargos internacionais mais cobiçados: Secretário-Geral das Nações Unidas. Denota-se uma certa ironia em ambos estes casos. Ambos abandonaram o cargo de Primeiro-Ministro, papel que razoavelmente desempenharam, e alargaram os horizontes políticos para carreiras internacionais, que desempenham com competências antes inimagináveis.
A memória é sempre curta e para quem não a cultiva, recordemos que foi na altura em que o Engº António Guterres era Primeiro-Ministro, que pela primeira vez desde há muitos anos se ouviu a palavra crise à conta também do rendimento mínimo nacional criado por si, pois pagou para não se produzir. Esta é a mesma palavra que viemos a cultivar até aos dias de hoje. Esperemos que faça um bom trabalho na posição que agora emprega e que se foque nos assuntos internacionais mais prementes, como é a defesa do ambiente, que já se encontra na sua agenda. Por cá, esperemos que os próximos “heróis” não queiram ocupar cadeiras avulso, mas as queiram construir para a colectividade.
Meu estimado Portugal, deixa de ser interessante viver neste país, uma vez que já se fala em novo resgate. Um país com história e que agora não faz história pelas melhores razões.

Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 693 – 1/10/2016

SR. TAVARES
Caro leitor
Dizia minha mãe que Deus tem “A conquista do coração começa pela boca”.
Na Corvaceira, na festa de S. Miguel no passado dia 25 de setembro, o pároco explicava e falava à luz do evangelho de partilha. E partilha é estar à altura dos nossos irmãos. Dos irmãos mais desfavorecidos. Falar é uma coisa, obras é muito mais.
Nesse mesmo dia, fui convidado a jantar em casa de uma família unida, com mais de 20 pessoas à mesa e para abençoar os mesmos todos os anos é convidado o seu pároco. Esta família constitui assim os ambientes no qual vivem e exprimem as suas aspirações de alma.
Os povos como as famílias também se exprimem segundo o seu meio o seu passado e as suas condições.
Esta família cria assim expressões da sua alma, transmite às gerações seguintes o seu modo de ser e assegura a sua identidade e continuidade.
Nos quatro cantos do mundo está um pouco da cultura portuguesa transmitida por cada mulher e cada homem. A maior parte destes nossos emigrantes já ouviram elogios da culinária portuguesa.
Os algarvios elogiam uma boa posta à mirandesa e uma feijoada. E nós, beirões, uma boa caldeirada e um bom marisco.
Quando deixarmos de manifestar as nossas caraterísticas de vida, através de expressões culturais, algo vai muito mal, porque a cultura é a alma de um povo.
A culinária e quem se preze é uma das expressões mais reveladoras da cultura e personalidade. Ela compreende todos os sabores, mas também a apresentação da mesa, toalhas, talheres, etc. e para além disso está presente também à mesa a boa vontade, as boas maneiras e as conversas adequadas à ocasião.
Parabéns à família Joaquim Cunha que marca assim a boa harmonia social.
Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 692 – 15/9/2016

SR
Caro leitor,
No passado dia 11 de Setembro, os familiares das vítimas do trágico acidente ferroviário de Alcafache deslocaram-se mais uma vez ao local para assistirem a uma missa em sufrágio das vítimas. Foi um dia marcante para a nossa região e mesmo tendo passado 31 anos, o momento deste acidente inesperado continua na memória dos mangualdenses. Mais de 150 pessoas perderam a vida, sendo que a maioria dos corpos não foram reavidos.
Algumas pessoas tiveram a sorte de se salvar e é com alegria que se agarram à vida, marcam presença em memória dos falecidos e dão o seu testemunho que a todos comove. Ninguém deveria passar por situações como esta, que acaba por ser um trauma vitalício para todos os envolvidos. De todos os testemunhos, teve impacto o relato do senhor que o então Presidente da República Ramalho Eanes levou num meio aéreo para o hospital de Lisboa, permitindo assim que se salvasse. Neste dia, notou-se a falta de condições naquele local para receber as dezenas de pessoas que querem lembrar os que já partiram.
De lembrar também todos aqueles que ocorreram ao local a prestar a sua ajuda de primeiros socorros e que já partiram. Permitam-me aqui lembrar o meu colega que já partiu, na altura comandante do Posto da Guarda Fiscal de Mangualde; António Joaquim Birra, que foi também em socorro de outros Guardas Fiscais que seguiam em serviço nos comboios.
Este lugar em Moimenta de Maceira Dão, como referiu o Secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, merece uma melhor envolvente para que as pessoas se sintam melhor acolhidas e poderia assumir a forma de um Santuário, como o Dr. Soares Marques queria fazer no seu tempo como Presidente da Câmara, com projeto já elaborado.

Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 691 – 1/9/2016

Caro leitor,
Celebrou-se, no mês de agosto, o dia Internacional da Juventude. Foi também neste mês que uma jovem de Moimenta de Maceira Dão decidiu lançar o seu primeiro livro aos 23 anos de idade.
Quando a sociedade já começa a ficar cansada dos chamados doutores de via rápida, com alguns exemplos a terem sido responsáveis por imensuráveis atrocidades financeiras e sociais, é entusiasmante participar nas celebrações do sucesso que mulheres e homens criaram contra probabilidades e que assim, podem não ter passado na auto estrada, mas dão cartas a quem lá passou. São estes os muito acarinhados pela população, que lhes mostram quanto os admiram e lhes dão apoio incentivando à continuação.
Uma rapariga humilde, sem preconceitos, escreve a sua biografia, onde expõe variados assuntos e preocupações com clareza e discernimento. Em particular, esta jovem escritora demonstrou que com caratér e determinação não se acomoda e dá tudo de si para que esta sociedade acorde do marasmo, vá em frente, e não se cale com as injustiças e o que demais pode ser melhorado. Mostra o caminho a outros jovens para o pensamento crítico, mas não só aos jovens. É das melhores sabedorias que se podem partilhar com graúdos. Relembra-los que devemos sempre ser críticos do que nos rodeia e questionar o modo de ser das coisas.

Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 689 – 15/7/2016

SR
Caro leitor,

Portugal é Campeão Europeu de Futebol e, com ele, somos todos nós!
Alcançamos um feito histórico, contra todas as expectativas e probabilidades. Ganhamos e contrariamos a vozinha que tantas vezes nos disse que não eramos capazes ou que viemos de um país sem vitórias. Com toda a vontade que nos caracteriza, aliada ao pragmatismo e união da seleção, conseguimos o impensável.
Foi um jogo difícil, com muitos momentos de ansiedade e alguns de entusiasmo, mas foi também um jogo onde o carácter dos portugueses se revelou à Europa e ao resto do mundo. Cristiano Ronaldo provou ser mais do que o melhor jogador do mundo, provou ter a liderança de um capitão unificador e a humildade de um miúdo que desde sempre sonhou jogar à bola. Fernando Santos provou ser um líder nato, com uma fé capaz de mover montanhas e capaz de tirar o melhor partido de todas as individualidades que tinha ao seu dispor. Eder provou que a força de vontade produz resultados avassaladores, ainda que inesperados. Portugal revelou ter um carácter persistente, humilde, com fé, emoção e vontade de vencer. Por isto, muito por isto, tornamo-nos vencedores.
Não fosse a vitória, qualquer tipo de vitória, suficiente, foi no entanto uma vitória que atingimos sob as condições mais adversas de sempre. Fomos vencedores com o melhor do mundo lesionado e a sair em maca aos 25 minutos, contra a seleção anfitriã do Euro 2016, que por acaso era uma das melhores seleções da Europa, dizem, e sem o apoio ou favoritismo de muitos. Tudo isto foram extras à vitória, que a tornou mais saborosa, que veio validar o resultado e que resultou em conseguirmos o respeito dos descrentes, para além da taça.
A vitória ressoou por todos os cantos do país, mas foi também celebrada, numa dimensão surpreendente, em todos os recantos do mundo. Foi uma celebração além-fronteiras, em que as delimitações geográficas e as distâncias culturais desapareceram. Em muitos sentidos, a vitória despertou o sentimento de pertença nas comunidades de emigrantes portugueses e nas Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A celebração da vitória do Euro 2016 foi incrível, mas a consequência mais surpreendente foi a celebração da história de um país, que tendo uma pequena dimensão, comprovou ter uma presença e uma história transversal a todos os países. Comprova-se que “os portugueses são como o besugo, encontram-se em todos os mares” e o sentimento de pertença a Portugal não se cinge aos portugueses. Muito se disse que não fomos 11, fomos 11 milhões. Contudo, na realidade, também não fomos 11 milhões. “Os portugueses estão no mundo como quem está em casa” e, com a recente vaga de emigração, não nos podemos esquecer dos cerca de 5 milhões de portugueses que se encontram espalhados pelo mundo. São estes os portugueses, que não podendo viver neste país, se voltaram a sentir portugueses de direito e portugueses com orgulho. Foram eles os embaixadores desta vitória.
Em suma, ganhamos o título de campeões europeus de futebol, mas acima de tudo é com um orgulho renovado que nos intitulamos portugueses. Atendendo à condição que nos últimos anos nos foi atribuída, de país europeu de segunda categoria, este sentimento vale bem mais do que 600 milhões.

Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 688 – 1/7/2016

SR
Caro leitor
É triste mas é verdade. Deixou de ser interessante ou até perigoso ser empresário neste país. Um país onde só há deveres e onde uns são obrigados a pagar o insucesso dos outros. Dizem as estatisticas que trabalham 5 para 3 não fazerem nada. Um país traçado pela corrupção, pelo compadrio e perseguição. É claro que vai de mal a pior. Neste meio não se pode ser um empresário de sucesso, sério e com as contas em dia. Neste meio deve estar insolvente “falido”. Não pagar nada, nem a ninguém e com esses as fiscalizações não se metem, porque nada pagam, e só há um culpado – o estado português – porque permite que os falidos existam. Recuperação de empresa.... Tretas. Enquanto existem prejudicam todos os outros. Deixamos de gostar do nosso meio pelo sucesso que não podemos ter, porque a “camisa lavada” desperta mentes perversas.
Cresci a ouvir dizer e para além de estar escrito que a fé, só que seja do tamanho de um grão de mostarda move montanhas. Agora, eu acrescento, há também, sem fé, quem tente rasgar essa mesma camisa lavada, que é outra montanha. Nesta pequena cidade não se pode viver com a perseguição de pessoas que nada fizeram na vida, mas estes estão sempre prontos para a crítica barata. Aprenderam sabe-se lá como, a pegar num papel e num lápis para passarem a vida a fazer mal aos outros. Tristes, como diz o ditado “os cães ladram e a caravana passa”. Melhor seria nunca terem vindo a este mundo, porque a missão de cada um é deixar o mundo melhor do que o encontramos. Viver e deixar viver em paz. Devia e deve ser este o lema. Mas muitos esquecem-se que este mundo é uma passagem e só ficam as boas obras ou as más, mas como das más não reza a história é bom que cada um faça uma reflexão e veja o homem que é ou não é.
Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 687 – 15/6/2016

SR
Caro leitor

A experiência de vida diz-nos se os nossos olhos estiverem sãos toda a nossa vida anda iluminada.
Se a intenção for simples é meio caminho andado para o sucesso de pureza e afeição.
A simplicidade procura o bem. A pureza encontra-o e vive dele.
Nunca te será difícil uma boa obra, se fores livre perante qualquer facto que te apareça.
Se quiseres só o bem, e o que é útil a ti e ao teu próximo, vais crescer de liberdade interior.
Se tens lisura no teu coração, todo o teu semelhante será para ti um espelho de vida e um livro cheio de instruções.
É bom que não haja criatura pequena e desprezível, mas se houver, que tenha sempre bondade para apresentar ao próximo.
Se existisse em ti suficiente inocência e pureza, verias tudo sem obstáculos.
Num coração puro penetra o bem e o mal, mas este só escolhe o bem.
Cada um julga os outros por fora de acordo com o que é por dentro.
Se há alguma alegria neste mundo, é o homem bom que a possuiu, nunca o mau.
Sê um bom agricultor. Não cultives o ódio e a inveja se queres ser feliz.

Abraço amigo

EDITORIAL Nº 685 – 15/05/2016

SR
Caro leitor,
Porque nem só de pão vive o homem, embarquei pela primeira vez num passeio de excursão organizado por um padre, neste caso o conhecido padre João Zuzarte.
Posso aqui afirmar que é para repetir. Foram uns dias maravilhosos, repletos de momentos a relembrar, em muito devidos à boa disposição e acolhimento de todos os participantes.
Saímos de Mangualde pela madrugada e depois de algumas paragens de rotina chegamos ao Santuário de Covadonga. Trata-se de um Santuário lindíssimo, sito no meio de duas grandes colinas. Recomenda-se.
À frente da Nossa Senhora de Covadonga, e sendo o mês dedicado a Maria, o Padre João brindou-nos com a recitação do terço. Feitas as meritórias orações, dali partimos para o topo da serra Os Picos da Europa a 1150 metros de altitude, onde uma bela paisagem nos aguardava.
O Parque Nacional dos Picos da Europa é o mais antigo de Espanha e trata-se do segundo de maior tamanho com 68.000km2. Daqui pudemos ainda avistar o Mar Cantábrico, uma vez que o tempo o permitiu, encontrando-se a 18 quilómetros em linha reta.
De seguida, rumamos a Santander com paragem nalgumas catedrais e visitamos também parte da praia do Mar Cantábrico onde se avistavam focas e golfinhos marinhos mantidos em cativeiro. Encontra-se ainda disponível um comboio turístico que nos permitiu conhecer melhor a zona. Um ponto de interesse é a parte de maior altitude da encosta, onde em tempos remotos os presos eram lançados para o mar. Neste fim, podemos compará-lo em tudo ao forte de Peniche.
São novas experiências como esta que merecem ser exploradas e relembradas. É sempre construtivo sair do nosso espaço e dia-a-dia para conhecer outros diferentes.

Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 684 – 1/5/2016

SR
Caro leitor,
Há sempre na nossa aldeia, cidade ou região, algumas pessoas que se destacaram, ou destacam, mais do que outras. Destacam-se por variadas razões, e muitas vezes por razões que a própria razão desconhece.
Na minha aldeia, uma pessoa de destaque foi  Elísio Ferreira Afonso, o emérito. Não sei se alguém sabe ao certo como ganhou a vasta fortuna no Brasil, mas com ela conseguiu fazer maravilhas na sua terra natal. Já nos anos 60, todos os miúdos na escola que ele lá mandou edificar, tinham os almoços oferecidos por ele. Muitos dos quais ainda hoje rezam por ele já outros possivelmente o esqueceram.
Na altura, tomou a iniciativa de construir um hospital bem equipado á época , que serviu bem a região. Hoje é um lar da terceira idade chamado Fundação Elísio Ferreira Afonso. Edificou ainda um posto da GNR, uma Igreja com casa para o pároco, um cemitério e o seu jazigo, arruamentos vários, água canalizada para a aldeia, um bairro social de apoio á G N R , uma escola para rapazes e raparigas e conseguiu também que a aldeia tivesse luz eléctrica. Tratava-se de um verdadeiro amigo do povo e dos pobres.
Daquele tempo, não podemos tão pouco esquecer as professoras, que se dedicaram a formar a comunidade e, em que no processo, me ajudaram a ser quem sou hoje. No meu coração sempre lhe agradeci a dedicação e não esqueço a Jesus.
O regedor também tinha a sua influência. Assim como os famosos Quintelas de alcunha, que também eram conhecidos em toda a região, pelo respeito e pelas maquinas daquele tempo, debulhadores de centeio, milho e alquitarra de fazer água-ardente. Honra seja feita ao tio Zé Quintela e a Vitória Ferreira.
Era ainda de registar o carteiro, que não sendo da terra percorria toda a zona a pé e mais tarde, de bicicleta. Punha as pessoas sempre em sobressalto, pois nunca se sabia ao certo a notícia que carregava. Era um homem que gerava grandes impactos.
Das ex. colónias vinham noticias escritas em aerograma, estas, de familiar que lá cumpria o serviço militar. De quando em quando, a minha mãe lá trazia um aerograma na mão, o qual líamos juntos com todo o zelo e expectativa. Um certo dia, chegou inclusive uma notícia que relatava um acontecimento com o meu irmão mais velho. Tinha caído numa emboscada, mas felizmente recuperou e ficou bem.
Voltando ao carteiro, uma figura ímpar daqueles tempos, este carregava ainda as cartas para as namoradas, em que todos nós tínhamos orgulho na caligrafia. Éramos avaliados por elas pelo que com todo o cuidado tentávamos impressioná-las nesta primeira impressão, e assim esperar obter uma resposta positiva ao pedido de namoro. Hoje em dia escrevem-se como os médicos, nas raras vezes que se escrevem, pois mais habitualmente, a primeira impressão é feita através das tecnologias, i.e. computadores e afins. O que vemos hoje em dia deixa saudades dos tempos simples e esforçados dos anos 80. Eram sinceros.

Um abraço amigo,