Arquivo mensal: Junho 2020

Recordando a importância do Associativismo

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Quem andou um pouco mais atento nos últimos anos já deve ter reparado na enorme facilidade com que se argumenta e contra-argumenta sobre os diversos assuntos nas redes sociais e entre indivíduos de uma alargada faixa etária. Em si mesmo, não é um facto negativo ou censurável se for comedido e regrado com bom senso. No entanto, quantos destes indivíduos, tão disponíveis para teclar e versar sobre tudo e mais alguma coisa estão disponíveis para participar na vida activa de uma Associação?
Esta minha reflexão inicia-se quando, numa qualquer escola do 2º e 3º ciclo deste país, apercebo-me que os alunos estão a sair das salas de aula concentrados em percorrer os corredores olhando para os seus smartphones numa procissão interminável de zombies à espera de ver quem fez um like na foto X ou de quem partilhou uma foto com Y. Ora, longe vão os tempos em que me imaginava sair de uma sala de aula a correr e a berrar para ver se chegava primeiro ao campo de futebol ou à fila para comprar o bolo no bar dos alunos. Que saudades…
Estes pensamentos e divagações, associados a outros factores, levaram-me a pensar no futuro das diversas associações deste país e na importância das gerações mais novas poderem participar activamente nos destinos das comunidades locais enquanto agentes e actores no desenvolvimento comunitário, na preservação da memória, na busca de uma identidade própria e de um território inigualável!
Cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo, o que me leva a concluir que o ser humano não consegue viver isolado, faz parte de um todo, de uma comunidade. Comunidade essa organizada por pessoas que partilham de algum interesse comum ou com consciência de pertença a algo. Assim sendo, a comunidade será a base para a construção ou desenvolvimento de territórios capazes de gerir sinergias criativas focadas no desenvolvimento das populações e para o bem comum. O desenvolvimento local aparece sustentado no exercício de uma cidadania activa e transformadora das condições culturais, económicas, sociais e educativas das populações através de iniciativas de base popular ou histórico.
O património é a afirmação da identidade de uma comunidade constituído por ideias e por objectos com os quais as sociedades afirmam as suas diferenças perante os outros, e é hoje fundamental na celebração da memória e na construção/reconstrução das identidades. Identidade e cultura são quase tudo e, outras vezes, quase nada.
E é nesta dicotomia que a construção da identidade na sociedade deve valorizar a interacção do indivíduo com o meio social em que está inserido e é neste preciso momento que o papel das associações, enquanto elemento catalisador da memória identitária da comunidade, deve ser realçado e enaltecido.
O associativismo mais não é que imprescindível motor de desenvolvimento local e regional. Os valores inerentes ao movimento associativo guardam uma intrínseca afinidade com aqueles que fazem parte do espólio histórico-cultural da saga humana: humanizar a cultura e humanizar-se através desta. No movimento associativo encontramos valores como a liberdade; a solidariedade; a paixão pela causa pública; o espírito de iniciativa; a valorização do trabalho e da partilha, muitas vezes feito na penumbra do silêncio; a defesa de identidades e diversidades; a resistência às adversidades; a mobilização e participação das colectividades em torno de objectivos comuns; a promoção da coesão social, o desporto, a ecologia, entre outros. No espaço do movimento associativo valorizam-se as pessoas, apoia-se a comunidade e previnem-se ou atenuam-se as fracturas sociais. A força do movimento associativo radica na sua representatividade, participação e capacidade reivindicativa.
No entanto, o movimento associativo, a exemplo da sociedade actual, encontra-se hoje numa encruzilhada, onde os desafios não estão devidamente compaginados com perspectivas sólidas. Os tempos de hoje são marcados por uma contínua mudança. O ritmo de vida do cidadão acelerou perigosamente. O homem vive confrontado e voltado para o futuro, o qual chega rapidamente depressa. A realidade é efémera, o tempo transitório, mas o indivíduo, esse, não espera.

OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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Li num jornal diário, datado de 6 de Maio do corrente ano, uma notícia deveras insólita acerca de um acidente do qual foi vítima uma esteticista que “morreu devorada por um jacaré em casa de uma cliente a quem iria tratar das unhas”. O caso aconteceu na ilha de Kiawak, na Carolina do Sul, nos EUA. A esteticista “acabou por ser devorada pelo jacaré que a arrastou para o lago da casa”, quando ela se preparava para o fotografar.
Esta notícia levou-me a pensar na diversidade de animais que o ser humano tem procurado domesticar, desde a Revolução Agrícola, isto é, desde quando, há 12 mil anos, deixou de viver da caça e recoleção e passou a dedicar-se à agricultura. A domesticação poderia ter começado pelos animais caçados no estado selvagem e que o homem conservava para os utilizar mais tarde na sua alimentação em épocas de carência. Depois, teria capturado animais com outras finalidades.
A domesticação, segundo a definição do dicionário Larousse, consiste na transformação de uma espécie selvagem numa espécie sujeita à exploração por parte do homem, com o objetivo de lhe fornecer produtos ou serviços.
Os animais domésticos poderão ser divididos em quatro grupos, conforme a sua utilização: 1) animais destinados à alimentação; 2) animais de trabalho; 3) animais de utilização industrial; 4) animais de companhia. Muitos deles podem prestar mais do que um tipo de serviço, como, por exemplo, a vaca que, além de fornecer o leite e a carne para a alimentação, e matéria prima para a indústria, pode ainda ser utilizada no trabalho agrícola1.
Foi, na verdade, com o aparecimento da agricultura que o homem passou a coexistir com os animais domesticados; inicialmente apenas foram domesticadas cerca de 20 espécies, entre mamíferos e aves, o que era um número muito reduzido em comparação com a quantidade dos que permaneceram “selvagens”. Nos dias de hoje, os animais domesticados podem ascender a mais de 90%, desde os de grande porte, como os elefantes, até aos pequenos insetos, como as abelhas.
Atualmente os animais de companhia, ou de estimação, abrangem mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados. Calcula-se que em Portugal existam 6,5 milhões de animais de estimação, sendo alguns bastante assustadores. Estes animais são o centro das atenções de certas famílias que quase chegam a considerá-los como fazendo parte das mesmas. Já tive ocasião de assistir a uma conversa entre duas senhoras em que uma falava do filho que havia dado à luz, enquanto a outra se referia à sua cadela, como se de uma filha se tratasse, sem que a sua interlocutora se tivesse minimamente apercebido de que falava do animal.
Esta relação simbiótica tem ultimamente merecido maiores atenções por parte do Estado. Foram introduzidas algumas alterações ao Código Civil e ao Código Penal com o objetivo de melhorar extraordinariamente a situação dos animais de companhia. Do Código Civil ressaltam desde logo várias alterações legislativas das quais destacaremos apenas algumas. A lei passou a definir os animais como sendo seres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteção jurídica em virtude da sua natureza. Na ausência de lei especial, são aplicáveis subsidiariamente aos animais as disposições relativas às coisas, desde que não sejam incompatíveis com a sua natureza. Em caso de lesão do animal, é o responsável obrigado a indemnizar o seu proprietário ou os indivíduos ou entidades que tenham procedido ao seu socorro pelas despesas em que tenham incorrido para o seu tratamento, sem prejuízo de indemnização devida nos termos legais.
Por sua vez o Código Penal passou a determinar que quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair coisa móvel ou animal alheios, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
Parecendo estabelecer algum paralelismo com os filhos menores do casal, em caso de divórcio, os animais de companhia são confiados a um ou a ambos os cônjuges, considerando, nomeadamente os interesses de cada um dos cônjuges e dos filhos do casal e também o bem-estar do animal.
A preocupação com o tratamento que é dispensado ao animal ressalta ainda de uma outra nova disposição do Código Civil que determina que o proprietário de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as características de cada espécie e observar, no exercício dos seus direitos, as disposições especiais relativas à criação, reprodução, detenção e proteção dos animais e à salvaguarda das espécies em risco, sempre que exigíveis.
Muito mais haveria para dizer, mas suponho que o que fica dito já é suficiente para concluir pela enorme transformação verificada em relação à exigência de cuidados que as pessoas devem dispensar aos animais domésticos.
1Cfr. Enciclopédia Luso-brasileira da Cultura

Sociedade doente ou Saúde Mental esquecida?

Ana Cruz
Cada vez mais ouve-se a expressão “Sociedade doente” quando surge uma monstruosidade anunciada nos meios de comunicação sociais. Quer seja por crimes morais quer seja por crimes hediondos de qualificação tão abjeta, que qualquer ser humano fica repugnado!
A realidade é que perante tantas regras e imposições para inserir um individuo numa sociedade, dita civilizada, torna-se difícil diferenciar quem é genuíno nas suas virtudes, e quem simula essas virtudes para não ser discriminado ou estigmatizado para que não seja, por fim, isolado da sociedade. Seguir padrões e regras são ferramentas sociais necessárias para um ambiente seguro, com ordem. No entanto, ignora-se que os desvios de personalidade, as crises afetivas e emocionais, as frustrações, as diferenças comportamentais são indícios claros que alguém necessita de apoio. Graças à competitividade, ao aumento inexequível das expetativas de vida, à falta de consciencialização do controle emocional, criamos ideias e quando saem goradas não sabemos assimilar este obstáculo. Colocamos culpas a terceiros buscando argumentos irreais, porque atualmente a felicidade tem de estar sempre presente, mesmo fingida, e não podemos questionar algo tão simples como “Porquê isto está a acontecer?”, sem levar uma manifestação de tédio, de quem nos está a escutar, porque o sofrimento manifesto é tabu!
Nós aprendemos várias formas como adaptarmos à sociedade onde iremos viver, e contar experiências\ histórias solidificam os hábitos\ comportamentos que iremos apreender! Ocultar, esconder sempre foi uma atitude condenável pela sociedade, no entanto desde que não prejudique o sistema\ sociedade é subtilmente aceite de forma geral! Falar de Saúde Mental em qualquer sociedade, é tão necessário como falar de fatores de riscos que possam desenvolver doenças físicas!
No fundo é como a história do pé limpo, pé sujo que qualquer médico\ enfermeiro conta para demonstrar o tipo de higiene que um individuo tem: rezam as memórias antigas, que certo dia um agricultor começou com uma dor e inchaço no tornozelo do pé direito e decidiu ir ao “SôDoutor” para aliviar este incómodo. O médico observou o pé direito e quis fazer uma comparação com o outro pé, e pediu ao paciente que descalçasse a bota do pé esquerdo. O agricultor envergonhado diz -“Tem mesmo de ser, SôDoutor?”- o médico retorquiu – “Oh homem, eu é que sei! Mostre lá o pé, se faz favor!”. Ao descobrir, por fim, o pé esquerdo, este estava tão imundo que o médico nem ousou tocar-lhe, e na ingenuidade de quem é simples o agricultor refere: “Só lavei o direito, porque era esse que me doía e que o SôDoutor ía ver!”
Esta história retrata, de forma comparativa, o que é aceitável em oposição ao que deve ser feito! Ou então, o famoso “deixar o trabalho a meio”, também se encaixa aqui! Questionar como vai a saúde, e apenas valorizar as doença físicas é como....lavar apenas um pé! Afinal de que vale a pena esconder a angústia, a tristeza ou o desgosto? Para agradar a sogra, o cônjuge, a prima, a vizinha? Para aumentar mais a angústia dentro de si? Para cometer atos que lesam a sua integridade física e mental através de consumo de drogas que não resolvem e até desencadeiam outras doenças?
Ninguém é imune a crises existenciais ao longo da vida, e quem se acha acima deste pensamento, já por si tem um problema mental! As lutas diárias da pessoa com a vida, surgem desde a infância até à velhice. (Atenção, velhice não é sinónimo de chatice, mas para mim de uma sabedoria única e indissociável! Infelizmente, existem algumas pessoas idosas que mantém uma atitude tão negativa perante a vida que têm, que é inevitável não colocar o adjetivo chatice a velhice, o que pela casualidade de rimar, há uma tendência de a repetir. Mas também há outras faixas etárias cujas pessoas primam pela chatice, logo (in)felizmente não é exclusivo à velhice!)
As mudanças na vida (escola, nova família, adolescência, casamento, divórcio, morte…) colocam a capacidade de adaptação de qualquer um à prova; superar e resolver conflitos afetivos e emocionais; reconhecer os seus limites e sinais de mal-estar, sabendo que tem alguém que o apoia (Acredite ou não, ter “amigos” que não sabem escutar e ver o lado positivo da situação, e que o fazem sentir-se ou tornar-se pior pessoa, são fator de risco para aumentar o risco de ansiedade e potencial depressão.) e ter relações que são prazerosas com outras pessoas, são itens que compõem um bom equilíbrio de saúde mental. É certo que certos mitos estão associados a quem sofre de problemas de saúde mental: “Está tudo na tua cabeça” ou “Inventou isto para faltar ao trabalho”, são os mais frequentes, mas também “É maluca, nada a fazer” ou “Não fales muito com ele, nunca se sabe o que fará!”. É limitante, para não dizer incorreto considerar que quem é doente mental é pouco inteligente, preguiçoso ou perigoso. Está comprovado, que a maioria que padece de depressão e outras doenças mentais, tem quase sempre uma lacuna durante a sua infância ou adolescência, e que a falta de confiança e segurança nessa fase da vida, pode suscitar no adulto problemas mentais e potencial de ansiedade, baixa de auto estima e depressão.
Com o maior risco de desemprego e problemas financeiros nas famílias portuguesas, aumenta-se também o risco de problemas mentais dentro das famílias, não desista de pedir ajuda mesmo que encontre obstáculos. “Virtude”, não é só o nome da professora da primária de há 20 anos atrás ou e enfermeira sádica que dava injeções, ter a virtude de ser firme na sua vontade quando procura a solução para o seu problema!

Uma nova promoção turística

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Portugal tem muito para oferecer. Paisagem, hospitalidade, história, tranquilidade, segurança, uma gastronomia rica e variada e vinhos que são fantásticos.
Reabrem restaurantes, com muito cuidado. A sua reabertura com segurança é fundamental. Dorme-se uma vez ao dia e come-se três ou quatro. Quanto ao beber, isso não tem conta.
A saída desta nefasta crise tem paralelo com o pós Segunda Guerra Mundial. Os países devastados pela guerra foram obrigados a introduzir um novo ordenamento.
As cidades procuram reerguer-se e baseiam-se principalmente na conservação da natureza. Portugal cria em 28 de Julho de 1948 a primeira Associação de Defesa do Ambiente, a Liga para a Protecção da Natureza, para que se faça uma melhor repartição e equilíbrio entre os recursos naturais e as actividades económicas e entre os recursos naturais e a população.
Mas, o arranque, nessa época, do turismo em Portugal só se dá com a criação da “ Utilidade Turística” em 1954 e a criação do Fundo do Turismo em 1964.
Esse ano é fundamental para o arranque turístico. Em 1964 é inaugurado o Aeroporto do Funchal. Em 1965 o Aeroporto de Faro. Com o Aeroporto de Lisboa aberto em 15 de Outubro de 1942, cria-se o primeiro triângulo turístico Algarve-Lisboa- Madeira.
Portugal é um país isolado pelo regímen em vigor e pela Guerra Colonial e é no Turismo que procura quebrar o seu isolamento.
Com o desenvolvimento desordenado do Turismo surge em 1980 o conflito Ambiente/Turismo. A falta de planeamento e de ordenamento cria desequilíbrios, com um mau urbanismo turístico, com consequências para o ambiente e paisagem e que muito prejudicou a qualidade da oferta turística, como exemplo no Algarve, com construções em cima de falésias, em solos agrícolas, dunas, faixas de protecção costeira e no domínio público marítimo.
No turismo não vale tudo! Grandes cargas urbanísticas, multiplicando várias vezes a população autóctene e sem infra-estruturas criadas para o efeito, são fatais.
Foi a época do salve-se quem puder, o assalto ao urbanismo.
Na viragem do século, ano de 2000, o fenómeno melhorou muito no que respeita à Conservação da Natureza.
O futuro do Turismo depende fundamentalmente da Qualidade Ambiental e do Ordenamento do Território. Se os sectores Turismo e Ambiente se entenderem está dado um grande passo para a retoma económica.
E nenhuma retoma económica será possível sem contar com o Sector mais produtivo de Portugal- o Turismo.
Vamos ver se se aprendeu alguma coisa...

Duas ciganas, uma lia na palma da mão

patrao
Estes rapazes tinham sensivelmente treze a quinze anos, quando uma cigana abrasileirada e por dois quilos de batatas leu a sina a esses dois jovens…. E, não é que acertou!
Ao mais velho disse, vais ser muito feliz. Vai ter um minino e uma minina. Acertou.
Ao outro também acertou em tudo o que lhe foi dito, e este, tentou mudar o rumo de sua vida. Não conseguiu. Por isso se fala muito em destino. Destino bom para uns e menos bom para os maus. Ou foi mesmo a cigana que lho marcou?...
O homem tem de carregar na memória coisas da vida e coisas da alma.
Só há uma coisa na vida que é nossa, essa ninguém nos consegue tirar que é o pensamento. Cada um de nós carrega muita coisa que não presta e só um dia será despejada com a morte. Muitas das coisas que vamos colhendo ao longo da vida não prestam. Dentro de tudo, recordamos apenas uma palavra essencial, um gesto puro. Bom dia, boa tarde, boa noite, olá, olha se precisares de algo diz, as melhoras para ti e os teus.
A lição que nos dá um incapacitado, que poucos sabem que o é, nessa lição há um alto e silencioso protesto de raiva, ou não. Este incapacitado que limpa seu passado da vida não está conformado, é um herói silencioso. A vida o obrigou a fazer muito daquilo que não queria ele aceita sua missão, mas a supera com esse protesto de beleza e dignidade ou não. Muitos recebem os bens de seus pais com o cérebro sujo, mas tentador da vida, e não sabem o que lhes custou a vida em tempos muito difíceis.
Esse homem não sei que infância teve, que sonhos lhe encheram a cabeça de jovem, na adolescência se uma cigana imprudente, lhe mostrasse um retrato real de seu futuro e este acreditasse, gordo, manco, cheio de pó e desalentado talvez tivesse sucumbido. Mas diz o povo e com razão “a esperança é a última a morrer”. Nesta frase de esperança existe uma crueldade de vida. A esperança sobrevive à custa de mutilações, mutilações essas para um caminho ou para outro, ou seja o bom caminho e o mau caminho.
Há uma altura em que nos vamos secando devagar, nos despedindo de uns pedaços de si mesmo, se apequenando e empobrecendo e no fim se reduz ao mais alto elementar instinto de sobrevivência.
Os médicos jogam no homem a esperança e este se revolta para além da barreira da morte, na crença prometida, enfrenta calado, e só se arruína de si mesmo, até ao minuto em que deixa de esperar mais um sopro de vida, e espera como um bem sagrado o sossego da morte. Depois de certas agonias, o rosto glorioso da morte parece dizer: até que enfim, desta vez não me enganaram.

CONSULTÓRIO

dr. raul
GENGIBRE
Parece ter entrado no nosso quotidiano, quer como complemento alimentar, quer como suplemento dietético, quer, ainda, como auxiliar terapêutico.
O QUE É O GENGIBRE?
O gengibre (Zingiber officinale) é uma planta, originária da Ásia, cuja raiz é aproveitada como especiaria devido às suas características aromatizantes. No entanto, é muito mais que um simples condimento. A medicina chinesa e a ayurvédica utilizam o gengibre abundantemente na culinária e sempre o consideraram como um dos melhores remédios do mundo.
QUAIS AS SUAS PROPRIEDADES?
Na verdade, as propriedades do gengibre estão na sua raiz, cujos componentes principais são um óleo volátil e uma resina - a oleoresina. A raiz do gengibre, quando utilizada fresca, é caracterizada pelo seu sabor picante e um pouco amargo, bem como pelo aroma refrescante que liberta quando cortada.
Contudo, é mais comum encontrar a raiz seca, moída, sob a forma de um pó de cor amarelada.
Devido ao seu sabor, o gengibre é utilizado, maioritariamente, como condimento.
O GENGIBRE TEM-SE REVELADO, TAMBÉM, BENÉFICO DO PONTO DE VISTA TERAPÊUTICO.
Assim e, pelo facto dos seus componentes actuarem principalmente ao nível do aparelho digestivo, pode ser útil em casos de falta de apetite e digestões difíceis. Devido ainda ao seu poder carminativo ajuda a combater à flatulência e a impedir a formação de gases.
Através de vários estudos realizados ao longo deste século, verificou-se ainda que o gengibre é um eficaz antiemético, ou seja, útil em casos de enjoos, tanto provocados pelo movimento (viagens de avião, barco, carro, etc.), como originados por situações pós-operatórias. Para além disso e, por se tratar de uma planta cujos efeitos tóxicos são praticamente inexistentes, pode ser utilizado em casos de enjoos matinais durante a gravidez. Aliás, ao contrário do que sucede com certos medicamentos, a característica antimiética do gengibre não desencadeia efeitos secundários desagradáveis, como é o caso da sonolência.
Estão ainda descritas propriedades anti-sépticas e estimulantes da imunidade, pelo que a utilização da raiz do gengibre se pode revelar benéfica em casos de constipações e gripes, problemas circulatórios, dores de garganta ou inflamações, quer assimilado directamente, quer sob a forma de infusão.
Devido às suas características pungentes (picantes), o gengibre é também um estimulante circulatório podendo ajudar em casos de frieiras e má circulação nas mãos e nos pés.
Os orientais costumam ainda aplicar compressas de gengibre sobre zonas dolorosas para aliviar dores articulares e musculares.
Para além de todas estas aplicações, o gengibre é ainda utilizado no fabrico de bebidas (ginger ale e ginger beer), licores, compotas, doces, bolachas e produtos cosméticos.
QUEM NÃO DEVE USAR O GENGIBRE
O Gengibre está contraindicado para pessoas alérgicas e para aquelas que utilizam remédios anticoagulantes, como a varfarina ou outros, porque pode aumentar o risco de hemorragias.
Além disso, pessoas com tensão arterial elevada e que usam medicamentos para controlar a tensão só devem consumir gengibre de acordo com orientação médica, pois ele pode interferir com o efeito do remédio, descontrolando a pressão.
Durante a gravidez, a dose máxima de gengibre deve ser de 1g por cada kg de peso, e por isso essa raiz pode ser usada em forma de raspas para aliviar os enjoos durante a gravidez.

AUTARQUIA APROXIMA TURISTAS E POPULAÇÃO LOCAL DO PATRIMÓNIO MANGUALDENSE

Ficou concluída a colocação de sinalética de trânsito indicativa e de direcção de vários monumentos e bens do património cultural do concelho de Mangualde. Na cidade de Mangualde, o foco foi essencialmente a indicação das Ruínas Romanas da Quinta da Raposeira que, restauradas e conservadas, se tornam, agora, mais facilmente acessíveis aos turistas e população local em geral.
Pelo resto do território, a sinalização indica a direcção de vários monumentos, como o Dólmen de Cunha Baixa, a Orca dos Padrões, a Torre Medieval de Gandufe, entre outros.
A iniciativa, idealizada através do Gabinete de Arqueologia e Gestão do Património Cultural da Câmara Municipal de Mangualde, permite dar visibilidade e facilitar a visita ao rico património do concelho, fomentando a permanência de turistas que, deslocando-se pelo território, estimulam a economia local, promovendo desenvolvimento.

Centro de produção de Mangualde do Groupe PSA retomou atividade total no passado dia 25 de maio

Mantendo como prioridade proteger os seus colaboradores e preservar a sustentabilidade da empresa, o Centro de Produção de Mangualde do Groupe PSA arrancou já com as segunda e terceira fases do regresso à atividade industrial, criando as condições para o retomar da laboração a 100%.
O processo de recuperação gradual e seguro da atividade neste Centro de Produção tinha iniciado no dia 7 de maio com a entrada em laboração da primeira equipa, tendo por base a implementação de um protocolo de medidas sanitárias reforçadas para proteger a saúde dos colaboradores. Nesse dia voltaram a sair das linhas de produção os modelos Peugeot Partner, Citroën Berlingo e Opel Combo, após a paragem da Fábrica originada pela crise Covid-19.
Depois de uma bem-sucedida primeira fase de laboração de mais de uma semana, e graças à implicação e ao envolvimento dos trabalhadores e dos seus representantes, o Centro de Produção do Groupe PSA restabeleceu no dia 25 de Maio por completo da sua atividade, com a entrada em laboração do terceiro turno.
Após retomar a produção e nas duas primeiras semanas de laboração, segundo divulgado na comunicação social, a PSA Mangualde está a produzir menos 10 viaturas por turno. Segundo António Silva, da Comissão de Trabalhadores do centro de produção, esta quebra deve-se à adaptação dos operários às medidas de segurança impostas devido ao COVID-19.

Mangualdense é campeão nacional de perícias

Jorge Almeida foi homenageado pela Câmara Municipal de Mangualde.
O mangualdense Jorge Almeida venceu a última corrida do Campeonato Nacional de Perícias, em Belmonte em 2019, e tornou-se o primeiro campeão nacional da modalidade na categoria de Protótipos-Classe A. O Presidente da Câmara de Mangualde, Elísio Oliveira, prestou-lhe uma singela homenagem, em nome do Município, este fim de semana. “Um mangualdense foi campeão nacional e não podíamos deixar passar este feito em branco, temos de enaltecer o empenho, o profissionalismo e o elevar do nome de Mangualde”, sublinha o presidente.
Estiveram presentes nesta homenagem o Presidente e o Vice-Presidente da Câmara de Mangualde, Elísio Oliveira e Rui Costa, respetivamente, e o Presidente da Junta da União das Freguesias Moimenta Maceira Dão e Lobelhe do Mato, Rui Coelho, freguesia de onde o atleta é natural e ainda António Monteiro, Presidente da Junta de Freguesia de Espinho.
Recorde-se que o campeonato de Portugal de Perícia teve um total de 17 provas e o piloto natural de Mangualde dominou a grande maioria ao volante da sua viatura, uma vez que venceu 13 delas, deixando assim os seus adversários a uma grande distância na classificação geral. 

Um mês de maio diferente, mas Maria presente

Com a situação anormal que vivemos, em tantas das nossas comunidades não foi possível a oração do terço em comunidade, como habitual. Também em algumas aldeias, as habituais procissões de velas, acompanhando em oração o andor de Nossa Senhora de Fátima foram uma ausência sentida, apenas ultrapassada com o convite à oração em família, acompanhando as inúmeras transmissões online do terço, especialmente a do Santuário de Fátima.
Mas, não podendo andar os oratórios de casa em casa, como habitualmente neste mês, em cada casa foi entregue uma folha com a meditação dos mistérios para ajudar nesta oração familiar do terço.
Porque, mesmo no vazio do recinto do Santuário de Fátima, no dia 13, estavam presentes tantos corações. Porque mesmo cada um em sua casa, os cristãos não deixaram de viver este mês de Maria, este amor tão grande à Mãe, até nos terços e flores que em oração colocaram às postas das suas casas.
Porque em cada oração, em cada gesto de amor, Maria foi esta presença confortante, este pedido por tempos melhores.
E foram sentidas e tão acolhidas as palavras do Cardeal D. António Marto no dia 13 de maio, na homilia: “querida Mãe, queremos agradecer-te esta peregrinação interior, a luz, a esperança, a consolação, o conforto e a paz de Cristo que levas às nossas casas e aos nossos corações. Hoje fazes Tu o caminho da ida; o caminho da volta fá-lo-emos nós quando superarmos esta ameaça que no-lo impede. Voltaremos, sim, voltaremos: é a nossa confiança e o nosso compromisso hoje”.
Padre Nuno Azevedo