Arquivo diário: 1 de Outubro de 2020

EDITORIAL Nº 784 – 1/10/2020

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A recuperação da economia
A recuperação económica do País vai ser lenta. Mais rápida no tecido empresarial e mais devagar no sector do Turismo que tem um peso muito grande na nossa economia.
O Sector do Turismo funciona com a confiança e esta anda muito afastada dos cidadãos.
Porém, tudo o que se disser, não passa de palpites. Pode correr bem, ou correr mal.
Se correr bem, talvez para a Páscoa de 2021, o turismo poderá iniciar a sua recuperação.
Para se ter uma ideia, a economia portuguesa perdeu este ano 1,6 mil milhões de euros com a não realização dos Festivais de Verão. Estes tiveram influência directa no sector dos transportes, na hotelaria e sobretudo nos agentes culturais. A Cultura emprega 130 mil pessoas directamente e muitos milhares indirectamente, que estão parados, sem trabalho e sem rendimentos.
Portugal tem em média 300 festivais a nível nacional, fora as pequenas festas espalhadas por todo o país.
Em 2019 geraram quase 2 mil milhões de euros. Em 2020 pouco mais de 400 milhões. E tiveram a incrível cifra de 2,1 milhões de espectadores. É preciso “ fazer as contas”...
Os tempos que vivemos não são normais! Se o fossem estaríamos a regressar às aulas e ao trabalho normalmente, após as férias de Verão!
Vivemos uma crise sanitária, que é simultâneamente social, económica e política. Estamos a navegar um pouco à vista, num mundo de imensas dificuldades. Ninguém aceita responsabilidades! É um constante passar de culpas!
Para já é necessário aguentar as empresas com apoios, melhor se for a fundo perdido, para que o endividamento não seja gigantesco, evitar as falências e a perda de milhares de postos de trabalho.
As insolvências foram até agora mais intensas nos grandes centros urbanos do que no interior. A vantagem do interior do país, regiões de baixa densidade populacional, onde predominam as empresas de cariz familiar, a tendência para a insolvência é menor.
Segundo o plano de António Costa e Silva, o “ ideólogo” do Governo, prevê “mudar o destino do interior”. Ideias já um pouco gastas, ouvidas e nunca concretizadas!
Como mudar o destino do interior?... É a pergunta de um milhão de dólares!
Vêm aí os Fundos! Comecemos por tratar bem o que temos e só depois do que gostaríamos de ter!...
Tempos difíceis se avizinham. Há um nevoeiro que ao desfazer-se, pode também desfazer o País.
Estamos todos esperançados numa vacina para nos tirar da crise sanitária. E a vacina para as outras crises? ...

Democracia, em Portugal, rima com Demagogia

Ana Cruz
É visível o desfasamento do discurso político com a realidade. O uso de falácia fervorosa com argumentos utópicos a adotar - “…mais empregos para os jovens; mais rendimento para quem trabalha; mais acesso a serviços de saúde”- é apanágio de qualquer candidato com futuro na política. E o descrédito é tão avassalador, que falar em debates políticos remete a mudança de conversa ou de canal de televisão, porque “falam muito, mas nada fazem”. Mais facilmente aprecia-se um Cláudio Ramos ou uma Cristina Ferreira do que um líder político. Até se ironiza, que se a Cristina Ferreira fosse candidata a Presidente da Republica receberia mais votos que muitos “velhos do Restelo” da política!
Longe vão os tempos de debates políticos moderados por jornalistas acutilantes, (um deles, Miguel Sousa Tavares, que actualmente é comentador de um canal televisivo. As suas perguntas incisivas eram potenciadoras de muitos suspiros. De angústia por parte dos entrevistados, e de anseio por parte da audiência feminina!), com disputas entre líderes, sem pergaminhos ou diplomacias fantasiadas. O famoso “Olhe que não, Doutor, olhe que não!” de Álvaro Cunhal, foi e ainda é repercutido sob forma de satirizar uma resposta, sendo a sua origem no decurso de um explosivo debate com Mário Soares.
Hoje em dia, os jovens influenciados pela desconfiança, muitas vezes contagiada pelos pais e avós, afastam-se do tema político, como o diabo da cruz. “Votar? Pra quê?”, enquanto tocam desenfreadamente com o polegar no ecrã do telemóvel a votar em imagens e comentários de pessoas que não conhecem, como se fosse vital para a sua vida.
Qualquer jovem conhece a versatilidade da tecnologia e tem um telemóvel antes dos 10 anos, no entanto desconhece o que é uma sociedade participativa; o que é gestão pública; que significado tem a economia no seu dia â dia. Qualquer jovem só repara na influência da política quando saí de casa dos pais para iniciar a sua vida. Até lá há um aligeirar, quase um ocultar, de uma realidade obscurecida pela dificuldade em ter emprego e estabilidade para iniciar uma família própria. Cada vez mais há revolta dos jovens contra as gerações mais “sábias”, por terem omitido a importância das suas posições na sociedade, na economia, no sistema político. “Vai lá ver das alterações climáticas que nós vemos dos impostos e divisão do orçamento de Estado!” dito num tom condescendente e ternurento, dando “inocentes” dádivas à geração futura, como aumento de impostos e menos serviços públicos. Sim, é tão saber que os jovens de hoje não vão ter reforma, e que olharão para o céu dizendo: “Meu Deus, perdoai aqueles que não souberam fazer o que deviam! ”. Prosperidade, independência, estabilidade parecem palavras cada vez mais longínquas!

BROA

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Renovar o Isco
Da massa atual, deixa-se sempre uma porção para a cozedura seguinte. Utiliza-se o gamelo, ou simplesmente o canto da masseira. No Minho, ainda se guarda o isco dentro de uma malga (tigela pequena), e cobre-se com uma folha de couve para não secar.

Aquecer e Limpar o Forno
Enquanto a massa fermenta, o forno é aquecido a lenha. De quando em vez, remexe-se para arder melhor e para espalhar as cinzas e o borralho.
Quando os tijolos do forno estão esbranquiçados, este é, então, limpo com uma pá de ferro, e varrido com uma vassoura de giesta, deixando-se algumas brasas na entrada antes de fechar a porta.

Dar Forma à Massa
Depois de se untar a malga, o gamelo ou o tigelão com farinha, enche-se com a massa fermentada para lhe dar forma e tende-se o pão. Esta etapa exige à mulher muito treino e destreza.

Meter a Broa no Forno
Para enfornar a broa, usa-se uma pá de madeira, redonda ou retangular, cujo cabo é mais ou menos comprido consoante a profundidade do forno.
Este trabalho, particularmente fatigante devido à sucessiva e rápida repetição de movimentos e pelo calor intenso que se faz sentir junto ao forno, requer duas pessoas: uma para colocar as broas na pá e outra para enfornar.
Quando cozidas em fornos comunitários, por vezes pertencentes à igreja, as broas são assinaladas com uma marca para as distinguir; nalguns locais, são colocadas por cima de uma folha de couve – para não ficar em contacto direto com a cinza que eventualmente exista no forno e para não deixar queimar a parte de baixo das broas). Durante a cozedura, as mulheres têm a oportunidade de usufruir de alguns momentos de merecido descanso e descontração, neste espaço de trabalho exclusivamente feminino: conversam entre elas, e aproveitam para comer qualquer coisa.

Também nesta etapa há, por vezes, certos ritos: fazem uma cruz com a pá na entrada do forno ou rezam orações. Lança-se, então, um punhado de farinha por cima das Broas para lhes dar cor; fecha-se o forno com uma laje de granito (ou, mais recentemente, com uma porta de ferro), e veda-se com barro ou com cinzas e bosta de vaca. A cozedura é a última fase do ciclo do pão.

REFLEXÕES

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PATRIMONIO CULTURAL (8)
CITÂNIA DA RAPOSEIRA
Ao tentar fazer a retrospectiva do trabalho arqueológico desenvolvido na larga área da Citânia ficamos com uma longa estória a relatar, que não caberá nestes ligeiros artigos reservando-a por isso para descrições futuras com outra abrangência.
Então a segunda campanha de escavações veio a ter lugar no mês de Setembro de 1986. Toda a logística ocupava imenso tempo – antes de mais saber do apoio financeiro a conceder pelo IPPAR, pela Câmara Municipal e outros Organismos oficiais. Organizar toda a logística de apoio. De seguida selecionar os jovens estudantes voluntários, que começavam a revelar interesse neste tipo de investigação e para os quais entendíamos ser necessário reservar algum dinheiro para um bónus semanal que os deixasse entusiasmados. O trabalho feito debaixo de sol em pleno estio não era assim tão fácil de aceitar sem qualquer recompensa. A equipa era então constituída por “trabalhadores”, arqueólogos em part- time sendo um director dos trabalhos a tempo inteiro. Coube-me, assim, toda a planificação desta soberba empreitada ao longo de doze anos. Os campos de investigação arqueológica no País antes da década de 70 eram relativamente poucos, embora se soubesse que o território de Portugal albergava imensos locais, uns visíveis outros soterrados, com testemunhos da presença de povos desde a Idade do Ferro e alguns mesmo anteriores. No nosso concelho estavam sinalizados vários sítios, adormecidos num espaço temporal não se vislumbrando quaisquer autoridades que se preocupassem com a riqueza do nosso património cultural regional. Com o 25 de abril de 74 surgiram pessoas ou grupos com preparação académica capaz de quebrar a letargia que pairava sobre o País. E os movimentos começaram a surgir embora precisassem de tempo para se afirmarem e convertessem os seus sonhos em realidade. Aconteceu com a ACAB e seus dinamizadores. E assim nos vimos a braços com esta enorme tarefa. Para esta segunda campanha se efectivar em terrenos da quinta da Raposeira foi necessário reformular a difícil negociação com os proprietários que possuíam duas parcelas contiguas e que estavam a ser cultivadas. Uma estendia-se ao longo do caminho rural, a outra da mesma dimensão era colada a esta, separada apenas por uma linha de aveleiras e oliveiras. A existência de imensas árvores já com décadas de vida era uma enorme preocupação. Escavar até uma certa profundidade, sem as danificar seria muito difícil. De qualquer modo teríamos de respeitar os direitos dos donos escavando com muito cuidado contornando as grossas raízes. No final desta campanha ficamos com uma quantidade promissora de restos de muros que determinavam espaços identificados como um edifício de umas pequenas TERMAS ROMANAS. O futuro prometia…
Setembro 30 -2020

SANFONINAS

dr. jose
Palpites
A Marta dava andamento ao processo que o patrão Vítor lhe estava a passar. Eu esperava, tranquilo, do outro lado do guiché. Viera entregar para abate a viatura que nos acompanhava há mais de 20 anos; era assim como a despedida de um ente querido, salvo seja! Deixei, pois, o pensamento voar, para me libertar do momento. E, de repente, o olhar caiu na folha A4 afixada mesmo na parte superior do vidro. À primeira vista, não percebi, porque me pareceu uma tabela de preços. O pensamento ainda não estava por completo ali. Exigi-lhe que voltasse e visse bem o que ali dizia, até porque, ao fundo, alguém escrevera com esferográfica this is a private joke! Uma «brincadeira»? Se é brincadeira, interessa-me, que, nesta maré de despedida, algo que me distraia é que vem mesmo a calhar!
E decidi-me a ler essa TABELA DE PREÇOS, embora soubesse de antemão que não iria pagar nada.
Mão de Obra por Hora 25,00 €
Mão de Obra por Hora com observação de cliente 35,00 €
Mão de Obra por Hora com observação de cliente e palpites do mesmo 45,00 €
Não resisti a uma gargalhada e comentei com o Vítor e a Marta:
– Que está bem apanhada esta, isso é que está! Assim como quem vai ao médico e se queixa disto e daquilo e aventa logo: «Dr., isto é apendicite de certeza! Ou, então, é o intestino cheio de pólipos e há cancro por i. Receita-me uma colonoscopia? Há três anos que fiz a última, preciso de a voltar a fazer, não acha?». E o médico ouve, ouve, ausculta o paciente, palpa-lhe delicadamente o abdómen, com uma vontade danada de lhe perguntar quem é o médico ali…
Os palpites. Esses, numa consulta médica, são frequentes, que amiúde já se sabe o que se tem, de que medicamento é que se precisa… Agora, numa oficina de reparação automóvel, o mecânico observa dum lado e do outro e lá está o cliente a atrapalhar: «Se calhar, isso é tudo da centralina, que se desligou, já noutro dia me aconteceu a mesma coisa, a gente a pensar que era a bomba de água ou o veio de transmissão… É verdade, o Amigo já viu se a correia se partiu?...».
Trata-se de uma brincadeira essa tabela, mas que encerra uma bela lição, isso é que encerra!

IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 80
Dando continuidade ao artigo anterior, após as súplicas já mencionadas para que a chuva viesse e pela população, alguns Monjes, devido às grandes caminhadas e debaixo dum Sol abrasador a que estavam sujeitos ficavam enfermos, sendo internados num Hospício na Vila de Cascais, sito numa Quinta hoje desconhecida, propriedade do Convento dos Capuchos e doação feita  àquela Instituição Religiosa, para tratamento.
Parte Exterior do Convento dos Capuchos em Sintra
Conta-se que nos primeiros dez anos de existência deste Convento, havia um frei de nome Thome, natural de Torres Vedras, um ferveroso crente que procurava tratar com sua Intuição (Fé), todos os Monjes que se encontravam enfermos, devido às caminhadas longas pela Serra.
Era tão crente, que na hora da sua partida para outras dimensões, e acompanhado de um irmão respondeu a Jesus “O Cristo”, que passo a transcrever na íntegra:
“Meu Senhor Jesus Cristo, a quem servi, me fez particular favor de me aparecer crucificado, e com tão estreitos nós de amor atou minha alma com sua divindade, que nem as dores que padeço, nem todas as do mundo me poderão apartar um ponto Dele.”
Há ainda a Lenda de Frei Honório, que viveu nas primeiras décadas deste Convento, já no Século XIX.
Conta então, que este homem pediu autorização  para fazer uma cova apertada  na sua cela, sendo a cama uma cortiça, e almofada uma pedra que algumas vezes trocava por pão. Viveu assim  durante dezasseis anos, porque afirmava que o diabo em forma de mulher o tentava de amiúde.
Todas as sextas-feiras e já com idade de oitenta anos, entrava no refeitório com um molho de silvas enrodilhado no pescoço, para que ele pudesse compreender  pela sua alma e através da dôr, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Sentava-se e limitava-se a ingerir apenas Pão e Água.
Há um facto curioso de Frei Honório quando se deparou no seu confessionário, com um homem  de joelhos lhe implorando que ouvisse as suas confissões. Estas eram tantas, que durante três dias os seus pecados lhe saiam da boca. No terceiro dia, Frei Honório já farto de ouvir as suas súplicas, elevou as mão ao céu e disse:
“Jesus me valha! Haveis de acabar de vos confessar alguma Hora”
Ao  pronunciar esta frase, o homem desapareceu, deixando um cheiro nauseabundo no ar. Então Frei Honório concluiu, que aquele era o homem que durante os três dias o havia privado de administrar as confissões a outras pessoas, concluindo que ali estava Diabo.
Continua

A PROCURA da FELICIDADE

juiz
Desde os mais recuados tempos, sempre o homem se preocupou em encontrar a felicidade. Na minha juventude, lembro-me de um livro escolar que contava a história de um rei que encarregou um dos seus súbditos de lhe trazer a camisa de um homem feliz. Depois de uma longa pesquisa, encontrou finalmente um camponês que cantava alegremente enquanto lavrava a terra. Abordou o homem e perguntou-lhe se era feliz. Perante a resposta afirmativa, pediu-lhe uma camisa sua para levar ao rei, mas o homem nunca tivera uma camisa. Daqui se concluía que não é a riqueza que traz a felicidade. Aliás, o homem mais rico não é o que mais tem, mas aquele que menos precisa.
Tal Bem Shahar, um escritor que foi, durante vários anos, professor na Universidade de Harvard, publicou, em 2008, o livro Aprenda a Ser Feliz. Segundo o livro, o nosso modo habitual de pensar e o nosso comportamento são determinantes para conseguirmos ser felizes. A felicidade depende muito mais do nosso comportamento voluntário do que das circunstâncias da vida ou do ambiente que nos rodeia.
O autor dá a conhecer sete lições da felicidade: 1 – Dê a si mesmo permissão para ser humano. Quando aceitamos emoções como o medo, a tristeza ou ansiedade como naturais, é mais provável que as superemos. Rejeitar as emoções, positivas ou negativas, leva à frustração e à infelicidade; 2 – A felicidade está na interseção entre prazer e significado; 3 – Tenha em mente que a felicidade depende sobretudo do nosso estado de espírito, não do nosso estatuto ou do saldo da nossa conta bancária; 4 – Simplifique! Geralmente, estamos ocupados demais, tentando enfiar cada vez mais atividades em cada vez menos tempo; 5 – Lembre-se da ligação mente – corpo. O que fazemos – ou não fazemos – com o nosso corpo influencia a nossa mente; 6 – Demonstre gratidão sempre que possível. Muitas vezes tomamos as nossas vidas como garantias; 7 – Saber criar prioridades nos relacionamentos.
Recentemente, soubemos de pesquisas feitas no sentido de procurar fabricar um elixir da felicidade. Na Revista Sábado, de 7 de Março de 2019, o professor universitário Gun Semin, residente em Portugal, mostrou-se empenhado em descobri-lo, servindo-se do cheiro para o alcançar. Com um financiamento de 6,5 milhões de euros, engloba 10 equipas de 8 países. Propõem-se obter 100 amostras masculinas e outras tantas femininas, a partir do suor das axilas de pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos, as quais antecipadamente veem excertos de filmes, de 25 minutos, que induzam à felicidade e ao medo. O suor é conservado em congelador, a 80 graus negativos, e é enviado para Universidade de Pisa. Depois, pela análise, procuram concluir acerca do efeito que provoca nas pessoas: expressão facial, reações comportamentais e fisiológicas. Se induzirem o cheiro da felicidade, através de um spray, numa fábrica onde os operários se propunham fazer greve, prevê-se a possibilidade de os levar a mudar de ideias.