Arquivo diário: 16 de Março de 2021

EDITORIAL Nº 795 – 15/3/2021

Um novo rumo
O Jornal Renascimento está a trilhar um novo rumo.
A época difícil que atravessamos obriga-nos a trabalhar mais, ter mais responsabilidade, evoluir avançando nas novas tecnologias da informação para poder responder aos desafios do futuro, interagir com a comunidade e melhorar o nosso conhecimento.
As empresas que não procederem assim, morrem. E normalmente começam a morrer por dentro. Não trabalham! Não se adaptam!
Um velho aforismo àrabe, Civilização Sábia e Culta diz.- “Não é prudente olhar para trás, quando o nosso caminho é para a frente”!
Esta verdade anima-nos de tal forma que não vamos parar mais!
A expansão do Jornal Renascimento para a Cidade de Viseu, uma cidade de média dimensão, com cerca de 100 mil pessoas beneficia a todos.
O Jornal aumentou a tiragem, há mais leitores; Os anuncios são mais vistos; os Cronistas são mais apreciados, conhecidos, lidos; aumentamos o nosso mercado de publicidade, de vendas; aumentamos o respeito pela nossa opinião, que agora é mais conhecida. E damos a conhecer outras opiniões.
Recebemos bons incentivos:- “Continuem, estão a fazer um bom trabalho”!
Assim nos receberam em Viseu! Ao contrário do que imaginávamos abriram-nos as portas todas ! E nós entramos, devagar, seguros, com a certeza de que vamos ficar!
Quem dirige um Jornal e o vive, sente o seu pulsar. E até agora todas as palavras são de elogio, de ânimo. De tal modo que outros passos, calculados, seguros se aproximam.
A natureza tem horror ao vácuo. O “horror Vacui” não existe. O seu preenchimento, a sua substituição, é imediata. Quem pára ou desiste é logo substituído. É assim a natureza das coisas!
Com a distribuição, nesta fase do Renascimento, na Cidade de Viseu, estamos na Autarquia ( Vereação, Assembleia Municipal, Juntas de Freguesia) , Serviços, Clínicas, Profissões liberais ( Médicos, Advogados, Notários, Conservatórias), Hoteis, Bares e Restaurantes.
Fizemos uma autêntica invasão à Cidade, pacífica, ordeira, medida, calculada e que brevemente dará os seus frutos.
Muito brevemente aumentaremos o número das nossas páginas e também o dos Cronistas, agora da Cidade que nos acolheu - Viseu.
A aceitação de entrevistas aumentou tanto, que agora o problema é ter espaço, nas páginas do Jornal Renascimento, para as publicar.
Por isso a necessidade de as aumentar.
Formulamos daqui um pedido aos nossos leitores; Juntem-se a nós neste audacioso projecto. Colaborem connosco!
Não queremos estar sós ! “A solidão só é amável, um instante”!

IMAGINANDO

Parte 91
O Ego – Parte 1
Muitas vezes nos deparamos a definir nossa personalidade, impondo ao semelhante, que aquela é a melhor atitude a tomar, e implicitamente os que nos rodeiam têm que a aplicar também.
Não havendo uma ligação ou prisão ao nosso cérebro, porque ele apenas armazena, a personalidade do Ego nos condiciona, quando nosso Eu Inferior assume um total controle sobre todos os nossos corpos.
Vamos explicar como se dá determinado condicionamento:
Digamos, que o nosso “Eu Quântico” ou “Eu Cósmico” é o Hardwere, (em baixo iremos elucidar) e o “Cérebro” o Softwere funcionando como um computador com diversos programas. Esclarecemos que o “Eu Quântico” não se identifica com memórias anteriores, ao passo que o Ego nos restringe a um condicionamento que nos prende a crenças de vidas passadas, e passamos a explicar porquê:
Quando se dá um estímulo, o cérebro organiza uma nova pasta de informação sobre determinada crença que por imposição, tomámos como credível. Vai criar uma recordação dessa ocorrência. Se este estímulo é repetitivo, nossa consciência (não-local ou Espírito) vai responder ao estímulo do “Eu Quântico ou Eu Superior, (que podemos considerar nossa Alma)”, assim como a todas as respostas armazenadas na “memória” do Inconsciente (campo das emoções, localizado em nossos corações), porque este focalizou com convicção. Colapsou essa informação passando da probabilidade para a possibilidade, que interpretamos como “real”.
Resumindo: Com a continuidade dessas ocorrências , houve uma projeção no espelho da memória que produziu um condicionamento.
Quando nos baseamos numa resposta, acreditando “que aquilo nos serve”, já é o Ego a controlar e a integrá-lo naquele sistema de crença, limitada pela projeção retida naquele espelho, tomando conta da sua liberdade.
Então o que é o Ego?
É o Eu destas respostas, não o Eu Quântico ou Superior(Alma), mas o eu inferior (personalidade) que habita e controla separadamente em cada um de nós, ao nos identificarmos em consciência com os nossos Corpos Físico (Sensações), Vital (Sentimento afetivo) e Mental (Pensamento).
Como o Ego nos controla através de diversas crenças transmitidas por nossos pais e seus antecessores, religiões e governos, vamos criar aquela realidade como “aquilo é o que obrigatoriamente temos que fazer, independente de concordarmos ou não”. Com a continuação, entram em piloto automático.
Mesmo que não concordemos, temos que obedecer porque podemos ser penalizados, e afetar a nossa vida familiar ou no trabalho, não sendo bem vistos pela Sociedade que nos rodeia, não tendo por isso direito a um bónus pelo mau comportamento.
É o pensamento felizmente já, de uma minoria.
Isto tem passado de geração em geração, devido ao modelo de sociedade que nos tem sido imposto. Até que se dê a Transição Planetária, temporariamente, ainda parte desta mesma Sociedade se encontra integrada no que chamamos normalmente de Matrix.
Há quem se sinta acomodado com este controle, mas nosso Ego também tem a capacidade de sair fora deste condicionamento, fingindo e em plena consciência estar de acordo com tudo, usando determinadas “máscaras”, adaptáveis a um determinado tipo de situação.
Tem ainda o propósito de energeticamente dizer “não” aos condicionamentos.
Para isso terá que ser criativo, e confrontar todos os medos que a Sociedade atual lhe oferece por sair fora do seu controle, e corajosamente enfrentar o desconhecido.
Veja um exemplo:
Será que ao usar minha criatividade, meu Chefe vai manifestar a sua insatisfação pensando que o quero ultrapassar?
Quando utilizamos nossa criatividade há duas afirmações a ter em atenção:
• O que vamos criar não prejudica o meu semelhante.
• O projeto de minha criação vai servir para ajudar o Todo.
Quando intui usando estes projetos, sua criatividade já está na base do amor e não no medo controlador usado pela Sociedade atual. Uma maioria irá perceber o seu objetivo.
O Eu Quântico vai “ajudar” seus pensamentos. O Ego permite-se ao fenómeno, porque está sendo dominado.
Considere que sempre teve o comando de si próprio, porque é um Ser multidimensional a fazer uma experiência humana neste Planeta. Você vive num mundo mental e tudo o que vê no exterior é uma projeção do que construiu no seu interior. Construiu essas imagens e viverá esse mundo que criou. Vivemos um Mundo Maya (ilusão).
Quando nos consciencializarmos que somos Seres Multidimensionais, passamos do condicionamento para a criatividade. Só assim o UNO atingirá o seu objetivo. Tudo começa em cada um de nós.
Continua

REFLEXÕES

Património cultural (19)
RUINAS ROMANAS DA QUINTA DA RAPOSEIRA
Quem me tenha seguido nos artigos dedicados às escavações arqueológicas na quinta da Raposeira, talvez tenha reparado que hoje substituí a designação de “citânia”da Raposeira. Também já apresentei anteriormente a minha interpretação do título que parecia ter uma abrangência desconexa com o que agora se conhece daquela área. Temos sim, um território com cerca de um quilómetro desde a antiga estrada para Fornos de Algodres, (ou Bairro do Modorno área onde, dizia-se, que há muitos anos já se havia encontrado um tesouro em que abundariam moedas ) até pelo menos ao sítio onde se encontra construído o actual Pingo Doce. A Norte, Nascente e Sul envolveria o sopé do Monte Sra do Castelo descaindo para a ribeira da Lavandeira. Pelos vestígios que fui detectando ao longo das minhas pesquisas visuais em toda esta área, ficaram sinalizados vários pontos onde existiriam construções romanas dando a confirmação, que por toda a área mencionada, se ergueria uma povoação romana. A sua área de implantação neste território não é verdadeiramente conhecida pelo pouco trabalho de pesquisa arqueológica feita ao longo dos tempos, com excepção para as recentes escavações que tenho descrito. Também não me parece que venham a ser desenvolvidos trabalhos no futuro em quaisquer outros pontos. Porque… quando da construção da actual avenida Sra do Castelo pressentimos que o progresso iria dar uma machadada ao que restaria da povoação romana. Lògicamente, quando se abre uma artéria por áreas ainda pouco ou nada edificadas, de imediato aparece o interesse imobiliário que se irá encarregar de revolver terras e tudo destruir com o poder das retroescavadoras. Quando em 1986 já tínhamos os primeiros vestígios de um edificado romano, ficamos alarmados, porquanto prevíamos o desastre cultural que se iria verificar não havendo mais hipótese de desenvolver quaisquer outros estudos por ali. Nos anos que se seguiram fomos tentando mapear evidências através da observação da imensa quantidade de fragmentos de telha (imbrices e tegulae ) e tijoleira (later) romanas, bem como fragmentos de louça grosseira que travavam as pedras talhadas e faceadas ao estilo romano na construção dos muros de propriedades e outros vestígios de “cacos” à superfície dos terrenos cultivados. Era evidente a necessidade de medidas que permitissem um estudo prévio antes que tudo ficasse arrasado. Qualquer decisão deste tipo teria de ser sancionada pela entidade superior IPPAR e foi pela sua extensão em Coimbra (antigo SRAZC – Serviço Regional de Arqueologia da zona Centro) através do seu Director, que em reunião de Câmara se decidiu assinalar na planta de 1/ 2o.ooo,através de ponteado, os sítios onde eram mais densos e evidentes os vestígios atrás descritos. Esta planta ficou a fazer parte dos Serviços Técnicos da Câmara. E para quê? É que através de Norma Autárquica, criada, qualquer pessoa que pretendesse construir em qualquer terreno da zona ponteada teria de pedir licença para SONDAGENS PRÉVIAS. Para quê? Podermos avaliar o potencial, ou não, arqueológico do lugar em questão. Esta medida foi dum alcance extraordinário, acho mesmo que foi única no País…no entanto, com virei a descrever, de pouco serviu. E a destruição seguiu em frente sem quaisquer obstáculos.
Março 2021

Imunidade de grupo ou confiança no sistema?


O conceito é simples: se grande parte da população for vacinada ou tiver recuperado de uma infeção, há uma maior probabilidade que essa infeção\ doença não disseminar, criando uma proteção de grupo. Quem não teve a doença, ao ser vacinado, tem uma maior probabilidade de não adoecer, ou então caso isso ocorra, terá sintomas mais atenuados e uma recuperação mais breve. E quem beneficia destes fatos, são as pessoas que não foram vacinadas por variados motivos, mas por a infeção ter menos prevalência na comunidade, vão ter menos probabilidade de entrar em contato com a doença. Probabilidades, expectativas, suposições…. Sim, estamos a falar de Matemática! Não estamos a descrever a doença do individuo ou a sua recuperação, estamos a descrever a evolução da doença numa população segundo algumas condições sociais, culturais que essa população está exposta.
Supostamente, a evolução de uma doença varia consoante o acesso aos cuidados de saúde da população, mas há um fator que cada vez tem sido mais distinguido, que é a distribuição desses mesmos cuidados de saúde. De fato, a visão organizacional da distribuição das vacinas retrata uma gestão dos múltiplos recursos para atingir um objetivo: criar um beneficio coletivo.
Desconsiderar áreas que contemplam a mais valia da população, trouxe apenas desconfiança e descrença num sistema que se diz democrático e solidário! Saber que há um médico para tratar da minha saúde, mas ignorar que existe uma equipa que o suporta, é desmotivante e promove a indiferença. Equivale ao conto do “Rei vai Nu”, todos sabiam, mas tinham receio das represálias e das consequências de serem sinceros… A organização e desempenho do SNS depende não só dos profissionais de saúde, mas de todos que apoiam o processo. Desde o motorista que transporta, até ao farmacêutico que prepara. Desde o técnico de informática que facilita a leitura da informação dos processos médicos, até à telefonista que esclarece dúvidas…. Confiar é reconhecer que o outro pode me ajudar; confiar é prever que a atuação do outro é para meu beneficio.
Criar imunidade da corrupção existente pode ser morosa, mas compete a cada um de nós a erradicação da indiferença que alimenta tanto egos e promove tanta injustiça. Este será o maior prémio que o SNS poderá ter da população que abrange: a sua confiança.

SANFONINAS

Judeus no Canto
«Aposentado. Finalmente! Adeus horários rígidos, reuniões insípidas e inconclusivas, relatórios de actividades e programação de actividades para daqui a cinco anos!…. De papo para o ar! Assim mesmo, vou passar os dias de papo pró ar, porque já dei para esse peditório do orçamento nacional. Plantei árvores, tenho filhos e já escrevi um livro!…».
Claro que raciocínios destes caem pela base logo ao fim da primeira semana e se há, de facto, quem, na aposentação, deixe cair os braços, há os que de pronto se dedicam à solidariedade como voluntários ou, mesmo, os que não hesitam em continuar, em moldes serenos, as actividades a que se dedicavam, a fazer aquilo que os tais apertados horários lhes não haviam dado oportunidade de se dedicar.
Congratulo-me vivamente com aqueles muitos colegas da minha idade que acordam todos os dias com objectivos definidos a cumprir. Abençoados!
José Manuel de Azevedo e Silva, por exemplo. Jubilou-se como professor de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Anda hoje pelos quase 84 anos. Não parou. Dele se publicou há dias o livro «A Judiaria do Canto, Tibaldinho, Mangualde – Um Caso Único, em Portugal e no Mundo» (Theya, Edições Universitárias Lusófonas, Lisboa, 2021), prova da investigação a que não quis virar costas, nomeadamente por se tratar da sua terra natal.
Congratulo-me não apenas pelo seu significado de dinamismo pessoal mas, de modo especial, por dar a conhecer um aspecto da história da sua terra, que se revela deveras relevante.
Escreve o presidente da autarquia, João Azevedo, no prefácio, com manifesto júbilo, que «a existência de uma sinagoga escondida nas profundezas da terra, numa mina-galeria, na localidade de Tibaldinho, desvela agora a história de ignotos judeus nestas paragens» e «catapulta Tibaldinho e Mangualde para uma centralidade cultural ímpar». E o autarca não enjeita a necessidade de «aproveitar o valor histórico, cultural e socioeconómico da judiaria do Canto e da sua sinagoga» para, com criatividade e inovação, «integrar esta nova realidade nas estratégias de desenvolvimento local e regional». Amém!
Bem hajas, meu caro Azevedo, pelo exemplo e pelos singulares resultados a que a tua investigação te levou.

MONTE DA SENHORA DO CASTELO –UMA BOLHA DE AMOR


(continuação do numero anterior) 
Magra mas esbelta, formosa quanto baste, trazia sempre como num fatal desígnio da natureza a sua trança escura em desalinho num perfil de pura melancolia. Voz cristalina como a água do rio, graça de saudosa e mística donzela. Seios pequenos, voluptuosos de ilusão recordavam a imagem dos outeiros e vales que se infiltravam na sua alma e á noite o luar prateava. Era a moça mais linda daquele pitoresco lugarejo e vislumbravam-se nos seus olhos as lendas, os sonhos e os milagres daquele monte misterioso como gota de orvalho á luz da aurora entre uma nuvem e uma lágrima hesitante. Era a gentil camponesa cheia de graça e beleza no seu simples vestido de lã pura, bem lavado cheirando a alfazema e tomilho que uma capucha de burel escondia nos dias de frio sincelo e chuva. Era a genuína serrana. Na intimidade do silencio do monte apenas quebrado pelo tenido dos guisos das ovelhas e os chocalhos das cabras, como borboletas esquivas que vão e vêm e se afastam de novo, Zé das Trindades e Maria Rosa apartavam o gado  

  • Como se chama vossemecê?! … 
  • Sou a Maria Rosa (e um leve rubor lhe aflorou á face)  
  • Eu sou o Zé, o Zé das Trindades. Um criado ao seu dispor. Venho de uma aldeia aqui em baixo, Darei e conheço bem a quinta de Darei que é tão bonita como a aldeia de vossemecê. 
  • A minha é mais linda. Vocemecê ainda não conhece a sua graça.!! … 
    E neste simples linguarejar de uma simplicidade enternecedora, germinava uma semente, pequenina como um grão de mostarda, crescia o embrião de uma rústica cumplicidade como alma que vai ficando eternamente enamorada - Amanhã vou ficar lá “arriba“ no abrigo daquele vale …ali (e apontava com o cajado um pequeno valeiro verdejante a um pulo de lobo). Vou levar o gado um “coxito“ mais “árriba“, mais perto do “picôto”
    (continua no próximo número )