Arquivo diário: 14 de Abril de 2022

EDITORIAL Nº820 – 15/04/2022

Feliz Páscoa
Após um longo período de pandemia, que nos impossibilitou de exprimir de forma sensível e concreta saudades e afectos e que foi causa de sofrimento, às vezes grave e até mortal, estamos a iniciar um outro período, menos doloroso e que talvez nos permita regressar a uma certa normalidade.
Esses tempos difíceis que vivemos tornaram-nos mais conscientes, mais solidários e mais humanos.
E descobrimos essa coisa desconhecida que vale mais que a riqueza e a volúpia. Os abraços que são as verdadeiras cadeias do amor.
Vamos comemorar a Páscoa, que celebra a Ressurreição de Cristo conforme relata o Novo Testamento.
Este dia, vem a seguir à Quinta Feira que comemora a Última Ceia e a Sexta feira que é a Cruxificação e a morte de Jesus no Calvário.
Esta festa de Páscoa, que é móvel, e este ano é em 17 de Abril, é o momento para os Cristãos de todo o Mundo Católico festejarem este dia Salvador.
E é costume as pessoas trocarem entre si ovos de Páscoa que é o Simbolo do Túmulo Vazio.
Jesus morre com o intuito de libertar a Humanidade do Pecado. Porém, para os Judeus significa a libertação do seu povo, que vivia no Egito e era nesse tempo escravo.
Assim, Páscoa, nome judaico, significa “Passagem”ou “Travessia”, o percurso feito pelos Judeus, atravessando o Mar Vermelho em busca da Terra Prometida, promessa feita por Deus.
Mas, o verdadeiro significado é a “Passagem” da morte para a vida, a Ressurreição.
Nesta Páscoa, o que todos nós desejamos e estamos necessitados é de Paz, Amor e muita Esperança.
Vivemos tempos anormais; uma crise sanitária, que foi e ainda é económica, social e politica e agora de guerra.
Estamos a navegar num mundo de imensas dificuldades, incertezas e imprevistos. Como se costuma dizer – navegar um pouco à vista.
Resta-nos a Esperança!
Que todas as nossas famílias sejam abençoadas!
Que a Páscoa seja um símbolo de Paz, de Fraternidade, de Amor e que os verdadeiros valores cristãos façam da Família o sustentáculo para a manter, conservar, dentro dos valores da ética e da moral.
Páscoa Feliz!

IMAGINANDO

Parte 111
A LEI DO RITMO- Parte 2

Dando seguimento ao Texto anterior texto anterior prossigamos sobre esta Lei:
Falemos de vibrações humanas, referindo-nos a um Universo Vibracional em que tudo é mental:
As maiores vibrações, são as nossas próprias emoções.
Então, quem busca viver uma alegria extrema, também vai lidar com uma tristeza extrema.
O Ritmo é a compensação.
Podemos aqui perceber, como o Ritmo é importante; sempre devagar, seguindo o fluxo das marés, respeitando cada ciclo.
Todo o Universo manifestado é Dual.
Há sempre uma margem em que podemos transitar, para além do centro:
Quando se fica super alegre, consequentemente também se fica super triste. O pêndulo gira. Então a compensação é o ritmo, porque ele dá-nos uma margem com segurança para ambos os lados.
Mas existe uma margem, que podemos transitar para além desse centro.
De vez em quando tanto fico mais eufórico, como mais triste.
São fases que nos vão alertando (ensinando) para algo.
Quando fazemos este pêndulo ir de um extremo a outro num ritmo acelerado, os resultados são puramente catastróficos. É como numa estrada com permissão de viajar a 50 Km/hora, irmos a 200 Kms hora.
Quando há uma transição de oscilações, do alegre para o triste, surgem estados de saúde anormal, tais como a bipolaridade ou maníaco depressivo.
Podemos exemplificar:
Uma pessoa vive um estado de depressão. Normalmente, e para naquele momento sair dessa situação, busca uma fonte de prazer: Utiliza a droga.
Sim, porque há drogas que manifestam um prazer e uma alegria, que a pessoa não tem. Então a pessoa sente naquele momento uma alegria ou autoestima bem forçada.
Resultado, no dia seguinte volta mergulhar nessa mesma depressão. Novamente recorre à droga e assim sucessivamente.
Qual é então a consequência, quando este extremo é muito intenso?
Normalmente é uma perda inestimável, desprezando a própria vida em si.
É por isso que o ritmo é fundamental para este processo.
Uma pessoa que vive na harmonia, tem ritmo e normalmente não oscila tanto.
Pessoas com paixões demasiadas, normalmente têm decepções na mesma proporção.
Segundo os estóicos, eles lembram que nosso tempo é curto e devemos vivê-lo da melhor forma possível, sendo firmes, fortes, controlando nossos impulsos e nossa capacidade de raciocinar.
“Para o homem, o ideal é um sereno contentamento”
Evitemos os excessos porque se eles forem muito grandes, mais para a frente a vida se vai abreviar.

Habemus governum


Depois de mais uns atrasos típicos da inépcia do políticos portugueses, com a questão dos votos dos emigrantes, finalmente foi apresentado o 23º Governo Constitucional que é constituído por 18 ministros e 38 secretários de Estado. No total são 56 governantes mas apesar de ser mais pequeno que o último Governo, continua a ser muito governante, arrisco a dizer, demasiados!
Agora, o que podemos esperar deste Governo?
Bem, parece-me que face ao clima de instabilidade e incerteza mundial, vamos ter mais uns largos de navegação “à vista” e de empobrecimento generalizado.
Não são de esperar grandes reformas em qualquer sector até porque as personagens governativas são provenientes, quase na sua maioria, do aparelho socialista, o que só por si quer dizer quase tudo.
António Costa vai continuar a deter o poder executivo, agora com uma maioria absoluta e sem necessidade de negociar com qualquer outro partido representado na Assembleia da República. Agora que se libertou dos seus antigos parceiros da extrema-esquerda, não tem desculpas para executar o programa que apresentou aos portugueses, embora as circunstâncias tenham mudado abruptamente. Na realidade, a invasão da Ucrânia pela Rússia mudou radicalmente o xadrez internacional e as incertezas abundam.
Relativamente à composição do novo governo não se fizeram esperar as críticas e não deixam de ser pertinentes. Diversos setores da sociedade portuguesa acusam-no de ser demasiado centralista, de incluir apenas personalidades da capital e de se cingir à “entourage” restrita do Primeiro-ministro, apesar de não incluir João Azevedo, o seu “delfim” de Mangualde.
Para o economista César das Neves “O primeiro-ministro disse que iria reapresentar o Orçamento do Estado (OE) chumbado em outubro. Isso seria evidentemente um erro, pois estes meses mudaram significativamente o cenário macroeconómico e, por isso, uma boa gestão implicaria uma revisão das metas e medidas do OE, mesmo se o essencial não mudasse. Isso acontecerá certamente (sobretudo se mudar de ministro das Finanças) pois as promessas de campanha são sempre mutáveis”. E, no meu entender, é no novo Ministro das Finanças que reside a maior fonte de problemas.
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o “Governo fez uma escolha: manter o programa para os quatro anos e meio e ir juntando as medidas”, mais uma confirmação que o barco navega ao sabores do vento rezando para não meter muita água nem ter a tripulação amotinada.
Habemus governum…resta governar.

RETALHOS DA MEMÓRIA


A PÁSCOA (O COMPASSO)
Costumes e tradições não ficam alheios ao tempo. A Páscoa Cristã, centra-se no domingo em que se celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. Em harmonia e luz desabrochando de sonho feito de esperança e alegria o domingo que antecede a Páscoa . É o Domingo de Ramos. Após a bênção dos ramos seguia-se em procissão até á Igreja onde era celebrada a missa. E até nós chega a aurora a luz primeira que nos manda rezar ao criador adorar a Divindade que se beija , no Domingo de Páscoa . Era a festa na aldeia . É um dia de reconciliação das pessoas com a vida . Sob uma luz matinal que antecedia a Páscoa , no sábado as pessoas levantavam-se cedo , coziam os bolos da Páscoa ( bolos de azeite ) , pão de ló , faziam a aletria , o arroz doce e as filhoses . No Domingo de Páscoa antes de ir á missa preparavam a mesa da sala , estendiam uma toalha de branco linho e colocavam os pratos mais bonitos que guardavam no armário , talheres e copos . Metiam o cabrito no forno . Vestiam as melhores roupas domingueiras .Como um calor de vida a despontar chega a hora da missa que é o acontecimento mais relevante da comunidade cristã : A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo , a vitória da vida que venceu a morte . No regresso da missa já o cabrito estava assado e a mesa posta . era só reunir a família á mesa . Em clarões de alegria e boa disposição terminava o almoço .De seguida toca a enfeitar a mesa com a mais bonita toalha de linho bordada á mão .Com asas de amor eram colocadas amêndoas , o pão de ló , as filhoses , queijo e vinho. Em tarde de áurea e pura essência estavam prontos para receber “o compasso” . Para anunciar a sua chegada repenicavam os sinos das capelas e estralejavam os foguetes. As ruas eram enfeitadas na entrada das portas com tapetes de flores . Chegava “ o compasso “ ,á frente o Padre acompanhado pelos mordomos . Entrava e com água benta aspergia a casa proclamando : - “ hoje é o dia em que o Senhor Ressuscitou , aleluia , aleluia , aleluia . O mordomo da Cruz elevava-a aos presentes para que todos a beijassem. Após uma breve oração de bênção , o dono da casa fazia a cortesia de ofertar toda a comida e bebida da mesa . O sr. Padre agradecia , confessava que gostava de ficar mais um bocadinho , mas que uma longa caminhada ainda o esperava . E como Glória de Deus entre o perfume das flores percorriam todas as casas para dar a Cruz a beijar. A segunda feira era destinada á visita de lugares mais distanciados como quintas e lugarejos entre fraguedos rústicos que nos dão silencio e luar anunciando a Boa Nova da Ressurreição do Senhor . Era por tradição que no Domingo de Páscoa os padrinhos davam o “folar “ aos afilhados não esquecendo as amêndoas e o “ folar “ (bolo doce com um ovo no centro).
Perdeu-se a tradição . E como luz Divina que as deslumbrava as aldeias ganhavam vida neste dia de sol ou chuva , de bom ou mau tempo . Desde a manhã até á noitinha era esperada a Cruz do Redentor que por nós deu a vida mas em festa o acolhíamos . A visita Pascal era vivida com sorrisos de alegria esperanças e sonhos.

TEMPO SECO

A Fraqueza do Ocidente
A Flávio Vegécio, escritor romano do Século IV, próximo do imperador, é atribuído o provérbio latino: “si vis pacem, para bellum” ( se quer paz, prepare-se para a guerra). E o mundo aceitou essa argumentação imprudente, mas lógica, e durante séculos têm-se armado “ate aos dentes”, numa corrida sinistra e totalmente acéfala.
A Europa, ora dos 27, que obstinadamente tem apregoado a paz, e que tem feito tudo para apresentar-se aos olhos do mundo inteiro, como a única potência pacifista do mundo, enganou-se: e enquanto foi difundindo a sua pacífica existência, as outras potência foram aproveitando, a sua filosofia anacrónica, para desenvolverem seus arsenais bélicos, debaixo do seu olhar acomodado e cúmplice, e com o estranho e imprudente fornecimento de materiais e componentes letais, que ela mesmo lhes foi garantindo.
A imensurável confiança que depositou na potência aliada, do outro lado do Atlântico, para a sua defesa é um logro. Hoje bate certa, mas é demasiado instável, e orienta-se de acordo com a alternância do poder, como já foi visto no mandato de Trump. Hoje a necessidade de modernizar a sua defesa e as suas forças armadas, é mais que urgente, e a guerra na Ucrânia veio por essa lacuna em evidência.
Mas, a reabilitação bélica, por si só, não vai resolver toda a operacionalidade da defesa europeia, e nada melhor para demonstrar esse facto, que a dilatação, no tempo, do conflito ucraniano, onde muitos dos países da UE, vão querer ver-se livres dele, pela degradação económica e conflitos sociais que lhes vai causar, e pela ascensão ao poder de partidos extremistas que emparceiram com a Rússia, nesta guerra, como já é o caso da Hungria.
Talvez este conflito seja o maior teste à unidade, ou não, da UE. UE, que sem se ter constituído numa federação, de estados que teriam de perder mais alguma da sua autonomia: sem um presidente e sem forças armadas próprias, se vai sentir perdida, com o arrastar deste conflito, que vai exigindo muito dos seus membros e nada vão receber em troca, além da dignidade e altruísmo da luta pela liberdade dos povos do mundo, e num mundo onde muitos países ainda são indiferentes, senão pouco tolerantes a esse vanguardismo liberal.
São muitos o que dizem, que o tempo, neste conflito, joga a favor da Ucrânia. Mas, não comungando com esse juízo: o tempo joga mesmo contra a Europa.

lendas, historietas e vivências

O Penedo da Moura
(continuação)

Esta ideia de que a Moura estaria a viver no interior do penedo arrastou-se, provávelmente, por centenas, se não, milhares de anos e chegou a meados do SEC XX. No início de 1900 a dimensão de Mangualde era bem pequena e distribuía-se por pequenos aglomerados de habitações a que se dava a designação de Bairros. Pelos arrabaldes espalhava-se algum casario rudimentar acoitando-se junto a uma casa dominante de pessoas mais endinheiradas ou de “ nome”. Assim era a configuração da maioria das povoações que rodeavam, mais ou menos longe, a pequena vila de Mangualde. Assim era com o lugar da Estação (do Caminho de Ferro) e das aldeias de Cubos, “Cães de Baixo, “ Cães de Cima”, Ançada, Almeidinha, Mesquitela e várias outras… Aldeias relativamente pequenas rodeadas de campos cultivados e pastagens alternando com arvoredo e matas imprimindo a sensação de se estar longe dos centros de decisão, aconchegando-se o pouco casario à roda de pequenos largos onde o povo convivia e fazia as suas festas, normalmente religiosas. O bairro da Estação resumia-se a não mais de vinte ou trinta casas que se iam estendendo ao longo da estrada de paralelos a caminho da vila. A pequena aldeia de Cubos relativamente próxima encaixava-se ao longo de um riacho entre duas encostas pedregosas – uma, o Casalinho a poente, a outra para Leste com a sua extensa e bela penedia – onde se erguiam as palheiras e respectivas eiras - com uma longa história ligada a este povoado e onde eram desenvolvidos, durante o verão, os duros trabalhos das malhas. Era a este conjunto rochoso que se ligava o lendário Penedo da Moura e um outro que se desdobrava por mais de cem metros ao longo da encosta das palheiras. Era o famoso Penedo Escorregadoiro - que ainda fará parte do imaginário de meia dúzia de cidadãos resistentes na sua vida terrena. As aventuras de infância da “pequenada” da Estação estavam coladas à Escola Primária de Cubos. A “pequenada” da Estação era um grupo de cerca de dez ou doze meninos e meninas vivaços, turbulentos, cujas aventuras simples e ingénuas deixavam os pais aflitos ou zangados perante a eminência dum qualquer acidente nefasto. Raro era o dia em que um deles não voltava do caminho da Escola com algumas mazelas no corpo - joelhos esfarrapados, unhas dos pés arrancadas ( Ó mãe dei uma “topada” numa pedra… e lá vinha um a coxear), galos monstros na cabeça, um olho negro…lágrimas a escorrerem pela face. Enfim, todos os acidentes que fizeram os meninos crescer com um salutar espírito de Amizade, resistência, inter- ajuda, e de protecção mútua. Eram sempre muito desejadas as deambulações desastradas pelo encantado Penedo da Moura e pelo Escorregadoiro…
(continua)

“Ar frio para alívio da tosse? Que disparate!”


No inverno, a tosse é uma constante, este sintoma, de som grave e rouco é o estilhaçar do silêncio solene e contemplativo. Nestes momentos ensombrados pela epidemia, cuja tosse é um dos sinais, livre-se de quem a tem, porque é brindado pelos olhares avaliadores e sobrancelhas franzidas. Infelizmente, a tosse é frequente nos asmáticos e bronquíticos, assim como quem padece de problemas crónicos do pulmão, no entanto há casos que nos marcam devido a simplicidade da resposta para o alívio da tosse.  
Um desses casos foi um miúdo que teria 3\ 4 anos, que tinha uma tosse cavernosa, a famosa tosse de cão. A vinda ao médico foi motivada pelo incómodo quer do garoto, quer do pessoal adulto com várias noites em claro devido à irritante harmonia. Assim o médico fez uma escuta ativa, pensativo, retorquiu: “Tem arejado a casa? Qual o aquecimento lá em casa? O garoto teve febre?” - “Como? Não, não vi a febre?” - responde a mãe incomodada, porque não estar já com uma receita de antibiótico na mão. Antibiótico, o salvador das dores de garganta, porque a pressa é sempre a solução! Ou será “A pressa é a inimiga da perfeição”?
Após o protocolo de avaliação física com muitos acessos de tosse rouca, o médico indaga ao gaiato: “Ouve lá, doí-te a garganta, não doí?” – ao que o rapaz acenou afirmativamente – “E tem estado muito quente lá em casa, tosses mais à noite, né?” - mesmo acenar. Com ar agastado informa: “Há um estacionamento lá fora, quero que ande com ele 10 minutos, sem cachecol e apenas com a camisola. Depois, se ele tossir mais de 2 vezes durante esses 10 minutos eu volto a avalia-lo!” - a mãe exclama: “Ar frio para alívio da tosse? Que disparate!” 
Certo foi que houve um “milagre” terapêutico, e a tosse não foi ouvida. Laringite, foi o diagnóstico. Afinal a inflamação das cordas vocais, foi aliviada pelo ar frio da rua e o garoto agradeceu com a sua voz grave, coisa que não conseguia fazer quer pela tosse constante, quer pela dor lancinante. A mãe saiu com uma receita, mas de terapias isentas de impostos: arejar o quarto; dar líquidos à criança, de preferência frios para alívio da dor de garganta, e avaliar temperatura. Para além de colocar a criança a respirar ar frio, agasalhada, quando tivesse um acesso de tosse mais persistente.
O pesar de constatar, que cada vez menos as pessoas sabem solucionar pequenas mazelas, faz recordar o antigo bom senso acompanhado com o senso comum, nomeadamente de ter um termómetro em casa e saber utiliza-lo.