Arquivo diário: 3 de Janeiro de 2023

EDITORIAL Nº 836 – 1/1/2023

Caro Leitor,
Mais um ano se passou e com ele, muitos projetos se concretizaram, como inicialmente era desejo e determinação.
Outras vivências tiveram prioridade sobre os projetos iniciais do ano. O que quer dizer que o homem está em constante mutação. Podemo-nos perguntar se isto é bom ou mau o facto de não ter uma visão definida, ou seja, não olhar para os lados.
Eu digo (sempre disse): temos que ser abrangentes e ver com olhos de ver tudo o que nos rodeia. O que hoje é assim, amanhã já não o é. Porque o mundo não para. Temos e devemos saber acompanhá-lo.
Quem não anda para a frente, logicamente fica para trás. Esta é que é a real universidade da vida.
Este novo ano que iniciamos é claro que temos projetos e novas etapas a cumprir. Uns terão a sua conclusão. Outros, não. E outros virão no decorrer deste ano à sua imaginação. E irá desenvolvê-los também. No fundo a parte mais importante, é a Esperança. Esta que nunca nos falte. Acompanhada de Fé!
Você que foi, e é um leitor e amigo deste seu Jornal Renascimento, vamos renovar todos os propósitos de o bem servir. Com intuito de informar, com rigor, o desenvolvimento desta região ao mundo. E esperamos também, que os nossos governantes assim procedam.
O Jornal sempre foi, e continuará a ser, a História de Mangualde.
Por falar em governantes, tenho imensa pena que sejamos o penúltimo país da cauda da Europa, quando falamos de Economia. Se em nossas casas não houver capacidade e destreza vive-se mal e pode-se inclusive, passar fome. Quem governa tem esta responsabilidade de zelar pelo seu povo.
Portugal é o quarto país mais corrupto da Europa. É triste!
Quanto a nós, cá nos encontramos na próxima edição.
Um abraço amigo.

“IMPÁVIDOS MAROTOS” OU OS CROMOS DE NATAL


Quando era jovem, seguindo a tradição, enviava, pelo correio, cromos com desenhos alusivos à época natalícia. Em resposta recebia simples cartão de visita, e postais: com: velas, anjinhos ou simplesmente, o Menino acompanhado dos progenitores, com burrinho e gorda vaquinha.
Verifiquei, no correr do tempo, que as respostas escasseavam. Penei: será que os amigos e parentes não querem despender o porte da posta?
Fui reduzindo, ano a ano, o número de cartões de boas-festas. Hoje envio no máximo, quatro, a idosos, como eu.
Substitui os cumprimentos natalícios, por mensagens do telemóvel ou celular, como dizem os brasileiros, para diferenciarem-se dos que se encontram na outra banda do Atlântico.
Hábito arreigado, que ainda faço, embora cada vez menos.
Faço cada vez menos, porque a exemplo dos cartões, as respostas não aparecem…
Se o Correio cobrava a estampilha postal, as telefónicas – pelo menos em Portugal, – não cobram nada pelas mensagens.
Cheguei, portanto, a concluir: que não devia ser por motivos económicos. Mas sim, por desdém.
Parafraseando Camilo, direi como ele: “Impávidos marotos.”
Certa ocasião, estando a almoçar com famoso advogado e político influente confessou-me:

  • “Quando estava na vida ativa, e ocupava cargos de relevo, tinha amigos e numerosos conhecidos. Afastado, evaporam-se como ratos…sei que é sempre assim – concluiu.
    Envelheci, perdi amigos – Deus os levou, – e os novos, filhos deles, esqueceram as amizades paternas. Os que restam, poucos serão os que não pensem:
  • Está velho, não têm influência, já não nos pode ser útil…
    Que refinados e “impávidos marotos” …

IMAGINANDO

“Depois do caos vem a harmonia”
Emoções e Sentimentos – Parte 1
Estas duas palavras, embora pareçam sinónimas, há que saber distingui-las:
É porquê?
Porque uma emoção cria um sentimento, que pode criar novas emoções e outros sentimentos.
O que gera uma emoção?
Estímulos que ocorrem através de acontecimentos. Elas expressam-se em cada um de nós de várias formas:
Expressões corporais, faciais, da maneira como agimos, etc.
-Tipos de emoção
: Pânico, Medo, Raiva, Surpresa, Alegria
-Tipos de sentimentos
: Amor, felicidade, Ódio, Inveja.
Comecemos esta nossa primeira parte, pela Emoção:
Ela gera uma reação dentro de nós, muito naturalmente, influenciando nossos comportamentos, provocando respostas químicas e neurais no nosso corpo.
Quando somos surpreendidos por uma emoção, o cérebro liberta hormônios que vão alterar o nosso estado emocional, dando reações como, palpitações, choro, suores, etc.
Isso depende de pessoa para pessoa, porque a experiência de vida através de suas crenças, pode ajudar ou dificultar no controle em cada um.
Como podemos controlar nossas emoções?
Conhecendo cada uma delas.
Ao longo da nossa vida ocorrem várias situações de emoções iguais. Quando tomamos pulso de uma emoção idêntica, a experiência vai ajudar-nos a controlar, muitas vezes com uma voz interior dizendo.
Já passaste por isso, sabes como te libertar.
Chamamos-lhe “A Voz da experiência”.
Sempre que uma emoção surgir em si e normalmente pelo estado inconsciente, assuma sempre a sua responsabilidade.
Exemplo:
Você está discutindo com o outro. A discussão está tomando proporções grandes, porque ambos querem a sua razão. Aqui gera-se uma emoção, que parte através da sua mente, onde seu “Ego” está comodamente instalado, começando a controlá-lo e como ele é amigo destas situações, cada vez mais vai provocar essa própria emoção.
Agora diga-nos:
Quem gerou essa emoção? Foi o outro?
Não, foi você que a criou, não controlou.
E se fôr mais adiante, seu ego está completamente maravilhado, porque alcançou o que pretendia.
Por isso assuma sua própria responsabilidade, por não ter tomado a coragem de contrariar e controlá-la.
A emoção é, por todos, sentida do mesmo modo, mas cada um se expressa de maneira diferente.
Podemos aconselhá-lo sempre que gera uma emoção, aprender e isso é muito importante, utilizando os seguintes passos:
1º-Pôr-se no lugar do outro.
2º-Respirar profundamente por cerca de um minuto. Ao fazê-lo, de certeza mudará o seu estado emocional
3º-Vai acreditar que consegue controlar essa emoção.
Quando isso acontecer, você está ensinando seu cérebro a atuar positivamente.
Continua

2022: E nada ficou como antes?


O “retorno à normalidade”, tão desejado depois de dois anos de pandemia, não foi nada tranquilo.
2022 deu a sensação de que o mundo deu várias voltas ao Sol em 365 dias.
A grande surpresa negativa do ano foi, evidentemente, a invasão da Ucrânia pela Rússia, logo em Fevereiro. Em termos históricos, não havia um ataque em grande escala, não provocado, contra um país soberano, desde 1939.
Ninguém sabe o que vai acontecer, e que consequências da guerra vão moldar o mundo pós-Ucrânia. Aprendemos que estas crises podem ser mais um motivo de união, de força, criatividade e ação. Zelenski é a grande figura do ano, o herói desta guerra juntamente com o povo Ucraniano.
A nível interno, o acontecimento é o fim da geringonça e a maioria absoluta do PS. A nível económico é a inflação que apenas beneficia o governo que arrecada milhões com a subida generalizada dos preços.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa continua a fazer o que melhor sabe, distribuir dinheiro à custa da inflação, atribuir cargos pelos amigos com cartão socialista, assobiar para o lado sempre que o seu governo é apanhado em polémicas e sem criar condições para o desenvolvimento económico e social de Portugal para potenciar condições de desenvolvimento da riqueza.
No fim de 2022, a guerra na Ucrânia, a inflação, o custo dos combustíveis, a perda do poder de compra, o aumento das taxas de juro e do custo de vida, os impostos altos, o envelhecimento da população, o abandono do interior, a seca, as alterações climáticas, os incêndios, o estado calamitoso da saúde, a degradação da soberania do Estado, a falta de investimento na Educação, etc., tornarão o próximo ano muito difícil e de grande sacrifício para os portugueses.
Depois de 48 anos de democracia e 36 anos a receber fundos comunitários da União Europeia, estamos cada vez mais pobres e na cauda da Europa. É um facto. A isto, junta-se o empobrecimento da população, alimentado em parte pela escalada de preços, particularmente na alimentação e energia, e pelo aumento das taxas de juro dos empréstimos, com reflexo mais penalizador para quem recorreu ao crédito à habitação.
Infelizmente, apenas caímos no logro de acreditar que podemos ser ajudados sem o nosso esforço e sem o uso das nossas competências de trabalho, de sacrifício e exigência e rigor. Pior, somos vítimas contentes da manipulação e da desinformação aceites contra todas as evidências.
Libertos, embora não totalmente, dos efeitos dessa tenebrosa pandemia, era expectável que pudéssemos viver melhor, só que não.
O futuro troca as voltas a quem o tenta prever.
Eu próprio quero ser otimista e acreditar que 2023 vai mesmo ser diferente e terá um sabor especial mas a realidade parece ser outra.

lendas, historietas e vivências

OS NATAIS E OS MEUS NATAIS

Começo esta simples reflexão a partir das memórias que ficaram entranhadas no pensamento pelas inúmeras vivências destes dias. Começar pelas mais distantes, já vão bem longe, mas quando me detenho nas imagens imensamente alegres que se me acomodam na mente acabo por me sentir nostálgica e quando venho de lá até aos dias de hoje o encanto desapareceu esmagado pelo materialismo e superficialidade que se foi impondo cada ano mais exacerbados…
Enfim, não posso imaginar que o nosso mundo pode entrar numa pretensa “máquina” do Tempo e nos sintamos de novo dentro do verdadeiro Espírito de Natal. Lá pelas aldeias serranas relativamente humildes a maioria do seu casario reflectia uma vida de trabalho sobretudo nos campos ou produção de artefactos necessários à sua sobrevivência cumprindo as tarefas do dia- a- dia. Os dias das festas chegavam e alteravam um pouco o decorrer das tarefas. Não era a corrida às lojas para comprar as coisas mais absurdas e muitas delas inúteis. A corrida era para escolher o pobre animal que se encontrava criado nas cortes e que viria a ser sacrificado ali mesmo pelos homens da casa e a ajuda de vizinhos. Às mulheres cabia-lhes a confeção das diversas iguarias consoante as necessidades para presentear os familiares e amigos que se juntavam, porque naquele tempo toda a gente da aldeia na sua mais humilde refeição desejava sobretudo homenagear, pela dádiva, o Menino chamado DEUS. Quanto a mim este é que era o verdadeiro espírito de NATAL… E depois da comida mais ou menos farta a noite acabava na capela, ou igreja da aldeia para se rezar e fazer os Cânticos ao Menino. No adro, a enorme fogueira do tronco era aconchego para os mais friorentos ou sem agasalhos necessários…cantava-se, dançava-se à roda, contavam-se anedotas ingénuas, ou episódios caricatos que no dia -a -dia do trabalho poderiam acontecer… tudo servia para se soltarem as gargalhadas… Sei que era assim, ainda vivenciei alguns momentos. Mais longe na casa paterna iria encontrar, depois, um brinquedo, uma boneca, os saquinhos com chocolates que eram para nós uma delícia. Naqueles tempos de hábitos ancestrais, não havia o manancial de dinheiro de hoje, nem os desgraçados hábitos que se foram instalando “de quanto maior for a conta bancária, melhor,” nem que para isso se cometa toda a espécie de barbaridades, se apropriem de valores a que não têm direito, nem merecem pelo NÂO trabalho que fizeram. E todos dizem que a vida está muito má….

Valorizar os não doutores

“…para ter êxito na vida, é preciso ir para a universidade. Ora, isto é muito pouco saudável, pois menoriza e amesquinha as outras profissões. Portugal sempre teve uma reverência especial pelos ‘senhores doutores’.”
Saraiva, J. A.(2019, Janeiro 21). Um país de doutores, disponível em https://sol.sapo.pt/artigo/643170/um-pais-de-doutores

Ora aí está um senhor doutor sem papas na língua, até porque pertence à excelsa- é bonito utilizar este tipo de adjetivos, só porque… é bonito, e nada tem de mania! - comunidade que tanto é louvada. Qualquer pessoa, com brio, gosta de pertencer a este grupo, porque beneficia sem qualquer demonstração de trabalho. Basta alegremente, dizer que é doutor, que o tom e o olhar dos interlocutores, mudam de forma reverenciadora. Foi com base neste comportamento que apanhei um senhor, que por acaso não era doutor, mas tinha um elevado sentido de humor!
Senhor residente num lar de 3ª idade, agora designadas de ERPI (Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas) – mais uma vez uma coisa simples com definição bonita…- com aspeto emagrecido, acompanhado por uma ajudante ou auxiliar de lar - técnica, não doutora! Quando questionado acerca da profissão que detinha no passado, a expressão foi espetacular:
“- Arquiteto de moradias subterrâneas, também conhecido por coveiro!”
O ar de espanto quer da minha pessoa, quer da auxiliar, deve ter sido tão cómico, que o homem, mesmo com a farfalheira, típica de fumador de décadas de anos, lançou uma gargalhada genuína e saudável, finalizada por uma tosse doentia. Depois da aflição contornada, esclareceu que no movimento pós-revolucionário do 25 de Abril, toda gente para ser importante tinha de ser doutor, engenheiro ou arquiteto, mesmo que não soubessem nada do ofício! O que imperava era parecer ser, mesmo não sabendo fazer!
Também explicou, que a população que fez mover a revolução (agricultores, carpinteiros, eletricistas, soldadores, maioria dos ofícios considerados de baixas competências), queriam que os seus filhos e descendentes fossem os doutores que nunca foram criando um menosprezo da sua sabedoria, pouco valorizada pela sociedade. A ironia de desejarem o respeito à custa da palavra liberdade, facultou esta atual falta de pessoas para realizarem tarefas, tais como consertar uma máquina, fazer uma mesa ou apanhar azeitonas.
Bolas, não é que o homem conseguiu ser professor de história e ainda ser sociólogo! Conseguiu com uma laracha, contar parte da história política e social após a queda do Estado Novo, e ainda justificar a falta de mão de obra que estamos a passar.
Foi um dos melhores professores de História Contemporânea de Portugal, que tive o prazer de conhecer…O arquiteto de moradias subterrâneas!

O CASAMENTO COMO ESTADO


O casamento gera uma relação que perdura no tempo, isto é, uma relação (conjugal) com uma certa estabilidade. Por isso, se poderá falar de um verdadeiro estado – o estado de casado.
O estado civil pode definir-se como a situação de uma pessoa em relação ao matrimónio: solteiro, casado, viúvo ou divorciado.
A união de facto não tem essa estabilidade e, por isso, pode terminar em qualquer momento, desde que ambos ou apenas um deles assim o deseje.
Uma das características do estado matrimonial é a unidade ou exclusividade, o que significa que uma pessoa não pode simultaneamente estar casada com várias outras. Equivale a dizer que não é admitida a poligamia ou poliandria. Aliás, a bigamia é um crime punido pelo Código Penal.
Constitui impedimento dirimente absoluto, previsto no artigo 1601º, alínea c) do Código Civil, o casamento anterior não dissolvido, católico ou civil.
Nada impede, porém, a poligamia sucessiva, ou seja, nenhum impedimento existe a que uma pessoa contraia segundas núpcias, após a dissolução do casamento a que estava ligada.
No entanto, o casamento civil anterior não impede a celebração do casamento católico entre as mesmas pessoas. Conforme dispõe o artigo 1589º, nº1 do Código Civil, o casamento católico contraído por pessoas já ligadas entre si por casamento civil não dissolvido é averbado ao assento, independentemente do processo preliminar de casamento. Neste caso, não se trata de bigamia, porque as pessoas que se ligam pelo casamento católico são as mesmas que já estavam unidas pelo casamento civil anterior. Estando já lavrado o assento de casamento civil, a forma mais simples de inscrever o novo registo, sem destruir desnecessariamente o anterior, consiste em fazer o averbamento à margem desse assento.
O inverso não é permitido, ou seja, não podem casar civilmente duas pessoas já unidas por um casamento católico anterior não dissolvido. A isso se opõe o nº 2 do preceito acima referido.
É perfeitamente compreensível esta dualidade de critérios, porque, neste caso, a revalidação do casamento sob a forma civil, não tem qualquer fundamento útil que o legitime.
Devido à estabilidade da relação matrimonial, é permito aos cônjuges a alteração do nome. Por força do disposto no artigo 1677º do mesmo diploma legal, cada um dos cônjuges conserva os seus próprios apelidos, mas pode acrescentar-lhes apelidos do outro até ao máximo de dois. Quando os cônjuges são de sexo diferente, não só a mulher, mas também o homem, pode compor o seu nome acrescentando um ou dois apelidos do cônjuge ao seu nome de solteiro. É claro que se forem do mesmo sexo o podem igualmente fazer.
A faculdade de acrescentar dois apelidos não pode ser exercida por aquele que conserva os apelidos do cônjuge de anterior casamento. Continua a vigorar o princípio da unidade ou da exclusividade que já evidenciámos.
Em caso de viuvez, o cônjuge que tenha acrescentado os apelidos do outro não só os conserva, como até pode mantê-los, no caso de segundas núpcias, se o declarar até à celebração do novo casamento. No caso de divórcio, pode conservá-los se o ex-cônjuge der o seu consentimento ou o tribunal o autorizar, atendendo aos motivos invocados.