Arquivo diário: 5 de Dezembro de 2023

EDITORIAL Nº 856 – 1/12/2023

Caro leitor
No nosso País, e que o cidadão informado sabe é que é votar, quem nos tem dado lições desde o 25 de abril de 1974 e até hoje, são essencialmente os lisboetas.
Quando o Dr. João Soares pensava que tinha as eleições ganhas, e já como dado adquirido, ganhou o Dr. Pedro Santana Lopes.
Nas últimas eleições autárquicas, o Dr. Fernando Medina também já cantava vitória, ganhou o Dr. Carlos Moedas. Mas será que pelo País não se aprende com quem sabe votar?
A instituição PS (partido político) todos nós sabemos que ajudou a consolidar a democracia, mas os portugueses também sabem agora, que esta instituição está doente de corrupção.
É muito importante que os portugueses vejam isto com olhos de ver e votem para e sem corrupção.
José Socrates para ganhar as eleições em 2009, o que fez? Quem se lembra? Baixou o IVA transtornando o País por um capricho. Subiu-o logo de seguida. Tudo isto para quê? Para mais corrupção, como todos os portugueses sabem o desfecho e ainda hoje está a braços com a justiça.
Agora, antes de António Costa se demintir, no orçamento de estado estava o IUC, em alguns casos com aumento de 400%. Muitos dos portugueses parecem já se ter esquecido que têm veículos com matrícula anterior a 2007 e que se o PS voltar a ganhar estas eleições (10 de março) vão pagar com língua de palmo e meio mais impostos. Sinceramente e para castigo, até já me apetece votar PS.
No PS, neste partido político, acredite quem quiser, eu não! Abril ofereceu liberdade, mas alguns políticos se esqueceram dos bons princípios. Sou feliz por inteiro, nunca ter virado PS e assim, não sou confundido com os corruptos.

Um abraço amigo

NOVOS TEMPOS, VELHOS HABITOS


A tia Rosinha levantou-se cedo e a tactear no lusco-fusco da madrugada, abriu a janela de postigo desenvidraçada que dava para o pateo térreo. Debroçou-se no parapeito e de sobrolho franzido olhou fixamente as sombras que as moreias de centeio projetavam no chão, semelhando gigantes tombados. Ficou alí quieta, calada, fitando as sombras. Um silencio absoluto não dava sinais de vida à imensidão da largura daquele páteo.

  • És tu “Jaquim”?…
  • Sou sim n’ha mãe !..
  • Esteja sossegada na paz de Deus…
    A noite estava fria e húmida, caía um borriço, aquela chuvinha molha-tolos que nos penetra até ao fundo dos ossos.
  • Olha se te “engripas”!…
    Não andes debaixo desse patanheiro filho, agasalha-te…
    Era Joaquim um jovem, no auge dos seus garbosos dezoito anos, olhos melanólicos e faces mal assombradas de penugem.
    Um ruído de arrastar de pés surgiu vindo do lado do barracão de madeira no lado oposto do páteo. Acompanhava-o um arrastado arfar como que carrega a cruz da vida, como coisa que não se vê crescer, mas cresce; surgiu um vulto. Um grande rasgão na camisa mostrava já uma nesga de um ventre luzidio.
    Tirou o chapéu que rolava acanhadamente entre os dedos indicador e polegar e fez uma vénia com a cabeça.
  • Bons dias “n’ha “ senhora… viva, e muita vida e saúde lhe dê Deus…
    Era o Anselmo Carôcho, o velho criado. (Fora enjeitado e não sabendo ler nem escrever, que memórias teria ele no seu coração?!…)
  • Vem com Deus e que Ele te dê um santo dia.
    Já no páteo se ouve um espanejar ruidoso dos galináceos, o ronco dos “bácaros” que bufam por baixo da esburacada porta do corral reclamando a “vienda”, o zurrar do burro e o mugido dos bois que ruminam pachorrentamente implorando por erva viçosa e fresca, voltando para a gente a fisionomia de boa pessoa.
    Era mais um dia quente de Agosto, daqueles em que a vida, egoísta se agarrava à vida e todos os dias renascia.
    Pouco mais seria preciso para se ser feliz.
    O dia fora longo de muito trabalho, apesar do calor.
    Já o sol se recolhia no seu declínio e com ele o Joaquim e o Anselmo Carôcho.
    Ouviu-se um granido escarninho de um corvo que passava ao longe…
  • Uma boas tardes para todos (cumprimentaram em uníssono)
    -- Boas tardes vos dê Deus .
    Sentaram-se à mesa da ceia mais taciturnos que nunca e comeram em silencio.
    Acabada a ceia ergueram-se dos bancos de madeira tosca de um tronco da cerejeira que de uma trovoada de Maio houvera secado e foram-se certificar que todas as portas estavam fechadas.
    -- Vou-me recolher “n’ha mãe”… Boas noites
    -- Boas “nôtes n’ha” senhora ( saudou também o Anselmo )
    -- Boas noites durmam com Deus e com os Anjos…
    E era a tia Rosinha uma pessoa boa, matema, amável e serena que vivia irmanada pela paisagem que a rodeava.
    Cumprimentar as pessoa era um hábito de boa educação nas vilas e aldeias, embora hoje em dia só algumas mantenham o hábito de saudar:
    “esteja com Deus”, “venha com Deus”, “vai com Deus”, “fica com Deus”, “ bom dia viva”. É que nós fomos aí criados e nos habituámos a ouvir.
    O acto de cumprimentar, representa respeito, amizade, carinho e cordialidade.
    Ficam as memórias.

IMAGINANDO

Parte 137
Os Essénios – Parte 3
Embora o Povo Judeu formado por doze tribos que descendiam dos filhos de Jocob, destacamos os Levitas, e os Essénios, não descurando entre aquelas, os Fariseus, Saduceus e Zelotes.
Numa época em que os egípcios, ordenaram que todas as crianças do sexo masculino fossem dizimadas, a mãe de Moisés colocou-o numa cesta no Rio Nilo. Foi salvo pela filha do Faraó que reinava ao tempo, onde permaneceu cerca de 40 anos.
Após sua fuga do palácio para se unir ao povo judeu, Moisés veio a saber sua verdadeira origem. Era neto de Levi. Seu pai chamava-se Coate.
Moisés era um Levita.

Após a saída do Egito, Moisés conduziu o povo judaico até Canaã, a Terra Prometida.
No entanto e num momento de impaciência, Moisés não tomou a Palavra de Deus de forma apropriada e por tal ato, apenas ficou autorizado por Jeová ver Canaã, mas ficaria proibido de nela entrar.
Canaã

Conforme afirmámos na parte 1, o jovem Essen, permaneceu junto de seu Mestre no Monte Nebo na Cordilheira de Albarin, até à sua partida para outras dimensões.
Todas as tribos judaicas e contrariando as Leis de Jeová, obrigavam seus fiéis ao dízimo, escravidão e holocausto de animais no Templo de David, Templo esse, que após sua morte foi entregue a Salomão.

Foi quando Essen se apresentou no Templo, após uma visão que tivera de Moisés a informar a adulteração das Leis e cujas cópias Ele havia enviado e sido queimadas pelos Sacerdotes.
Foi então que se pronunciou:
Jurei a meu Mestre, que após a sua partida, divulgaria as Escrituras em voz alta, aconselhando-me a levá-las sempre comigo para onde quer que fosse, para não serem destruídas e proferiu:
Nadab, o Grande Sacerdote e filho de Aarão, por negar a degolação de animais e em substituição oferecer a Deus Incenso em brasa e pães, foi morto no Altar dos holocaustos.
Sempre segui Moisés e triste estou por todas as tribos terem adulterado a Sua Lei.
Que Jeová seja testemunha do que acabo de vos dizer, porque Sua Lei é bem clara:
“NÃO MATARÁS. AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO”.

Sete levitas assinaram:
Johanan, Sabdiel, Jonatham, Saul, Asael, Nehemias e Azur.
Posteriormente a tribo Levita viria a separar-se em dois grupos. Essen foi o fundador da Tribo Essénia.
(Baseado em Harpas Eternas-Josefa Rosália Luque Alvarez)
fjcabral44@gmail.com
Continua

CONSULTÓRIO

O MEU FILHO NÃO COME
Seis conselhos para ajuda dos pais
Quando uma criança se recusa a comer é sempre uma angústia para os pais. No entanto, os pediatras são unânimes que a melhor das soluções é de se falar sobre o facto o menos possível.
Eis seis conselhos que podem ajudar:
1 - Porque é que o meu filho se recusa a comer?
Existem muitas razões, todas elas legítimas, para as quais uma criança pode recusar uma refeição, mesmo de maneira repetida:
A refeição anterior foi muito copiosa.
Come muito entre as refeições.
Está fatigado, ou stressado, à noite principalmente.
Atravessa um período em que cresce menos e, portanto, tem menos necessidade de comer.
Ponha estas dúvidas em questão antes de pensar que o seu filho é difícil ou, pior ainda, que o seu filho tem um problema com a alimentação.
2 - Jogar todas as alternativas
A grande angústia dos pais é que os filhos, quando recusam comer ou quando não querem comer determinados alimentos, não ingiram os nutrientes que necessitam. A angústia é, muitas vezes, injustificada, porque eles não vão morrer à fome…
Mas, para que não se crie ansiedade em excesso apresentam-se algumas sugestões de trocas possíveis:
Sopa, saladas ou purés, em vez de legumes cozidos
Compotas ou sumos de frutas, em vez dos frutos inteiros
Iogurtes, queijos ou outros derivados leiteiros, em vez do leite
Ovos, laticínios ou leguminosas, em vez da carne
3 - Perseverar
Se o seu filho recusa os legumes, por exemplo, proponha-os, na mesma, em todas as refeições, mas faça variar o resto: por exemplo, um gratinado de couve-flor com peixe, com carne ou com batatas… Muitas vezes é preciso insistir, mais de dez vezes, um alimento a uma criança para que ele o aceite. Se o preparar com acompanhamentos diferentes, vai aumentar as possibilidades de ele o aceitar.
4 - Separar ou misturar?
Esteja atento ao seu filho e aprenda a conhecê-lo melhor. Algumas crianças vão-se deixar convencer pelo velho método da camuflagem que consiste em adicionar pedaços de legumes aos pratos que eles mais gostam e que, habitualmente não contêm. Ou ao contrário, outros preferem comer em separado os diferentes constituintes, do que tudo misturado. É tudo uma questão de ir adaptando a comida ao gosto da criança, mas sem perturbar muito o menu familiar.
5 - Evitar o petiscar entre as refeições
Tal como os adultos, as crianças deveriam evitar petiscar, menos por razões de peso, como no caso dos adultos, mas porque o acto de petiscar lhes vai cortar o apetite. Evite, portanto, dar-lhes de comer entre as refeições, sobretudo para os felicitar, para os sossegar ou consolar.
6 - Começar a refeição pelo alimento mais importante
Todos nós temos as nossas preferências alimentares e o vosso filho não foge a essa regra e procura comer, preferentemente, os alimentos que mais gosta em detrimento daqueles que não são tanto do seu agrado – nada mais normal. Mas, esta escolha, não pode chegar ao extremo de ele passar só a comer uma determinada categoria de alimentos. Comece as refeições com legumes (ou outros alimentos que o vosso filho recusa, em geral). Neste caso o factor da fome jogará a seu favor.
(adaptado de Vanessa Saab e William Memlouk, “Mon bébé refuse de manger”)

A VERDADEIRA EDUCAÇÃO


Nunca se falou tanto de educação como nos nossos dias, mas são poucos os que sabem educar.
Em norma confunde-se educar com instruir.
Educa-se em casa, no seio da família. Instrui-se na escola, com o professor.
Pais há que preferem abdicar, deixando a difícil tarefa, à escola, o que é um erro. O professor pode ser ótimo mestre, mas corre-se o risco de inculcar, nas mentes em formação, ideologias e conceitos nefastos e perniciosos.
Em: “ L Educantion des Filhes” – Paris Corrêa, Mauriac, aborda e indica o que é a verdadeira educação:
“Para muitos pais, o essencial é, antes de tudo o mais, que os filhos estejam de saúde: é esse o primeiro cuidado: “ Estás a transpirar, não bebas ainda… Parece-me que estás quente: vou ver se tens febre…” (…) Primeiro cuidar da saúde da criança; depois da educação: “ Põe-te direito: estás a fazer corcunda… Não limpes o prato… Não te sabes servir da faca… Não te espojes no chão dessa maneira…. Põe as mãos em cima da mesa! As mãos, não os cotovelos… Com a idade que tens, ainda não sabes descascar um fruto?…” Sim, é preciso que sejam bem-educados! E o sentido que todos nós damos a esta expressão “ bem-educados” mostra até que ponto nós a rebaixamos. O que conta é a impressão que possam causar aos outros, ou seja, a fachada. Desde que, exteriormente, não traiam nada do que o mundo não aceita, achamos que tudo está a correr bem.
“ Os únicos educadores dignos desse nome - mas quantos há que o sejam? - são aqueles para quem conta aquilo a que Barrés chamava educação da alma. Para esses, o que importa naquela jovem vida, que lhes é confiada, não é só a fachada que dá para o mundo, mas as disposições interiores, aquilo que, num destino, só Deus e a consciência conhecem
A educação moral da criança, é uma coisa importante”
O que devia interessar ao educador, não é como disse Mouriac, a fachada, as boas maneiras, regras uteis para viver em sociedade, mas a educação da alma, para que cresça com solida formação moral e venha a ser útil à coletividade, como cidadão.

ALGUNS SEGREDOS DA TORRE


Damião de Góis “passou a vida por entre documentos, como guarda-mor do arquivo real português”1. Foi arquivista do rei na Torre do Tombo –Torre dos Registos – vivendo muito perto, numas casas que davam para a Casa do Espírito Santo, onde os habitantes do castelo assistiam às cerimónias religiosas da igreja. O edifício que habitava já não existe, tendo sucumbido ao terramoto de 1755 e aos incêndios que se lhe seguiram, os quais devastaram a cidade de Lisboa. A Torre subsistiu, mas deixou de ser o local de armazenagem da memória de Portugal, onde eram mantidos todos os segredos do reino.
Em 1554, Damião de Góis, sendo guarda-mor do arquivo real português, tinha a responsabilidade de receber, organizar e arquivar um grande número de documentos, transformando esse turbilhão de papeis nas crónicas oficiais do reino.
A “coroa portuguesa interessava-se desde o início pelas possibilidades do comércio, financiando viagens de exploração e reservando para si mesma o monopólio real sobre os produtos mais importantes. Apesar de o maior destes reis, D. Manuel, ser escarnecido como rei merceeiro pelos desdenhosos reis do Norte, a vergonha era possivelmente atenuada pelos extraordinários lucros que depressa provieram destes empreendimentos”. O comércio da pimenta estava reservado para o rei. Duas mil toneladas de pimenta por ano, que rendiam mais de um milhão de ducados.
Luís de Camões também é visado. “No seu poema épico sobre a viagem marítima de Vasco da Gama à Índia – Os Lusíadas, ou “Canção dos Portugueses”, que descendiam da figura mítica Luso -, Luís Vaz de Camões escreveu sobre o cativeiro como alguém que o conhecia muito bem”. Na verdade, durante a sua vida, Camões esteve muitas vezes preso na Cadeia do Tronco, em Lisboa, nos meses de 1552 e 1553. Foi preso por causa de uma rixa durante a celebração do Corpo de Deus, a 16 de junho de 1552, tendo sido acusado, ele e mais três homens, de agredir na rua um cortesão de nome Borges. Um segundo mandado foi emitido contra si, por ter participado noutra agressão, juntamente com mais 18 indivíduos, a um cavalheiro abastado.
“Toda a zona entre o local onde Damião trabalhava, no castelo, e onde Camões estava na prisão era ocupada pela Mouraria, o bairro deixado para os muçulmanos depois da conquista da cidade em 1147, e que desde então tinha em grande parte ficado para eles, apesar de também lá morarem cristãos, incluindo os pais de Camões”.
Damião de Góis veio a falecer em Alenquer no dia 30 de Janeiro de 1574, tendo sido sepultado na capela da mesma igreja. Foi exilado do seu arquivo pouco tempo antes de morrer. Alguns dos documentos guardados na Torre contêm boatos que sobre si corriam, como, por exemplo, que participara, por várias vezes, em festividades sacrílegas e que partilhara refeições com os homens mais perigosos da Europa. Contar as histórias requer “uma imersão no próprio arquivo para compreender os seus estranhos hábitos e as suas práticas invulgares”.

1Cfr. Torre dos Segredos, obra de Edward Wilson-Lee, que seguiremos de perto

SANFONINAS

Pavana por um mosteiro perdido
A teu lado, o cipreste altaneiro queria eu não fosse, também aqui, árvore de cemitério, mas, antes, forte grito de alerta:
– Não vêem, senhores, a tristeza do campanário que eu guardo?
É verdade, cipreste. Deixa-me que eu prefira a beleza dos telhados recém-restaurados a espreitar e eu a imaginar cantares de vésperas a perder-se, ao sol-pôr, pelas franças da vegetação da cerca envolvente.
Sabes, cipreste, assim aninhado e visto de longe, o teu mosteiro faz-me bem compreender os sonhos dos proprietários. Também eles gostavam mais que as trepadeiras vorazes o não estivessem a cobrir; que nas janelas houvesse vidraças em seus caixilhos; que, no remansoso ambiente místico da capela se ouvisse, de quando em quando, um concerto, a ressuscitar, porventura, o canto gregoriano d’outrora.
Gostavam.
Tiveram, um dia, a ideia ingénua de que, se fosse classificado, o seu mosteiro ganharia e esses seus sonhos mais facilmente seriam realidade. Não foram. Não são. As intrincadas malhas pérfidas de ignóbil legislação, gizada, em dia não, por cérebros recatados em asséptica torre de marfim, não no facilitam.
Por isso, mosteiro, eu te prefiro ver de longe.
Romântico, triste, saudoso…
Ao perto, eu descobriria as chagas; eu regurgitaria revolta contra as teias que burocrática aranha teceu. E, bem no sabes, mosteiro, eu gostava de ter força para acordar Lisboa ou Coimbra ou Castelo Branco.
Gostaria de pensar que também a minha voz – e não apenas a tua e a do teu cipreste – teríamos força para destruir as teias e que, perante a realidade concreta, palpável, na serenidade que tu, mosteiro, de alto campanário qual sentinela, inspiras, se lograssem entabular conversações.
Era bom..

Península Ibérica – jangada de pedra


E de repente, tudo mudou.
António Costa demitiu-se por estar a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça, é normal.
O seu chefe de gabinete tinha 75,8 mil euros guardados em São Bento, é normal.
O melhor amigo, Diogo Lacerda Machado, é agora inimigo, é normal.
O ministro João Galamba não queria demitir-se, é normal.
O governador do Banco de Portugal foi convidado para chefiar o governo, é normal.
Afinal, os anormais somos nós. É o novo normal! Habituem-se!!!
Nada que deva chocar-nos neste país, ou neste circo que é a política portuguesa! Depois das prisões e da demissão, imaginem o que se pensarão sobre nós lá fora? Mas não se passa nada, e o Partido Socialista irá novamente a eleições sem fazer um exame de consciência sobre todos os males que tem feito a Portugal.
Mas, do outro lado da fronteira, em Espanha a situação não é melhor. Entre protestos, ameaças de processos na justiça e acusações de estar a ir contra a Constituição Espanhola, Pedro Sánchez (líder do PSOE), conseguiu reunir os votos para ser eleito como o futuro primeiro-ministro de Espanha. Terminou assim um ciclo de negociações entre partidos para que fosse possível encontrar um Governo para o país, depois das eleições de junho ganhas pelo PP, de Alberto Núñez Feijóo. Mas como este não conseguiu reunir apoios suficientes para ser nomeado líder do Governo, acabou por ser Sánchez, cujo Partido Socialista Obreiro Espanhol tinha ficado em segundo na eleições, a ir negociando com partidos de esquerda, regionais e independentistas, de forma a conseguir os votos necessários para se manter no poder. Onde é que já vimos isto?
Como afirmou João Miguel Tavares “Em Portugal isto está mau, mas em Espanha está pior. Em troca desse apoio, ofereceu ao Junts e ao ERC uma lei da amnistia que não constava do programa eleitoral do PSOE e que, portanto, nunca foi sufragada pelos espanhóis. E um corte de 15 mil milhões de euros na dívida da Catalunha ao Estado central (20% da dívida total), num escandaloso favoritismo de uma região de Espanha face a todas as outras comunidades autónomas. Para permanecer como primeiro-ministro, faltou apenas a Pedro Sánchez vender a mãe, o que só não aconteceu porque Carles Puigdemont não o exigiu.”
Em “A Jangada de Pedra” escrito por José Saramago em 2015, uma série de acontecimentos sobrenaturais culmina na separação da Península Ibérica do resto da Europa que começa a vaguear no Atlântico, inicialmente em direção aos Açores. A situação criada por Saramago, permite-lhe tecer comentários sobre as grandezas e pequenezas da vida, ironizar sobre as autoridades e os políticos e, em especial, com os atores dos jogos de poder na alta política.
O engenho de Saramago esteve ao serviço da literatura. O engelho dos socialistas está ao serviço deles próprios.
Agora, tire as suas conclusões antes que a jangada de pedra funde definitivamente!