EDITORIAL Nº 858 – 15/1/2024

Caro leitor
Portugal tem infelizmente sido governado há mais de 19 anos, por muitos desgovernantes que, tendo como sua missão o compromisso e juramento - governar Portugal, para bem de todos os portugueses e Portugal, estes se demonstraram desonestos e o desonraram. Temos então, o povo português que está farto da rotina, sem resultados e cansado de ser carregado com injustos impostos. Costuma dizer o povo que: são todos iguais. Recuso-me a alinhar por este chavão, o do contentamento, pelo que lutarei até à última pancada do coração pela justiça e representação do coletivo da política.
Digamos não aos corruptos, aos interesseiros e mesmo àqueles que comprometem um pouco dos seus princípios por benefício pessoal. Está na cara e só não vê quem não quer ver. Cego é o que não quer ver. Desde a TAP, quinhentos mil euros de indeminização a Alexandra Reis, que os vai devolver…? À demissão de Pedro Nuno Santos, depois, também se demitiu Galamba, e o Primeiro Ministro não aceitou a demissão de Galamba, mais tarde, ele próprio, o Primeiro Ministro, se demitiu também do cargo a contas com a justiça. Casos e mais casos, etc. etc.
Acordem portugueses! Volta Pedro Passos Coelho, este último a ser sério a governar Portugal e em tempos muito difíceis. A cumprir um programa de austeridade imposto pela troika em consequência da governação dos governos PS. Corruptos de milhões, seja lítio ou cêntimos do estado, pois é sempre o Zé Povinho a pagar. Sim… porque todos os milhões são suportados pelo estado, pelo que, paga o Zé, o que trabalha o dia inteiro para ganhar mais um cêntimo. Tristes os que derretem Portugal, quer dizer, tristes de nós, já não se consegue viver neste país, sobrevive-se.
Viva a liberdade
Abraço amigo,

Saiba Como…

Câmara, dá licença?
Muitas são as empreitadas que por força da Lei, obrigam a licenciamento/autorização ou a comunicação à entidade competente e fiscalizadora, que é a Câmara Municipal.
Pelo que, é essencial ao cidadão ter noção das obras e intervenções que carecem de tal autorização, sobretudo nas pequenas obras do dia a dia.
Deste modo e de forma a evitar contratempos, como fiscalizações ou denuncias e consequentemente o pagamento de coimas, analisemos alguns exemplos em que é necessária autorização camarária:

  • alterar a fachada do prédio, procedendo a um aumento da mesma ou pintar o edifício de cor diferente da original.
  • reconstruir uma ruína, caso se verifique um aumento da altura da fachada ou do número de pisos ruína ou no caso de esta se localizar numa zona de proteção de imóveis classificados ou em vias de classificação (p/ex.º zonas históricas)
  • fechar uma varanda, regra geral, também carece de autorização camarária, sendo que caso se trate de uma varanda em prédio constituído em propriedade horizontal, os restantes condóminos têm de autorizar.
  • construir uma piscina.
  • ocupação da via pública com andaimes, lixo e/ou contentores.
    Em contrapartida, estão isentas de comunicação ou autorização, à e da Câmara Municipal, obras como:
  • arranjar o telhado, substituindo as telhas, ou colocando painéis solares, desde que se mantenha as condições da construção originais.
  • demolir paredes interiores, desde que tal destruição não coloque em causa a estabilidade do edifício, não afetando pilares ou paredes mestras.
  • pintar as paredes interiores da casa ou remodelar zonas como a cozinha ou casa-de-banho.
    Assim, antes de iniciar qualquer obra em casa, por mais pequena que seja, verifique sempre se necessita de pedir autorização à Câmara Municipal. Se a resposta for sim, deve instruir o pedido com um requerimento em que expõe o tipo de procedimento que vai realizar, ao qual deve juntar documentos instrutórios como caderneta predial, certidão permanente do registo, a identificação do titular do imóvel, bem como qualquer outro documento que os serviços municipais solicitem. Por exemplo, planta de localização, fotos do imóvel, etc.
    Atualmente, no nosso concelho, todos os pedidos retro mencionados e outros como segunda via da licença de utilização ou isenção, aprovação de um pedido de destaque de parcela de terreno, podem ser solicitados online, junto sítio da internet do Município de Mangualde, evitando deste modo, gastos desnecessário de papel e tempo em filas de espera.
    Uma vez apresentado o pedido, pode o cidadão, através da aludida plataforma, consultar o estado do seu pedido, podendo receber as notificações respeitantes ao mesmo, via email, via correio ou contacto telefónico.
    Em caso de dúvida ou dificuldade em como preceder, não deixe os seus direitos e dúvidas por mãos alheias. Procure um profissional habilitado como o Solicitador para o esclarecer e ajudar.

VIAJAR NO COMBOIO DA VIDA

Viver é sorrir sem ter motivo. Todos os dias da nossa vida são o iniciar de uma longa ou curta viagem de comboio.
As estações são os pontos de embarque e desembarque polvilhadas por acidentes surpresas agradáveis e muitas vezes tristezas profundas.
O nascimento é a partida. Subimos prá carruagem alegremente, encontramo-nos com pessoas que acreditamos que nesta viagem permanecerão sempre connosco: os nossos pais. Porém a verdade é outra, surgirá a estação em que eles sairão e então ficaremos órfãos do seu carinho, da sua amizade e companhia. Carregamos nobres sentimentos dentro de nós e nada impede que entrem outras pessoas que serão muito especiais: os irmãos, os amigos e esses deliciosos devaneios dos amores. Também haverá quem viaje por simples passeio e os que só encontrarão tristezas. Outros que circulam e sempre estão prontos para ajudar quem precisa.
Na primeira paragem quando descem alguns parceiros de viagem deixam uma permanente saudade, outros tão despercebidos passam que nem nos apercebemos que deixaram vago o lugar. E há ainda aqueles que nós muito estimamos e se instalam noutras carruagens diferentes da nossa, então os nossos trajetos se separam. Persistimos percorrendo a nossa carruagem. Com resiliência chegamos até eles, embora o Iugar a seu Iado se possa já encontrar ocupado.
Acreditamos que a viagem se possa fazer em conforto deste modo: repleta de desafios, sonhos, fantasias, esperas e despedidas. Viajamos da melhor maneira possível, relacionando-nos bem todos os passageiros procurando em cada um o seu melhor. Em qualquer ponto da sua viagem eles poderão hesitar, vacilar e precisar que sejam entendidos, tal como nós muitas vezes também vacilamos, hesitamos e precisamos de ajuda.
Quando se aproxima o final da viagem deparamos com um grande mistério: jamais sabemos em que estação iremos sair, nem muito menos os que viajaram sentados ao nosso lado.
E penso… medito!
Será que quando sair do comboio sentirei nostalgia!..
Acredito que sim.
Separar-me das pessoas com as quais viajei, será doloroso. Deixar que meu filho e meus netos sigam sozinhos, será muito triste. Agarro-me à esperança que quando chegar à estação principal, então emocionar-me-ei de os ver chegar com uma bagagem melhor e mais sólida do que aquela com que embarcaram, e fico orgulhoso em que os conhecimentos adquiridos tivessem crescido e se tornassem mais valiosos.
Façamos para que a estadia nesta viagem no comboio da vida seja tranquila e tenha valido apena. Precisamos para quando chegar o nosso momento de desembarque o vazio do nosso lugar deixe saudades e umas lindas recordações. Para todos os que fazem parte da viagem deste meu comboio, os desejos de
Viagem Feliz
E a promessa de que talvez nos encontremos um dia…

IMAGINANDO

PARTE 139
Os Essénios – Parte 5
O Povo Essénio e como anteriormente afirmámos, espalhou-se por várias regiões.
Fundaram a Fraternidade Essénia, constituída por Setenta Anciãos, com residência habitual nos Montes Moab, faixa de terra montanhosa na margem ocidental do mar Morto, hoje a Jordânia.
Usando sua discrição, os viajantes transitavam de colónia para colónia e para comparecerem às Assembleias em dias especiais e em Santuários escondidos, possuíam senhas, apenas do conhecimento dos delegados da confiança dessa mesma Fraternidade.
Só assim podiam entrar no respetivo Santuário.
Conforme anteriormente mencionámos, sua comida era frugal. Destacamos por exemplo, leite de cabra com castanhas assadas, figos secos e queijo com mel.
Embora esta Fraternidade fosse oculta, ela era conhecida por esse mundo fora. Apenas desconheciam o local.
Tanto, que foi fundada em Alexandria uma escola, e ela seria o prolongamento da Fraternidade Essénia.
Foi através desta escola, que Melchior teve conhecimento dos servos de Moisés ao enviar a Alexandria um mensageiro, ficando ao corrente da sua veracidade.
Decidiu então preparar a grande viagem para Jerusalém ao encontro do Verbo Divino.
Quis o Universo, que nesta viagem e no sopé do Monte Hor (situado nas montanhas de Edom, no lado leste do vale de Arabá, na Jordânia), numa paragem para descanso, com tendas para comércio de grandes riquezas, Melchior se encontrasse com dois personagens de nomes Gaspar e Baltazar, oriundos da Pérsia e Índia respetivamente e tal como ele, se concentravam mais na leitura do que nos negócios desta feira comercial.
Ao se darem a conhecer, através do idioma Siro-Caldaico, o mais espalhado entre as raças semitas, chegaram à conclusão que os princípios de Chrisna, Buda e Moisés, eram únicas.
Todas buscavam e passamos a citar na íntegra:
A aproximação à Divindade e a perfeição dos homens pelo amor e pelo sacrifício dos mais adiantados para com os mais débeis e retardados.
Foi quando se perguntaram qual era o seu destino.
Os três disseram:
Ao País dos Hebreus, porque os astros assinalaram como sendo essa a terra designada para receber o Avatara Divino, que vem de novo e pela última vez para o meio dos homens.
(Baseado em Harpas Eternas-Josefa Rosália Luque Alvarez)

A todos os leitores do Jornal Renascimento, desejo que o Ano de 2024 vos traga muitas alegrias
fjcabral44@gmail.com (Continua)

CONSULTÓRIO

HIPERTIROIDISMO

O hipertiroidismo é um problema na tiróide (a glândula que regula funções em órgãos importantes como o coração, o cérebro, o fígado e os rins), que se caracteriza pela produção excessiva das hormonas T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).
Causas:
O desencadeamento do hipertiroidismo pode ocorrer devido ao excesso de iodo presente em alguns medicamentos, ao aparecimento de nódulos na glândula, ao funcionamento mais acelerado da tiróide ou à ingestão de hormonas da tiróide. A causa mais comum de hipertiroidismo é a Doença de Graves, que ocorre quando o sistema imunológico começa a produzir anticorpos que atacam a própria glândula tiróide.
Diagnóstico:
O diagnóstico de hipertiroidismo é feito através de exames de sangue, com o doseamento das hormonas tiroideias (T3 e T4, que ficam aumentadas) e da hormona que regula a tiróide, o TSH.
Sintomas:
– um dos sintomas mais frequentes da Doença de Graves ocorre nos olhos. Pode ocorrer dor na movimentação, fotofobia (incomodo com a luz), olhos vermelhos;
– nervosismo, ansiedade e irritação, assim como mãos trémulas e suor nas mãos;
– podem ocorrer de perda de apetite, intolerância a temperaturas quentes, intestino solto, fraqueza nos músculos, queda de cabelo, perda de cálcio nos ossos;
– aumento do volume da tiróide; bócio;
– insónia;
– perda de peso resultante do metabolismo acelerado com perda de massa muscular e de proteínas.
Tratamento:
O tratamento deve ser introduzido assim que o problema for diagnosticado e depende da avaliação das causas da doença em cada doente, com acompanhamento de um endocrinologista e doseamento hormonal periódico.
Importante:
Algumas, se não muitas, situações de hipertiroidismo resultam da medicação inapropriada de “medicamentos” para emagrecer, vendidas nos consultórios desses prescritores. Acontece que essas cápsulas ou comprimidos manipulados têm, sempre, maior ou menor quantidades de hormonas tiroideias com o fim de provocar um hipertiroidismo iatrogénico e levar esses incautos a emagrecer rapidamente, esquecendo deliberadamente que, tal situação conduz a outras doenças, muitas vezes de recuperação irreversível!
raul.amaral.marques@gmail.com

TEMPO SECO

NÓS: OS CUNHAS

Tem sido uma paródia televisiva, a divulgação da cunha que alguém usou, para que as duas gémeas luso-brasileiras tivessem acesso a um tratamento milionário, ministrado no Hospital Santa Maria em Lisboa e, à revelia da lista de espera existente. A própria aquisição da nacionalidade portuguesa, das crianças, obtida em 14 dias, também não está isenta do engenho que a cunha confere a todas as situações, onde é aplicada. Contudo, esta prática só causará estranheza aos mídia portugueses, porque precisam de notícias, para satisfazer as audiências, ou a algum cidadão, muito ingénuo, que desconheça o modus vivendi da sociedade portuguesa, que sempre se regeu pelo uso e abuso, da famigerada cunha. Para o comum cidadão português isto não é uma anomalia, mas um simples meio de alcançar aquilo, que de outra forma vê voar para mãos alheias e menos relutantes.
A cunha, usada neste país, desde os tempos mais remotos, nem com a conquista da liberdade foi banida, pelo contrário: institucionalizou-se com uma voracidade, que hoje, tudo o que não é comprado com dinheiro, só se consegue com o famoso “pistolão” (como é denominada, a cunha, no Brasil), e chegando ao ponto de avaliarmos a competência individual, dos presumíveis “cunhadores”, de acordo com a capacidade de “mexer os cordelinhos” nos bastidores dos mais diversos locais de decisão. Há até políticos, e não são poucos, que se aproveitam dessa perícia, como engodo, para prometerem as suas cunhas e, influenciar a seu favor, a tendência dos eleitores mais desprecavidos ou necessitados.
Serão muito poucos, ou nenhuns, os portugueses, que ao longo das suas vidas, não tenham beneficiado deste invulgar, mas eficaz meio, de obter vantagens sobre os demais.
Quem desconhece, que o acesso a lugares públicos, é sempre atribuído àquele que usou a seu favor a cunha do “cunhador” mais convincente?! Todos sabemos que os testes psicotécnicos, de avaliação académica e profissional, no nosso país, não servem para avaliar nada, mas tão somente, para matar as expectativas, dos concorrentes indefesos ou com cunhas irrelevantes! Em todas as instituições deste país, de índole não privado, são poucos os que lá acedem, por mérito dos seus conhecimentos ou capacidades profissionais. A cunha é mais eficiente que qualquer diploma, do mais conceituado estabelecimento de ensino que exista! Assim, será por mero acaso, que não teremos, sempre, a mediocridade ao serviço do nosso país. Apesar disso, não se vislumbra qualquer tentativa para reverter a situação, e que tiraria o ganha pão sem esforço, de todos os incompetentes no ativo.
Esta manhosa estratégia, que estimula a vida de uns e condiciona a vida de outros, pelo seu invulgar peso, num contexto negativo da vida nacional, deveria ser combatida, logo nos primeiros anos de vida, com a introdução no ensino, dos conceitos básicos da ética. A consolidação da cidadania e da equidade social, só acontecem a partir do momento em que os valores éticos forem colocados em prática.

A SEPARAÇÃO DE PODERES

A 13 de Agosto de 1834 teve lugar a restauração da Carta Constitucional de 1826 e a abertura solene das novas cortes.
D. Pedro, o “Rei - Soldado”, veio a morrer pouco depois, em 24 de Setembro seguinte. D. Maria da Glória, sua filha, nascida no Brasil a 4 de Abril de 1819, assumiu os poderes da coroa com a idade de 15 anos. Reinou durante o período de duas décadas, até à sua morte ocorrida em 1853, com a idade de 34 anos.
Com a subida ao trono de D. Maria II, estando restabelecida a normalidade constitucional, tornou-se possível a aplicação de profundas reformas estruturais por parte do Ministro da Fazenda e da Justiça, o magistrado José Xavier Mouzinho da Silveira, nascido a 12 de Julho de 1780, em Castelo de Vide. Essas reformas versaram sobre quatro setores vitais do Estado e da Sociedade civil: a separação entre a Administração e a Justiça; a separação entre a administração civil e militar; a separação entre a administração autárquica e a administração local do Estado; a separação entre o Estado e as autoridades eclesiásticas.
Nesta separação de poderes destacamos a que determinou a independência do poder judicial perante o poder político e a reforma da Justiça na sua totalidade.
No que toca aos ideais humanistas destacamos a abolição da pena de morte em 1867, seguida pelo fim da escravatura em 1869.
A revolta liberal estalou em 1820, as Cortes extraordinárias “vintistas” consagraram a Constituição de 1822. D. Pedro IV outorgou um novo texto constitucional em 1826. D. Maria II acatou os princípios observados por seu pai em 1834. O Estado ultrapassou as crises de 1836 e 1846. Porém, o regime só atravessou tempos mais pacíficos depois da Regeneração de 1851 com a reforma proveniente da Carta Constitucional de 1852. Foi esta que determinou a abolição da pena de morte para os “crimes políticos” e, 15 anos mais tarde, para os “crimes civis”, só aplicável ao território continental. Quanto às possessões ultramarinas a sua aplicação fez-se por decreto de 9 de Julho de1870.
Até à pacificação do regime em 1852, a sua instabilidade não impediu que fosse traçado o novo sistema judicial, o qual veio a ser confirmado pelo Supremo Tribunal de Justiça. Mouzinho da Silveira é o nome do estadista que mais ligado esteve à conceção e criação do sistema judicial independente.
Referindo-se aos países europeus mais avançados, entendia que “a mais bela e útil descoberta do século passado foi sem dúvida a diferença entre administrar e julgar”. Por isso, na justiça substituiu a velha hierarquia das Mesas por duas instâncias de tribunais, concebe um Supremo no topo e juízes de paz eletivos na base e instituiu o júri.
As suas reformas foram, com inteira justiça, muito elogiadas por grandes escritores portugueses. Almeida Garrett disse que as reformas de Mouzinho da Silveira marcaram “o termo onde verdadeiramente acaba o velho Portugal e onde começa o novo”. Alexandre Herculano entendeu que elas “transformaram completamente a sociedade portuguesa”. Por sua vez Oliveira Martins afirmou que foram esses decretos que “construíram a base jurídica do Portugal contemporâneo”.

SANFONINAS

Belezas ignoradas
O meu primeiro despertar para a infinita beleza da fauna e da flora resultou da leitura, ainda em plena juventude, do livro Belezas Ignoradas, do Dr. Tihamér Toth (Coimbra Editora, 1958), especialmente dirigido aos seus «jovens leitores», nomeadamente escuteiros.
Dei comigo – recordo-me – a admirar, por exemplo, a vida das formigas, a imensa variedade de formas de folhas e de flores, a maravilha que é verificar como essas folhas e flores se movimentam em função da luz.
Na escola, pasmei quando vi, pela primeira vez, a imagem da welwitschia mirabilis, essa planta rasteira que logra sobreviver na seca agressividade do deserto do Namibe. Maravilha para que, no seu habitual postal de boas-festas deste ano, o Doutor Jorge Paiva chama a atenção, dadas suas características ímpares.
Jorge Paiva descreve-a assim:
«É um autêntico bonsai natural, por ser uma planta lenhosa com o tronco atarracado (aborta o crescimento apical inicial e o tronco passa a crescer perifericamente), apenas com duas grandes folhas (rasgadas longitudinalmente) de crescimento contínuo […]. Não é mais do que um pinheiro anão e atarracado, só com duas folhas grandes».
Quem diria?
Aliás, desta feita, Jorge Paiva só aparentemente é que deixou de parte o seu pendor combativo. Preferiu um combate pela positiva, referindo o que, como botânico, o foi maravilhando nas suas inúmeras viagens de estudo.
«Encantaram-me as plantas epífitas com uma única folha apoiada horizontalmente nos ramos das árvores, para, assim, receberem o máximo de radiação solar».
Tenho em casa e no jardim três ou quatro variedades de orquídeas, uma flor de mui fascinante beleza. E diz Jorge Paiva: «Muita gente não sabe que temos cerca de 60 espécies de orquídeas nativas em Portugal, todas terrestres e vistosas».
Que maravilha!
Nada melhor, de facto, para nos consciencializarmos de quão importante é a biodiversidade para a saúde plena do nosso planeta.
Pormenores são, não há dúvida, mas de significado maior.
E bem anda o Doutor Jorge Paiva por, pontualmente, em cada Natal, fazer questão em no-lo recordar. Estamos-lhe gratos por isso!

2023

Um exercício bom no final de cada ano é avaliar o que aconteceu no passado e refletir sobre o futuro.
Num país cuja opinião pública é pouco exigente perante a notória falta de transparência de alguns atores políticos, não admira que haja comportamentos desviantes e revoltantes. 
O ano que está agora a terminar ficou marcado por várias situações tensas. 2023 foi o ano em que a guerra na Ucrânia continuou, em que o conflito na Faixa de Gaza atingiu proporções devastadoras, em que o governo português caiu e a Terra atingiu temperaturas com os valores mais elevados de sempre. Também foi o ano de um acontecimento à escala mundial que aconteceu em Portugal, refiro-me às Jornadas Mundiais da Juventude.
Neste ano foi impossível ignorar as catástrofes naturais e as alterações climáticas. Em Fevereiro, um dos maiores terramotos do século destruiu cidades inteiras no sul da Turquia, matando 56 mil pessoas e mais 6 mil na vizinha Síria. Em Setembro, outro tremor de terra em Marrocos, o mais devastador na história da cordilheira do Atlas, reduziu a nada uma quantidade ainda não definida de vilas e aldeias e matou pelo menos três mil pessoas. O número exato, nunca se saberá. Já no final do ano, e ainda a decorrer, uma série de erupções vulcânicas na Islândia obrigou à evacuação de várias localidades. Como a Islândia está habituada a grande atividade vulcânica, as evacuações preventivas evitaram vítimas, mas ainda não se sabe o grau de destruição material.
As alterações climáticas manifestaram-se em temperaturas nunca sentidas. No mundo inteiro o calor médio anual foi de 28,83ºC, não parece muito, mais há que notar que é uma média, ou seja, inclui as quatro estações. O planeta ultrapassou os mais de 1,5°C de elevação média da temperatura, um valor que só se esperava para 2050. A subida de temperatura nos oceanos provocou o degelo de grandes massas de gelo nas calotas norte e sul, o que por sua vez provocou uma subida da água dos oceanos.
Não existem mais dúvidas na comunidade científica de que as subidas de temperatura se devem à ação humana. O grande motor das alterações climáticas é o uso dos combustíveis fósseis, contudo, o COP28, a cimeira internacional para lidar com um problema que ameaça a extinção da espécie, decorreu num país produtor de petróleo, dirigida pelo diretor da petrolífera nacional, e com a presença de mais lobistas pró-petróleo do que delegados nacionais.
Atípica, em 2023, é a coincidência de pelo menos duas guerras com repercussões internacionais. Atípica é a crispação do radicalismo dentro dos países, quer seja por causa dos imigrantes, decadência dos serviços públicos e divergências políticas. Em 2023, sempre que ligávamos a televisão, acontecia alguma coisa deprimente: políticos que venderam a cara para ficar no poder (como Pedro Sanchez em Espanha) ou dirigentes incompetentes que não se sentiam obrigados a demitir-se (como João Galamba )
2023 foi o ano em que o bom senso acabou oficialmente. Não adianta alguém te desejar sucesso, saúde, dinheiro, próspero Ano Novo e a 10 de Março ir votar no PS.
Assim feito o resumo possível do ano de 2023, desejo a todos os leitores um Próspero Ano Novo de 2024.