Arquivo diário: 1 de Junho de 2020

Duas ciganas, uma lia na palma da mão

patrao
Estes rapazes tinham sensivelmente treze a quinze anos, quando uma cigana abrasileirada e por dois quilos de batatas leu a sina a esses dois jovens…. E, não é que acertou!
Ao mais velho disse, vais ser muito feliz. Vai ter um minino e uma minina. Acertou.
Ao outro também acertou em tudo o que lhe foi dito, e este, tentou mudar o rumo de sua vida. Não conseguiu. Por isso se fala muito em destino. Destino bom para uns e menos bom para os maus. Ou foi mesmo a cigana que lho marcou?...
O homem tem de carregar na memória coisas da vida e coisas da alma.
Só há uma coisa na vida que é nossa, essa ninguém nos consegue tirar que é o pensamento. Cada um de nós carrega muita coisa que não presta e só um dia será despejada com a morte. Muitas das coisas que vamos colhendo ao longo da vida não prestam. Dentro de tudo, recordamos apenas uma palavra essencial, um gesto puro. Bom dia, boa tarde, boa noite, olá, olha se precisares de algo diz, as melhoras para ti e os teus.
A lição que nos dá um incapacitado, que poucos sabem que o é, nessa lição há um alto e silencioso protesto de raiva, ou não. Este incapacitado que limpa seu passado da vida não está conformado, é um herói silencioso. A vida o obrigou a fazer muito daquilo que não queria ele aceita sua missão, mas a supera com esse protesto de beleza e dignidade ou não. Muitos recebem os bens de seus pais com o cérebro sujo, mas tentador da vida, e não sabem o que lhes custou a vida em tempos muito difíceis.
Esse homem não sei que infância teve, que sonhos lhe encheram a cabeça de jovem, na adolescência se uma cigana imprudente, lhe mostrasse um retrato real de seu futuro e este acreditasse, gordo, manco, cheio de pó e desalentado talvez tivesse sucumbido. Mas diz o povo e com razão “a esperança é a última a morrer”. Nesta frase de esperança existe uma crueldade de vida. A esperança sobrevive à custa de mutilações, mutilações essas para um caminho ou para outro, ou seja o bom caminho e o mau caminho.
Há uma altura em que nos vamos secando devagar, nos despedindo de uns pedaços de si mesmo, se apequenando e empobrecendo e no fim se reduz ao mais alto elementar instinto de sobrevivência.
Os médicos jogam no homem a esperança e este se revolta para além da barreira da morte, na crença prometida, enfrenta calado, e só se arruína de si mesmo, até ao minuto em que deixa de esperar mais um sopro de vida, e espera como um bem sagrado o sossego da morte. Depois de certas agonias, o rosto glorioso da morte parece dizer: até que enfim, desta vez não me enganaram.

CONSULTÓRIO

dr. raul
GENGIBRE
Parece ter entrado no nosso quotidiano, quer como complemento alimentar, quer como suplemento dietético, quer, ainda, como auxiliar terapêutico.
O QUE É O GENGIBRE?
O gengibre (Zingiber officinale) é uma planta, originária da Ásia, cuja raiz é aproveitada como especiaria devido às suas características aromatizantes. No entanto, é muito mais que um simples condimento. A medicina chinesa e a ayurvédica utilizam o gengibre abundantemente na culinária e sempre o consideraram como um dos melhores remédios do mundo.
QUAIS AS SUAS PROPRIEDADES?
Na verdade, as propriedades do gengibre estão na sua raiz, cujos componentes principais são um óleo volátil e uma resina - a oleoresina. A raiz do gengibre, quando utilizada fresca, é caracterizada pelo seu sabor picante e um pouco amargo, bem como pelo aroma refrescante que liberta quando cortada.
Contudo, é mais comum encontrar a raiz seca, moída, sob a forma de um pó de cor amarelada.
Devido ao seu sabor, o gengibre é utilizado, maioritariamente, como condimento.
O GENGIBRE TEM-SE REVELADO, TAMBÉM, BENÉFICO DO PONTO DE VISTA TERAPÊUTICO.
Assim e, pelo facto dos seus componentes actuarem principalmente ao nível do aparelho digestivo, pode ser útil em casos de falta de apetite e digestões difíceis. Devido ainda ao seu poder carminativo ajuda a combater à flatulência e a impedir a formação de gases.
Através de vários estudos realizados ao longo deste século, verificou-se ainda que o gengibre é um eficaz antiemético, ou seja, útil em casos de enjoos, tanto provocados pelo movimento (viagens de avião, barco, carro, etc.), como originados por situações pós-operatórias. Para além disso e, por se tratar de uma planta cujos efeitos tóxicos são praticamente inexistentes, pode ser utilizado em casos de enjoos matinais durante a gravidez. Aliás, ao contrário do que sucede com certos medicamentos, a característica antimiética do gengibre não desencadeia efeitos secundários desagradáveis, como é o caso da sonolência.
Estão ainda descritas propriedades anti-sépticas e estimulantes da imunidade, pelo que a utilização da raiz do gengibre se pode revelar benéfica em casos de constipações e gripes, problemas circulatórios, dores de garganta ou inflamações, quer assimilado directamente, quer sob a forma de infusão.
Devido às suas características pungentes (picantes), o gengibre é também um estimulante circulatório podendo ajudar em casos de frieiras e má circulação nas mãos e nos pés.
Os orientais costumam ainda aplicar compressas de gengibre sobre zonas dolorosas para aliviar dores articulares e musculares.
Para além de todas estas aplicações, o gengibre é ainda utilizado no fabrico de bebidas (ginger ale e ginger beer), licores, compotas, doces, bolachas e produtos cosméticos.
QUEM NÃO DEVE USAR O GENGIBRE
O Gengibre está contraindicado para pessoas alérgicas e para aquelas que utilizam remédios anticoagulantes, como a varfarina ou outros, porque pode aumentar o risco de hemorragias.
Além disso, pessoas com tensão arterial elevada e que usam medicamentos para controlar a tensão só devem consumir gengibre de acordo com orientação médica, pois ele pode interferir com o efeito do remédio, descontrolando a pressão.
Durante a gravidez, a dose máxima de gengibre deve ser de 1g por cada kg de peso, e por isso essa raiz pode ser usada em forma de raspas para aliviar os enjoos durante a gravidez.

AUTARQUIA APROXIMA TURISTAS E POPULAÇÃO LOCAL DO PATRIMÓNIO MANGUALDENSE

Ficou concluída a colocação de sinalética de trânsito indicativa e de direcção de vários monumentos e bens do património cultural do concelho de Mangualde. Na cidade de Mangualde, o foco foi essencialmente a indicação das Ruínas Romanas da Quinta da Raposeira que, restauradas e conservadas, se tornam, agora, mais facilmente acessíveis aos turistas e população local em geral.
Pelo resto do território, a sinalização indica a direcção de vários monumentos, como o Dólmen de Cunha Baixa, a Orca dos Padrões, a Torre Medieval de Gandufe, entre outros.
A iniciativa, idealizada através do Gabinete de Arqueologia e Gestão do Património Cultural da Câmara Municipal de Mangualde, permite dar visibilidade e facilitar a visita ao rico património do concelho, fomentando a permanência de turistas que, deslocando-se pelo território, estimulam a economia local, promovendo desenvolvimento.

Centro de produção de Mangualde do Groupe PSA retomou atividade total no passado dia 25 de maio

Mantendo como prioridade proteger os seus colaboradores e preservar a sustentabilidade da empresa, o Centro de Produção de Mangualde do Groupe PSA arrancou já com as segunda e terceira fases do regresso à atividade industrial, criando as condições para o retomar da laboração a 100%.
O processo de recuperação gradual e seguro da atividade neste Centro de Produção tinha iniciado no dia 7 de maio com a entrada em laboração da primeira equipa, tendo por base a implementação de um protocolo de medidas sanitárias reforçadas para proteger a saúde dos colaboradores. Nesse dia voltaram a sair das linhas de produção os modelos Peugeot Partner, Citroën Berlingo e Opel Combo, após a paragem da Fábrica originada pela crise Covid-19.
Depois de uma bem-sucedida primeira fase de laboração de mais de uma semana, e graças à implicação e ao envolvimento dos trabalhadores e dos seus representantes, o Centro de Produção do Groupe PSA restabeleceu no dia 25 de Maio por completo da sua atividade, com a entrada em laboração do terceiro turno.
Após retomar a produção e nas duas primeiras semanas de laboração, segundo divulgado na comunicação social, a PSA Mangualde está a produzir menos 10 viaturas por turno. Segundo António Silva, da Comissão de Trabalhadores do centro de produção, esta quebra deve-se à adaptação dos operários às medidas de segurança impostas devido ao COVID-19.

Mangualdense é campeão nacional de perícias

Jorge Almeida foi homenageado pela Câmara Municipal de Mangualde.
O mangualdense Jorge Almeida venceu a última corrida do Campeonato Nacional de Perícias, em Belmonte em 2019, e tornou-se o primeiro campeão nacional da modalidade na categoria de Protótipos-Classe A. O Presidente da Câmara de Mangualde, Elísio Oliveira, prestou-lhe uma singela homenagem, em nome do Município, este fim de semana. “Um mangualdense foi campeão nacional e não podíamos deixar passar este feito em branco, temos de enaltecer o empenho, o profissionalismo e o elevar do nome de Mangualde”, sublinha o presidente.
Estiveram presentes nesta homenagem o Presidente e o Vice-Presidente da Câmara de Mangualde, Elísio Oliveira e Rui Costa, respetivamente, e o Presidente da Junta da União das Freguesias Moimenta Maceira Dão e Lobelhe do Mato, Rui Coelho, freguesia de onde o atleta é natural e ainda António Monteiro, Presidente da Junta de Freguesia de Espinho.
Recorde-se que o campeonato de Portugal de Perícia teve um total de 17 provas e o piloto natural de Mangualde dominou a grande maioria ao volante da sua viatura, uma vez que venceu 13 delas, deixando assim os seus adversários a uma grande distância na classificação geral. 

Um mês de maio diferente, mas Maria presente

Com a situação anormal que vivemos, em tantas das nossas comunidades não foi possível a oração do terço em comunidade, como habitual. Também em algumas aldeias, as habituais procissões de velas, acompanhando em oração o andor de Nossa Senhora de Fátima foram uma ausência sentida, apenas ultrapassada com o convite à oração em família, acompanhando as inúmeras transmissões online do terço, especialmente a do Santuário de Fátima.
Mas, não podendo andar os oratórios de casa em casa, como habitualmente neste mês, em cada casa foi entregue uma folha com a meditação dos mistérios para ajudar nesta oração familiar do terço.
Porque, mesmo no vazio do recinto do Santuário de Fátima, no dia 13, estavam presentes tantos corações. Porque mesmo cada um em sua casa, os cristãos não deixaram de viver este mês de Maria, este amor tão grande à Mãe, até nos terços e flores que em oração colocaram às postas das suas casas.
Porque em cada oração, em cada gesto de amor, Maria foi esta presença confortante, este pedido por tempos melhores.
E foram sentidas e tão acolhidas as palavras do Cardeal D. António Marto no dia 13 de maio, na homilia: “querida Mãe, queremos agradecer-te esta peregrinação interior, a luz, a esperança, a consolação, o conforto e a paz de Cristo que levas às nossas casas e aos nossos corações. Hoje fazes Tu o caminho da ida; o caminho da volta fá-lo-emos nós quando superarmos esta ameaça que no-lo impede. Voltaremos, sim, voltaremos: é a nossa confiança e o nosso compromisso hoje”.
Padre Nuno Azevedo

RENASCIMENTO FALOU COM PEDRO GUIMARÃES, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE MANGUALDE

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Depois de na edição passada termos publicado o testemunho dos comerciantes de Mangualde, que deixaram o seu parecer quanto à forma como estão a viver esta fase, para todos complicada, provocada pelo surto epidemiológico do COVID-19, fomos nesta edição escutar o Presidente da Associação Empresarial de Mangualde, Pedro Guimarães.
Pedro Guimarães estudou Engenharia e Gestão Industrial no IST. A área da Ourivesaria da qual é comerciante, com várias lojas abertas, é aquela que sempre trabalhou desde que entrou no mercado de trabalho.
É Presidente da Associação Empresarial de Mangualde à quase um ano, tendo encabeçado uma lista única. Consigo tem José Manuel Ferreira e Luis Filipe Matias, vice-presidentes e Filipe Ferraz como Presidente da Assembleia Geral.

RENASCIMENTO - Como é que, como Presidente da Associação Empresarial de Mangualde, sentiu este problema de saúde, provocado pelo coronavírus?
PEDRO GUIMARÃES - Na minha ótica, reconheço que o problema ainda não chegou propriamente a sério às empresas. Penso que o problema ainda só se mostrou. A dificuldade é daqui para a frente, porque as pessoas estão muito retraídas ao consumo havendo pouco comércio aberto compram o estritamente necessário. Em princípio, se o consumo não atingir níveis normais, as empresas, o comércio em si, não compram aos produtores, estes não produzem e as pessoas que trabalham na produção não recebem. Gera-se, assim, um ciclo negativo que pode ser penoso, até que a confiança se restabeleça, que se atinja a situação na qual as pessoas voltem a sentir confiança. Temos que atingir o momento em que as pessoas sintam que tem tudo que voltar ao normal, pois temos, todos, que voltar a ter uma vida normal. Realço aqui que, se as pessoas não tiveram confiança em vir à rua, em fazer a sua vida normal, nada vai voltar ao normal.

RENASCIMENTO - Considera que a passagem do plano de emergência à situação de calamidade, com a abertura de algumas empresas e a possibilidade de uma abertura, total ou quase total, poderá responder a essa dúvida que o senhor está a colocar, a esse pretenso bloqueio que está a surgir e está implícito nas suas palavras?
PEDRO GUIMARÃES - Eu creio que o facto de todo o comércio estar aberto não é sinal que as pessoas consumam. É sinónimo de que há este aparato das máscaras, do gel, das viseiras, de tudo. Não é inspirador de confiança para toda a gente, há muita gente jovem que precisa trabalhar e até os vejo mais protegidos, isto é quando circulo na rua, e por outro lado, perceciono pessoas que pertencem ao grupo de risco e andam mais desprotegidas e menos adaptadas a esta nova realidade. Este aparato todo não é inspirador de confiança e enquanto os números, os indicadores da regressão do coronavírus, não permitirem que toda a gente faça uma vida normal. Parece-me que o consumidor não vai fazer a sua vida normal, pelo menos a maioria dos consumidores

RENASCIMENTO - E o senhor, como presidente da AEM tem alguma proposta que possa contrariar esta situação?
PEDRO GUIMARÃES - Nós até aqui temos estado preocupados com as pessoas tal como o governo e todas as autoridades, a Câmara, Protecção Civil, e outras entidades com responsabilidades sociais. Temos estado mais preocupados com as pessoas que, propriamente, com as empresas. É óbvio que as empresas também precisam. Agora, que está tudo mais ou menos resolvido, esperemos que definitivamente. Embora não tenha a certeza que seja definitivamente, mas espero que assim seja, sinto que é o momento de nos preocuparmos com as empresas. Com base na existência desse facto, fizemos algumas propostas à Câmara Municipal de Mangualde, nomeadamente o perdão de algumas taxas de publicidade, e de tudo o que são relações financeiras com a Câmara Municipal e que estejam ao seu alcance. Propusemos que houvesse reduções das taxas citadas, ou o perdão durante algum tempo. De qualquer maneira, todas essas isenções são custos que se perdoam mas, as empresas não vivem só desses custos, os da relação com a Câmara Municipal, pois, têm outros custos, os PEC’s, os da Seguranças Social, etc. Assim que sejam retomados os negócios, os salários dos trabalhadores são pagos na totalidade pelas empresas. Nessa altura, já não serão apoiados, em grande parte pela Segurança Social, e, a partir do momento que as empresas tem um custo com a abertura da sua funcionalidade orgânica e social, tudo fica um pouco mais turvo. Até porque, se não há consumo e os custos aumentarem, a realidade fica complexa.
No entanto, quer a AEM, que está em processo de consolidação de uma parceria, que vai acabar na união com a AIRV, quer esta ultima – elas estão muito unidas, neste momento, pois, dentro de um ano, serão uma só-, estamos a dar a nossa contribuição em conjunto com a CCP e CIP, para que, junto com o governo, haja todo o apoio, todo o colo que a economia precisa para que isso possa trazer a retoma que, seja longa ou seja curta, seja o mais apoiada possível. No entanto, há uma má notícia, que é, tal como a doença “limpou”, no mau sentido, acabou por castigar algum de nós, o falecimento de pessoas, o de algumas empresas, infelizmente, desaparecerem no meio disto tudo, porque não conseguem suportar as novas exigências, os novos custos. Não vai ser possível salvar tudo, no entanto, quando surgem as ameaças, também surgem as oportunidades, e, por isso, mais cedo do que se possa pensar, a retoma acontecerá e tudo será alcançado. A seguir à tempestade vem, sempre, a bonança.

RENASCIMENTO - O que é que o senhor considera que poderia ser feito mais, para que essa retoma fosse mais rápida. Há aqui um problema de retoma, pode bloquear a própria evolução do empresarial o que acha que poderá ser acrescentado para promover essa retoma?
PEDRO GUIMARÃES - Eu espero que as minhas ideias não sejam suficientes para ser nomeado ministro da economia (risos).

RENASCIMENTO - Não (risos)…. Mas como cidadão, empresário e presidente da AEM o que é que o senhor acha?
PEDRO GUIMARÃES - Dizia-lhe há pouco que a preocupação das entidades responsáveis eram as pessoas. Observo, portanto, se as pessoas perceberem que é preciso consumo para salvarem os seus próprios trabalhos, todos devem ser, se calhar, um bocadinho mais cautelosos, nesse ponto de vista, que o que estão a ser. Não podemos ser tão consumistas como eramos, no período anterior a esta situação de crise, e não podemos ser tão reservados como estamos a ser. Teremos que chegar, então, a um ponto moderador e mediador das duas situações salientadas. Há que sensibilizar as pessoas exatamente por esses motivos, a adaptarem as suas condutas à actual realidade. Acrescento, já, que não é só apoiar financeiramente as empresas com perdões, com isenções, são as próprias pessoas que têm que sentir que tudo depende daquilo que fizerem. A AEM neste momento está em sintonia com a Câmara Municipal, de forma a promover e organizar iniciativas que desencadeiem o consumo local. É claro que, obviamente, que ao propagandear o consumo local, vão beneficiar as empresas da região e os empregos da região. Ao faze-lo, é impossível consumirmos tudo, o que é exclusivamente produzido em Mangualde. Por essa razão, teremos que vender para fora da nossa localidade. Teremos que promover o consumo do excedentário em zonas territoriais, exteriores ao nosso concelho. Realço que não é fácil consumirmos exclusivamente tudo o que se cá faz, mas, ao consumirmos o que produzimos vamos beneficiar os fornecedores que, por conseguinte vão beneficiar os produtores. Envolver-nos-emos, assim, em atitudes que os consumidores, fornecedores e produtores assumirão em momentos distintos, pois, haverá, sempre, uma troca de papéis. São estas pequenas, ou gigantes, atitudes que irão contribuir, exactamente, no sentido da retoma económica, e na promoção do equilíbrio social; o desejado.

RENASCIMENTO - Basta, o referido, como fonte de motivações de consumo, junto dos consumidores, do cidadão comum. Será que isso é suficiente?
PEDRO GUIMARÃES - Nada é suficiente, tudo é subjectivo. Contudo, temos que avançar, algo tem que ser feito. As situações, que foram referidas poderão concretizar-se como previsto, outras não. Na realidade que que se tornar real, haverá sempre alterações, substituições, de forma a situarmo-nos numa etapa evolutiva de consenso e de benefício para todos. Agora, sublinho, nem sempre conseguimos agradar a todas as pessoas propostas e concretizadas.

RENASCIMENTO - Falamos da Câmara Municipal, em relação a uma proposta que a AEM assumiu com essa entidade, mas para lá da autarquia, no contexto concelhio, o Governo poderá acrescentar mais algum benefício?
PEDRO GUIMARÃES - O Governo tem estado à altura da situação, aliás, se me permite, vejo até uma união politica, duma maneira geral. Todos os partidos, de uma forma ou de outra, tem estado numa posição coerente com o actual momento, sem assumirem uma oposição, com conteúdos ou trajeto divergente. O que pretendo dizer é que todas as entidades politicas, com assento, na Assembleia da Republica, têm estado, entre si, muito colaborantes. Afirmo que a AEM não tem qualquer vertente política e, por esse motivo, não estou aqui para falar de política mas, de acordo com a questão colocada, e do que me é permitido percepcionar no dia-a-dia, permite-me afirmar que sinto por parte do parlamento, e do governo, que todos têm dado uma boa contribuição. Todos estão preocupados com a economia geral, e com a situação social que vivemos. Verificam-se até medidas que não eram expectáveis. Um exemplo, esta medida de apoiar em 80% todas as empresas que contribuam para o isolamento sanitário dos estabelecimentos comerciais. Vai, na sua concretização, além do que seria expectável, pelo menos na minha expectativa. Não estava, sinceramente, à sua espera, porque se um qualquer investimento custa 100 euros mais IVA. Este é deduzível, como sabe, e, por isso, num universo de 123 euros, acabamos por só gastar 20 euros. É um custo, não deixa de ser um custo, mas é um custo menor dentro das expetativas que estavam geradas. Agora, o que é necessário? É que também a economia europeia estimule a economia portuguesa. Sabemos que, se a economia europeia apanha uma corrente de ar, Portugal apanha uma pneumonia. Esperamos, portanto, que a economia europeia respire saudavelmente, para que a nossa economia seja feliz, ou aconteça da forma mais satisfatória possível. Agora, junto do Governo o que é que a AEM pode fazer? Estamos como lhe disse junto da CCP – Confederação do Comércio e Serviços de Portugal--, que também nos representa. Temos dado a nossa contribuição, no sentido do referido, e, esperamos, que os factos identificados, hoje, sigam a bom porto. Tenho a esperança que conseguirão.

RENASCIMENTO - Como é que vê o futuro da AEM na junção que há pouco falou. Como é que enquadra o futuro desenvolvimento das empresas de Mangualde?
PEDRO GUIMARÃES - É simples, o distrito de Viseu tem algumas associações, todas com o mesmo interesse, que é o desenvolvimento da região. Há a AEM, a AIRV, a ACDV e temos, também, a Associação Empresarial de Lafões. Logo, com esta representatividade, se todas elas se unirem numa só, julgo que a força da região será muito maior. Esse é o nosso pensamento, porque representaremos muitas empresas. O sentimento é podermos ter ligações muito mais próximas do governo do que actualmente estarmos a ter, ao depender da associação de associações. É um desafio. O pensamento, que subjaz à intenção expressa, é o de criarmos uma associação de representatividade distrital. A propósito, não posso deixar de referir que não sei se o distrito da Guarda, de alguma forma sonha, ou não, unir-se a nós. Será, possivelmente, uma situação geoestratégica coisa que valerá a pena pensar, porque se poderá atingir outra representatividade, com a união do distrito de Visei e do distrito da Guarda, que será de uma região mais vasta, a Beira Alta. No sentido dessa apresentação, e mesmo representação, poderemos lutar, defender mais o interior e, por esse motivo, podermos deslocar mais pessoas para a nossa região, pois, vermos todos os dias, os nossos filhos que até gostavam de ter cá condições de trabalho, e fogem para Lisboa, para o Porto. Com a força que poderemos adquirir, através de uma união forte, poderemos concretizar projectos, que ofereçam e dêem oportunidades de radicação na nossa região, às gerações mais jovens que, habitualmente, se têm deslocado para outras regiões, no nosso país, e em muitos casos, infelizmente, para fora do país. Será uma maneira de tentarmos lutar por esses quadros tão valiosos que produzimos e que, infelizmente, vão fugindo.

RENASCIMENTO - Esse é o aspeto positivo e o negativo?
PEDRO GUIMARÃES - Negativos, confesso que ainda não vi nenhum, mas aceito que possam existir.

RENASCIMENTO - Não o incomoda ver por exemplo a assimetria do desenvolvimento, regiões a serem mais favorecidas do que outras. Mangualde não poderá correr esse risco em relação a Viseu?
PEDRO GUIMARÃES - Não, não vejo isso por esse lado, antes pelo contrário. Aliás a AIRV já teve Presidentes de empresas de Mangualde, e esta cidade não foi mais beneficiado ou prejudicada por isso. Não é por aí, julgo eu, que deveremos investir, em termos de decisão empresarial.

RENASCIMENTO - Não terá alguma lógica a pergunta formulada?
PEDRO GUIMARÃES - Compreendo a sua dúvida, mas para já Viseu não é assim tão grande, infelizmente ou felizmente. Por exemplo, não são raras as vezes em que vivo em Mangualde e trabalho em Tondela. Aliás, conheço várias pessoas de Mangualde que trabalham em Tondela, e de Resende que trabalham em Viseu ….

RENASCIMENTO - Não considera, contudo, que a união das associações empresariais do distrito de Viseu numa entidade própria, a ficar localizada em Viseu, não poderá beneficiar esta cidade? Não é mais uma entidade oficial com sede em Viseu? Não há demasiadas instituições, do poder político, da área educacional, da saúde, e de outras áreas, localizadas em Viseu? O senhor não constata muita concentração na referida cidade?
PEDRO GUIMARÃES - Se estivermos a falar duma Associação que apenas quer lutar pela cidade e concelho de Viseu, compreendia a sua pergunta. O que é certo, é que actualmente a AIRV tem contactos, já tem contatos com Câmaras Municipais do distrito, e com instituições, no sentido de termos já gabinetes de trabalho institucionais. Desculpe eu utilizar a expressão nós, mas o sentimento de união é mesmo esse, no sentido de termos gabinetes de apoio às empresas locais e regionais. É o projeto que se está a desenvolver. É uma desmultiplicação da AIRV, com o provável e eventual “casamento”, que venha a acontecer com as outras associações da região. Esperemos que essa situação se verifique. É esse é o meu sentimento. A união das associações terá mais representatividade e desenvolverá um maior número de projetos, criará sinergias, com gabinetes de apoio às empresas junto das Câmaras Municipais, que uma única associação não conseguirá fazer. Qual será a lógica que terá, com o devido respeito, ter uma associação empresarial, exclusivamente, para um concelho, Penalva do Castelo, ou outro assim do mesmo tamanho, Nela. Considero que, se tivermos alguém que possa estar uma manhã, por semana, em Nelas, ou a visitar as empresas de Nelas, e depois, na outra manhã já poder ir a outro concelho, cria um sentimento de proximidade, que juntar todas as sinergias todas e produzirá uma força de conjunto. A AEM, ou outra entidade da mesma natureza, não tem essa capacidade, não tem colaboradores suficientes, não tem capacidade de os manter para que possam visitar com frequência as empresas, para que possam estar, não só ao lado, mas também de frente, para as poder visitar. Uma associação maior terá essa proximidade para o fazer em todo o distrito. Julgo que se estivermos mais preocupados com o “quintal dos nossos vizinhos” que com a união do nosso “quintal”, definitivamente, não iremos a lado nenhum.

RENASCIMENTO - Sim, mas a pergunta coloca-se apenas, porque há muita concentração em Viseu?
PEDRO GUIMARÃES - Não me preocupa. Não me preocupa.

RENASCIMENTO - E por exemplo, a promoção de desenvolvimento das empresas através da própria qualificação das pessoas que a AEM tem desenvolvido, isso não pode ser posto em causa?
PEDRO GUIMARÃES - A ideia é fazer o mesmo trabalho que temos estado a fazer. Obviamente que, como todos os casamentos, toda a gente sente que vai ser feliz. Não conheço ninguém que se case pensando que vai ser infeliz, agora, se vai ter dificuldades, se vai haver também malefícios dentro dos benefícios, é normal como dentro de todos os casamentos. Não tenho dúvida disso. Agora, aos olhos de alguns é natural que lhe pareça que o casamento é uma infelicidade e que é motivo para grande divórcio.

RENASCIMENTO - Essa associação ficará localizada em Viseu ou em outro local do distrito?
PEDRO GUIMARÃES - É uma coisa que não me preocupa muito, mas Mangualde, como sabe, há uma sede fantástica, que aconteceu com base num acordo com a Câmara Municipal. Será mantida e constituirá, também, um local de proximidade. Neste mandato municipal, a autarquia fez um trabalho muito interessante, com muita produtividade, na nossa área de trabalho, o empresarial. Será, certamente, por esse trabalho, concretizado “do nosso lado”, que as situações se concluem, acontecem com naturalidade. Sublinho que os meus antecessores fizeram um bom trabalho, em contexto temporal. Eu sou muito recente e quase que, literalmente, fui inaugurar a sede. Por isso, o mérito de estar onde estamos não é meu, apesar de ter feito parte das outras direções, mas dos outros Presidentes, que me antecederam. Esses, sim, merecem todo o mérito, porque a sede que agora temos, é, na sua globalidade, da sua responsabilidade. Tem condições privilegiadas, das quais não abdicaremos. Agora, se a sede vai ser em Mangualde, se calhar vai haver direções, daqui a quatro, cinco ou vinte anos, que optarão por Mangualde. Poderá existir direções circulantes, que num ano vão ter a sua presidência em Mangualde, no outro em Tondela. Essa circunstância poderá acontecer até por proximidade. Imagine que até é uma empresa de Tondela que lidera a AIRV, ou outra localidade qualquer, nada me chocaria, se aquela direção tem mais pessoas daquela região, que a sede fosse em Tondela, para impedir que o staff fosse dividido. Contudo, pelas suas próprias circunstâncias, é natural que as capitais de distrito tenham maior representatividade. Assim, constitui-se como pacifico a localização nelas das associações representativas dos vários sectores de actividade, seja empresarial, militar, educacional ou de outras.

RENASCIMENTO - Pretende acrescentar mais alguma questão?
PEDRO GUIMARÃES - É importante para a AEM estar mais próxima não só das empresas mas também das pessoas. Neste tempo que vivemos, hoje, em que realmente houve essa preocupação de todas as instituições, primeiro com as pessoas e depois com as associações, a associação esteve, exactamente, nesse tom, solidária com todas manifestações sociais que emergiram, em tempo de crise. Estamos felizes por estarmos a fazer tudo o que podemos e esperamos que os danos sejam muito menores dos que os previstos.

Município de Mangualde comparticipa UMA CENTENA DE testes covid-19 PARA CRECHES, CENTROS DE DIA E BOMBEIROS

“Os testes nesta fase são importantes como medida preventiva nestes sectores.
Esta medida enquadra-se no plano de apoio às nossas instituições” – Elísio Oliveira
A Câmara Municipal de Mangualde cofinanciou testes COVID-19 aos funcionários das creches, dos centros de dia do concelho e aos Bombeiros Voluntários de Mangualde. Assim, esta semana foram realizados mais de 100 testes. “Depois de uma primeira fase de testes aos Lares, cerca de 400 testes, foi agora a vez de testar os funcionários das creches, nas vésperas da sua abertura, para proteção das crianças e dos funcionários”, sublinhou Elísio Oliveira. “Os testes nesta fase são importantes como medida preventiva nestes sectores. Esta medida enquadra-se no plano de apoio às nossas instituições”, explicou ainda o Presidente da Câmara Municipal de Mangualde.
Os testes são cofinanciados pela Câmara Municipal de Mangualde e pela Segurança Social, sendo as recolhas realizadas pela Cruz Vermelha que se associou a este protocolo. Foram testados os funcionários das seguintes instituições:
CRECHES:
Centro Social e Cultural da Paróquia de Mangualde
Obra Social Beatriz Pais
Santa Casa da Misericórdia
Centro Paroquial de Santiago de Cassurrães
CENTROS DE DIA:
Centro Paroquial de Alcafache
Centro Social e Paroquial de Fornos de Maceira Dão
Centro Paroquial de Cunha Baixa
Centro Social e Paroquial de Chãs de Tavares
Centro Social e paroquial de Abrunhosa-a-Velha
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE MANGUALDE

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REABERTURA DA FEIRA QUINZENAL
Com o início, a 18 de maio, da segunda fase de desconfinamento e a permissão para a reabertura de várias atividades, a Câmara Municipal de Mangualde salvaguardando sempre como preocupação principal a segurança sanitária, reabriu a Feira Quinzenal, também ela de forma progressiva.
Assim, a Feira Quinzenal Municipal, que se realiza duas vezes por mês (às segundas e quartas, quintas-feiras de cada mês), reabriu a sua atividade no passado dia 28 de maio, sendo que, para já a reabertura é limitada a dois setores: a venda de plantas e produtos hortícolas; e a venda de produtos alimentares.
Renascimento, foi à Feira de Mangualde onde ouviu alguns dos seus clientes.

Srs. João Nunes e esposa D. Maria Nunes - Abadia - Espinho

RENASCIMENTO - Como é que sentiu toda esta situação provocada pelo Coronavírus?
Foi difícil.

RENASCIMENTO - Foi difícil? Como é que se adaptou, como é que viveu realmente isto tudo?
Adaptei-me bem. Não senti dificuldades, porque levei isto com tranquilidade. Não saía de casa para evitar as dificuldades. Onde vivemos é uma quinta e então, facilitou a nossa vida.

RENASCIMENTO - Onde é que os senhores vivem?
Na Abadia de Espinho.
Se levarmos isto com responsabilidade e encararmos que é realmente um vírus e que temos que ter cuidados, leva-se bem.

RENASCIMENTO - E na sua atividade profissional. O que é que o senhor faz?
Olhe, trabalhava na Citroen, mas como a Citroen me mandou embora quando acabou o contrato, fui agarrar-me às ovelhas e, vivo das ovelhas

RENASCIMENTO - Nessa atividade pecuária como é que o senhor viveu essa situação, com as ovelhas e com esse problema?
Com as ovelhas viveu-se bem num sentido, andávamos livres, não andávamos stressados. Vivemos na quinta, os animais andam na quinta, portanto, andamos bem no dia a dia. Só tivemos um problema, foi quando o produto começou a não se escoar. Deixaram de levar o leite e a dificuldade foi essa, de resto não houve problema.

RENASCIMENTO - E essa situação, já está ultrapassada?
Vamos lá ver... se tiver passado, só vamos notar lá para outubro que é quando ele vem novamente, porque agora o leite acabou, portanto, não se sabe.

RENASCIMENTO - Só vendem leite ou também fazem queijo?
Só vendemos leite.

RENASCIMENTO - Só vivem disso?
Sim, vivemos disso e fazemos alguma atividade agrícola para consumo próprio. Se nos levarem o produto não temos problemas de sobreviver só com as ovelhas, agora, se não houver quem leve o produto já temos dificuldades, porque vamos ter quatro meses sem se produzir, já é mais dificil.

RENASCIMENTO - Mais alguma coisa que queiram dizer?
Se as pessoas tiverem um bocadinho de respeito uns pelos outros e fizerem as coisas como pertence e como estão a mandar, de máscara, distanciamento, isto vai-se vencer. Acho que não há que se ter medo, porque quanto mais se entra em stress pior.

RENASCIMENTO - Vocês adaptaram-se bem.
Exato, para já, porque não saíamos de casa e depois tinha os animais, ajudou-nos bastante. Andavamos tranquilos, passamos como se não houvesse nada.

Srs. Manuel António Almeida, D. Maria Odete Almeida e D. Caroline Almeida – Abrunhosa do Mato

RENASCIMENTO - Como é que sentiram e viveram esta situação provocada pelo coronavírus, não havia feira, estava tudo fechado, como viveram isto?
Já tínhamos saudades da feira. Eu estou a trabalhar, não parei, mas tive que tirar o dia de hoje para vir à feira com os meus pais. Já tinha saudades e os meus pais ainda mais, porque veem todos os 15 dias.
Atrasou mais foi na agricultura, não tínhamos muita quantidade de compra nas lojas, por exemplo, o cebolo e essas coisas, isso atrasou, ficamos só com metade das coisas, não tínhamos acesso, era difícil ir comprar, porque era uma fila enorme e atrasou-nos muito.

RENASCIMENTO - Mas como sentiu o efeito do coronavírus?
Medo e tristeza, ainda por cima porque tenho uma neta há quatro meses e os dois primeiros meses praticamente só a via por videochamada.

RENASCIMENTO - Como superou isso?
A internet ajuda, a videochamada...

RENASCIMENTO - De onde é que os senhores são?
De Abrunhosa do Mato e como vivemos no campo, vivemos da agricultura, passávamos o nosso tempo no campo. Aqui a minha filha trabalha, e quando precisávamos de alguma coisa ela trazia.

RENASCIMENTO - E o Senhor, o que acha?
O que hoje se sente mais aqui, é a falta das febras, não há febras. O convívio, as pessoas juntarem-se aqui.

RENASCIMENTO - O senhor trabalha só na agricultura? Foi na agricultura que trabalhou sempre?
Não, fomos emigrantes, estivemos em França, mas já há 21 anos que regressamos e dedicámo-nos à agricultura. Temos grandes áreas de oliveiras e vinhas.

RENASCIMENTO - E esta situação dificultou, prejudicou?
Dificultou mas, temos que superar tudo. Vai tudo correr bem, mas não tem sido fácil. Perdi a minha mãe em Novembro. Em Fevereiro perdi a minha sogra tudo isto acumulou muita tristeza. Depois, ainda por cima, vem este vírus, foi tudo muito junto.

Srªs. D. Sara Oliveira e D. Fátima Almeida – Almeidinha

RENASCIMENTO - Como é que sentiram e viveram este problema do coronavírus?
Eu estou grávida e estou a passar uma fase muito complicada. Não temos consultas, não temos nada. Está a ser uma fase muito complicada, pelo menos para as grávidas. Chegamos ali à médica já temos uns papeizinhos prontos, é só levantar para ir fazer exames, ecografias, análises, o que quer que seja. É tudo por telefone. Eu pelo menos sinto-me assim, desprotegida. Está a ser muito complicado, não está a ser fácil.

RENASCIMENTO - Difícil ou complicado?
Complicado mesmo, porque eu neste momento preciso fazer uma ecografia e aqui em Viseu pedem-me 90 euros, sou obrigada a ir a Sever do Vouga para fazer comparticipado, porque aqui na zona não fazem, por causa do coronavírus está tudo parado.

RENASCIMENTO - Para lá da situação da gravidez como é a sua perceção neste momento?
Neste momento acho que estamos muito bem, pelo menos nós aqui em Mangualde, está maravilhoso. As pessoas respeitaram bastante o ter que ficar parado em casa, respeitaram bastante.

RENASCIMENTO - E qual é a sua previsão para o futuro, de acordo com a experiência que está a viver, qual é a sua ideia?
Se não aparecer a vacina estamos mal.

RENASCIMENTO - Isso inquieta-a?
Completamente. Sim!

RENASCIMENTO - Mas de qualquer maneira, de algum modo, sente que a vacina vai surgir?
Não sei...

Srª. D. Maria de Lurdes Ferreira – Fornos de maceira Dão

RENASCIMENTO - Como viveu esta situação provocada pelo Coronavirus?
Ao pé do meu marido, só ía à fazenda de manhã, um bocadinho mas, muito raro. Agora é que já lá vou mais, porque tenho que regar as batatas, os feijões, mas regamos e vimos logo embora para casa.

RENASCIMENTO - Mas para além disso, como é que sentiu, como é que viveu esta situação em termos emocionais?
Nervosa. Não estávamos habituados a esta privação. Ficamos um bocado inúteis em casa, não dava para nada.

RENASCIMENTO - Onde é que a senhora vive?
Em Fornos de Maceira Dão. Só tenho uma filha, está em Lisboa, tenho ainda três netos duma outra filha que já faleceu, mas estão todos longe, todos tiveram que ficar lá. Agora que isto já está a mexer, para a semana já vem aí a minha filha. Já vem fazer-me uma visita. Já estou mais tranquila. Só em ouvir aquele telefonema já fiquei melhor sabendo que ela vinha.

RENASCIMENTO - Agora já está mais tranquila?
Sim, mais tranquila, mais satisfeita só em saber que vem a minha filha.

Srs. Isidoro Cabral e D. Iva Alegre – Cubos

RENASCIMENTO - Como é que viveu este problema, esta situação do coronavirus?
Com cuidado. Temos medo derivado à nossa idade já um pouco avançada ,e temos os netos em casa, portanto com um pouco de receio. Depois há também as complicações na saúde, bronquite, ossos…

RENASCIMENTO - A vida, sentiram que estava um bocadinho afetada?
Houve uma alteração, isso de certeza absoluta. Já não voltamos a viver da mesma maneira como vivíamos anteriormente. Acho que vai ser difícil. Vai ser muito difícil, porque estamos habituados a chegar ao pé de um grupo de amigos, cumprimentar e tudo mais e agora isso vai sair um bocado abalado.
Íamos a casa das famílias, as pessoas iam a nossa casa e agora ninguém vai. Tem-se medo.

RENASCIMENTO - Não substituiu essas relações por outro tipo de atividades, por exemplo a leitura, visionar televisão, o telefone?
Temos as terras. Temos uma quintazita e é lá que nos entretemos.

RENASCIMENTO - Como é que veem este futuro, com tranquilidade?
Tranquilidade vejo. Não 100%, mas penso que correu muito bem, o sistema nacional de saude, esteve bem. Por exemplo, aqui em Mangualde tivemos aquele problema mais grave em Santiago, digamos, porque de resto não foi como o que aconteceu na grande Lisboa, no grande Porto. Percentualmente foi muito menos.

RENASCIMENTO - Deduzimos então que a intervenção foi positiva?
Eu penso que sim. Não 100%, mas positiva.
Mangualde, ainda teve gente ao alcance que logo no inicio preveniu tudo, com o fecho por exemplo das feiras de Março, a quinzenal e outras coisas.

RENASCIMENTO - Têm mais alguma coisa a dizer?
Temos medo do que aí vem, que as pessoas abusem, não tenham cuidado e nos obriguem a ficar novamente retidos em casa. Nós não saíamos, nem sequer à farmácia íamos.
Temos uma nora que trabalha no Lidl, já tinha que correr risco, portanto, era ela que nos fazia as coisas fora de casa. Durante três semanas não saímos mesmo, ficamos isolados. O que precisávamos era a nora, ou o filho que também não deixou de trabalhar.
Hoje viemos cá mais por causa destas verduras, porque queríamos compor o que temos em falta.

RENASCIMENTO - E qual é a sua previsão para o

CÂMARA DE MANGUALDE ABSOLVIDA DE PAGAR INDEMNIZAÇÃO DE 500 MIL EUROS

Devido ao encerramento de um troço da Estrada Nacional (EN16), a Câmara Municipal de Mangualde encontrava-se com um processo em Tribunal no qual estavam envolvidos, por um lado, os proprietários de um posto de combustível situado nas imediações deste troço da EN16 e, por outro, o concessionário desse mesmo posto.
Estes reclamavam da Câmara de Mangualde o pagamento de 500 mil euros pelos prejuízos causados com o encerramento daquele troço.
O caso remonta a 2011 e o processo decorreu no Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu. O acordão agora proferido pelo Tribunal Central Administrativo do Norte confirmou o que já havia sido julgado em 1ª instância, confirmando que a autarquia cumpriu todos os requisitos da prática de um ato lícito.