Arquivo mensal: Fevereiro 2022

OS VOTOS INÚTEIS


Em 2019, 4,7% dos votos nas eleições legislativas de 2019 foram para o “lixo”. Só do CDS/PP, que foi o mais castigado dos partidos, foram quase 103 mil votos “ignorados” que não serviram para eleger ninguém. No total, houve perto de 720 mil eleitores cujo voto “não serviu para nada” a não ser dar algum dinheiro aos partidos.
Os partidos médios são sempre os mais prejudicados; os grandes (PS e PSD) são os mais beneficiados. No caso das eleições de 2019, os sociais-democratas apenas não viram convertidos em mandatos 2,19% dos votos enquanto que os socialistas não registaram uma única perda. Se olharmos para os círculos eleitores, o caso de Portalegre destaca-se de todos. Mais de metade (53,41%) dos votos válidos não contaram para eleger ninguém. Dito de outra forma: mais de metade da população votou “em vão”.
Votos desperdiçados, votos ignorados, votos inúteis ou votos válidos em vão, como se lhe queira chamar, existem sempre, a questão é que não precisam de ser tantos. O mesmo acontece com a abstenção: continuam a ser os dois maiores, PS e PSD, a beneficiar com o sistema em vigor. Diria que, por isso, o interesse em mudar é nenhum. Mas deviam, fariam com que a população se sentisse mais representada, sentisse que o seu voto tinha servido para algo.
O sistema eleitoral devia promover uma ligação mais próxima entre eleitor e eleito. Nos círculos mais pequenos, os eleitores podem ser obrigados a fazer o “voto útil”. É só conferir o mapa:

Nestas circunstâncias, a pouco representatividade do dos distritos mais pequenos vai-se agravar pois os governantes vão continuar a investir o dinheiro dos nossos impostos onde se ganham as eleições, ou seja nos distritos que elegem mais deputados. Para os outros vão sobrar promessas e migalhas.

Ferramentas digitais na Saúde: Informar para melhorar


É inevitável escapar ao “bicho” da internet, sendo o entretenimento a função mais disseminada por todo o mundo. Redes sociais; plataformas de partilha de vídeos; plataformas de distribuição de aplicativos\ aplicações…. Este novo sistema de informar traz uma lacuna imensa, entre gerações que não aprenderam a ler ou escrever e os seus descendentes que não reconhecem o valor de uma enciclopédia, por considerar ridículo folhear um calhamaço quando um dedo revolve a questão em segundos! Respeitar o que foi, e o que é, sempre foi uma luta constante entre gerações. Saudosista das canetas permanentes versus canetas para os écrans tácteis; Revivalistas dos jogos da glória versus jogos online; Fiéis presenciais nas idas ao banco e serviços públicos versus utilizadores de aplicações gratuitas dos mesmos!
A transição da informação, de papel para digital tem sido uma corrida para chegar ao aumento de conhecimento e mais facilidade na aquisição do mesmo. No entanto, o investimento para capacitar os intervenientes\ pessoas para a evolução tecnológica tem sido muito escassa, e cada vez mais uma pessoa que não alcança a competência de trabalhar com um computador é excluída! De fato a capacidade de ter dinheiro para adquirir um telemóvel de topo, não confere uma superioridade em melhorar o seu conhecimento. Pode dar uma falsa sensação de posição social, por ter um objecto valorizado pela sociedade actual, mas se não sabe utiliza-lo é como dar “pérolas a porcos “! Apesar de ser uma expressão rude, a realidade sobrepõe-se à evidência: ter algo que lhe dá benefícios e não utilizar remete ao obsoletismo! Por isso, há que reconhecer a vontade de adaptar às novas tecnologias, sabendo que terá de aprender pacientemente as novidades e riscos de lidar com um computador\ telemóvel.
Ultimamente, devido ao efeito pandémico, o distanciamento social cria uma necessidade emergente em aderir às novas tecnologias para ter acesso a coisas tão mundanas como: ir a um restaurante; ao cinema; transportes longo curso em outros. O Sistema Nacional de Saúde, tão fortemente valorizado por uns e criticado por outros, tem tido fornecido uma constante panóplia de ferramentas digitais, sendo o seu site bastante intuitivo mesmo para o mais resistente inábil no mundo informático. Área do Cidadão do Portal SNS é o pináculo de todas as ferramentas disponíveis, sendo apenas necessário o cartão de cidadão! Claro que ter uma boa visão e paciência também são requisitos para autenticar, mas virar as costas a esta evolução não lhe dá mérito algum.

REFLEXÕES

Património cultural
Janeiro 2022
No dia a dia dou comigo a recordar acontecimentos passados, outros mais recentes, que me levam muitas vezes a sorrir, outros…nem por isso! Afinal é com tudo isto que se constrói uma vida. Mas não tenho dúvidas de que à medida que os anos vão passando foi-se construindo uma vida - a minha vida - com imensos tijolinhos subindo no espaço a caminho da dimensão dum arranha-céus… afinal a existência de cada um não é mais que uma construção. Umas vezes fica muito tosca, atarracada como as igrejas românicas, sempre lindas aos olhos de quem sente; outras uma mansão bem estruturada com belas varandas e escadarias em caracol, ou outras enormes, altíssimas- querendo furar o Universo e que demonstram a enorme criatividade, imaginação e capacidade de execução a que chegou a Humanidade. E aqui já nem penso nas minúsculas descobertas que, no seu todo, levam o homem a viajar por biliões de quilómetros nesse Espaço misterioso que nos envolve! Desço à Terra e vejo-me metida num grosseiro e térreo espaço que se resume a uma mina – um túnel escavado ao longo de, não se adivinha, quantos metros… Pelo saber do povo seria apenas uma amostra da hipotética rede de fuga dos soldados franceses. Ficaríamos por aqui, se entretanto um outro facto não viesse aguçar a nossa curiosidade. Passado pouco tempo sobre a descoberta do túnel no quintal do senhor Valentim, outra situação semelhante ocorreu junto ao quintal da Mangualdense - famosa pintora do séc. passado D. Beatriz Pais – ou talvez fosse no próprio quintal. Foi feito um desaterro entre a rua da Igreja e a dos Combatentes da Grande Guerra exactamente no local onde agora foi construído o “centrinho de refeições rápidas”
Não sei quem precisou daquele túnel, quem o fez, donde vinha, nem para que efeito. O certo é que no corte justamente encostado à Rua da Igreja ficou visível a bocarra de um outro túnel! Com a curiosidade própria lá fui entrando, mas “aquilo” não oferecia segurança. Estando nesse tempo ao serviço da direcção da ACAB e já com o peso das descobertas arqueológicas, entendemos que o problema da “rede” de túneis não estava no nosso âmbito pesquisar, mas antes por técnicos ligados à Espeleologia. Para tal ainda resolvi contactar o GRUPO DE ESPELEOGOGIA DO POMBAL, convivências de Conímbriga, que era especializado neste tipo de investigações nas Grutas de Mira d’Aire. Este grupo ficou de imediato disponível e curioso por fazer o seu estudo. No entanto a sua deslocação e instalação acarretaria despesas que a autarquia não se dispôs a suportar…. e assim sendo, foi mais um mistério da história de Mangualde que ficou no escuro do NÃO SABER!…. Faz-me muita pena tantos documentos da vida cultural de Mangualde que já se perderam para sempre …. e assim também a hipótese de se fazerem roteiros maravilhosos. Enfim, ficamos com o que temos… um pouco mais pobrezinhos!

SANFONINAS

A informação camarária
Como docente de Comunicação Social no Curso de Especialização em Assuntos Culturais no Âmbito das Autarquias – agora, Mestrado em Política Cultural Autárquica, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – tive oportunidade de conversar com os estudantes acerca do que poderia ser uma correcta política de informação aos munícipes por parte do Executivo.
Hoje, com a criação das páginas informáticas, a ideia generalizada é que isso basta para manter o contacto entre governantes e governados. Creio que não.
Num concelho do Algarve, o presidente optou por responder, no jornal mensal local, às questões levantadas, sempre as mais candentes no momento. Não sei, confesso, se se trata de publicidade paga – o que, diga-se, até nem seria despropositado, na medida em que o jornal local, sabemo-lo bem, exerce uma função ímpar e carece de verbas para sobreviver; mesmo sendo publicidade, acho a ideia excelente.
Noutro concelho, do Alentejo, há jornal camarário mensal, que inclui separata a dar conta das resoluções tomadas nas mais recentes reuniões camarárias e da Assembleia Municipal. Tem o jornal larga difusão, gratuitamente distribuído porta a porta.
Num concelho, este da Estremadura, além de se ter mantido a agenda cultural em papel (atitude com que deveras me regozijo), há o boletim camarário mensal, onde também constam, em separata, as decisões da Câmara e da Assembleia.
Nas aulas, eu preconizei que o formando – caso viesse a integrar o Gabinete de Comunicação camarário – incitasse o seu presidente a fazer, pelo menos, uma conferência de imprensa semestral, em que também auscultaria a população – através dos jornalistas – sobre o que era mais premente e de que ele poderia não estar informado. Dir-se-á que para isso são as sessões camarárias abertas, com tempo para intervenções do povo; mas, confessemos, não é a mesma coisa.
Temos, de facto, os mais variados perfis de presidente: este convoca os jornalistas, sempre que há assuntos importantes; aquele diz «se me tivesse perguntado, não teria escrito assim» (mas a gente pergunta, pergunta, e as respostas tardam, tardam!…); aqueloutro, quando o jornal tem opinião diversa da sua, corre logo, ofendido, a enviar carta ameaçadora. Enfim…

Dia dos Namorados


No próximo dia 14 de Fevereiro celebra-se o Dia dos Namorados também chamado Dia de São Valentim. Atualmente é uma data explorada comercialmente das mais variadas formas, desde a hotelaria, restauração, flores, joias, perfumes, chocolates, cartões e todo o tipo de incentivo à troca de presentes, mas na verdade é uma data repleta de simbolismo.
Perante a sociedade, namorar é sinal de compromisso, menos formal, antes de se estabelecer um vínculo matrimonial à luz da lei civil ou religião. Alguns casais usam o anel como forma de simbolizar o elo, o respeito e o amor um pelo outro. Uma antiga crença romana, dizia que uma veia do corpo chamada amoris passava pelo dedo anelar da mão esquerda e que ligava diretamente ao coração. Seria esse o dedo escolhido para se usar um anel que representasse o amor.
Antigamente, ter um namorado ou um conversado, significava cortejar a pessoa desejada, sem implicar qualquer tipo de intimidade. Os Lenços dos Namorados também conhecidos por Lenços dos Pedidos, remontam a uma tradição do séc XVII. Adaptados pelas mulheres do povo, eram usados como um ritual de conquista. Feitos em linho e bordados com versos de amor e motivos variados, depois de terminados eram oferecidos pelas raparigas em idade de casar aos seus amados. Quando estes se ausentavam, se os usassem em publico significava que tinham assumido a relação amorosa.
Mas quem foi São Valentim que dá nome ao Dia dos Namorados? Na Roma antiga, o imperador Cláudio II proibiu a realização de casamentos. O seu objetivo era reunir um poderoso exército e seria mais fácil se os jovens não tivessem mulheres ou família. Um bispo romano chamado Valentim, mesmo com esta proibição do imperador, continuou a realizar casamentos em segredo. Quando a pratica foi descoberta, Valentim foi condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens manifestaram-se atirando flores e mensagens, dizendo que ainda acreditavam no amor. Entre eles uma jovem cega filha do carcereiro, conseguiu permissão do pai para visitar o prisioneiro. Apaixonaram-se e milagrosamente a jovem recuperou a visão. Valentim foi decapitado no dia 14 de Fevereiro de 270, mas deixou um cartão de amor assinado “do seu Valentim”. São Valentim tornou-se um santo e no ano de 494 o papa Gelásio I determinou que o dia 14 de fevereiro seria o dia de São Valentim. Em 1969 a data deixou de ser celebrada pela igreja católica, mas manteve-se a tradição.

CONSULTÓRIO

FADIGA DE INVERNO - O QUE FAZER PARA A EVITAR?
Com a entrada da estação fria é natural sentir-se uma fadiga que se vai acentuando semana após semana. É a dificuldade ao levantar da cama, ou em se concentrar no trabalho, a sensação de que se está doente com alteração do humor. É a chamada fadiga invernal!
O que fazer para a contrariar?
Conservar uma alimentação equilibrada
Os frutos e os legumes, próprios desta época, permitem fazer o pleno em vitaminas: laranjas, clementinas, maçãs, peras, kiwis. As sopas, que reconfortam e aquecem, fornecem ao organismo fibras e água para a manutenção de uma boa hidratação.
Atenção: o álcool e as refeições ricas em calorias podem dar a sensação de calor, mas em nada ajudam na luta contra o frio!
Mantenha o seu ritmo de vida
Para ter um sono recuperador é importante ter horários regulares de deitar e de levantar. Mesmo durante o fim-de-semana evite ficar na cama durante a manhã: as horas de levantar e de deitar não devem variar mais do que uma hora em relação às da semana de trabalho, pois corre-se o risco de alterar o relógio biológico.
Além disso convém evitar as refeições muito copiosas e fontes de luz intensas antes de ir para a cama. Com efeito, a falta de luminosidade durante os dias sombrios não permite ao organismo fazer a diferença franca entre o dia e a noite, donde as dificuldades em adormecer.
É preciso mexer
Evite ficar quieto, enrolado numa manta no sofá, a ver televisão, ou a gozar do calor da lareira, pensando que está a economizar energia.
É importante que mantenha uma actividade física regular por variadas razões. Em primeiro lugar para que o organismo continue a produzir as endorfinas, como a dopamina. Além disso, o exercício físico estimula as defesas imunitárias e a resistência do organismo às variações da temperatura exterior. Sem esquecer a acção benéfica do sono.
Sair sempre que aparecer o sol
Numa perspectiva de lutar contra a fadiga, a exposição à luz solar é tão importante para o organismo como para a moral. A luz do sol ajuda a sincronizar o ritmo biológico. Uma exposição matinal ao sol favorece a secreção, para o fim do dia, da hormona do adormecimento, a melatonina. A serotonina, responsável pela regulação do humor, é estimulada pela exposição ao sol.
A exposição diária, durante 10 minutos, dos braços e pernas ao sol é suficiente para que o organismo possa sintetizar a quantidade necessária de vitamina D, importantíssima no crescimento e na mineralização dos ossos.
Prepare a casa para o Inverno
Com o Inverno, passa-se mais tempo em casa que durante o Verão. Então, para evitar que os micróbios e outros tóxicos invadam o interior, torna-se importante arejar a casa todos os dias, pelo menos durante 10 minutos. Ainda mais agora, com esta pandemia que nos assola!
Também é importante não aquecer em demasia os quartos. Acima dos 19 ºC o tempo para adormecer pode prolongar-se e o ar pode ficar mais seco, o que leva a secura das mucosas do nariz, da garganta, dos olhos e, também, da pele.
Lute contra as doenças de Inverno
Nada mais fatigante que uma gripe a meio do Inverno, que nos leva à cama e “amolece” o corpo durante algumas semanas. Para além da vacinação contra a gripe, a pneumonia e outras infecções respiratórias, a maior exigência em medidas de higiene e prevenção é muito importante, como o lavar as mãos. As mãos constituem um meio de transmissão não só de vírus respiratórios mas também dos da gastroenterite. Claro que, neste tempo de pandemia, o uso da máscara e as restantes recomendações da Direcção Geral da Saúde são para serem cumpridas!
Pare de fumar
Todas as ocasiões são boas para parar de fumar! O Inverno particularmente, para não ter que sair ao frio e à chuva para fumar um cigarro e correr o risco de uma constipação. Além do mais, o tabaco é um irritante das vias respiratórias capaz de agravar algumas doenças e atrasar a sua cura, em particular as bronquites.
Se, no fim disto tudo, a fadiga persiste ou se agrava chegou a altura de consultar um médico para procurar outras causas para essa fadiga!

Orçamento Participativo Jovem Tavares (OPJT)


Abriram as candidaturas de ideias para o Orçamento Participativo Jovem Tavares (OPJT).
Esta é uma oportunidade para os jovens Tavarenses participarem activamente num exercício de cidadania, a identificar problemas, discutir e apresentar projetos de solução ou de desenvolvimento.
A apresentação das propostas deverá ser feita até 1 de abril, por cidadãos jovens entre os 16 e os 30 anos, recenseados, ou com pais recenseados na União das Freguesias de Tavares.
As propostas serão analisadas e após aprovação validadas para votação. Serão implementadas as 2 propostas com mais votos.
A União das Freguesias de Tavares define uma verba até ao limite de dois e quinhentos euros, para total implementação das propostas mais votadas.
Este projeto resulta de uma parceria com a CPCJ de Mangualde.

CONCELHO DE MANGUALDE TERÁ A PRIMEIRA RESIDÊNCIA PARA IDOSAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) – Mulheres idosas vítimas de violência doméstica, no âmbito da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD), do Centro Paroquial da Cunha Baixa, em Abrunhosa do Mato, encontra-se em andamento e tem já o rés do chão concluído. O passo seguinte é o 1º piso e, prevê-se que para o final deste ano possa entrar em funcionamento, declarou à comunicação social o presidente da direção do Centro Paroquial, Pe. Paulo Domingos.
O Pe. Paulo referiu ainda que, esta é uma resposta que vem colmatar uma lacuna existente no país e, correndo tudo dentro do previsto, serão criados também, com esta estrutura, 10 postos de trabalho.
Este projeto, com apoio financeiro do Estado, representa um investimento de 1,5 milhões de euros, tem como entidade promotora o Centro Paroquial de Cunha Baixa em parceria com o município de Mangualde.
Segundo a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, em declarações à agência Lusa, no passado dia 27 de janeiro, a Estrutura de Mangualde é a que se encontra mais avançada, tendo a empreitada sido adjudicada no dia 17. De salientar, que no total estão em andamento três Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) destinadas a mulheres vítimas de violência doméstica - num investimento total de mais de quatro milhões de euros (referentes apenas ao edificado). Além da do concelho de Mangualde (Centro), também os concelhos de Viana do Castelo (Norte) e de Grândola (Alentejo) vão acolher estas experiências-piloto e receber “mulheres vítimas de violência doméstica idosas em situação de extrema dependência, de todo o país”, explicou.
Cada uma das 3 ERPI contará com 40 vagas e vão integrar a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD).
Ainda de acordo com as declarações à agência Lusa, Rosa Monteiro referiu ter-se apercebido de que havia uma lacuna quando visitou uma casa abrigo nos Açores e verificou que estava lá “uma idosa acamada há um ano e não havia respostas de acolhimento no continente que a aceitassem, porque era preciso um trabalho continuado de apoio psicológico e psicoterapêutico e também de acompanhamento do processo judicial”.
“E depois, durante a pandemia, comecei a ver os números e era muito frequente a deteção de situações de mulheres com mais de 66 anos” vítimas de violência doméstica, acrescentou.
De acordo com Rosa Monteiro, “entre 2019 e novembro de 2021 foram acolhidas na RNAVVD 193 mulheres idosas, com mais de 66 anos, mas os atendimentos foram 4.555”.
A secretária de Estado explicou que “as casas de abrigo fazem um trabalho que é de proteção, de apoio psicológico e psicoterapêutico, de apoio jurídico em todo o processo no tribunal e de autonomização”, para que as mulheres consigam voltar a encontrar um local de trabalho e uma habitação.
“No caso específico dos Açores era uma pessoa com extrema dependência, não podia ficar a vida toda numa casa abrigo”, exemplificou, lembrando que também as estruturas residenciais para idosos não têm ainda “as competências para fazer este trabalho específico que deve ser feito por um técnico de apoio à vítima”.
Neste âmbito, foi encontrada uma solução que cruza “estas duas respostas muito necessárias para as mulheres idosas, que não têm essa possibilidade de estar um período na casa abrigo e voltar ao seu meio normal de vida”, frisou.
Rosa Monteiro esclareceu que as três ERPI destinadas a mulheres vítimas de violência doméstica são experiências-piloto, “não por se questionar a sua necessidade, porque ela é extrema, como se viu pelos números”, mas no sentido de testar o modelo de forma a perceber o que futuramente deve ser feito no resto do país.
Estes equipamentos residenciais, financiados pelo FEDER, resultam do trabalho multissetorial do Governo (áreas da Cidadania e Igualdade, da Coesão Territorial e do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social) e dos municípios e organizações da sociedade civil que ficarão responsáveis pela sua gestão.