Arquivo diário: 14 de Setembro de 2021

EDITORIAL – 805 – 1/9/2021

Boas notícias para os nossos Assinantes

Um Jornal dirige-se principalmente aos seus leitores.
É esta a sua razão de ser.
O Jornal Renascimento faz jus ao seu nome. Está a renascer aos 94 anos para uma nova caminhada.
Caminhada que se dirige aos seus leitores fiéis, que compram e assinam o Jornal Renascimento.
A Imprensa Regional, principalmente, vive uma grande crise. A pandemia levou muitos jornais a fechar. Últimamente, títulos, mesmo centenários, fecharam. O Estado poucos apoios deu, revelou mesmo uma grande falta de sensibilidade e abandonou a Imprensa Regional tão extraordinariamente importante para a coesão social e que é a guardiã das tradições e da identidade do Povo.
Imprensa que leva a vida da nossa terra aos mais diversos locais do País e do Estrangeiro.
Este jornalismo de proximidade defende as culturas locais num são comprometimento entre as Pessoas e a Região.
Devemos incentivar a leitura, pois deve ser este o foco de uma Sociedade comprometida com a inclusão cultural e com o desenvolvimento intelectual dos seus membros.
A leitura é o principal mecanismo para a apropriação do Conhecimento e perpetuação da Cultura.
Por isso, toda a iniciativa que promova o impulsionamento das manifestações culturais são bem vindas e ler é a forma mais simples para o enriquecimento pessoal e para a valorização da diversidade cultural.
Um Jornal tem de criar leitores, àvidos da informação, mas mais competentes, críticos e autónomos.
A Cultura é uma forte componente do desenvolvimento económico de um País, base do seu crescimento.
É a Cultura que determina a separação do Homem dos outros seres. Porque a Cultura é a civilização na dimensão colectiva formada ao longo de gerações. Cultura é cuidar da educação do nosso espírito.
O Jornal Renascimento, neste ano de 2021, deu um passo em frente ao abrir uma Delegação na Cidade de Viseu. Aumentou a sua tiragem, tem mais leitores, a publicidade é mais vista, os cronistas mais lidos e conhecidos e pretende ter mais assinantes.
Foi a pensar nos seus Assinantes que o Jornal Renascimento estabeleceu uma parceria com o Grupo Vila Galé, a segunda maior Cadeia Hoteleira Portuguesa, de forma a proporcionar descontos especiais nos seus Hotéis (alojamento e demais serviços) aos actuais e futuros assinantes.
Para isso foi criado o Cartão Jornal Renascimento-Grupo Vila Galé, sem quaisquer custos para os utilizadores. O Jornal Renascimento vai oferecer este Cartão a todos os actuais e aos futuros assinantes, para que nas suas deslocações em negócios, ou em férias possam beneficiar de importantes descontos.
Com esta parceria, vamos procurar ser melhores na informação, mais abrangentes e contribuir para o desenvolvimento do Sector do Turismo tão importante para o desenvolvimento do País.
Na primeira vez que utilize o Cartão, o desconto obtido é superior ao valor da assinatura.
Não gostamos, nem queremos estar sós. Associe-se a nós, torne-se Assinante do Jornal Renascimento. Beneficie de importantes descontos.

Tem 65? Então já é idoso!

A partir das 2ª Guerra Mundial ficou estipulado a divisão das populações por grupos etários consoante a sua idade. Devido ao caos da guerra, surgiu um movimento social para a reedificação da Europa, sendo natural considerar um adolescente de 15\16 anos um jovem adulto capaz de integrar no mercado de trabalho emergente e faminto por mão de obra rápida! Assim o 1ª grupo etário\ jovens era do nascimento até aos 15 anos de idade; o 2º grupo\ adultos era dos 15 aos 64 e por fim o 3º grupo\ idosos dos 65 anos para adiante…. Hoje é inconcebível considerar um jovem de 15 anos optar por uma vida de labuta e rejeitar a vida académica, no entanto são fisiologicamente mais desenvolvidos que os seus avós e são desresponsabilizados de certos comportamentos… Por sua vez, é cada vez mais impraticável iniciar a vida ativa antes dos 18 anos, sendo evidente um atraso na entrada no mercado de trabalho em cada geração. De fato, temos um nicho de doutorados desempregados que desconhecem o que é ter trabalho! Sobrevalorizamos a formação académica em detrimento do futuro profissional, para mim é comum escutar “Sabe a minha neta já acabou o curso, mas para arranjar emprego já tirou o mestrado e agora vai para o doutoramento!” Quando questionada a idade do prodígio, é que verifica-se o incómodo: “Pois tem 32, mas ainda vai a tempo de encontrar um bom emprego! Afinal não quero que seja uma balconista!” É um fato consumado que a formação é uma mais valia, mas desvalorizar quem está nas bases das hierarquias profissionais é obscurecer o atendimento ao público; é difamar quem produz os serviços prestados; é esquecer que as grandes fortunas

vieram de grande humildade e que a arrogância era um desmérito!


Mas retornando ao tema desta missiva, é curioso considerar idosa uma pessoa de 65 anos, colocando-a num espectro de debilidade e necessidade emergentes só por ter 65 anos de idade! Se por um lado existe uma panóplia de direitos associados ao idoso cronológico, por outro lado existe uma incompreensão do idoso social e produtivo! Ter descontos, gratuitidades ou subsídios por ter 65 anos…Pessoas que ainda têm uma energia e jovialidade superior a muitos de 40 anos, que nada têm de direito por serem frágeis…quer seja idoso, adulto ou jovem, mantenha sempre presente que todos chegamos a velhos, e compete a si mesmo preservar-se e não encalhar no idoso sovina que reclama de direitos sem altruísmo ou bom senso!

REFLEXÕES

Património cultural 28
Ruinas romanas da Raposeira
Ainda não vou dar por concluída esta série de estórias da História da ocupação romana neste velho território de Azurara. Há ainda espaço para dar luz e cor a situações insólitas, se não aberrantes, que nos passam pela frente. Acabo por manifestar uma certa desilusão que me ficou fruto da falta de entendimento por parte das autoridades concelhias ao longo dos anos em que se desenvolveram trabalhos de arqueologia no concelho. Também não se aperceberam do valor histórico e cultural que lhe tínhamos deixado nas mãos depois de tantas campanhas de escavações extenuantes. Não! Não entenderam nada ou muito pouco. Sei que há muito boa gente por este País, que não suporta a frontalidade, talvez porque estejam habituados a tirar partido dum certo servilismo dos que rastejaram por um qualquer lugar numa cadeira de gabinete. É esta infelizmente a realidade política e social que desvirtua a nossa democracia. Nunca foram, todavia, esses os meus horizontes e por isso faço esta análise com tranquilidade. Assim os anseios de um 25 de Abril luminoso e verdadeiro no desenrolar dos anos portugueses desvanecem-se e a desilusão instala-se. Em 1980 fundou-se a ACAB que conseguiu durante alguns anos demonstrar a sua força na defesa do Património Cultural e Arqueológico concelhio. Era um esteio forte… Mas há um estranho desígnio nesta terra, e talvez não seja caso único – o que se cria por paixão, por dádiva, por amor à causa, não é compreendido ou é aproveitado por outrem para seu próprio proveito…Talvez a orientação dada nos primeiros anos da sua actividade tenha gerado forças contraditórias que a corroeram. Assim a energia desta Associação na defesa do Património e da Cultura foi-se desvanecendo e é pena…Nem ela já tem capacidade de reacção perante as aberrações que se foram e vão constatando com o decorrer dos anos. Assim, também, a compreensão e o apoio que poderia ter sido prestado para ajudar a evitar o abastardamento das ruinas romanas da Raposeira não existiu. Foi pena. Até porque, arquivados nos seus armários ou prateleiras, devem existir muitos documentos escritos (Relatórios e publicações) e muito material arqueológico que lhe era anualmente facultado após cada campanha de escavações. Também isto terá de ser revisto e avaliado…por quem? Mal vai neste concelho uma certa linha cultural que se perde no Horizonte.

RECADO

DA ALDEIA PARA A CIDADE Querida cidade : 
Lavro neste inóspito solo de branco papel leivas de puras emoções , com o coração apertadinho e um nó na garganta que me sufoca . Muitas translações se efetuaram à volta do sol gerando estações de calor e frio e rotações com dias em ondas rítmicas de amor e noites de indecisos sentimentos e tu descaradamente me mentiste . Roubaste-me as minhas crianças na sua infância , idade de oiro , ludribiando a boa fé dos pais com falsas e ilusórias promessas de uma vida faustosa ,trabalho fácil e bem remunerado . Enganaste-os ao mesmo tempo que roubaste o meu futuro . A promessa da sua liberdade como sussurro de vento não passa da camuflagem de uma prisão sem muros num brumoso longe oriental . As minhas crianças brincavam livremente pelas minhas ruas despreocupadas e felizes com as calcitas de peitilho rotas no cu seguras apenas por uma alça porque a outra perdera o botão , a correr atrás de um arco de pneu , assobiando aos canoros passarinhos , gozando uma vida de liberdade e despreocupação . Tu oprime-las no quadradinho dos teus apartamentos , fechados nos seus quartos apegados a inertes jogos virtuais , sem conteúdo nem afecto . Quando descem para a garagem e entram no carro é para serem despejados em gigantescas escolas apinhadas de outros prisioneiros . As minhas crianças trepavam às árvores e corriam por caminhos em terra dura e pedregosa atapetados de calhaus e pedras roladas polidas pelas enxurradas , em direcção aos prados viçosos sob os raios de sol que as penetravam . A sua liberdade sentia-se em cada ofegante respiração deste ar puro e nos batimentos do seu corção . Aliciaste-os com melhor educação , mas aí os meus meninos crescem com medos , fobias e atrofias e demais doenças que tu lhes criaste . Crescem na desconfiança duvidando de toda a gente tentando ultrapassar ou serem mais espertos que os seus colegas ou vizinhos . Aqui as minhas crianças cresciam educadas no respeito aos mais velhos , estimavam-se entre si , cumprimentavam quem passava , sabiam dizer “ bom dia ,” boa tarde ” ou “ uma Santa noite vos dê Deus “ . Preocupavam-se em serem prestáveis . Predominava o puro e verdadeiro amor da liberdade e companheirismo . Aqui os meus meninos não necessitavam de psicólogos ou psiquiatras para tratar maleitas que são exclusivamente tuas , brumas flutuantes sempre próximas . O sábio silencio dos campos era a mais eficaz terapia , sob as bênçãos do sol e beijos de água . Ilusóriamente as pessoas que vivem na aldeia são “ uns atrasos de vida “ . Oh !!!… puro devaneio o teu , pois mal sabes que é apenas a melhor oportunidade para viver e garantirmos a sobrevivência dos nossos recursos naturais , económicos e ambientais . Vivemos o drama do aquecimento global , mas continuas a apinhar milhões de pessoas em reduzidos números de metros quadrados, a poluir espaços , rios e o ambiente ,contemplando serenos de longe a morte do sol . Porém achas uma coisa natural e que está tudo bem . Nós temos a infinitude dos campos e a majestade das montanhas , montes de som e vales de silencio que quando perpassadas pela luz do sol resplandecem como se fossem de oiro. Aqui tudo é mais saudável . Prefiro a minha insignificante pequenez e solidão coberta de brancas nuvens e estrelas hesitantes , que estar rodeado por milhares de pessoas , por carros de luxo , barcos de cruzeiro ou naves espaciais que por essas bandas proliferam como aqui os nossos cogumelos . Somos amantes desta verdadeira liberdade e nesta paz contruída , todos os dias os nossos corações em extase estremecem com o amor dos pinheirais circundantes , dos sítios ermos , dos cerros altíssimos e destes maninhos montes solitários.

SANFONINAS

O sal
Acalenta-me, de facto, esta luz alaranjada. Qual flâmula daquelas que, de pedra, se vêem nas esquinas dos telhados e nos jazigos dos cemitérios. «Candeeiro de sal dos Himalaias». Reza a publicidade, que fui ver depois de a Filipa no-lo haver oferecido, eu nunca tinha ouvido falado: «A cor alaranjada que emite ajuda a criar uma atmosfera equilibrada de tranquilidade, ideal para relaxar, meditar ou se concentrar». Pode ser sugestão, mas até estou propenso a acreditar que neutraliza mesmo esses tais iões positivos, prejudiciais ao organismo.
Ao invés, sobre os malefícios do sal tenho a cabeça cheia, como a de toda a gente: faz mal, não se pode abusar dele, um veneno!…
Do curso de História guardo duas recordações.
A primeira, relacionada com a importância do sal do estuário do Sado, bem posta em evidência pela professora Virgínia Rau – veja-se, a título de exemplo, o livro “Estudos sobre a História do Sal Português” (Editorial Presença, 1984).
A segunda causou-me espécie, porque sempre pensei em sal marinho e as salinas de Rio Maior ainda não haviam entrado no meu imaginário, embora soubesse vagamente da existência de sal-gema. Prende-se com o negócio de tribos da metade norte de África, segundo os Portugueses teriam descoberto: uma tribo trazia uma porção de sal, depositava-o no sítio combinado e retirava-se; vinham os da outra tribo, deixavam o dinheiro e iam-se embora; nunca se encontravam. Se a primeira ficasse com o dinheiro, considerava-se o negócio feito; se não, os segundos aumentava a parada. Era assim, dizia-nos o professor, porque o sal era deveras valioso e o segredo da sua origem precisava de se manter. Aliás, acrescentava, não esqueçam que a palavra ‘salário’ vem de sal, o equivalente a uma porção de sal.
Quanto aos Himalaias, lembram-me sempre o João Garcia, que escalou o Evereste. Quando, um dia, me encaminhava com ele para os estúdios da rádio onde o ia entrevistar, estacou de repente, olhou para a longa antena e perguntou: «Como é que vocês vão lá acima?». Nunca tal me preocupara. E compreendi, mais uma vez, como as ocupações que temos formatam, de certo modo, os nossos pensamentos. E como a presença destes – positivos ou negativos – formatam, queiramos ou não, o nosso dia-a-dia…

Rejuvenescer a agricultura e os agricultores (e contrariar a atração da cidade)


Dentro de um país pequeno como Portugal há uma grande assimetria, tanto na distribuição populacional como na distribuição de riqueza. E é um fenómeno que se tem vindo a agravar com a corrida às cidades e para o litoral, tal como os resultados provisórios dos Censos 2021 vieram comprovar.
Em apenas 20 anos, o mundo evoluiu: a tecnologia desenvolveu-se, a rede de estradas cresceu, a conectividade aumentou… mas é curioso ver que tudo isto incentivou o movimento para as zonas urbanas e para o litoral em vez de o equilibrar.
Quem já percorreu os circuitos pedestres ou a ciclovia em Viseu facilmente se apercebe das centenas de campos agrícolas e /ou matas abandonados. Esta realidade advêm da desertificação e da baixa rentabilidade de pequenas e médias explorações do sector primário o que conduz ao desinteresse e abandono das explorações. Mas a crescente empresarialização e profissionalização deste sector, no entanto, pode trazer alento a este cenário, sobretudo no setor vitivinícola.
O potencial agrícola de Portugal e a sua importância ficaram bem marcados neste dois últimos anos de pandemia. Valores de empreendedorismo e sustentabilidade são essenciais a uma sociedade inclusiva e próspera e devem ser incutidos nos sistemas de educação para mostrar aos mais adolescentes que a agricultura e a exploração florestal são demasiado importantes para serem abandonados.
Governo e autarquias podem e devem criar incentivos à população jovem, não apenas económicos, mas de envolvimento – deixando claros, desde cedo, os propósitos e os impactos que a sua intervenção pode ter. Mas mais ainda, devem oferecer benefícios fiscais atrativos a empresas e aos jovens para que se fixem no interior. Há também um potencial muito interessante por explorar que assenta em comunidades estrangeiras que procuram a nossa cidade, nomeadamente a comunidade brasileira, que tem um grande tradição agrícola e podia ser mais um fator de atratividade.
Por último, mas não menos importante, é a transformação do mercado de trabalho. Desta pandemia há várias lições a tirar e uma delas é não subestimar as infinitas possibilidades do digital. Tanto autarquias como privados devem aproveitar este momento e incluir este modelo de trabalho nas suas estratégias. Desde estruturas para albergar comunidades de trabalhadores remotos à recuperação de espaços para cowork, são muitas as ideias para revitalizar as zonas menos povoadas.
O desenvolvimento do Portugal rural é uma necessidade fundamental ao crescimento económico do país e à sua coesão territorial. Reduzir as assimetrias é um desafio que nos pode trazer grandes riquezas e que devemos abraçar com entusiasmo. Mas não pode partir apenas de nós, é necessária uma decisão governativa neste sentido. 
Largar o vício da cidade não é fácil, mas é fundamental para caminharmos a passos largos para um país mais equilibrado, mais justo e aproveitado em pleno.

REAL MOSTEIRO DE FORNOS DE MACEIRA DÃO


Recebi com agrado a notícia, publicada no último número do Jornal, que dá conta da visita do Fundador e Presidente da Administração do Grupo Vila Galé ao Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão.
Só me lembro de o ter visitado quando ainda era criança, mas tenho acompanhado algumas notícias a respeito do Mosteiro. De entre elas destaco a adjudicação da empreitada da I Fase das obras de conservação, por um valor superior a 400.000 euros.
Pelo Decreto nº 5/2002, de 19/2, o Mosteiro foi classificado como Monumento Nacional, nos limites de Vila Garcia, num vale entre os maciços de Santo António dos Cabaços e de Fagilde, com acesso pelo caminho municipal nº1441 e por um caminho público não classificado com cerca de 600 m junto ao regato das Freiras, a oeste da Capela de Nossa Senhora da Cabeça, freguesia de Fornos de Maceira Dão.
O Mosteiro é muito antigo, tendo sido fundado pelo abade D. Soeiro Teodorniz por volta de 1160. Diz-se que D. Afonso Henriques teria estabelecido e fixado os limites do novo couto, o que significa que ficou a gozar de proteção régia. “Coutar uma terra é escusar os seus moradores de hoste, e de fossade, e de foro e de toda a peita”. Quer dizer, o couto tem, entre outros, o significado de território imune por efeito de uma concessão régia.
Para a sua localização foi meticulosamente escolhida uma planície fértil, junto a um rio, permitindo não só a meditação, por ser um local sossegado, mas também o sustento dos monges. A este respeito, podem ler-se algumas passagens do livro “O Padre Costa de Trancoso”. O seu autor, Santos Costa, descreve a condenação do Padre Costa, por ter gerado 299 filhos em 53 mulheres e a sua condenação à morte “arrastado pelo rabo de cavalos e ao esquartejamento do seu corpo”. Porém, o Rei D. João II, concedeu-lhe o perdão, obrigando-o a “sair para mais de cinco léguas e professar a ordem secular e sem hábito de um Mosteiro do bispado de Viseu”, o convento das terras de Azurara, por se situar isolado “das tentações mundanas”.
Quando se dirigia às terras de Azurara, parou na povoação de São Cosmado para beber água numa fonte de chafurdo e perguntou qual o melhor caminho para o Mosteiro de Maceira Dão. Um camponês, que disse ser de Moimenta, acompanhou-o ao seu destino.
A respeito da vida do Mosteiro descreve, além do mais, o seguinte: “encontravam-se 11 monges brancos ou bernardos e 1 noviço. Vestiam hábito de lã, de cor branca, com mangas, capeirote e cogula. Por conta do Mosteiro havia 12 criados residentes, 100 ovelhas nos pastos, 4 juntas de bois, duas mulas de sela e 3 machos”. “O celeiro e a adega…estava bem recheado com toda a espécie de géneros necessários à manutenção da comunidade”. “Os bens do Mosteiro atingiam à volta de mil e seiscentos “números” ou folhas rústicas”. “Muitas das propriedades encontravam-se em limites de outros concelhos, como os de Algodres, Besteiros Folgosinho, Melo, Gouveia, Manteigas, Penalva, Sátão, Tavares, Trancoso, Viseu e Vouzela”. “Os bens estavam avaliados em 75 mil reais e as rendas constituíam uma boa receita, capaz de assegurar o sustento dos frades”.

A nova Revolução Industrial


Desde a descoberta do fogo, a invenção da roda e o desenvolvimento técnico da agricultura, que podemos falar em evolução, mas a primeira revolução industrial teve início apenas há 180 anos. A transição dos métodos de produção artesanais para maquinaria, os novos processos de produção de ferro, o uso da energia a vapor, a substituição da madeira pelo carvão, entre outros desenvolvimentos, marcaram a revolução industrial. Seguiu-se a adoção de barcos a vapor, navios, ferrovia e o crescente aumento das fábricas e da produção em larga escala, o que impulsionou fortemente o crescimento económico, sendo mesmo considerado o evento mais importante na história da humanidade.
A evolução continua. Seguem-se agora as cidades inteligentes, um mundo tecnológico, sempre ligado e que se move a alta velocidade. A introdução da quinta geração móvel vai permitir ligações rápidas, respostas imediatas e maior qualidade na informação. Considera-se que o 5G será o catalisador de uma nova revolução industrial.
Para ajudar a perceber como se concretizam todas estas transformações, a NOS partilhou já alguns exemplos do que poderá mudar com o 5G no setor do turismo. “O turismo será um dos principais setores a transformar-se com o 5G – desde a reserva de um hotel, às viagens de avião e à forma como conhecemos uma cidade ou País.”
A simples reserva de uma viagem num smartphone, a existência de robôs no aeroporto, que auxiliarão no check-in, à segurança do terminal, à limpeza e até entrega de comida, bagagens com sensores e mapas interativos, tudo contribui para um embarque mais rápido e tranquilo. Durante a viagem de avião, um melhor acesso à Internet ajuda a passar o tempo, principalmente em viagens longas.
Já no Hotel, o Wi-Fi também será melhorado, mesmo com lotação máxima. Regular a temperatura do ar condicionado mesmo antes de chegar ao quarto, entrar sem necessidade de cartão e ter disponível para consulta informação útil e personalizada ao gosto do cliente, também será uma realidade.
As barreiras linguísticas também vão desaparecer com a tradução automática de voz. Vai ser mais fácil encontrar um destino a visitar com informação precisa, mesmo em locais pequenos, receber sugestões de pontos de interesse na zona no smartphone e aceder à informação de transportes em tempo real. E como a informação é instantânea, a mobilidade urbana também vai beneficiar da nova tecnologia, permitindo uma gestão eficiente do trânsito e dos transportes. Futuramente, carros sem condutor facilitarão as deslocações dos turistas.
Através de apps será possível consultar os tempos reais de espera nos locais de interesse turístico e estes podem também gerir melhor a sua ocupação. E quando se tratam de ruinas, a realidade virtual e aumentada, permitirá revelar a construção existente no passado, bastando para isso apontar o telemóvel para o local. As visitas virtuais tornam possíveis as viagens mais improváveis ou aquelas que apenas conseguimos fazer à distância.
Se tudo isto parece ficção e apenas estamos a falar do sector do turismo, existe um mundo de outras aplicações possíveis noutros sectores de atividade à espera de serem descobertos.

CONSULTÓRIO

ESTE CALOR DE VERÃO!
Estamos quase no fim de Agosto mas o tempo continua bastante quente.
Um Verão que começou hesitante, mas que, agora, parece que não se quer ir embora!
Por isso devemos manter todos os cuidados para nos protegermos do excesso de calor e de nos preocuparmos, mais do que nunca, com as crianças e os idosos.
E quem sofre mais com o calor excessivo?
Os mais sensíveis à acção do calor são as crianças, os idosos, os doentes obesos e as pessoas que estão sob medicação crónica, em particular se se reúnem as seguintes condições: ambiente muito quente, actividade física intensa e pouca ingestão de líquidos.
Quais os sintomas?
Entre os primeiros sintomas encontram-se: enjoo, dor de cabeça, fadiga e náuseas.
O problema pode assumir maior gravidade se a pessoa, recentemente, teve diarreia ou vómitos, devido à elevada perda de líquidos que estas situações ocasionam.
Depois, a pressão sanguínea pode começar a baixar, os desmaios surgem, o pulso pode tornar-se mais débil, as pupilas a ficarem dilatadas e o doente apresentar palidez cérea.
A temperatura do corpo pode ultrapassar os 40º centígrados.
O que se deve fazer?
Aos primeiros sintomas de enjoo e desvanecimento, recomenda-se conduzir a pessoa para um lugar fresco, abrigado do sol, ficando deitada e com as pernas levantadas. Nunca sentada!
Depois devem administrar-se bebidas que favoreçam a rehidratação, como um café com água e açúcar, ou água com sal (uma colher de chá por cada litro de água). Deve tomar-se atenção ao estado de consciência do paciente pois, se estiver pouco consciente, pode engasgar-se e aspirar os líquidos para a árvore respiratória.
Uma vez que a temperatura corporal pode ultrapassar os 40ºC, é importante baixá-la com panos molhados em água fria ou colocando bolsas com gelo na cabeça, por curtos e repetidos períodos. Se isto não for suficiente, deve despir-se a pessoa e tentar banhá-la em água fria, mantendo-a fresca e molhada até que a temperatura regresse à normalidade.
A pessoa deve ficar em observação até à normalização dos sintomas.
Quando enviar ao médico ou a um serviço de urgência?
Se a pessoa é bastante idosa e padece de alguma doença cardíaca, apresenta cansaço e mal-estar pelo calor.
Se sofreu de desmaio, se tem pulso débil, pupilas dilatadas e/ou palidez.
Se necessita de administração de soros, de monitorização regular e cuidada da temperatura corporal, do ritmo cardíaco, pressão sanguínea e ritmo respiratório.
Prevenção
Evitar a exposição prolongada a temperaturas altas.
Ingerir muitos líquidos, de preferência contendo sais minerais, ou ligeiramente açucarados.
Se existir um factor de risco, ou sofrer de doença cardíaca ou respiratória, ter cuidado com as actividades em clima quente. Descansar periodicamente e beber muito (em poucas quantidades de cada vez!).