Arquivo diário: 29 de Outubro de 2021

EDITORIAL 809 – 1/11/2021

Acabada a Campanha Eleitoral Autárquica, os eleitos tomaram posse, na Câmara, na Assembleia Municipal, Assembleias de Freguesia e Juntas de Freguesia.
Foi, como são sempre, campanhas aguerridas, com muitas promessas e com muito envolvimento e muita comunicação.
O Sec. XXI é o século da Comunicação Social para informar e difundir ideias.
E aqui entra a Publicidade e a Propaganda que são meios promocionais, mas que são diferentes.
A Publicidade serve para anunciar, é preferencialmente comercial já que pretende vender o produto.
A Propaganda visa outra coisa já que integra não só a divulgação, mas o pensamento, as doutrinas e as causas.
Visa acções que pretendem atrair seguidores, influenciar as pessoas a quem se dirige, não está ligada ao comércio, mas à Política e às Idiologias.
A Propaganda só se assemelha com a Publicidade, porque utiliza normalmente os mesmos meios. Mas, o fim da Propaganda é mudar atitudes e a adesão de pessoas.
É uma arte de empolgação que pretende o envolvimento das “multidões”.
E serve para construir uma imagem, agradável, insinuante e muitas vezes fictícia.
As palavras são escolhidas, o seu significado pouco importa, porque o que se pretende não é dizer alguma coisa, mas obter um determinado efeito.
E isto permite a mentira, a omissão, sendo muito difícil por vezes distinguir a verdade da mentira.
A Propaganda torna-se uma poderosa arma, por vezes perigosa, enganosa porque pode criar imagens falsas.
E repetidas vezes sem conta podem tornar-se, aparentemente, uma verdade.
Hoje, os Governos, as Autarquias entregam as suas campanhas a profissionais, a criativos que coordenam e traçam a estratégia da Comunicação.
A Propaganda não acabou com o período Eleitoral. Continua já que todos os Organismos políticos continuam a enviar à Comunicação Social, regularmente, o que fazem ou vão fazer. E a Comunicação Social publica e ajuda a construir a imagem da eficiência, da preocupação social e que muitas vezes não passa de intenções. E por isso é enganadora e perigosa.
Há inúmeros casos de aparatosos lançamento de obras, com toda a Comunicação Social presente, que nunca chegam a ser feitas.
O anunciante, falou, disse uma quantidade de palavras cheias de apelo emocional, obteve o efeito e depois sem um pingo de vergonha na cara deixa tudo como dantes.
E ninguém, nem a Comunicação Social, que foi enganada lhe pede responsabilidades.
Infelizmente é esta a situação de um País, que se despovoa, abandona o seu Interior, que cada vez mais se desertifica e que não dá a qualidade e as condições de vida que o Povo necessita.

IMAGINANDO

ONDAS CEREBRAIS: O QUE SÃO E O QUE FAZEM
Parte 2
Dando continuidade à parte 1:
Ondas Alfa
(8 a 13 Hz). São as responsáveis por um estado de relaxamento profundo. Ocorre quando estamos em meditação ou oração e é neste nível que áreas como a criatividade, inspiração e intuição atuam.
São estas ondas, que ligam :
A mente pensante (Consciente) Beta e a mente associativa Gama, frequências mais elevadas com as duas frequências mais baixas (subconscientes e inconscientes) de Ondas Teta e Delta.
Por isso são consideradas como uma ponte de ligação, que damos o nome de Ponte Alfa.
Ligam a Mente Consciente, tanto à sabedoria intuitiva do Inconsciente como ao recurso Não Local do Campo Universal. (Dawson Church)
Estas ondas cerebrais têm a capacidade de aumentar os níveis de neurotransmissores, portadores químicos que transportam, estimulam e equilibram os sinais entre as células nervosas, como a Serotonina e como afirmámos, quando em estado de meditação ou oração.
A Serotonina tem como função regular o humor, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sono, apetite e funções cognitivas.
Ondas Teta
(4 a 8 Hz). São ondas cerebrais características de quando entramos num estado intenso de relaxamento e meditação. Também estão associadas a estados hipnóticos, e quando entramos entre o acordar e o dormir ou vice versa.
Neste estado, nosso corpo vai liberar agentes que aceleram reações químicas, garantindo as necessidades estruturais e energéticas de um ser vivo (metabolismo), que designamos por Enzimas.
Nesta frequência, podemos incluir pessoas muito criativas e ótimos profissionais em medicina alternativa, sendo que estes últimos quando observam o efeito, procuram causa. 
Continua

O NINHO


A CASA DOS NOSSOS PAIS
Os passarinhos 
Tão engraçados 
Fazem o ninho 
Com mil cuidados 
 
São p’ra os filhinhos 
Que estão p’ra ter 
Que os passarinhos 
Os vão fazer 
 
Nos bicos trazem 
Coisas pequenas 
E os ninhos fazem 
De musgo e penas 
 
Depois lá têm 
Os seus meninos 
Tão pequeninos 
Ao pé da mãe 
 
Nunca se faça 
Mal a um ninho 
À linda graça 
De um passarinho ! 
 
Que nos lembremos 
Sempre , também , 
do pai que temos , 
Da nossa mãe 
Afonso Lopes Vieira 
 
O tempo passou , mas de nós não levou a sensação da alegria que era viver na casa dos nossos pais . Os cheiros intactos impregnaram as nossas lembranças como gota de água eterna que é mar profundo . A casa dos pais era flor e aurora ,o melhor aconchego quando a vida ainda amanhecia e esquecemos que o amor que lá colhemos é a receita certa para se viver bem e voar … voar …nas distancias azuis da imensidade. A casa dos pais podia não ser rica , abastada , mas também não precisávamos de muito, lá tínhamos tudo sem nada pedir: pão , paz e carinho . Tudo o que precisávamos para nos completar, estava presente como a ternura de uma canção divina . Mesmo não sendo convidados a nossa chegada era sempre bem acolhida como saudade medrosa abrindo a porta assemelhando um sol que desponta . Lá dentro viviam olhos de amor num puro sorriso de bondade que fixamente olhavam a porta até nos verem entrar como aves do céu que a gente vê sonhando . Lugar onde vivemos dias felizes durante a nossa infância e juventude , sem as preocupações dos dias maus, tempestuosos,, sobressaltados e chorosos . Ao entrarmos de mansinho era como uma bênção os rostos alegres e bem dispostos do nosso pai e da nossa mãe e as conversações estranhas , simples e despreocupadas , reclamações e sorrisos que com eles mantínhamos eram uma doce recompensa . Casa onde em nosso ser , tudo vivia e ressuscitava como súbito alvoroço e a todo momento podíamos colocar a chave na porta e entrar diretamente , onde sem qualquer hipocrisia já encontrávamos posta a mesa do jantar , e quando não comíamos o seu coração ficava dorido e triste em murmúrios de um crepúsculo parado . Casa que nos oferecia momentos bons , todas as risadas e felicidades , e como casamento da lágrima e do sorriso , se lá não fossemos os seus corações morriam de mágoa e dor pois só morre quem ama . Casa sagrada que em amável solidão se tinham acendido duas velas que iluminavam o mundo e enchiam a sua vida de magia , felicidade e alegria. A casa dos nossos pais era um tipo de paz passada que ainda dura no presente.  

REFLEXÕES

Ruinas Romanas da Raposeira

Para quem tenha lido os artigos anteriores penso que terá ficado elucidado das aberrações que por conveniência de pessoas que pretendem marcar pontos no seu currículo e mais uma fatia na sua conta bancária, não olham a meios. Sempre me mostrei disponível para dar informações concretas e verdadeiras acerca da interpretação que se poderia dar a muitos pormenores da área construída. Mas não foram aproveitadas, houve sim a vontade de rejeitar a Verdade. Nestes meus escritos para os quais ainda gostaria de fazer uma compilação, além do interesse de colocar a História no seu verdadeiro lugar, não poderia deixar de apontar o desenrolar de todo o processo ou pelo menos parte dele, doa a quem doer. Nunca fui de meias palavras nem no meu íntimo se forjam mentiras ou desvios da Verdade. Por isso tenho de reagir perante joguinhos de poder venham de quem vier… Seguindo com a estória da História, cabe-me ainda reflectir sobre os horizontes carregados de nuvens negras que ao longo das campanhas de escavação se iam fazendo e desfazendo, que me obrigaram a subir e a descer, vezes sem conta, os degraus da Câmara Municipal para resolver os inúmeros problemas que ao começar do dia logo apareciam, fosse o apoio dum Dumper e camiões para retirada das terras excedentes, fosse a dificuldade do apoio financeiro, fosse a má vontade de vizinhos do terreno e até o local apropriado para o primeiro tratamento do inúmero material recolhido…. A própria incompreensão e alheamento em relação a todo o enorme esforço que era feito diariamente para que tudo corresse bem durante as horas de trabalho, era bem evidente. Porque, na verdade, quem deveria e deverá dar o apoio a iniciativas que ajudam a promover a importância dum determinado território se não o poder local ?? Quaisquer cidadãos que revelaram ou revelam disponibilidade para desenvolver acções comprovadamente válidas deveriam ser bem atendidos e sem reservas. Mas não é isso que na maioria das vezes acontece. Por isso num sem número de vezes o trabalho diário de campo se tornava duplamente desgastante. A verdadeira alegria surgia quando uma descoberta, um achado, nos traziam dados preciosos e imprescindíveis para a interpretação histórica do local. Mas no processo de restauro nada disto teve interesse… Quando demos por terminado o processo de escavação e avaliando o potencial do lugar para incremento da Cultura no concelho, procurámos accionar imediatamente os mecanismos para o seu restauro…Esforço perdido, o tempo foi- se arrastando por anos e anos com as intempéries a fazerem o seu trabalho de destruição. O que agora se apresenta ao visitante ou estudioso é uma espécie de réplica adulterada…

O ÚLTIMO FUZILADO

Eram 7horas e 45 minutos do dia 16 de Setembro de 1917 quando João Augusto Ferreira de Almeida foi fuzilado. O soldado motorista, de 23 anos, estava acusado de traição, porque, durante a I Grande Guerra Mundial, tudo havia feito para se entregar ao exército alemão, procurando conhecer o caminho que o conduziria às linhas inimigas onde pretendia revelar a localização das tropas portuguesas que combatiam na Flandres
Antes de ir para a tropa, João de Almeida havia sido empregado de Adolfo Hofle, alemão radicado na cidade do Porto, bisavô do atual Presidente da Câmara, Rui Moreira. Talvez a sua ligação a um patrão alemão tenha tido alguma influência neste seu ato tresloucado.
A pena de morte havia sido abolida em Portugal em 1 de Julho de 1867 para os cidadãos civis, mas manteve-se em vigor até 1911 para os militares. Foi, porém, recuperada a meio da Grande Guerra, sendo apenas aplicável “no caso de guerra com país estrangeiro e apenas no teatro da guerra”
O pelotão de fuzilamento era composto por 4 soldados, 4 cabos e 4 sargentos. Eram todos do Batalhão de Infantaria nº 14, ao qual pertencera João de Almeida antes de ir para a unidade de automóveis. Convocados na véspera, tinham sido escolhidos entre “os menos impressionáveis”. Foi instalado um batalhão de prevenção numa localidade próxima do local de execução para a eventualidade de reações adversas. O condenado suplicou que lhe poupassem a face, que o não desfigurassem.
Foi lida a sentença e colocada a venda nos olhos do condenado. Soaram 11 tiros e o corpo caiu. Quando foram verificar, como era usual, se todas as espingardas tinham disparado, constatou-se que a de um dos sargentos não fizera fogo. O sargento tremeu, pois poderia ser levado a conselho de guerra, mas logo se sentiu aliviado, pois o investigador concluiu que a falta de disparo se ficara a dever “à deficiente colocação do fecho de segurança da espingarda”.
No lançamento do livro intitulado “João Almeida, o último fuzilado”, da autoria de Albérico Afonso Costa e de João Ribeiro, afirmou Viriato Soromenho Marques que “foi um crime do Estado Português contra o cidadão enfermo, com problemas psicológicos, que deveria ter sido tratado e apoiado, porque estava nitidamente perturbado e, em vez disso, foi fuzilado”.
Como alguém também disse, “o soldado foi o bode expiatório para prevenir uma rebelião, já que os militares estavam cansados de uma tão prolongada guerra (1914-1918), com milhares de mortos.
Passados 100 anos, em 15 de Setembro de 2017, por proposta do Governo, o Conselho de Ministros aprovou uma deliberação que propôs ao Presidente da República a “reabilitação moral” do soldado, cujos restos mortais se encontram em França. Nessa mesma data celebraram-se os 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal.

A (in)justiça e a confiança


A Justiça é a instituição em que os portugueses menos confiam e os governantes nada fazem para a credibilizar, bem pelo contrário, parece que se satisfazem com o lodaçal em que está mergulhada.
Segundo um inquérito realizado pela Deco Proteste, o sistema judiciário é a instituição em que os portugueses depositam menos confiança e em que surgem também a Autoridade da Concorrência e o Banco de Portugal no grupo das avaliações mais baixas.
No extremo oposto desta tabela, divulgada poucos dias depois de um novo abalo na Justiça portuguesa com a fuga de João Rendeiro para o estrangeiro, surge o ensino público (6,9). Para medir os níveis de confiança, os 1.516 inquiridos em Portugal atribuíram uma classificação de 1 a 10.
Num comentário global aos resultados, Rita Rodrigues, responsável de relações públicas da Deco Proteste, sublinha que “uma das razões para a desconfiança parece estar relacionada com a convicção de um elevado número de inquiridos de que estas organizações não são independentes e são permeáveis a interesses de governos ou de grupos económicos, por isso, melhorar o acesso dos cidadãos à informação pode ajudar a mitigar essa desconfiança”.
Tenho para mim que o problema não está no acesso dos cidadãos à informação mas em aplicar as leis independentemente do status quo do arguido. É que em Portugal, a cada dia que passa, parece haver leis para uns e outras leis para outros mais poderosos.
Este governo podia ter aproveitado a bazuca para dar mais condições aos agentes judiciários, no entanto, o PRR para a Justiça tem um orçamento de 267 M€. No projeto de execução deteta-se logo duas omissões: os recursos humanos e o edificado.
O PRR tem um parágrafozinho sobre controlo, e nada mais. Em contraste, os portugueses desconfiam de políticos, empresários e até dos seus concidadãos. E a resposta não pode ser dizer que as pessoas é que estão enganadas. Já sobre o OE 2021 o que o histórico deste governo nos diz é que “de boas intenções está o inferno cheio” pois pouco se executa e fica quase tudo cativado na gaveta do Sr. Ministro das Finanças.
Os portugueses desconfiam do poder, de políticos e empresários, e se tropeçarem em corrupção admitem não o reportar, por medo ou descrença, conclui o estudo O que Pensam os Portugueses sobre Corrupção: Perceções, Atitudes, Práticas, dos investigadores do ICS (Instituto de Ciências Sociais) Luís de Sousa e Pedro Magalhães. Mas quem devia e, em alguns casos, poderia atuar, não parece interessado: afinal, para já nenhum partido ou instituição anticorrupção quis saber do estudo.

SANFONINAS

O cacto
Gorgoleja a fonte, indiferente ao intenso e apressado tráfego da rua, carros um atrás do outro. Na avenida, passa agora uma ambulância de sirene ligada a gritar urgências. Amena, a temperatura neste começo de tarde outonal. Tristonho, o hibisco não quer dar flores; enverdecem os cachos das hortênsias numa tristura do esplendor passado.
E, ontem, cacto, decidi visitar-te. Era uma visita adiada, desde que, do Rio de Janeiro, a amiga Norma me enviara a foto de um igual a ti, com amplas considerações elogiosas. Sabes que lhe repliquei na mesma moeda e lhe enviei fotografia tua, a garantir, orgulhoso, que também tinha. O dela viera, muito pequenino, do Arizona, em 2014. Tu nasceste aqui e confesso que já me não lembro onde te comprei.
Tens razão. Foi preciso a Norma me falar para eu me interessar por ti. Rego-te vagamente, água pouca, porque aprendi seres planta xerófita, que de muita água não carece e, perdoa-me, tenho dado mais atenção às bem cheirosas rosas e à beldade ímpar das orquídeas. Desculpa.
Ontem, decidi penitenciar-me e fui ver-te mais de perto. Estás muito mais crescido e nada me disseste. Estão a despontar as tuas florinhas vermelhas, numa timidez, como que a pedirem licença para aparecer e fiquei encantado. Empoleirado no escadote, fiquei largos minutos a olhar para ti, para a tua modéstia e serenidade, para a tua vida sem alarde, e, de vez em quando, decides mostrar bonita flor, como que a sussurrar: “Eu estou aqui, não reparaste?”. Não, desculpa, não reparara e tens razão que ando ocupado demais com o frenesim quotidiano e me esqueço de saborear a beleza derredor… Olha que também tu me saíste cá uma peça, como se dizia outrora! Porquê? – perguntas-me. Porque és um egoísta! Vestes-te de espinhos, assim te recatas de eventuais inimigos, mas só os usas para ti, em salvaguarda própria. Não os emprestas a ninguém e não ousas atirar alguns a quem mereceria umas picadelas valentes! Egoísta! Dêem-te umas gotas de água por semana e ficas regalado! Não vês quem precisa de uns piquinhos a preceito? Poderias pedir ao Criador que te desse a possibilidade de atirar, em tempo oportuno, umas frechadas, a doer!…
Percebo-te, porém. Abster-se de intervir é, amiúde, o melhor remédio. Como te compreendo! E acabo por gostar de ti, assim, como decidiste adornar o vaso singelo em que, há anos, não sei quantos, te coloquei. Em humilde serenidade, continuas a fazer-me companhia. Bem hajas!

Turismo de massas, ou turistas com massa?

Todos sabemos que o turismo de massas interessa pouco. A Secretária de Estado do Turismo Rita Marques, em entrevista ao Jornal Renascimento afirmava: “Mais do que trabalhar para acolher o maior número de turistas possível, Portugal deve trabalhar para acolher os melhores turistas”.
O que ganhamos com o turismo de massas? A resposta é cidades desertas e em crise. Voltar a ter turistas é uma prioridade para as cidades, mas há mudanças necessárias na recuperação, por forma a evitar os erros do passado e criar um turismo sustentável.
O crescimento exponencial do turismo nas cidades, atingiu níveis de massificação excessivos, com efeitos perversos para os próprios habitantes e arquitetura das cidades. Gruas, gruas e mais gruas, é esta a paisagem que ainda hoje se vê em muitas cidades. O alojamento local alimentou a especulação imobiliária, descaracterizou, alterou arquitetonicamente as casas, tornando-as em cacifos minúsculos, capazes de alojar o tal turista pouco exigente e de baixos recursos, que pernoita um ou dois dias e não volta mais. Afastou as famílias dos centros históricos e agora as casas estão vazias, mas incapazes de voltar a alojar uma família comum.
O Turismo é uma atividade económica e como tal deve ser um negócio. Por isso, o que mais interessa é captar pessoas altamente qualificadas, que muitas vezes trazem conhecimento, têm dinheiro para gastar e que gostando da nossa terra, voltam e por vezes até empreendem no nosso pais. Estes turistas qualificados querem simplicidade, qualidade, bom acolhimento e procuram a tradicionalidade. Não vêm à procura de estrelas, porque essas têm-nas e melhores nos seus países. Procuram acima de tudo autenticidade. De uma forma geral procuram a nossa Cultura e por isso a oferta cultural é fundamental. Querem ver Museus, Arte, Música. Vêm para ver e sentir, degustar a nossa Gastronomia e relembrar o nosso pais com uma bonita peça de Artesanato. A Cultura não é um parente pobre do Turismo. Bem pelo contrário é complementar. Sem Cultura não haveria Turismo.
A promoção do País e dos seus valores é primordial. E é preciso distinguir ente promover o País ou uma Região e saber promover o Produto. E, esta promoção tem de ser feita pelos donos da oferta. Estamos a concorrer com o mundo inteiro!
São diversas as medidas anunciadas pelas várias cidades do mundo para combater o turismo de massas e os seus efeitos, como a desconcentração da oferta dos centros históricos para zonas periféricas, um maior investimento no espaço público e áreas ao ar livre, uma melhor gestão do número de visitantes nas atrações turísticas, a digitalização de bilheteiras, a aplicação de taxas de entrada e limite de visitas, a proibição da emissão de licenças para construção de novos hotéis ou alojamentos, entre outras. Eu destaco o cross-selling de cidades, que consiste em incentivar os turistas a complementar a estada com outros territórios, promovendo ativamente as suas atrações e lançando iniciativas de venda cruzada. O turista globalmente fica mais noites, o que multiplica o volume de dormidas e receitas, retirando a pressão dos centros históricos e impulsionando o turismo de cidades menos procuradas como o interior.
O Turismo é uma atividade nobre e isso ainda não foi perfeitamente assumido. É preciso refletir nas estratégias de desenvolvimento futuro, para criar um turismo mais sustentável.

CONSULTÓRIO

AGORA, QUE PASSARAM AS VINDIMAS, ESTAMOS NO TEMPO DE PREPARAR O VINHO
E O VINHO, SERÁ QUE FAZ BEM À SAÚDE?
Pode considera-se o vinho como um “amigo” ou será, antes, um “inimigo”?
Ouve-se com frequência “que o vinho faz bem e é bom para o coração!”.
Mas, entre as supostas virtudes do vinho e os seus potenciais perigos para a saúde, para que lado pesa o prato da balança?
O vinho e os seus antioxidantes
Entre os pontos fortes desta tão apreciada bebida estão os polifenóis, substâncias antioxidantes que estão presentes, em quantidades apreciáveis, no vinho.
Numerosos foram os estudos que investigaram os seus efeitos potencialmente anti-inflamatórios e a sua possível acção protectora sobre o sistema cardiovascular.
De todos os álcoois, o vinho será o melhor?
Aí já não há tanto a certeza… Se alguns estudos chamam a atenção para os potenciais efeitos benéficos dos antioxidantes contidos no vinho, outros estudos tendem a relativizar este aspecto.
O verdadeiro trunfo do vinho, segundo alguns investigadores, reside, antes de mais, no seu teor em álcool.
Parece, com efeito, que a longevidade, seja qual for o tipo de bebida, é ligeiramente superior no grupo dos fracos consumidores de bebidas alcoólicas face aos abstinentes completos. Em pequenas doses (um ou dois copos de vinho por dia), o álcool teria uma acção anti-inflamatória e exerceria um efeito favorável sobre a tensão arterial.
Boa notícia para os consumidores de cerveja ou de álcoois mais fortes: o consumo moderado de outras bebidas alcoolizadas, que não o vinho, conduziria, também, a este efeito protector.
Apesar de tudo, o vinho e o álcool não são “alimentos” saudáveis…
É preciso lembrar que um consumo abusivo de bebidas alcoólicas inverte toda a questão… A partir de um certo limite, os efeitos nefastos do álcool começam a ganhar muito mais peso no prato da balança dos malefícios.
Os inconvenientes são bem conhecidos: aumento da tensão arterial, aumento do risco de doenças cardiovasculares e de lesões hepáticas (do fígado), aumento de peso consecutivo à quantidade elevada de calorias que o álcool contém.
Isto tudo sem falar do risco de dependência e dos acidentes (de trabalho ou rodoviários) ligados a uma diminuição da vigilância e do aumento de agressividade (doméstica e social).
Para não falar do cancro!
Bebidas alcoólicas e cancro não fazem uma boa parceria
Em causa: a degradação que o etanol (o álcool do vinho) provoca sobre o fígado, que forma uma molécula que é um reconhecido causador de cancro.
Os cancros mais fortemente associados ao consumo elevado de álcool são:
Os cancros orofaríngeos (da boca, da faringe, da laringe e do esófago).
O cancro colo-rectal.
O cancro da mama.
Em todos estes casos o risco de cancro aumenta, de forma exponencial, quando o tabaco se associa ao álcool.
Vinho: em que quantidades?
Entre benefícios e perigos, como saber que quantidades de vinho consumir quando se querem maximizar os seus efeitos sobre a saúde?
Lembremos, em primeiro lugar, que nunca é aconselhado beber álcool. E que não é possível saber, exactamente, a dose adequada uma vez que não se conhecem todos os outros factores que influenciam a saúde de uma pessoa: não é calculável!
O que se pode afirmar é que, um copo por dia é benéfico para a longevidade, mas ingerir grandes quantidades de uma só vez (ao fim de semana, por exemplo) é nefasto para a saúde.
Também, a abstinência total se aconselha a todos os jovens com idade inferior a 16 anos e às mulheres grávidas.
Alguns estudos aconselham, ainda, que seria muito vantajoso respeitar, pelo menos uma vez por semana, um dia de abstinência total.
E aconselham, ainda, a não ultrapassar os seis copos de vinho por semana, sem nunca ultrapassar a quantidade de 2-3 copos de vinho de uma só vez.
E o “bom senso” popular também aconselha:
“Copos de bom vinho tinto,
Nunca serão mais que três!
Manda a regra, e eu não minto:
Beber um de cada vez!”