Arquivo diário: 2 de Dezembro de 2022

EDITORIAL Nº 834 – 1/12/2022

As Promessas…
As promessas devem ser cumpridas!…
Em 1962 o Escritor Brasileiro, Anselmo Duarte, que mais tarde pertenceu à Academia Brasileira de Letras, escreveu um livro que serviu de argumento para o filme “O Pagador de Promessas”.
O filme teve imenso suceso no Brasil e no Mundo, conquistando a Palma de Ouro em Cannes.
A personagem o “Zé do Burro”, um homem simples, humilde fez uma promessa para salvar o seu maior amigo o burro chamado Nicolau.
Promessa muito difícil de concretizar, mas que quis cumprir a ponto de se envolver num confronto violento e ter morrido.
Este filme curioso, cheio de críticas sociais vai desencadear a Reforma Agrária.
Este “Zé do Burro” só não cumpriu a sua promessa porque foi perseguido, violentado, morto.
Hoje, há muita gente a fazer promessas, mas com a convicção de não as cumprir. Por isso, a fazer promessas falsas. O que é uma promessa falsa?
É a promessa que não é cumprida por quem promete. São promessas vazias. É o que em Filosofia se chama de falácia. Falácia vem do latim e significa enganar. São raciocínios aparentemente verdadeiros, mas que não têm concretização. Um argumento falso, um logro, um engano, em suma uma mentira.
Vivemos num mundo em que se perdeu a consideração pela palavra. Tempos houve em que a palavra tinha peso.
Temos visto nos últimos anos uma tal quantidade de promessas, que nunca se concretizaram. E últimamento assistimos a algumas, que a concretizarem-se só serão vistas e utilizadas pelos nossos netos ou bisnetos.
E quais são? Basta ler os Jornais, ver grandes títulos, grandes anúncios. Depois vamos ler o texto e não há nada de concreto. É para fazer, é para ser feito. Mas quando?
O Título serve para chamar a atenção, o texto para desculpar o incumprimento.Há sempre um “mas”!
Já houve Governos que prometeram o comboio de alta velocidade. Não era uma ligação a Espanha, nem duas, nem três, nem quatro. Eram cinco!
Com a pandemia como desculpa, hoje não há uma única ligação ferroviária, decente, a Espanha.
O velhinho Sud Expresso foi desativado há dois anos e o Comboio Hotel Lisboa – Madrid levou o mesmo caminho.
Novo Aeroporto em Lisboa, Comboio em Viseu, Barragem de Fagilde, tudo promessas.
O grande Economista Keines, figura notável do Sec. XIX, tem uma frase que diz tudo – “A longo prazo estamos todos mortos”.
Daqui se conclui, hoje, que os nossos territórios do Interior morrem todos os dias. Até não haver mais território para morrer.
Esquecem-se que um Território é um somatório de Gentes, com as suas crenças, as suas felicidades, amarguras, a sua solidão e esquecimento.
O Governo votou ao abandono as pessoas do Interior nas suas mais elementares necessidades básicas.
Há por parte do Governo um sentimento de esquecimento, distância e ausência de Estado.
É assim que está o Interior com as suas assimetrias regionais e sociais.
Só um Deus nos pode salvar!

IMAGINANDO

O ESPÍRITO SOB O OLHAR DAS FÍSICA CLÁSSICA E QUÂNTICA - 6
Continuação da Parte 5.
Para que tudo faça sentido, algo temos que perceber:
· A Lei é o princípio que domina o Universo.
· A alma (Consciencia) é a substancia da vida, a justiça.
· A honestidade é a força que molda e impulsiona o governo espiritual do mundo.
Quando o Ser humano compreender e se corrigir, então irá perceber como o Universo está sempre certo. Alterando os seus pensamentos em relação às coisas e aos outros, vai alterar-se a si próprio e isso reside dentro de cada um.
Quando aplica aqueles três princípios, começa a ter conhecimento que a felicidade, a saúde e a prosperidade são o resultado de um ajuste harmonioso do interior com o exterior do homem, com o ambiente que o rodeia.
Conclusão: O Observador (Inteligência Não-local) interage com o mundo sub-atómico. Queremos com isto dizer que simplesmente ao olharmos, essa Inteligência nos ajuda a modificar aquela estrutura molecular para que possamos criar a nossa realidade.
Somos guiados pela mente Cósmica, somos energia, vibração, porque tudo o que existe vibra. A realidade do Mundo sub-atómico é a nossa essência.  
É por isso que ao nos relacionarmos com a Mente Cósmica, ou Deus, porque Ela é essência pura, Amor incondicional, entramos naquela realidade composta de todas as possibilidades dessa realidade. Começamos a co-criar com a Mente Cósmica, um Mundo probabilístico em nosso Universo interior, para que nos possamos expressar com todos os “Universos exteriores”.
Obs: Co-Criar (Criar junto com a Fonte)
Como Somos Todos Um, o que acontece no Universo Físico, também acontece no Universo das Vibrações e isso nós presenciamos diariamente, quando realidades pessoais interferem na realidade coletiva, através de diversos acontecimentos.
Exemplos:
· Acontecimentos nos países da  Europa, afetam os Paises de África ou outro Continente.
· Quando dos acontecimentos de 11 de setembro, os Estados Unidos tinham um satélite posicionado no Hemisfério Norte e outro no Hemisfério Sul, sendo a sua função medir os Campos magnéticos da Terra. No momento exato da tragédia os cientistas ao lerem os campos magnéticos emitidos pelos satélites, notaram que algo estava estranho, porque as leituras estavam fora da escala, comparadas com as verificadas anteriormente. Ao colocarem em sobreposição os dados dos satélites com um calendário dos dias e meses, acharam que nesse intermédio picos estavam ocorrendo no exato momento, sendo que o primeiro pico ocorreu 15 minutos após o primeiro avião atingir a primeira torre. (Acontecimento baseado em Gregg Braden)
Concluimos que as emoções geradas pelos corações, vão intensionalmente influenciar os muitos campos que sustentam a vida no planeta
E porquê? Como estamos todos conectados, ao mexermos numa partícula, automaticamente mexemos em todas as partículas. Nessa única partícula temos as informações das outras demais partículas. Razão porque o que vemos no outro, é exatamente o reflexo de nós mesmos.
Então aquele que acalenta uma bela visão em seu coração tendo um ideal elevado, não só irá alcança-lo, mas também levará uma informação que mexe com o Universo. Como somos sonhadores, também somos salvadores do mundo, porque os sonhos são os rebentos das realidades e se observarmos tendo um certo cuidado, vemos que a realidade que nos rodeia, que não duvidamos, ela só existe no nosso pensamento, e é a súmula dos pensamentos que define o nosso carácter e “afeta” o Universo.
Passemos a um exemplo:
Suponhamos o relacionamento de um casal e perguntemos se a(o) esposa(o) naquele momento está consigo:
Se a resposta fôr que não está, quer dizer que o facto de nesse momento não estar, essa sua relação não existe?
Claro que existe, só que naquele momento ela só existe no seu pensamento, que não deixa de ser real pelo facto de estar ausente.
Em nossas mãos estão colocados os resultados de nossos pensamentos. Iremos receber exatamente o que merecemos: Nem mais, nem menos. Aquela imagem em nossa mente, será o que o Universo nos irá dar.
Quando “começamos a entender-nos a nós mesmos”, como seres pensantes em evolução tornamo-nos fortes e calmos e ao percebermos o semelhante, somos amados e respeitados.
 A tranquilidade da mente é um dos melhores diamantes da sabedoria, resultado de um longo e paciente esforço de autocontrole.
Continua

E DE REPENTE TUDO SÃO RECORDAÇÕES


AS PALAVRAS E AS SUAS TRANSFORMAÇÕES  
Assenhorado na sua velha mansão rodeada de seculares plátanos , acácias e tílias , que quando floridas no tempo exalam um perfume inebriante agradavelmente macio , que embriaga os sentidos, D. Gonçalo De Meneses e Melo , homem “acartado “(1) mas severamente “munheco “(2), acomodado num velho alpendre , contempla absorto em seus mesquinhos e revoltos pensamentos as águas do manso rio que se espraia pelos vastos terrenos da sua propriedade . Escuta a sua velha “vitrola” (3) que roufenhamente “ zoa “(4) um cavo som . Fazia-lhe companhia D. Gertrudes Meneses e Melo sua “dondoca “ (5) esposa que caprichosamente investia aprimoradamente na sua vestimenta . Num diminuto “aposento” (6) decorado de “ cacarecos “(7) , “brumia (8) as velhas camisolas interiores e as ceroulas já remendadas do seu amo , uma “ serigaita “(9) , cumprindo seu dia de jorna (10) . 
Numa várzea ao longe de enxada na mão uma “lambisgoia”(11) “sostra”(12) de terra amanhava uma pequena courela . 
Com a carroça do macho carregada de “ graviços”(13) passava o Timóteo pisando como uvas um lamacento caminho térreo , em frente da varanda de sua senhoria . Era um “ patego “ (14) com uma grande “carraspana”(15) que como pobre “basbaque” (16) que não faz mal a ninguém , rodava o chapéu nervosamente nas mãos , olhando de soslaio o seu “ lafranhudo “ (17) amo de rosto marmóreo fechado no seu “soer” (18) mas na sua escagnifobética (19) pose . 
Joaquina sua “leda “(20) esposa seguia-o dois passos atrás com seus dois “petizes” (21) , um pela mão outro “atrelado” (22) às suas saias. 
-- Caminha lá direito seu “sacripanta” (23)… Pareces um “enxundias” (48)(”assevera”(24) indignada) . 
-- Como vai Vosmescê , Sr Doutor ?!…Boas graças Nosso Senhor lhe dê !… 
-- “Supimpa “(25) Joaquina …Que Deus te ajude , a ti e aos teus … 
-- Teu homem vai “deveras “ (26) doente …, vejo que não é “balela “( 27) …  
-- Agradeço a vossa mercê a sua boa graça …(disfarçando o “teor” (28) com uma vénia e metendo os olhos no chão ). 
Joaquina futurando um “ quiproquó “(29) , “estorcega “ o braço do marido . Prega um “safanão” (30) nos filhos que já faziam uma “fuzarca” (31) na rua . Estava “deveras”(32) “furibunda” (33)  
-- Segue caminho homem de Deus !..é preciso “pachorra”(34) para te aturar … 
Sua Senhoria faça o “ obséquio” (35) de não lhe “ligar “(36) . 
“Goradas “(37) todas as espectativas de boa educação , acometida de uma fúria momentânea , “prega “ (38) dois “tabefes”(39) nos seus “gaiatos”(40). 
-- Rodem na minha frente seus “mafarricos “(49)  
E no seu traje de lavoura , limpo e asseado retoma o caminho de casa .  
Do fundo surge o “boticário “ (41) o Leonel Remédios que “enceta”(42) uma substancial e prolongada conversa com D. Gonçalo e esposa procurando impingir-lhe a solução para a resolução das suas muitas e doridas “maleitas” (43) . 
E a tarde chega apressada trazendo já no ventre uma brisa gelada que entrava nos ossos , obrigando os fidalgos a um pacífico recolhimento .  
Joaquina já em casa obriga o marido a deitar-se no seu “catre” (44) , deita os filhos despedindo-se deles com um amoroso “ósculo” (45) . 
-- A sua bença ‘nha mãe . 
-- Santa “nôte” vos dê Deus. 
E para mim “alvíssaras” (46) meu Deus , me ê um “nôte” de descanso . 
Apagam-se as candeias , fecham-se os caravelhos (47) das portas e apenas no escuro o luar de uma lua cheia e o cintilar das estrelas . 
NOTA: 
As palavras como em tudo na vida passam por diversas transformações . A ideia mantém-se apenas muda a palavra usada para expressá-la . Palavras que eram antigamente usadas e hoje já ninguém ou quase ninguém usa . AS novas gerações têm outros termos que usam com maior frequência . Por isso é que existem palavras antigas e novas que têm o mesmo significado .  
1-acartado(diplomado ) -- 2 munheco (avarento ) – 3 vitrola (grafenola ) – 4 zoar (som forte e confuso ) - 5 dondoca ( mulher de boa situação social ) 6 aposento ( quarto ) - 7 cacarecos ( coisas velhas ) – 8 brumir ( passar a ferro ) - 9 serigaita (( pretensiosa ) - 10 jorna (dia de trabalho ) -11 lambisgoia (descarada ) -12 sostra ( (suja ) -13 graviços ( pequenos ramos ) – 14 patego ( simplório ) 15 carraspana ( bebedeira ) – 16 basbaque ( parvo ) – 17 lafranhudo ( carrancudo ) – 18 soer ( ( habitual , normal ) - 19 escagnifobético ( ( estranho ) – 20 leda ( alegre ) - 21 petizes ( crianças ) 22 atrelado ( agarrado ) 23 sacripanta (velhaco ) 24 assevera ( afirma co veemência ) – 25 supimpa ( muito bem ) 26 deveras ( verdadeiramente ) 27 balela (mentira ) – 28 teor (embaraço ) 
29 quiproquo (balburdia ) -30 safanão ( puxão ) – 31 fuzarca (confusão ) – 32 deveras (verdadeiro) – 33 furibunda ( zangada ) - 34 pachorra ( paciência ) – 35 obséquio ( favor ) 36 ligar ( dar atenção ) ) - 37 goradas ( desfeitas ) – 38 ( prega ( dá ) – 39 tabefe ( bofetada ) -40 gaiatos ( crianças ) – 41 boticário ( farmacêutico ) – 42 enceta ( trava ) – 43 maleitas ( doenças ) - catre ( cama tosca ) 45 ósculo ( beijo ) - 46 alvíssara ( prémio) – 47 caravelhos (fecho em madeira ) - 49 enxundias ( seboso ) – 50 mafarricos ( diabretes)

Vai-te Qatar!


Começou no dia 20 de Novembro o Mundial de Futebol de 2022, desta feita no Qatar, no médio Oriente. Envolto desde o início em grande polémica devido a acusações de corrupção no processo de escolha, este Mundial fica desde já para a história não só porque está a ter lugar a meio dos principais campeonatos de futebol mas principalmente porque o Qatar não é propriamente um país que tenha os mesmos princípios democráticos e civilizacionais da maioria dos países que lá estão a participar.
O Qatar tem estado a ser criticado pelo tratamento dos trabalhadores migrantes, principalmente os que estiveram envolvidos na preparação desta competição, mas também pelas leis conservadoras que o Ocidente entende colocarem em causa os direitos e liberdades dos cidadãos.
Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa foi também alvo de críticas, devido a declarações que foram interpretadas como de desvalorização desta temática: “O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal…, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, atirou, na altura, o Presidente da República.
Um Mundial deve ser um momento de união à volta de um desporto que é tão útil para tantas comunidades, que tanto trabalho de integração de jovens com dificuldades tem feito. Mas não este… este Mundial não traz nada disso.
Neste Mundial que ocorre no emirado absolutista do Qatar, um dos países mais ricos do mundo, aconteceu tudo ao contrário. O poderio financeiro do petróleo e do gás natural sobrepôs-se aos valores do Desporto e somos convidados a dissimular as mais gritantes violações dos direitos humanos em troca de gás natural e petróleo.
Pouco importam as posições públicas de seleções como Inglaterra, Dinamarca, Austrália e Estados Unidos, assim como as cartas abertas da Amnistia Internacional ou da Human Rights Watch.
Este Mundial não é para todos, mas a indignação termina quando a bola começa a rolar. A partir daí, nada mais interessa e de todos os “poderosos” que governam o mundo, ninguém deixará de bater palmas nas tribunas. E, apesar da nossa indignação, a hipocrisia dos organizadores e dos políticos irá continuar e não irá terminar com o último apito final do último jogo, por mais que isso nos custe!

COUTO MISTO


Couto Misto foi um território independente, situado na fronteira entre Portugal e Espanha, que existiu durante mais de sete séculos. Este pequeno território tinha cerca de 27 quilómetros quadrados, regia-se por leis próprias, não obedecendo a qualquer das duas coroas. A sua origem não é muito clara, mas consta de documentos escritos do século XII, supondo-se que a sua existência é anterior a 1147.
No tempo em que se formou o novo reino, as fronteiras não se mostravam muito claras, o que deu origem a que a situação administrativa de algumas povoações resultasse muito duvidosa. O Couto Misto era composto pelas aldeias de Santiago de Rubiás, Rubiás, (no atual concelho galego de Calvos de Randim) e Meaus (no atual concelho galego de Baltar) e uma pequena faixa desabitada que hoje faz parte do concelho português de Montalegre, Soutelinho da Raia, Cambedo e Lama de Arco (Chaves).
Os habitantes destas terras gozavam de uma série de privilégios: podiam escolher entre ser portugueses ou espanhóis, ter uma nacionalidade dupla ou, simplesmente, não ter nenhuma. Não eram obrigados a prestar serviço militar, nem a participar nas guerras, e não pagavam impostos. As leis, como se compreende, eram adaptadas às suas necessidades. Uma delas dizia respeito ao Caminho do Privilégio, o qual ligava as três localidades (Rubiás, Meaus e Santiago) a Tourém. Qualquer pessoa podia fazer a sua travessia sem que as autoridades a pudessem prender, ainda que fosse portadora de contrabando, nomeadamente, sal, objeto de estanco (monopólio), possibilidade de cultivar tabaco, objeto de estanco, bacalhau ou medicamentos. Gozavam do direito de conceder asilo aos foragidos da justiça portuguesa ou espanhola, o que significava que não podiam ser presos, mesmos que fossem criminosos, com exceção de alguns delitos, como o homicídio.
A governação destes territórios era democrática. A autoridade máxima competia a um juiz, que exercia as funções governativas, administrativas e judiciais, sendo auxiliado pelos homens bons de cada povoado. O juiz era eleito pelas cabeças de famílias e, por sua vez, elegia duas pessoas da sua confiança para cada uma das localidades. As decisões eram tomadas na praça pública pelos moradores. Os poderes conferidos aos juízes eram facilmente revogados, se fossem detetados desvios ao cumprimento das suas funções.
O Couto Misto constituía um estado soberano, que, por direito próprio, escapou durante sete séculos ao controle português e espanhol, até ao Tratado de Lisboa de 1864 que operou a divisão do território por forma a integrar uma parte na Espanha e outra em Portugal.
O interesse pelo Couto Misto ressurgiu em meados da década de 1990 tendo levado ao seu estudo histórico e a várias publicações. A Universidade de Vigo e a de Trás-os-Montes e Alto Douro, em 1999, organizaram um programa de verão para o seu estudo histórico. Portugal e a Espanha criaram uma associação, em cada um dos dois Países destinada a recordar o extinto Couto Misto.

lendas, historietas e vivências

ALEXANDRE ALVES
Este extraordinário investigador e historiador beirão foi também mangualdense de gema. De novo lhe foi prestada uma muito merecida homenagem no aniversário da Biblioteca de Mangualde. Felicitam-se todos os excelentes organizadores.
Vou falar dele também como GRANDE AMIGO que se disponibilizava para qualquer apoio no âmbito da sua área de trabalho e estudo. Aqui pretendo abordar de forma relativamente sucinta já que tentarei desenvolver mais tarde alguns momentos interessantes que merecem ser conhecidos…Enfim, a memória dos muitos anos vividos arrumou-me em muitas gavetinhas grandes punhados de vivências que por vezes até já me confundo a encontrar…Mas tenho de falar de algumas coisinhas que muita gente desconhece e outra já nem se lembra. Em 1980 encontrava-me em Coimbra no desempeno das minhas actividades profissionais. Aos fins- de-semana vinha normalmente à terra, aonde um pequeno grupo de entusiastas estavam a fazer esforços para criar um grupo que se propunha estudar, conhecer e dar a conhecer tudo aquilo que constituiria o nosso Património Concelhio. Mas a verdade, é que ao tempo, embora com toda a abertura já conseguida com o 25 de Abril de 74, ainda todos estes movimentos eram embrionários. Também é verdade que muitos poucos cidadãos estavam informados sobre esta área do Saber, excepto aqueles que precisavam desses conhecimentos históricos e se dedicaram ao seu estudo.
Em princípio de 1984 conseguiram formar e legalizar a Associação Cultural de Mangulade (ACAB). foram eleitos e como Presidente da Direcção estava nomeado o sr Dr. Marques Marcelino. Entretanto alguma coisa começou a correr mal. Num qualquer fim de semana fui contactada pelo Presidente da Direcção a saber do meu possível empenhamento nesta causa e fazer parte duma nova Direcção. Embora a situação não fosse fácil já que me encontrava em Coimbra, não deixei de me tornar colaboradora entusiasta. Teriam de se alargar as inscrições para sócios e é evidente que um dos mais desejados foi o nosso AMIGO DR. ALEXANDRE ALVES. Ele mostrou-se muito feliz e disponível para nos ajudar. A sua capacidade de investigador tinha-o levado aos sítios mais recônditos da nossa Beira e do Concelho. Tinha uma colecção de fichas impressionante…!
Como a ignorância, que ao tempo grassava, acerca do enorme mundo que constituía o nosso Património Concelhio entendemos que era fundamental começar a fazer seu levantamento exaustivo em todos os sectores. Uma tarefa bastante difícil direi hercúlea, e que exigiu uma programação muito exacta. É evidente que ao leme contamos sempre com o nosso Querido e Grande Amigo Doutor Alexandre Alves. Reservarei para o próximo número a descrição de alguns momentos difíceis outros hilariantes….

Sorrir com olhar triste


A importância do individuo, dentro da sociedade, é um tema recorrente, com intuito de desencadear sensação de controle e satisfação. A felicidade é associada à aquisição de bens materiais, como forma de inserção do conjunto democrático. De fato, mal nascemos somos educados para sermos produtivos e trabalharmos até à exaustão, “porque se trabalhares muito, terás a felicidade que desejas!”
E o que acontece quando trabalho muito, e não obtenho a felicidade anunciada? Os habituais sintomas de: perda de sentido de vida; sensação de vazio e de inutilidade; sentimentos de culpa e um sofrimento incontrolável, consubstanciam uma provável depressão, cuja ciência justifica por desequilíbrios químicos a nível cerebral. O que contribui para que quem sofre desta doença não identifique claramente o que se passa, sofra em silêncio e se isole do mundo externo; além disso, fortalece a ideia de que seja um problema individual, e não social.
As expectativas criadas acerca do âmbito pessoal, social e profissional são construídas através de demonstrações de terceiros, em redes sociais, comunicação social, tudo sob o bastião de ser produtivo e útil à sociedade, em prole de lucros que a própria pessoa desconhece. O medo de perder o emprego, o endividamento financeiro, a imagem ilusória de si mesmo, transtorna qualquer um, e a empresa\ instituição coloca uma culpa inusitada ao individuo, que tanto enaltecia há uns meses atrás. Afinal as horas ausentes do ambiente familiar, as dedicações exclusivas ao trabalho trouxeram um sorriso sombrio e um sabor amargo. As palavras substituição e rotatividade, passaram a constar no vocabulário. Há que manter o sistema a funcionar, porque há muita gente a comprar, a ter, a mostrar… 
Frases como “Estás a queixar do quê?”, são sinais que a empatia é nula perante uma situação de depressão. A competição aliada à insensibilidade, são valores estimulados e visados no mercado de trabalho voraz e corporativista. Até as máquinas são sujeitas a desgaste, e a falta de investimento e manutenção do fator humano, empobrece qualquer sistema, mesmo o mais mecanizado possível.
Seja razoável consigo próprio, o que considera ser uma fraqueza, pode ser um inicio para ser tornar melhor pessoa. Veja uma mudança, não como uma tragédia, mas um caminho diferente de ter um sentido para viver. Não tenha receio de pedir ajuda, porque ajudar confere uma humanidade esquecida pelas ilusões impostas, de quem não sabe liderar. Seja amigo se si próprio, cuide de si e sentirá uma plenitude que nenhum comprimido pode lhe dar …

SANFONINAS

Conceito e restauração
O restaurante continua a constituir um dos equipamentos imprescindíveis no dia-a-dia. Se já antes se recorria ao procedimento do take away (levar para casa), os tempos pandémicos tornaram este expediente quase banal e foi – deve dizer-se! – uma forma de muitos restaurantes não encerrarem definirem as portas.
Passado o período do maior contágio, eis que a ida ao restaurante se encarou de imediato como forma de espairecer, de sair, de conviver!
Sempre a refeição se apresentou, de resto, não apenas como ‘necessidade’ mas, de modo especial, qual imprescindível meio de cimentar comunidade. Não estabeleceu Jesus Cristo a ceia como momento fundamental da Sua vida? Não é com uma boda que se celebra o casamento? ¿Não vem de longe – mormente do tempo dos Romanos – o hábito de, no dia de aniversário da morte, se evocar o morto com um banquete funerário, de que temos, aliás, inúmeras representações pictóricas e em baixos-relevos de sarcófagos?
Não admira, pois, que ser «chef» (sim, tem de ser em francês…), sobretudo se distinguido com estrelas Michelin, se antoje como meta deveras almejada e que, concomitantemente, se aplique ao serviço, em restaurantes, a palavra «conceito», amiúde ligada à noção de «gourmet» (a língua francesa de novo a dar cartas).
O vocábulo «conceito» reúne em si todo um conjunto de opções pretensamente inovadoras, passíveis de proporcionar originalidade. Acontece que nem sempre «original» equivale a «conforto», a «eficácia», mas… utilizámos um novo ‘conceito’, ¿não utilizámos?
Sabe-se que «gourmet» significa ‘guloso’, ‘gourmandise’ é… guloseima! Conhece-se também o rifão popular «Os olhos também comem!». Daí, o conceito – em que a apresentação, o empratamento se guindam a protagonistas da cena! Até a loiça se escolhe a dedo, para melhor se adequar ao conceito pretendido.
Tenho na minha, porém, que três elementos fazem e mantêm um restaurante: o ambiente físico, a atenção do pessoal e a boa confecção dos pratos. O demais adiciona mas não substitui. Alguém me confessava, há dias: ter um restaurante é uma arte que se quer agradável; gulosa, sim, mas apetecível e reconfortante. O pessoal de serviço detém na cena – ele, sim! – o papel fundamental, na atenção máxima a todos os pormenores, de todas as mesas a seu cargo, da globalidade da acção. Compreende-se, por isso, que haja tão poucos a quererem abraçar tal profissão!

“Sete mulheres para cada homem”


Ao longo dos anos os recenseamentos gerais da população efetuados em Portugal, permitiram apurar a proporcionalidade dos sexos. Mas será que alguma vez existiram sete mulheres para cada homem?
Esta expressão poderá ter a sua origem no período em que os homens morriam na guerra e as viúvas que restavam ficavam em maior número.
A análise do indicador demográfico “relação de masculinidade” permite avaliar a proporção de cada um dos sexos ao longo dos anos e concluir que a relação de sete para um nunca existiu com esta expressão.
No final do século passado, os fluxos migratórios intensos, essencialmente do sexo masculino, levaram a uma redução do numero de homens residentes no nosso país.
Por outro lado, a relação de masculinidade à nascença é favorável ao sexo masculino, isto é, nascem mais homens do que mulheres, permanecendo estes em maior número nos primeiros anos de vida. No entanto, nas idades mais maduras, a mortalidade do sexo masculino é superior, devido a uma maior associação a comportamentos de risco.
A mortalidade nas mulheres, devido à maternidade, foi durante muitas décadas a única desvantagem sanitária associada ao sexo feminino. No entanto, a conquista dos direitos das mulheres tem potenciado comportamentos idênticos. As mulheres expõem-se cada vez a mais riscos, até então exclusivos do sexo masculino, casam mais tarde e têm cada vez menos filhos, aproximando cada vez mais o indicador “relação de masculinidade” de um para um, deixando de haver uma relação numérica desigual entre homens e mulheres.
A publicação dos Censos de 2021 mostraram uma segunda quebra na população que vive em Portugal, desde 1864, ano sem que se realizou o primeiro recenseamento geral da população. A primeira quebra ocorreu na década de 70 resultado da elevada emigração verificada na década anterior.
No dia 19 de abril de 2021, viviam em Portugal 10.343.066 pessoas, que se dividem entre 5.422.846 mulheres e 4.920.220 homens. Em relação ao recenseamento efetuado em 2011, existe um decréscimo populacional de 2,1%.
Outra conclusão é o acentuar dos desequilíbrios na distribuição da população pelo território nacional, com o reforço do abandono do interior e da concentração da população no litoral e na capital. Dados do INE indicam que 20% da população vive em 1,1% do território.
A população estrangeira a residir em Portugal cresceu cerca de 40% face a 2011 e já ultrapassa o meio milhão de pessoas, o que representa 5,2% da população total. Mas nem mesmo um aumento do número de estrangeiros a viver em Portugal contribuiu para evitar uma queda da população total residente no país.
Outra conclusão importante é o aumento expressivo da população idosa, que representa quase um quarto do total e a diminuição da população jovem até aos 14 anos, que representa pouco mais de um décimo. Entre 2011 e 2021, assistiu-se a um decréscimo da população em todos os escalões etários até aos 39 anos. A idade média da população é de 45,4 anos, e há agora 182 idosos por cada 100 jovens.
Atualmente existem 91 homens por cada 100 mulheres em Portugal. É caso para perguntar, como será o futuro se mantivermos a tendência das últimas décadas e passar-mos a ter sete homens por cada mulher…?