
Portugal: país sui generis
Na minha vida nunca gostei de charlatões. Como herdeiros do 25 de Abril, temos o ônus de nos submeter ás ideias e ações, dos charlatões que surgiram nessa data e dos que já germinaram depois dela. Acho que como eu há muitos mais a julgar pela abundância de abstencionista que existem neste país.
Ao contrário dos que muitos pensam, a abstenção não é um conflito ocasional, de quem declina participar em atos eleitorais, por se sentir mal representado, por um ou outro partido político na área da sua ideologia. É um dilema mais complexo e enraizado no nosso país. É uma indiferença total por quem abomina o oportunismo, a corrupção e o nepotismo, e na política do nosso pais, infelizmente, é o que mais abunda, com liberdade absoluta, e em qualquer quadrante político.
Não só as mazelas atrás referidas prejudicam o nosso país, e afastam definitivamente os eleitores das urnas. Também os passeios, e outros gastos supérfluos e sem rigor, por parte dos nossos governantes, contribuem para a indiferença penalizadora dos mesmos. Não se pode pedir tanto sacrifício ao povo, quando os gestores da nossa infelicidade, passam o tempo em gaudérios dispendiosos, por países que pouca empatia por nós nutrem, se é que não, há da parte deles, uma latente animosidade.
São exemplo disso as comemorações do 10 de Junho, na África do Sul, onde existe, na realidade, uma comunidade portuguesa abrangente, mas que nutre por este país o mesmo sentimento que os abstencionistas aqui residentes. Marcelo Rebelo de Sousa, não deveria esquecer, na qualidade de Presidente da República, e de descendente de representantes, do tempo da velha senhora, nas ex-colónias portuguesas, que os emigrantes portugueses na África do Sul, foram, na sua maioria, refugiados de algumas das ex-colónias mais preponderantes do “tal ex-império português”. Foi gente que se viu forçada a abandonar as terras que amavam e abandonados, por alguns dos seus compatriotas, que os tomaram como malditos, e perseguidos e odiados pelos obesos ditadores abrileiros, marxistas-lenistas, que ainda hoje se julgam os donos disto tudo.
Se para reverem as carreiras dos docentes, e outros servidores do estado português, alegam falta de condições financeiras, porque não começar as poupanças por onde afetam menos a vida do cidadão comum? Comemorações balofas e para “inglês ver”, que somos os bons da fita, quando na realidade até sordidamente nos desprezam, não prestigiam ninguém, além de transformarem um ato que se quer nobre em verdadeiras palhaçadas, para alem do desperdício de dinheiros que fazem falta a quem trabalha neste país.
Será que a África do Sul, Angola ou Brasil, para não falar de outros países, algum dia virão a Portugal comemorar os seus dias nacionais? Claro que não! Porque têm um sentido de Estado, que os nossos governantes turistas, ainda não alcançaram. Como dizia Charles de Gaulle em “O Fio da Espada”: “o prestígio também se alcança através do recatamento”. Um bom conselho para os políticos de um país pobre, mas sempre em festa, como o nosso.