Arquivo diário: 15 de Abril de 2021

EDITORIAL Nº 797 – 15/4/2021

Uma nuvem negra, muito negra, passou na nossa Região.
E, em três dias levou-nos dois dos nossos melhores defensores. António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal de Viseu e Jorge Coelho, de Mangualde, antigo ministro e importante figura politica.
Uma perda irreparável para a nossa Região, que necessita de todos e somos muito poucos para a defender.
No caso de Almeida Henriques, um amigo muito especial, que ao longo de oito anos acompanhei, apoiei, foi um choque tremendo, precisamente no momento em que mais falta nos fazem os seus acertados conselhos.
Por ocasião do 94.º aniversário do Jornal Renascimento, enviou uma mensagem de felicitação e de incentivo a que fossemos um jornal da Região.
Não tardou muito que a abertura de uma Delegação em Viseu do Renascimento, fosse motivo para outra mensagem, esta agora de “Bem Vindos”. “ Bem Vindos à Capital da Beira Alta - saúdo o Jornal Renascimento nesta iniciativa que o irá aproximar de Viseu, aumentando o seu “Horizonte” para mais 100.000 pessoas e criando um serviço público que só a imprensa regional continua a dar”.
Partiu um amigo, um defensor das causas da nossa Região, uma referência política e moral. Uma saudade profunda nos une à sua memória.
Almeida Henriques deixa uma herança, um grande legado fruto da sua inteligência, visão e trabalho.
Quem se seguirá? Só as próximas eleições autárquicas o decidirão. Contudo, quem vier a seguir tem a obrigação de acrescentar à sua obra, que é muita e valiosa.
Nestes momentos trágicos da vida, é comum ouvir e ler muitos elogios a quem parte. Mas, a vida, ensina-nos a duvidar, já que nestas ocasiões, até os fingidos, os hipócratas, sabem dar cambalhotas para ficarem bem na fotografia.
Por isso, só verdadeiramente o povo, sábio, farto de ouvir promessas, que nunca se cumprem, ditará quem vai ser o próximo líder.
Porque a tendência natural dos políticos é esquecerem as promessas que fizeram quando, vencem e ocupam os seus lugares.

O Grande escritor inglês Walter Scott, um dos criadores do romance histórico, uma das grandes figuras mundiais da Literatura, diz num dos seus livros e a propósito de determinado episódio: “ Um cão que desempenha o seu dever vale cem vezes mais do que o homem que o esqueceu”!
O Jornal Renascimento apresenta as mais sinceras Condolências à Família enlutada do Dr. António Almeida Henriques.
A sua memória estará sempre presente, como um Farol!…

IMAGINANDO

O Ego – Parte 3
Conforme mencionado na parte 2, para que possamos transcender o Ego temos que ser criativos, mas para tal deve haver uma coesão na intenção e ser determinado.
O Universo está em constante evolução, criando manifestações mais amplas sobre o amor, beleza, justiça, bondade, etc., e enquanto experienciamos uma vida humana Ele emana através de uma hierarquia superior a nós, em consciência, mais conhecimento, poder e sabedoria. A esta Hierarquia, Platão deu o nome de Arquétipo.
Como fazer para que aconteça?
Como já referimos, tudo requer atenção, um despertar e sintonização intencional para o Universo.
Nesta fase de evolução, desejar um carro ou uma moradia já são coisas banais ligadas ao materialismo e esse prazer de desejar, normalmente acompanha dôr. Pretendemos sim, sonhos mais elevados, a nossa felicidade interna, fazermos uma grande mudança de paradigma e criarmos interiormente uma nova maneira de ver o Mundo, que será de paz e harmonia, vivendo o tal Céu aqui no Planeta. A dita casa ou carro, se fôr o caso disso, virá complementar apenas como acessório, para que nossa evolução se desenvolva de modo confortável mas com desapego.
A partir desta nova consciência, vamos perceber que aquelas crenças limitantes, nos envolviam num casulo que dificilmente podíamos sair, mas que agora nos permite viajar para novas filosofias entendendo, que uma das grandes verdades é o poder da palavra, devendo ser muito subtil com ela para não a utilizarmos contra nós próprios. Um caso comum é o de muitas vezes pela palavra nos zangarmos com nosso semelhante enviando aquela baixa vibração. Como Todos somos Um, mais tarde nos vamos aperceber que elas vão ter efeito em nós próprios. Quando as usamos corretamente, a verdade e o amor próprio estão a ser energeticamente bem utilizados.
Também começamos a compreender o que é a palavra e as consequências que ela pode trazer.
Ao sermos corretos com nossas palavras, muitas mudanças acontecem em nossa vida. Podemos influenciar o modo de lidarmos conosco próprios, como com os outros, especialmente aqueles que muito amamos.
Passamos a perceber, que nossas opiniões não passam dos nossos pontos de vista, visto elas derivarem das crenças e sonho pessoal.
Quando somos corretos com as palavras, tornamo-nos férteis para as palavras de amor. O amor próprio e o que sentimos se fundem na sua qualidade e integridade. Sentimo-nos bem, felizes e em paz.
É usando-as corretamente, que transcendemos aquele medo impregnado nos sonhos, e alcançamos uma vida diferente. O nosso “Reino do Céu”.
Esta nova atenção está direcionada para uma dimensão acima da tridimensionalidade, expandindo uma outra forma de pensar.
Normalmente nesta situação pouco nos exprimimos por palavras. Estamos mais propensos em observar.
Também ao atingirmos este patamar de consciência, há uma forte conexão com o Consciente Cósmico e aí tudo acontece, porque nos conectamos com a não-localidade onde não há a ilusão do espaço e do tempo. Apenas existe “O Agora”. Já não experienciamos este mundo de Maya, vivemos a realidade.
Por exemplo, toda a doença “tratada” pela Medicina tradicional, nos dá agora uma visão que doença é um bloqueamento provocado por baixas vibrações emanadas e que atinge determinado órgão, na proporção da frequência emitida.
Segundo Amit Goswami, quando pretendemos uma verdadeira resposta às doenças crónicas, verificamos que estas se encontram dentro do Corpo Vital (sentimento/afetivo), sendo que o seu tratamento possa ser feito através da medicina Corpo/Mente, que:
Consiste em devolver o equilíbrio e a harmonia aos Corpos vital e mental (pensamento), que irão repôr a sincronia com o Corpo físico (sensações).
É um conhecimento tão abrangente que nos permite ir buscar a causa, que pode ter origem nos corpos vital, mental ou intuitivo e procedermos à respetiva cura.
Continua…..

Voltar às raízes

Obrigar alguém a assistir uma palestra que remete à empatia, trabalho de equipa e saber ouvir é tão contraditório como ver um lobo a cuidar de uma ovelha. Esta comparação grotesca pode ser remetida a uma crítica simplória e digna de desprezo, para quem considera que ser verdadeiro é ser mal-educado…. Desta feita e digo isto com total respeito: no meio interior é usual ser prepotente e ainda achar que está a ser benevolente. O vulgo “dar pérolas a porcos” está inerente a esta ideia.
Por isso vejo com nostalgia campos outrora esquecidos pela vergonha, a regressarem ao esplendor ordenado e florido dos mimos hortícolas. Pessoas crestadas pelo Sol devido ao trabalho árduo de sobreviver, afastadas da doutrina académica e enriquecidas pelo saber dos tempos a desejarem que os filhos não sejam como eles. Porque apenas isso importa…Não querer que os filhos sofram para sobreviver. Vergonha de servir, mesmo de forma honesta, porque a luta é contínua e o resultado é parco ou quase nulo. Porque os ideais eram outros, em que ser honesto tinha mais peso que um alqueire de ouro. Tempos em que a honra na palavra era igual às ações. Tempos em que a aparência podia ser pobre, mas justa, fez com que a ingenuidade fragilizasse a honra beneficiando a falsidade. Engrandeceu-se as faculdades espezinhando o conhecimento da terra; apontou-se o dedo a quem pouco teve e muito deu; desiludiu-se quem ainda acreditava na justiça…Velhos cultos pela amargura de um regime que estrangulava, choram agora pela angústia de um regime que engana. Tanta liberdade expressada, estas pessoas sentem-se algemadas pelas leis dúbias criadas para agradar quem enriquece sem mérito! Assim avó e avô, que tanto sacrificaram em jovens para colocar os filhos doutores, lamentam o abandono dos valores saudosos e deitam lágrimas pelos netos fadados ao abismo associal e injusto.
Assim decisores, atores, gente de poder o lugar que ocupam é efémero, assim como a vida o é! Que ouçam os professores da vida, pessoas de tanto saber e calados por condescendência por não serem doutorados! A união faz a força, mas a força não traz união! Que a comunicação e a informação sejam coerentes para que todos estejamos presentes.

REFLEXÕES

PATRIMÓNIO CULTURAL (21)
Ruinas romanas das Quintas da Raposeira
Falei eu no artigo anterior que na década de 1990, pelos anos 94-95, e pela necessidade da protecção que se pretendia impor nos prováveis achados em toda a área de ocupação romana, se criara um protocolo entre a Autarquia ao tempo e o IPPAR, no sentido de se desenvolverem acções que proporcionassem o conhecimento antecipado do que poderia eventualmente existir no sub solo. Para melhor nos situarmos elucidarei da designação que foi sendo atribuída ao longo dos tempos às diversas propriedades do sopé do monte. Começo pelas já tão faladas Quintas da Raposeira que se subdividiam em várias propriedades de extensão diversa, (compreenderia os terrenos entre o actual Pingo Doce, descendo à ribeira da Lavandeira, subido até às actuais ruinas. Antes da abertura da Avenida Senhora do Castelo encontrava-se junto à quinta hoje pertença do sr. Dr. Lúcio Albuquerque, um aglomerado de grandes penedos por onde se distribuía, escavadas na rocha, um conjunto de sepulturas antropomórficas (data provável sec. IX) . Os grandes penedos foram destruídos pelas máquinas levando consigo para mais de uma dezena de sepulturas restando, sòmente, duas ou três em rochas rasas em propriedades privadas. Esta zona era conhecida por quintas das Campas. Temos ainda a Quinta da Fonte do Púcaro, a Quinta da Regateira e a Quinta da Soeima. Isto no sentido Poente / Nascente. Cada uma destas quintas eram subdivididas em pequenas ou médias hortas ou talhões pertencentes a vários donos e agricultores. Os terrenos da Quinta da Fonte do Púcaro, estendiam-se ao longo do caminho ( provável via romana) e alargando-se para a hoje designada rua da Soeima, mais para Poente. Por último identificámos a Quinta da Regateira cujos terrenos se distribuíam pelo sopé do monte ladeando a linha de água da ribeira da Lavandeira e também acompanhando o traçado da via romana, já referida. Identificar esta distribuição sobre a planta topográfica de 1:20.ooo, não foi fácil e não deixamos de aceitar alguns prováveis erros, já que a informação era apenas a que íamos recolhendo no terreno junto de alguns proprietários e, por vezes, não seria muito exacta. Pensamos, no entanto, que estaremos bem próximo da verdade. Cabem-me agora algumas notas quanto às vias romanas em toda esta área. Temos poucos testemunhos porque a oportunidade de melhor investigar este capítulo, acabou quando se deram por terminadas as escavações no Campo Arqueológico em 1997. Temos porém algumas certezas –a via romana que serviria o trajecto para esta localidade vinha das terras para lá da Serra da Estrela. Aqui próximo apanha- se em Almeidinha passa pelo sopé do monte vindo nestes tempos próximos a ser cortada pela actual Rua Tojal D’Anta, seguindo em direcção às quintas Fonte do Púcaro e Raposeira. Teremos sempre de lamentar o que se faz aos documentos vivos da nossa História em abono do Progresso. E por aqui já se foi anulando uma boa parte da história de Mangualde.
Abril 2021

SANFONINAS

Observação das aves
Sim, quando era puto, observava-as. As felosas brancas e pretas, os fuinhos, os pardais… Via por onde andavam, os hábitos que tinham, porque o meu intuito, nessa idade e na década de 50 do século passado, a ideia era ser valente, esperto, e a caça poderia ser uma das formas de titilar o meu ego. Chegar a casa, após uma ronda pelas seis ou sete ratoeiras que estrategicamente armara com agüidas de asas brilhantes, o aro recheado, de pendura numa das presilhas das calças. Um aro de arame, que furava a parte inferior do bico do passarinho e, qual caçador ufano das perdizes e coelhos que caçara, eu ostentava os dois ou três pássaros que conseguira apanhar. Havia muitos, as felosas brancas vinham aí por Setembro e comiam amoras e as bagas alaranjadas do trovisco e era nessas moitas que a malta armava as ratoeiras.
Ao final da tarde, toca a depenar, que a mãe Maria saberia preparar tudo para uns passarinhos fritos, com alhinho inteiro a condizer, para o petisco antes da sopa do jantar.
Outros tempos, outra idade.
Consola-me agora ver que um casal de melros adoptou o ninho que, aproveitado do ano passado, quando a romãzeira se limpou, eu pus sob o telheiro, recatado. Lá chocara, os ovos à vez e, nestes dias, é à vez que vão e vêm, a espaços, trazendo no bico o cibo para os dois bicos escancarados, esfomeados, bem abertos assim que sentem pai ou mãe próximo…
As lições que os pássaros nos dão! De dedicação extrema, de sacrifício também – onde é que há, nesta secura, gostosas minhotas e outros vermes que se deixem apanhar?A observação das aves. Birdwatching, em linguagem internacional. Uma das práticas constantes do turismo de Natureza. Dela falei abundantemente nas aulas de Património Cultural da licenciatura em Turismo da Lusófona. E uma razão pessoal havia: é que um grupo de ingleses, amantes da Natureza, foi, na Primavera de 1989, à ilha de Great Abaco (Baamas), para observar as aves da ilha. E que raras e bonitas que eram! Uma delas escapuliu-se pelo chão e o senhor, admirado, foi-lhe no encalço. Era uma gruta! E, numa das paredes, havia gravada uma caravela portuguesa e a data de 1460! E Vasco Graça Moura mandou-me ir lá atestar a autenticidade do grafito. Sim, era autêntico, mas… de há meses! Perdeu-se a oportunidade de carimbar para um português a descoberta da América; ganhou-se o interesse pelas enormes lições que as aves nos dão!

MONTE DA SENHORA DO CASTELO – UMA BÔLHA DE AMOR


(continuação do número anterior ) 

  • Trate-me por Rosita, que eu gosto, é como me chamam no meu lugar… 
  • Mas a minha nódoa não é negra… é cor de oiro, reluz como o sol e tem a forma de um coração de fogo, como aquele que começo a sentir por vossemecê!!!…. (Rosita fingiu não ouvir e desviou o seu olhar flamejante). 
  • Outro dia quando o pasto escassear, vamos com o gado para as margens do rio do Coval e visitamos os moinhos movidos pelas suas “áugas». E entre ramalhetes de sorrisos frescos viveram as cores de um meio-dia faiscando na luz meridional, na cumplicidade de um amor crescente. E pela primeira vez sentados num penedo as suas mãos se tocaram, se uniram e se trocaram as primeiras palavras de amor como flores roubadas antes do tempo. A atmosfera do monte envolvia-os na sua bôlha de amor. E exprimiram nos lábios numa boca vermelha, rosa ainda em botão aquilo que os corações sentiram, as luzes dos seus olhares extasiados abrangeram num momento a vida eterna, um beijo que lhes acendeu o sangue alvoroçado como fonte latejante no seu murmúrio de glória. 
  • Rosita, vejo na face de vossemecê uma rosa viva, de uma roseira em flor. (fiel ao amor jurado deixava que todos os encantos lhe mirrassem o corpo numa resignação digna e discreta, era já uma flor dos vales desprendida.  
    E já a tarde descia pensativa e doce e o sol mergulhava para lá da linha do horizonte, lá nos casarios dos Passos, longos verdes da paisagem e quando as nuvens passavam a mão por cima da luz, ficaram tristes como um pôr de sol, quando esfriava o fundo do vale e já sentiam o entrar da noite como uma borboleta pela janela  
    (continua no próximo número)

In memoriam – sempre na defesa do interior esquecido e ostracizado


Este sentimento de vazio que nos persegue desde que começou a pandemia afetou tudo e todos. Pior ficámos nesta primeira quinzena do mês de Abril com a perda do Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. António Almeida Henriques e do Dr. Jorge Coelho, ex-Ministro e empresário.
Ambos foram defensores acérrimos do interior do país. Bateram-se pelo desenvolvimento do interior e das suas terras e foram intransigentes na defesa da região de Viseu. Lutaram pelo desenvolvimento do interior do país, combatendo a desigualdade do território, promovendo a coesão territorial e a igualdade nacional.
O Dr. António Almeida Henriques tinha 59 anos e era Presidente da Câmara Municipal de Viseu desde 2013. Ocupou diversas funções de grande responsabilidade, tanto ao nível do associativismo, como a nível político. Foi deputado à Assembleia da República, nas IX, X e XI e XII Legislaturas e Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD entre 2005 e 2007 e 2010 e 2011. Entre 2011 e 2013, exerceu funções como Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional do XIX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho. Era também um acérrimo defensor do poder local.
O Dr. Jorge Coelho tinha 66 anos. Nasceu em Mangualde, distrito de Viseu. Iniciou a vida política em 1969, apoiando a oposição ao regime em Viseu. Foi um dos fundadores da União Democrática Popular. Filiou-se no Partido Socialista em 1982. Foi ministro nos dois governos liderados por António Guterres: primeiro, em 1995, como Adjunto e da Administração Interna, depois, em 2002, como responsável pelas obras públicas na pasta da Presidência e Equipamento Social. Foi CEO do Grupo Mota-Engil. Mais recentemente dedicou os últimos anos à queijaria industrial que levantou na sua terra Natal e criou muitos postos de trabalho.
Temos o dever moral de continuar o que eles defenderam. Lutar em prol do interior e do mundo rural deve passar do campo das teorias para o terreno e para as pessoas que vivem esquecidas nas pequenas aldeias e lugares de Portugal e que ocupam a maioria do território. Não devemos ser só o local onde se come e bebe bem e onde podemos descansar em sossego com bonitas paisagens.
Estamos mais pobres porque perdemos o nosso Presidente da Câmara.
Estamos mais pobres porque perdemos o Jorge Coelho que era a nossa voz semanalmente na televisão.
Vamos fazer de tudo para que a voz de ambos continue a ser ouvida nos centros de poder e sempre na defesa do interior esquecido e ostracizado.

25 Abril – 47 anos de emancipação da mulher

As mulheres ocupam cada vez mais lugares de poder. Assistimos ao maior número de países com mulheres como chefes de Estado ou de Governo, mas o caminho para uma igualdade de género na política ainda é longo. Inconformadas, muitas mulheres começaram a trilhar este caminho há muitos anos, mas antes de lutar pelos direitos das mulheres, era preciso lutar pela liberdade. Foram homens que pensaram e executaram o golpe de estado, que terminara com a guerra colonial e com uma ditadura de quase meio século, mas as mulheres tiveram um papel preponderante nos bastidores da revolução.
Antes de 74, o lugar das mulheres era em casa. Limitadas à execução das tarefas domésticas do lar e cuidar dos filhos, não tinham qualquer tipo de opção. Desde pequenas que eram treinadas para serem assim, submissas ao poder patriarcal do pai, do irmão e, mais tarde, do marido. O único futuro que podiam ambicionar era o de fazerem um bom casamento que garantisse o sustento da família que devia manter-se unida a qualquer custo. Os maridos detinham a autoridade sobre as mulheres e seus bens, que podiam administrar como entendessem, e também sobre os filhos. As mulheres não podiam ser coisa nenhuma. Não tinham direito a nada. As mulheres governavam a casa, os homens governavam o mundo.
Para as mulheres, o 25 de abril de 1974 foi um momento de viragem, descobriram que podiam ir para a rua, que podiam dizer que não, que podiam escolher, ter uma voz.
Foram abolidas todas as restrições baseadas no sexo quanto à capacidade eleitoral dos cidadãos. Até então, as mulheres só tinham acesso ao direito ao voto sendo «chefes de família» ou com o curso de liceu, no entanto, mesmo instruídas, perderiam o direito ao voto se fossem casadas com um marido capaz de votar. Conquistaram a sua privacidade e independência. Os maridos tinham o direito de abrir a correspondência das mulheres, o equivalente nos dias de hoje ao acesso a passwords, contas ou códigos de segurança. As mulheres precisavam de autorização do marido para abrir uma conta bancária. No trabalho, as mulheres ganhavam metade do que os homens e estavam impedidas de ter carreiras na magistratura judicial, funções públicas, hoje em maioria, forças militares ou policiais. Trabalhar no comercio era possível, mas só com a autorização do marido. As mulheres têm hoje níveis mais altos de escolaridade e profissões com maior grau de especialização do que os homens, especialmente nas áreas do ensino e da gestão. Passou a ser possível obter o divórcio civil após 1974. A abolição da permissão legal de morte da mulher ou filha até aos 21 anos de idade, por parte respetivamente do marido e/ou pai, nos denominados ‘crimes de honra’ foi mais uma conquista, bem como a eliminação da necessidade de autorização do marido para sair de Portugal. Estas e outras leis foram eliminadas no 25 de Abril de 1974. Um ano depois da revolução, os direitos das mulheres ficaram consagrados na Constituição da República.
Quem nasceu pós 25 Abril de 1974, desconhece a dimensão e intensidade da discriminação das mulheres, que até são a maioria da população, e que vigorou antes da democracia. Os mais velhos ignoram, até porque à época muita gente não tinha consciência das desigualdades estatuídas. Na história das mulheres há desigualdade, discriminação e muita violência. A liberdade e a luta pelos mesmos direitos humanos do homem, é dura e longa e, ainda hoje não chega a todas as casas nem a todas as mentalidades.

CONSULTÓRIO

MICOSE DAS UNHAS
Micoses são infecções causadas por fungos que podem fixar-se em qualquer parte do corpo: um dos locais de eleição são as unhas, em particular as dos pés, originado uma lesão que se chama Onicomicose.
E não se deixem ir na ilusão dos anúncios que aparecem nas televisões, em que basta uma pincelada com uma espécie de verniz contra os fungos – da marca que anunciam, claro! – e tudo fica resolvido, à primeira, com umas unhas maravilhosas! A verdade é que as infecções a fungos são difíceis de tratar, por isso mais vale evitá-las, respeitando algumas regras de prevenção.
MICOSE DAS UNHAS, ONICOMICOSE OU, AINDA, DERMATOFITOSE DAS UNHAS
Estas três denominações designam uma infecção das unhas provocada por um fungo (tricofito).
Este fungo desenvolve-se no interior da unha provocando um espessamento, infiltração e deformação da unha.
A unha pode destacar-se do leito ungueal, esboroar-se e cair.
Quando é que se trata de uma micose das unhas?
Temos de olhar atentamente as unhas à procura de índices que indiquem a proliferação de um fungo:
Descoloração da unha (branca, amarelo-acastanhado).
Fragilidade da unha ou, inversamente, espessamento.
Esboroamento.
Deformação da unha.
Presença de detritos sob a unha (particularmente sob o bordo livre).
No limite, descolamento e queda da unha.
Estes sinais podem manifestar-se numa ou em várias unhas, em simultâneo.
O diagnóstico definitivo assenta no retirar de uma amostra da unha lesada, a qual é examinada ao microscópio ou é feita uma cultura para identificar o fungo em causa.
Quem é que está mais em risco de sofrer de uma micose das unhas?
Caminhar descalço em lugares públicos aumenta o risco de desenvolver uma micose dos pés: vestiários, piscinas e outros lugares públicos húmidos e quentes, como nas saunas.
As pessoas com pé de atleta também correm o risco de sofrer de onicomicose. Com efeito, o pé de atleta, ou qualquer infecção a fungos que surja entre os dedos dos pés pode, por vezes, propagar-se e atingir, também, a unha.
As pessoas de idade, os diabéticos e as pessoas que apresentam uma má circulação sanguínea estão mais em risco de ter onicomicose.
Que tratamento contra a micose dos pés?
O tratamento baseia-se na aplicação de antifúngicos, que são medicamentos que actuam contra os fungos.
Em caso de infecção ligeira a moderada recorre-se a um antifúngico, sob a forma de um verniz, que se aplica directamente sobre a unha. Em caso de eficácia insuficiente, os antifúngicos são tomados por via oral (comprimidos). Em todos os casos, o tratamento é prolongado, alguns meses, com risco de recidiva.
O interesse dos vernizes é a quase ausência de efeitos secundários do tratamento, enquanto os antifúngicos por via oral podem ter efeitos indesejáveis ao nível do fígado.
Assim, podemos afirmar que mais vale prevenir as micoses das unhas ou, pelo menos, examinar regularmente as suas unhas a fim de consultar rapidamente o médico, antes que se instale uma forma avançada da infecção.
A prevenção, justamente…
O que devemos fazer para prevenir estas situações?
Usar, sistematicamente, calçado ou sandálias junto às piscinas, nos vestiários ou na sauna (agora que mais semana, menos semana, estas actividades começam a ser desconfinadas.
Atenção aos “ténis” e outro tipo de calçado que é muito usado para as caminhadas, feito de material pouco transpirante, que fazem suar muito os pés. Depois de lavar os pés quando terminar, não esquecer de arejar o calçado e lavar as meias!
Tratar rapidamente o pé de atleta.
Prevenir as recidivas de onicomicose aplicando um verniz antifúngico, ou outro tipo de tratamento, local ou sistémico, aconselhado pelo seu médico.