Arquivo mensal: Julho 2021

JOÃO AZEVEDO, ALCANÇA O CINTO NEGRO


Pronto já está!
O exame já decorreu e o Joãozinho portou-se muito bem, sempre com a boa disposição que lhe é característica a acompanhar.
Um exame bastante difícil, mas que ele soube superar da melhor forma. 
É oficial, João Azevedo, cinto negro 1º Dan
Ainda da UKSB, marcaram presença mais 2 atletas e 1 Sensei, em que os 3 se submeteram a avaliação para alcançar mais um patamar na sua evolução enquanto Karatecas.
Foram eles:
Candidatos a 1º Dan:
João Azevedo - CB MANGUALDE
Mariana Veloso - ED CELORICO DA BEIRA
Nuno Rodrigues - C. BUSHIDO GUARDA
Candidata a 4º Dan:
Sensei Sandra Olival - UKSB
Os 4 demonstraram uma excelente forma física e técnica, permitindo-lhes alcançar a nova graduação com distinção e apreço do Conselho Técnico da KPS.

A Modernização da Ferrovia


Perguntado a um português como estava o seu pais, respondeu:- mais ou menos.
Isto na prática significa, mais para uns (poucos) e menos para muitos.
Pois no que diz respeito à ferrovia vai tudo para menos. É o próprio presidente das Infraestruturas de Portugal que o diz:- “O Plano Ferrovia 2020 ainda não tem qualquer investimento concluído, mas já há duas certezas - Vai ficar mais caro e vai ser acabado mais tarde do que estava previsto”.
O Programa lançado em 2016 foi um fracasso, não se concretizou. Agora o Programa 2020 a Infraestruturas de Portugal garante que vai ser concluído até finais de 2023.
Vejamos: A Linha do Douro previa que os comboios eléctricos deviam circular ente o Marco e a Régua nos finais de 2019. Só vai acontecer em 2023.
A obra Válega/Espinho atrasou 4 anos. Na nossa região a modernização da linha Pampilhosa-Santa Comba Dão os trabalhos só se iniciaram no 4.º trimestre de 2020. Santa Comba Dão - Mangualde iniciaram-se no 2.º trimestre de 2021 e ficará pronta, se tudo correr bem, em 2023.
Mangualde/Celorico da Beira/ Guarda/Vilar Formoso tiveram início no 2.º trimestre de 2021 e estarão concluídas em 2023.
Por causa das obras nos túneis e na plataforma este troço ficará encerrado cerca de 9 meses, entre o 1.º e o 3.º de 2022.
No fundo devemos à União Europeia a conclusão destas obras, já que findo este prazo perdiam os apoios europeus.
Quanto aos concursos abertos pela Infraestruras de Portugal estes têm ficado desertos. Com a pandemia subiram os materiais de construção. As obras vão ficar mais caras e vão atrasar mais.

FUNERAIS.PT

Como surgiu a Funerais.pt?
A ideia surgiu em 2019, alguns meses após o falecimento da minha mãe. Ninguém nunca está preparado para ver alguém próximo partir. E cuidar de todos os detalhes para a preparação do funeral com a brevidade que o acontecimento requer é no mínimo, um momento que nos marca.
Foi a pensar nas pessoas que passam por este momento que a Funerais.pt nasceu. A Funerais.pt é uma plataforma digital que pretende concentrar e vender todo o tipo de produtos e serviços que estejam ligados ao mercado fúnebre em Portugal. A plataforma tem ainda um portal de informação útil do que precisa saber neste momento.

Como funciona a plataforma?
O consumidor pode pesquisar todas as empresas que estão disponíveis na área onde vai se realizar o funeral e comparar serviços. Pode ainda avaliar os produtos que adquiriu. Tem disponível um chat online para esclarecimento de dúvidas ou pedir informações sobre eventuais produtos que não estejam disponíveis. Tudo isto de forma simples, organizada, transparente, segura e num lugar que se sinta confortável.

Que empresas estão associadas à Funerais.pt?
Neste momento, poderá encontrar Agências Funerárias, Floristas, Psicólogos, Músicos, Pintores. Mas temos mais algumas categorias que pretendemos acrescentar à medida que o projeto for desenvolvendo.

Quais os serviços mais procurados?
Devido à atual pandemia, com as várias alterações e medidas de segurança que ficámos sujeitos a obedecer, muitos familiares viram-se na impossibilidade de estar presentes na última despedida. Recordo-me que fomos contactados por uma filha que estava na Alemanha e não tinha possibilidades de se deslocar ao funeral do pai em Gouveia. Contactou a Funerais.pt para fazermos a transmissão em direto do funeral. Foi gratificante saber que fizemos da distância um detalhe e contribuímos para unir família neste momento. Para além disso, fazemos a gravação do funeral para enviar para a família que não esteve presente assim como a criação de um álbum de fotografias.
A Funerais.pt tem também uma vertente com soluções para a morte de animais de estimação desde urnas de cremação a lembranças e memórias e que têm sido procuradas principalmente nos centros urbanos.

Que mais valias considera que a Funerais.pt traz para o setor fúnebre em Portugal?
Acreditamos que o futuro é o digital. Mais cedo ou mais tarde, quem não tiver uma presença online é esquecido. As empresas que se associarem à Funerais.pt vão fazer parte de uma montra a nível nacional. Vão poder divulgar os seus produtos e atrair novos clientes. E melhor: vão ter o feedback dos seus clientes. A Funerais.pt não pretende anular o trabalho de ninguém. Apenas potencializar o trabalho de excelentes profissionais espalhados no país inteiro. Se a pandemia veio criar muita instabilidade e mostrar vulnerabilidades, contribuiu também para criar um leque de oportunidades e novos horizontes que podem ser trabalhados de forma a melhorar cada vez mais o mercado fúnebre em Portugal.

“Uma excelente ideia! Permite às pessoas que estão no estrangeiro de organizarem um funeral apesar da distância. Conseguimos pesquisar as empresas e os serviços que mais se aproximam daquilo que queremos para organizar o funeral.”
Rosa Ferreira | França | 52 anos

“Acredito que a Funerais.pt possa ser uma mais valia num momento tão delicado como o falecimento de um familiar. Tem informações úteis e traz serviços e soluções para cada situação como é o caso da Transmissão em Direto do Funeral para familiares que não podem estar presentes.”
Anabela Serafim | Albergaria-a-Velha | 34 anos

“Funerais.pt é um ponto de informação e preparação para uma das fases mais difíceis e complexas da nossa vida. A perda de alguém, deixa-nos sem saber o que fazer e como agir. E apoio da plataforma ajuda-nos a ter uma linha condutora com várias etapas e pontos necessários a ter em conta.”
Tarcísio Teixeira | Açores | 32 anos

“Enfrentar a perda de um familiar ou amigo é algo que pode acontecer em qualquer momento. A Funerais.pt é o parceiro certo. Podemos escolher os serviços que precisamos de forma segura, tranquila, transparente e no nosso conforto em casa. A partir daí, somos contactados pelas empresas que tratam de tudo. É fantástico!”
Iolanda Figo | Coimbra | 31 anos

“A Funerais.pt foi uma ideia excelente, pois era um modelo em falta online. Vai ser importante para as pessoas encontrarem uma solução integrada, completa, disponível e de fácil acesso, num momento tão difícil como a morte de alguém querido.”
José António Batista | Viseu | 39 anos

“Acho que é uma boa opção uma vez que a transparência dos produtos e serviços descritos no site ajudam a desmistificar o tema da morte e dão mais segurança a quem acaba por comprar na plataforma. É também uma excelente opção para quem vive no estrangeiro.”
Carlos Lopes | Celorico da Beira | 58 anos

As Eleições Autárquicas

Como diz o Povo:- “ Verdade como punhos”!
Um dia uma sábia senhora, ao ser confrontada com o nome de certo candidato, professor reconhecido,como candidato à Câmara, disse:- É pena, vamos perder um bom Professor e ganhar um mau Presidente”. E assim aconteceu, como demonstrou a passagem do tempo.
Quando apoiamos um mau Candidato, arriscamo-nos a ter um mau presidente.
Escolher uma pessoa para governar uma Autarquia, no fundo para nos governar a nós, não é tarefa fácil.
Uma sondagem recente feita por um Jornal nacional, sobre as Eleições Autárquicas, dizia que as pessoas inquiridas não davam grande valor ao partido político. Mais importante era a pessoa, a sua seriedade e o seu empenho.
Como pode alguém governar uma Autarquia se não está preparado, não tem um projecto de desenvolvimento, nem sabe como combinar inovações estratégicas, como juntar Ciência e Tradição para valorizar o interior. Alguns responsáveis políticos fariam melhor estar calados do que virem falar do que não sabem.
Os políticos, que falam muito, prometem tudo, normalmente mudam as suas opiniões quando chegam ao poder, após as campanhas eleitorais. Já nem conhecem os seus apoiantes!
O Concelho de Mangualde tem de apostar forte na sua industrialização. Só esta pode relançar não só o Concelho como o País. Criar empregos, distribuir riqueza. Não basta investir, é preciso fazê-lo com qualidade, melhorar a produtividade e a competividade. O Estado Central tem falhado constantemente as suas políticas para o interior. E o Interior envelhece, despovoa-se e desertifica-se.
As assimetrias entre o Interior e o Litoral são mais que evidentes.
O Plano de Recuperação e Resiliência é uma oportunidade. Precisamos de mais descentralização, mais meios e mais competências.
Nenhum programa de desenvolvimento e inovação territorial poderá ser sustentável num contexto de desigualdades.
Os candidatos à Autarquia estão preparados para este desafio?
Para o mundo da Digitalização?
Digitalizar tem de significar melhor qualidade de vida, criar melhores oportunidades, mais justas e qualificadas.
Há um princípio muito conhecido, o Princípio de Peter, criado em 1968 por Laurence J. Peter.
Este princípio, também designado por Princípio da Incompetência, afirma que em uma hierarquia todo o trabalhador tende a ser promovido até chegar a um nível em que é incompetente.
Escolher um líder é tarefa difícil, mas as Eleições estão à porta.

EDITORIAL Nº 803 – 15/7/2021

Desafios Climáticos
A revolução nas cidades e nos transportes já começou. Ainda que vagarosa está a acontecer. Mas, está a andar mais depressa do que alguma vez se imaginou.
O que é um facto é que não podemos esperar por 2050 para nos libertarmos do carbono.
A transição energética já se iniciou com um financiamento comunitário de 100 milhões de euros.
As energias renováveis estão a ser implantadas por todo o lado. Portugal é já hoje o 4.º maior produtor mundial de energias renováveis. E o 4.º com a maior quota de veículos eléctricos.
A indústria automóvel vive a maior revolução de sempre.
Admite-se já o fim dos motores de combustão. Mas, a mobilidade mais limpa vai além dos automóveis.
Vai chegar aos transportes pesados, camiões, navios e aviões.
A ferrovia e a sua electrificação está na ordem do dia. Ligar cidades, mais uso da ferrovia no transporte de pessoas e cargas.
Estudos feitos recentemente mostram que o comboio emite 23 menos poluição que o transporte rodoviário e 32 vezes menos que o avião.
O transporte ferroviário está a renascer, as ligações nocturnas em comboios está a ser incrementada.
Portugal neste Sector parou no tempo. Com a pandemia suspendeu as ligações ferroviárias quer a Paris, quer a Madrid. Já passa mais de um ano e não se vislumbra o reatar das ligações.
Não há ligações a estas grandes Capitais. Regredimos no tempo.
Isolamo-nos cada vez mais. Somos ultrapassados por todos os outros países.
Portugal também se atrasou no investimento na ferrovia.
O Plano para a ferrovia anunciado em 2017 para estar concluído em 2020 não se concretizou. Está agora a iniciar-se!
Tudo isso se vai repercutir no futuro do País.
As políticas anunciadas para o investimento na ferrovia, não se verificou, foi o falhanço de uma política anunciada.
Na Península Ibérica a Cidade de Barcelona é um exemplo a seguir. Mais de 500 ruas com o trânsito condicionado. Ruas e cruzamentos ocupados com Praças, Jardins, Arte Pública, Ciclovias, ou Esplanadas.
Estamos no momento de pensar na “nova” Cidade, com menos poluição.
Uma “nova” mobilidade, um “novo” espaço público.
Não podemos desejar o regresso ao passado. Temos que superar, iniciar um novo ciclo de desenvolvimento sustentado.
Ultrapassar as últimas duas décadas de crises e de crescimento anémico.
Aproveitar bem os Fundos Europeus. Fazer investimentos reprodutivos. Criar riqueza, mais postos de trabalho, melhores salários para melhorar o nível de vida.
Apostar mais na nossa indústria, pois são as empresas que criam riqueza, postos de trabalho, que exportam e aumentam a entrada de divisas.
Não basta convergir com a Europa. Temos mesmo que crescer mais. Para não sermos ultrapassados por países que entraram na UE mais tarde que Portugal e que nos ultrapassaram ou estão em vias de ultrapassar.
Não devemos, nem queremos ser a lanterna vermelha do Pelotão dos 27.

IMAGINANDO

Parte 97

Elevação da Consciência

Parte 1
Quando temos noção da elevação de nossa Consciência?
Ao nos apercebermos que tudo o que nos rodeia é mental e ao nos interiorizarmos, vivenciamos a harmonia que abre o caminho para o que realmente somos:
Particula da Mente Cósmica.
Comungamos activamente com Entidades que estão para além do Espaço/Tempo. Um momento de expansão que ultrapassa a terceira dimensão.
Sentimos que a experiência que estamos realizando se torna mais um aprendizado e o que tomávamos por “realidade”, não passou de Maya “ilusão”.
Deixamos de dar voz ao Ego que até então nos condicionava e renascer para um novo mundo, para o “EU Real já na visão mais elevada à nossa 3ª. Dimensão”. Paramos com todas as loucuras.
Há uma outra visão:
Tudo o que está contido em nós e ao nosso redor, na medida em que podemos tocar, ver e sentir, se torna maravilhoso, porque usámos nossa criatividade.
Descobrimos que em nossos corações existe um “Anjo Dourado” e que Ele nos diz a todo o momento que não há um deus exterior, mas sim um “Deus que habita em nós” e que diariamente nos mostra a magia e a graça do Ser Divino ilimitado que na verdade somos.
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Qu1-Que somos Eternos e que a eternidade não tem passado, presente e futuro. Ela contém todas as possibilidades de tudo o que é, foi e será, porque a Eternidade é atemporal.
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To2-Tomamos noção da existência de uma Evolução e não como erroneamente as tradições espirituais e dogmas religiosos nos ensinaram, afirmando que Deus já tinha tudo criado, e que era suposto não haver Leis universais.
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Co3-Concluimos, que a humanidade após muitas experiências, compreendeu que “as leis Universais existem e a Mente Cósmica, opera dentro delas”.
A nossa elevação consciencial e através de registros fósseis, levou-nos a compreender o surgimento de criaturas unicelulares, que deram origem a criaturas multicelulares, surgindo posteriormente os invertebrados e vertebrados, a darem lugar aos primatas e seres humanos.
Continua…

Quando o humor vem de dentro!


Nas descrições mais romanceadas do comportamento das pessoas era habitual escutar “O Felismino tem um temperamento colérico, irrita-se por tudo e por nada”.
A Teoria dos 4 Humores, tem alicerces na Medicina Hipocrática, com mais de 2000 anos, sendo fascinante a associação com a Medicina tradicional e a Natureza. Resume-se em associar os elementos clássicos que constituem a matéria (Terra, Ar, Água e Fogo) aos temperamentos e personalidade das pessoas.
Uma pessoa melancólica, era denominada por “tristonha” ou “depressiva”, era influenciada pela Terra; uma pessoa sanguínea, era denominada por “bem-humorada” ou “tem bons ares” era influenciada pelo Ar; uma pessoa fleumática, era denominada por “pachorrenta” ou extremamente calma, era influenciada pela Água e por fim, uma pessoa colérica, era denominada por “mal-humorada” e até há quem diga “Tem maus fígados”, logo influenciada pelo Fogo.
Dou ênfase ao último temperamento, relacionado com o fígado, sendo característica de quem padece deste órgão a emissão de bílis de cor amarelada, quer através do vómito ou através das fezes, também de cor ocre. A bílis é produzida de forma contínua pelo fígado, sendo a vesícula biliar, localizada abaixo do fígado, o armazém deste fluído. O objetivo principal é degradar\ fracionar as gorduras que constam na digestão. É de referir que o fígado produz entre 600 a 1000 ml de bílis dia e a vesícula biliar contrai para expelir a bílis no trato digestivo.
Quase sempre existe sensação de enfartamento\ inchaço na zona abdominal, mais evidente à direita; vertigens ou tonturas, dores de cabeça, alterações visuais; cólicas e por vezes cor da pele amarelada (icterícia). Também quase sempre as pessoas que padecem destes sintomas têm sentimentos de ressentimento, indignação, amargura, que impulsionam a emoção da raiva, que é frequentemente escamoteada com depressão gerada pelo ressentimento contra alguém ou algo. A impulsividade, irritabilidade ocasionais são inoportunas, mas promovem mudanças, mesmo que inconvenientes, para o individuo. Por isso pessoas com este perfil, serem bons líderes e motivadores de uma equipa.
Quem é favorável da utilização da Medicina Tradicional Chinesa reconhece a influência do frio, calor, secura e humidade na recorrência de certas doenças, e mesmo a Medicina Ocidental valoriza a constância dos elementos exteriores ao organismo para manter a homeostasia. Os excessos e as deficiências nos comportamentos são as principais origens do surgimento das doenças crónicas.

REFLEXÕES

Patrimonio cultural (26)
Área romanizada no sopé do Monte Sra do Castelo
Na última reflexão, afastei-me um pouco do sopé do Monte recordando alguns achados romanos nos arredores da cidade de Mangualde, mercê de várias incursões em alguns terrenos, com a devida autorização. Não sendo estes meus escritos assentes em trabalhos de investigação sistemática, servem-me para de forma aligeirada focar o que poderiam ser largos espaços de estudos arqueológicos aprofundados no nosso concelho. Sabemos que ao longo da história do povo romano houve inevitavelmente a movimentação de Legiões a partir de Roma, para o Médio Oriente, Europa e Norte de África. Para garantir o seu poder nos territórios conquistados elementos dessas legiões fixavam-se em locais como força militar, a fim de dominar rebeliões por parte dos submetidos ao seu domínio. Assim iam erguendo inúmeros povoados de maior ou menor dimensão. Criaram “civitas” villae” “vicus” escolhendo as melhores zonas agrícolas assegurando os meios de sobrevivência e enriquecimento a partir da terra. O trabalho nestas quintas era executado pelo povo escravizado, que além do sustento dos novos senhores tinham de providenciar em todas as áreas da construção civil, religiosa e militar, bem como a produção de tudo o que era necessário ao dia a dia – desde roupas às alfaias agrícolas, objectos variados do cotidiano em metais, cerâmicas, vidros, tudo para assegurar as vivências domésticas, sociais e militares. Ao dominarem o povo da citânia do Monte da Sra do Castelo apoderaram-se de todo o território circundante. Aquele que hoje não passa de pequenas propriedades dos cidadãos actuais, mas também largas áreas, quintas nos arredores da cidade as quais teriam sido delimitadas por estes e depois outros povos invasores a partir da Era Cristã. Muitas aldeias de hoje terão tido a sua origem em “vicus”ou “villae”. Além dos sítios que já referi no anterior artigo, encontraram-se também testemunhos na quinta da Calçada, nas localidades de S. João da Fresta, Santa Luzia e Santo Amaro. Nesta última uma base de coluna romana figurava num jardim além de vestígios de construções. Do quintal alguém recolheu por processos desastrosos uma certa quantidade de moedas, que foram limpas por métodos inadequados e por via disso ficaram praticamente inutilizadas e sem valor histórico. Assim se foi e vai perdendo o espólio e a história deste concelho. Na década de 80 criou-se no Ministério da Cultura uma estrutura moderna olhando-se para a vasta área da Arqueologia como uma Ciência que teria por base a investigação académica e no terreno através de escavações arqueológicas em locais específicos. Criou-se o Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAR) com acções muito eficientes através dos Serviços Regionais de Arqueologia (SRA) que superintendiam em todos os trabalhos de escavação em todo o País. A esses tempos se deve muito do que hoje existe musealizado ou a céu aberto. Mas com novas reestruturações do MC desapareceram os SRA. É pena, quando se criam estruturas profundamente válidas em determinado campo, logo aparecem umas cabeças iluminadas que arrasam tudo para começar de novo… com pernas tortas. Temos este destino…
Julho 2021

SANFONINAS

O toque
E dei comigo a pensar na importância do toque.
O toque entre os humanos, de que a pandemia nos arredou e ao qual, por isso, estamos cada vez a dar maior relevância. Compreende-se aquele grito, por vezes histérico: «Não me toques!». De violência doméstica. E «Ai, não me toques, que me desafinas», como se mui sensível piano fora e a gente pianos desses não quer. Tudo na conta, peso e medida. Uma carícia, sim! Que é aquele toque mágico, despertador de emoções, ternuras, enlevos…
Que se me perdoe o salto. É que todos os animais cá de casa – o labrador, os dois gatos e até o Baltazar, que é o cágado – todos eles adoram carícias! Pode não se lhes dar de comer, mas das carícias… não prescindem!
A magia do toque. O leve tocar de lábios. É como as imagens num jornal: vale mais que mil palavras. Obrigou-nos a pandemia às palavras. Estas, porém, sem aquele prazer do tacto acabam por nos deixar de falta. Decerto também será por isso que das sequelas pandémicas uma se não tem ouvido falar. Essa. Fica-se sem gosto, pode ficar-se sem olfacto; mas o tacto, senhores, isso é que nos maltratava mesmo! O pior é que não perdemos o tacto e proíbem-nos de o usar. Martírio como o de Tântalo; tinha água e quando a ia beber, a estapor esgueirava-se num ápice!… Assim, hoje. Não nos podemos tocar, só à cotovelada ou de punho cerrado. Saudade do aperto de mão e do seu puro significado: estou limpo, nada tenho na mão e quero apertar forte a tua, a selar a amizade que nos une. Como a ternura dos lábios…
Outros são os toques, hoje. As sirenes das ambulâncias e dos carros da polícia. As buzinadelas frenéticas, por dá cá aquela palha, os nervos à flor da pele, não há tempo para esperar. Os toques dos telemóveis. A todo o momento e em todos os lugares. «Desculpe, esqueci-me de o pôr no silêncio!» – quando há atenção de se pedir desculpa. E os botões precisam de ter sinal sonoro, para suprir outros silêncios, que a gente já não consente de ter – e deveria consentir.
Desses ‘toques’ sonoros há dois que particularmente me encantam. O da fonte que tenho na secretária com a água a cair sem salpicos, como nesse achego de lábios. Melopeia sem monotonia. O outro, o do relógio de sala, às meias e às horas. Toque brônzeo. Toque telúrico – que, apesar da forçada ausência de toques humanos, é grande no tempo a nossa dimensão!…

MEMÓRIAS ESBRANQUIÇADAS DE UM TEMPO SEM TEMPO

 Dá-me um abraço 

  • Amigo ! … quantas saudades desta longa ausência!… 
  • Dá-me um abraço. 
    Não há dia da nossa vida que não cumprimentemos alguém . Trocamos palavras banais e de circunstancia , vãs e com sentimento indefinido , com um sentir que não nos brota do fundo do coração . Tentamos ser gentis , amáveis sem sermos sinceramente verdadeiros . Encenamos , representamos um acto sem sentir profundo . Vivemos falsas sensações de proximidade através das redes sociais e não estamos realmente com os outros . Porque não o fazemos com um abraço ? Porque nos privamos dele se quando o damos ou recebemos sentimos uma tão extraordinária sensação . Os abraços foram feitos para expressarmos o que as palavras deixam a desejar . É incomensurável o bem-estar que um abraço pode proporcionar . Sentimos melhor a proximidade de um amigo , de um familiar como um ser semelhante a nós e sem falar reconhecemos naquele instante que estamos juntos no caminho em sintonia e comunicação . Descobrimos que ninguém está sozinho e que a vida poderá ser um eterno céu de primavera . quando estamos tristes ou em sofrimento procuramos o conforto de um abraço como uma pequena oração de fé de força e de energia . Quando sentimos o abraço como tónico salutar , um abraço bem apertado , sincero , amigo , que fala tantas coisas sem dizer uma só palavra , momento em que o tempo para e dentro dele cabe todo o universo . Um abraço … um abraço bem apertado do que ele é capaz ! … Ampara as nossas tristezas , combate-nos as incertezas , sustenta as nossas dores e as nossas lágrimas . Um abraço forte e cheio de ternura fortalece-nos o espírito , guarda os nossos segredos e gera cumplicidade . O abraço obriga-nos a estar de bem com nós próprios . Ajuda-nos a crescer . As crianças sabem-no melhor que ninguém , pois quando as magoam procuram de imediato o abraço reconfortante da mãe ou do pai e de uma forma instantânea os mais feios arranhões parecem ficar curados . Somos seres sociais , precisamos do reconhecimento embora silencioso de outro ser humano ; precisamos do toque para que a nossa vida faça sentido . Com o abraço realinhamos a nossa mente com o nosso corpo abracemos , tudo o que existe .